quinta-feira, 31 de julho de 2008

Gestoras 'versus' elencos municipais eleitos


O presidente do BBB jelkide, Andoni Ortuzar [do PNV da Bizkaia], elogiou publicamente a “coragem e o compromisso pessoal” dos membros das gestoras municipais de Ondarroa e Mendexa. A coragem, suponho, relaciona-a com o facto de serem alvo de “ataques constantes” – nas palavras de Ortuzar – por parte da esquerda abertzale e o “compromisso pessoal” com o facto – também nas suas palavras – de terem trabalhado “muito e bem” nas duas câmaras municipais. Não conheço os membros dessas comissões e, consequentemente, não é correcto pôr em causa os atributos com que o presidente do PNV na Bizkaia os presenteou, mas o senso comum e uma certa saturação provocada pela reiterada falsificação da história obrigam a pôr algumas coisas preto no branco.

Haverá que recordar que as eleições municipais em Ondarroa, Mendexa e num número considerável de outros municípios deram a vitória à esquerda abertzale e que o PNV, dissimulado e conivente, colaborou de forma indispensável para o disparatado processo de furto à vontade popular. Não é, pois, corajoso quem se ampara no afã repressivo do Governo espanhol e na força da Ertzaintza para ostentar um cargo para o qual não foi eleito e substituir quem o foi. Subterfúgios dialécticos à parte. Não se pode falar de um “compromisso pessoal” em benefício da colectividade quando se trata apenas de um compromisso – firme, isso sim – com o próprio partido, numa das jogadas mais escandalosas que protagonizou nos últimos tempos. Acusar de “ataques constantes” quem foi vítima de espoliação política e económica, perseguição policial e judicial dirigidas com brutalidade, e expulsão do jogo institucional é, além de uma tentativa desesperada de justificar o anterior, uma cortina de fumo para ocultar um procedimento que faz corar boa parte da sua própria militância.

E, por último, falar do bom trabalho dos seus gestores nestas circunstâncias só se pode entender como uma lengalenga para manter o moral das tropas. Se quer um exemplo de bom trabalho, que vá a Arrasate e observe, por exemplo, a lida diária de Ino Galparsoro.

Martin GARITANO

Fonte: Gara

Homenagem a presos políticos nas festas de Amurrio de 2005 leva à condenação de dois habitantes


A Audiência Nacional condenou dois moradores de Amurrio a um ano de prisão por “enaltecimento do terrorismo”. O “delito” consistiu em nomear Rainha e Dama de Honor das festas os presos da localidade Josean Angel Biguri e Santos Berganza.

O julgamento, realizado há umas semanas, alcançou realce mediático especial pelo facto de no banco dos réus se sentarem também o autarca da localidade alavesa, Pablo Isasi, do EA, e Eleder Zalbide, que era então vereador da Cultura. A Procuradoria espanhola retirou a acusação inicial contra ambos, por entender que não tinham participado na homenagem.

Tudo isto ocorreu nas festas de Amurrio de 2005. Às fotografias dos dois presos políticos foram colocadas as faixas correspondentes, e a acção não provocou nenhum tipo de mal-estar em Amurrio; mas o assunto foi “repescado” meses depois com tom de escândalo por meios de difusão de Madrid, o que veio a desencadear o processo judicial.
O tribunal condena os dois habitantes por “atribuírem [aos presos] um lugar de relevo”.
Fonte: Gara

Galparsoro: “O que me preocupa é saber como responder ao apoio do povo”

Voltará um dia destes ao seu gabinete, à Autarquia de Arrasate. Dessa forma, com o seu trabalho diário, poderá devolver aos seus vizinhos todo o apoio que lhe fizeram sentir durante a sua passagem pela prisão, que, como manifestou, “a impressionou”. Sobre o seu encarceramento, Ino Galparsoro afirma que “pouco há a dizer. Contra nós, vale tudo”.

Passaram dois dias desde que, na segunda-feira à noite, Ino Galparsoro atravessou a porta da prisão madrilena de Soto del Real e iniciou o percurso em direcção a Arrasate, a localidade que a proclamou autarca nas urnas.
Ontem, ainda não tinha tido tempo de saudar todos os que queria, mas afirmava que nas poucas horas que passara na rua tinham sido incontáveis os abraços e os gestos de carinho que recebera. “Estou impressionada”, admitia ao GARA ontem à tarde.

É que a sua situação deu uma grande volta em poucas horas. “A notícia da minha libertação apanhou-me de surpresa, foi uma presa da cela contígua quem me deu a notícia, mas foi só às 20h30 que ma confirmaram. Cinco minutos bastaram-me para juntar tudo o que tinha e preparar-me para a saída”. Afirma que ficou preocupada ao pensar que os seus familiares não tivessem tido tempo para a irem buscar, mas já ali se encontravam todos. Junto a eles, também um grande número de câmaras que queriam captar o momento. “Reencontrei-me de novo com a realidade, pensava, que tinha deixado de ser actualidade, e deparei com numerosos meios de comunicação”.

O trajecto em direcção a Euskal Herria, depois de saudar os familiares, amigos e companheiros que a esperavam às portas da prisão, foi um contínuo de emoções contrapostas. Por um lado, deixava atrás de si as companheiras da prisão que a acompanharam durante os três meses que permaneceu encarcerada: “Conheci grandes pessoas ali e deixá-las foi-me bastante doloroso”, reconhecia emocionada. Por outro lado, a alegria de se reencontrar com as pessoas que durante todo este tempo trabalharam para que voltasse de novo à localidade.

Em Gatzaga, uma multidão esperava a chegada de Galparsoro na noite de segunda-feira. Novamente se sucederam os abraços e as palavras de alento. “Entregaram-me um grande cesto com vegetais; e na verdade andava com desejos de hortaliça, porque a comida de Soto deixa muito a desejar”, comentava. Em Eskoriatza esperavam-na os autarcas das localidades da comarca; em Aretxabaleta, “entre outras, as que foram minhas colegas de trabalho”.

Mas não havia tempo a perder. Centenas de habitantes esperavam pela sua presidente na praça de Arrasate. Um aplauso ensurdecedor deu as primeiras boas-vindas a Ino. “Eu não sou uma pessoa de lágrima fácil, mas senti-me verdadeiramente emocionada, porque havia tanta gente”.
Ontem, assegurava que, durante a estada na prisão, os seus familiares a foram pondo ao corrente do apoio dos seus vizinhos, “mas foi na praça do povo e perante toda esta gente que verdadeiramente me dei conta da sua dimensão, e senti-me impressionada”.
“O que agora tenho em mente é a maneira como poderei responder ao povo”, acrescentava. Por agora, irá tirar uns dias de descanso mas rapidamente voltará às lides de autarca, “para seguir com o seu trabalho”.

Afirma, precisamente, que todo o trabalho que deixou pendente na Câmara foi um dos maiores inconvenientes para se centrar na prisão: “Apercebi-me de que na prisão não podia fazer nada que não fosse confiar nos companheiros; não me defraudaram, porque fizeram um grande esforço, da mesma forma que os trabalhadores do Município e algumas pessoas que passaram pelo mesmo anteriormente”.

No que se refere ao seu encarceramento, “pouco há a dizer”: “Fomos para a Audiência sem saber porquê; na verdade, no sumário não aparecia o meu nome. Está visto que, contra nós, vale tudo e que o ataque contra os representantes eleitos era um caminho a explorar. Chegámos às 10h ao tribunal e o relatório policial não deu entrada antes das 11h, no qual referiram um par de coisas: participar em conferências de imprensa e apresentar uma moção em nome da ANV. Não havia mais nada, mas prenderam-me por isso”, concluiu.

Maider EIZMENDI

Fonte: Gara

Os presos bascos para o País Basco


Vídeo sobre a acção empreendida no último domingo, nas praias de Euskal Herria, em defesa dos direitos dos presos políticos bascos.

Fonte: Apurtu

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Julgamento de Ian Tabar é só a ponta do icebergue

Ian Tabar corre o risco de ir parar à prisão depois do julgamento realizado ontem, pela simples acusação de ter colado cartazes em Iruñea [Pamplona]. Um grande número de pessoas marcou presença, para se solidarizar com ele e denunciar este salto qualitativo contra a juventude de Iruñerria [comarca de Pamplona]. Como alertaram ontem, actualmente existem cerca de 80 pessoas acusadas em casos similares, muitas delas com pedidos de prisão. Ian Tabar é o primeiro.

A Audiência de Nafarroa acolheu ontem o julgamento contra Ian Tabar, um jovem acusado com base numa situação em que agentes da polícia municipal o detiveram, quando colocava cartazes nas ruas de Iruñea. Este facto pode implicar o seu ingresso na prisão, já que anteriormente também foi acusado de outros delitos cometidos em circunstâncias similares. O movimento Iruñerria Piztera Goaz, iniciativa nascida da necessidade de um espaço livre e alternativo em Iruñea, alerta para o risco de prisão que se abate sobre um sector da juventude de Iruñea, precisamente aquele que denuncia a falta do espaço referido.

Actualmente, existem cerca de 80 pessoas processadas por acções como participar em concentrações pacíficas, subir a uma grua ou entrar num edifício vazio. Os pedidos de prisão oscilam entre os dez meses e os quatro anos e meio, e baseiam-se, em muitos casos, em simples imagens policiais.

O julgamento de ontem, se não fosse pelas consequências que pode acarretar, seria mais um entre tantos que ocorreram desde o despejo do Euskal Jai, na rua San Agustín. Nessa altura foi encarcerado Xabier Errea, acusado de “atentado à autoridade”, imputação que foi depois reiterada contra muitos outros jovens. Realce para a actuação dos polícias municipais como autores dos atestados e para a utilização do questionado «Pacto pelo Civismo». Numerosos colectivos, reunidos na plataforma Iruñea Gu Geu, denunciaram que esta lei obedece à necessidade de criar um marco legal, a nível municipal, para proceder à censura, à repressão e ao aniquilamento de actividades que emanam do movimento popular em geral.

Só que o julgamento de Ian Tabar não é apenas mais um. Se se prosseguir nesta senda, numa dinâmica que ontem deu a ver a ponta do icebergue, isso poderá implicar o encarceramento de membros de movimentos populares sem nenhum outro elemento que não seja a decisão da Polícia Municipal. O próprio Tabar assegura: “fui eu, como podia ter sido um outro qualquer que se mexa ou que participe nos colectivos. O que se passou comigo foi falta de sorte. Apanhei pela frente o Simón Santamaría e, a julgar pelos comentários que me ia fazendo, creio que isto foi uma decisão sua”. Santamaría é mantido no cargo pela autarca da UPN, Yolanda Barcina, apesar de a maioria municipal ter reclamado a sua exoneração há mais de meio ano.

Tabar admite que “sim, que trabalhou abrindo espaços de encontro e para conhecer gente”. Mas rejeita o resto das acusações, que consistem em “resistência” ou “lesões”. Na sua última intervenção no julgamento, declarou que gostaria de perguntar aos agentes “se não lhes morde a consciência por enviar alguém para a prisão com mentiras”.
O procedimento contra ele teve como base o dito «Pacto pelo Civismo», já que este proíbe a colocação de cartazes “fora dos painéis destinados para tal”. Os agentes municipais podem deter uma pessoa por isso, como fizeram com Ian Tabar. Tal como se evidenciou no julgamento de ontem, o jovem não foi detido, algo que, em teoria, devia ter acontecido, tendo em vista a acusação posterior.
Para além disso, o advogado de defesa denunciou o elevado número de patrulhas que acorreram ao local, perante uma falta administrativa, o que leva à conclusão de que existia “predisposição” dos agentes contra Tabar.

As marcas de Tabar, “sem erosão”
O procedimento do juiz também foi questionado; o titular do tribunal penal n.º 1 interrompeu por 16 vezes o advogado de defesa... e cortou-lhe a palavra afirmando que tinha quatro julgamentos agendados, quando aquele tentava expor jurisprudência do Supremo Tribunal.
No que diz respeito aos testemunhos dos agentes, fontes judiciais destacaram a falta de precisão ante as questões levantas pela defesa sobre as circunstâncias em que ocorreram a resistência e as lesões de que acusam Tabar. Perante muitas delas, o juiz interveio para as considerar “improcedentes”.
A defesa também questionou a declaração do perito, que indicava que as contusões examinadas a Ian Tabar na cabeça se ficaram a dever a socos, argumentando para tal que estas marcas “não apresentavam erosão”.

Alargar o âmbito da denúncia para lá de Iruñea
Depois do protesto de segunda-feira em frente à Câmara Municipal, ontem concentrou-se muita gente perante a Audiência de Iruñea, incluindo muitas pessoas vindas de outras zonas. Apelaram então à disseminação do protesto e à mobilização, de modo a pôr um travão a esta situação, que prevêem que se agrave nos próximos meses.

Jasone MITXELTORENA

Fonte: Gara

Ikurriña perseguida em Atarrabia, Nafarroa


O presidente do Governo de Nafarroa e da UPN, Miguel Sanz, avisou o Município de Atarrabia que, “se se quiser pôr à margem da lei, logo verá ao que se expõe”. Fê-lo na sequência de uma sentença recente emitida pela Audiência de Iruñea [Pamplona], na qual se acusa a Câmara Municipal de “fraude à lei” por colocar a ikurriña num mastro anexo à sede do Município, precisamente à mesma altura do resto das bandeiras que ondeiam de modo oficial.

A sentença estabelece que o Município, dirigido pelo Nafarroa Bai, incorreu num “ardil” para contornar a Lei de Símbolos que a UPN, o PSN e a CDN aprovaram, e que impede a colocação da ikurriña nas varandas das câmaras municipais. À espera da atitude que adopte o NaBai, Miguel Sanz afirmou, ameaçando, que “é obrigação e dever do Governo perseguir o incumprimento da lei”.

A esquerda abertzale considerou esta sentença judicial como mais uma prova da “falta de liberdade” existente em Nafarroa e da “obsessão” do Governo navarro “em travar o avanço da identidade euskaldun”. Apelaram à defesa da vontade popular e da identidade de Euskal Herria, e deixaram claro a Miguel Sanz que “os nossos símbolos continuarão presentes em todos os actos oficiais, em todos os nossos municípios”.
A Bai Euskal Herriari encorajou as pessoas a colocarem a ikurriña, “passando por cima de todas as proibições”.

Fontes: Gara
[Nota: É bastante comum ver ikurriñas nas janelas e varandas de Atarrabia.]

«Elkartasuna itxaropen» nasce da solidariedade dos artistas bascos com os perseguidos

Vídeo: apresentação da canção

«Elkartasuna itxaropen» é uma canção criada pelos Lor, com letra de Miren Amuriza, e também uma nova mostra de solidariedade por parte de 14 grupos, do âmbito da música e da arte da expressão, empenhados com o Movimento Pró-Amnistia.
Vão sair 3000 exemplares, vendidos a três euros cada, de uma caixa que inclui o áudio da canção, um vídeo, além da letra e do manifesto dos músicos e dos artistas em solidariedade com os processados.

A colocação do produto no circuito tem um objectivo económico, destinado a “suportar os custos do julgamento” recentemente finalizado na Audiência Nacional, “e procura também a divulgação do pedido de amnistia e da denúncia da repressão”, explica Iker Zubia, acusado no sumário 33/01 e, ao mesmo tempo, cantor de Carrocerías Betoño, uma das quase 150 formações musicais e de outros âmbitos da criação artística que subscreveram, na sua época, o manifesto «Aski da! Euskal Herriak askatasuna behar du» [Já chega! O País Basco precisa de liberdade]. No campo musical, a iniciativa teve um maior desenvolvimento posterior, já que os músicos “elaboraram um manifesto próprio, com o qual se tornaram mais interventivos em relação ao que estava a ser julgado em Madrid”, acrescenta Zubia.

Questionados acerca de uma possível apresentação da canção, referiram que estão conscientes de que não é uma boa altura, tendo em vista os calendários e as actuações já apalavradas pelos grupos. Também já decidiram o formato que poderia tomar essa apresentação, uma vez que são muitíssimas as formações dispostas a participar. Falam de Outubro como um mês de referência para poder tornar realidade essa ideia.
Também não descartam a hipótese de a própria canção ser sujeita a versões assim que esteja cá fora, ao longo do Verão.

“Ao fim e ao cabo, os presos e a iniciativa anti-repressiva sempre estiveram presentes nos concertos em Euskal Herria. Os grupos sempre se comprometeram de alguma forma, quando não foram alguns deles o objecto da própria repressão”, sublinha Zubia. Tal como se afirma no manifesto, “a dignidade das pessoas perseguidas foi a mecha que acendeu a nossa força e ira interpretativa. Mais ainda, somos seus familiares, seus amigos, seus vizinhos... e nalguns casos fomos nós, na primeira pessoa, quem sofreu as violentas investidas do monstro”.

Notícia completa: Gara

Movimento Pró-Amnistia: mobilização, neste sábado, contra o estado de excepção

O Movimento Pró-Amnistia convocou mobilizações para o próximo sábado, para denunciar a situação de excepção que se vive em Euskal Herria.
Na conferência de imprensa concedida ontem em Donostia compareceram vários cidadãos e cidadãs que reflectem precisamente esse estado de excepção que se vive em Euskal Herria. Estiveram presentes familiares de presos políticos gravemente doentes e de presos encarcerados há muito tempo, pessoas próximas de presos políticos que sofreram acidentes a caminho da prisão, vereadores de partidos ilegalizados, pessoas que foram torturadas e pessoas julgadas em macro-sumários políticos.

Ali, fizeram um apelo aos cidadãos para que no próximo sábado, dia 2 de Agosto, por ocasião da “operação saída”, participem nas mobilizações de protesto convocadas para diferentes estradas e pontes de Euskal Herria, precisamente para dar a conhecer e denunciar a grave situação de excepção a que o país está sujeito. Procederam também à leitura de um documento – que pode ser consultado em kaosenlared.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Em Busturia, a 3 de Agosto, homenagem às vítimas do fascismo


Aos habitantes de Busturia assassinados por defenderem a Liberdade, o governo legítimo da II República e os direitos do Povo Basco. A todas as vítimas do franquismo.
Este domingo, 3 de Agosto, às 13h, na praça de Ispilueta-Axpe, em Busturia (Bizkaia), prestar-se-á uma homenagem a todas as vítimas do fascismo desta localidade, organizada pela associação Ahaztuak 1936-1977 em colaboração com o Município de Busturia.

BUSTURIAKO IZEN GUZTIAK
Todos os nomes de Busturia
IZAN ZIRELAKO GARA ETA GARELAKO IZANGO DIRA
Somos porque foram e serão porque somos

AGUR ETA OHORE
Saudações e honra

Fonte: kaosenlared (onde pode ser consultada a lista de todos os nomes de Busturia, vítimas do fascismo: condenados a prisão, condenados à morte, fuzilados, mortos em campos de concentração, mortos em combate e desaparecidos)

A vala de Iragorri, em Oiartzun: um espaço para a memória


Desde domingo, 13 dos republicanos fuzilados durante a Guerra Civil no bosque do bairro Karrika, de Oiartzun, já têm um lugar onde poderão ser visitados, e, sobretudo, ser recordados: o cemitério de Iragorri, Oroimenaren Basoa.
Por volta do meio-dia, numa cerimónia solene a que compareceram dezenas de moradores e familiares dos fuzilados, sobre a vala de Iragorri, voltou-se a recuperar parte dessa memória que durante tanto tempo permaneceu oculta.
A apresentação do acto esteve a cargo de Miren Irigoien, membro do grupo Kattin Ttiki, uma associação que luta há dois anos pela recuperação da memória histórica de Oiartzun. Irigoien explicou que este lugar, no qual se instalou uma escultura do artista Anton Mendizabal, “é um espaço para que as pessoas saibam o que aqui se passou durante a Guerra Civil”. Outro membro da associação, Ramón Gaztelumendi, recordou que “na sessão plenária do Município de Oiartzun também se inaugurou uma exposição” sobre este tema. Por seu lado, o autarca de Oiartzun, Aitor Etxeberria, que também esteve presente na homenagem, quis agradecer o esforço da Kattin Ttiki “para divulgar uma realidade histórica como esta”.
O momento mais emotivo da cerimónia ocorreu com o filho de dois fuzilados que foram enterrados na fossa. Aconchegado pelos aplausos dos assistentes, depositou um ramo de flores sobre a nova sepultura, na qual se encontram agora os restos mortais da sua família.
Depois da actuação de um bertsolari, a cerimónia finalizou com Andoni Lekuona, sociólogo oiartzuarra, que animou os presentes a cantarem uma canção escrita por ele: «Hildakoak oroitzen» [Lembrando os falecidos].
Para que se recorde o horror da Guerra Civil tal como foi, sem a necessidade de passar os factos por uma peneira, e, sobretudo, para que os que estão e estarão no futuro lutem para evitar que volte a ressurgir essa tragédia, existe desde ontem em Gipuzkoa mais um espaço para a memória.
Notícia completa: kaosenlared

“Ino esteve sequestrada por aquilo a que chamam Estado de Direito”

Iritzia: Uma inquisição sem solução de continuidade_(cas)

Ino Galparsoro esteve hoje presente numa conferência de imprensa realizada em Donostia junto à autarca de Hernani, Marian Beitialarrangoitia, e à autarca de Arrasate em funções, Oihana Aranburu.
No início, quiseram mostrar a sua alegria pela libertação recente de Galparsoro, mas sem deixar de lado a denúncia do que aconteceu.

Beitialarrangoitia disse que nos últimos três meses Galparsoro “esteve sequestrada por aquilo a que se chama Estado de Direito”. “Esteve presa por ser autarca da esquerda abertzale, como podíamos ter estado outros. E não foi por causa de uma ‘garzonada’, mas por uma decisão política tomada por Zapatero e Rubalcaba”, destacou.
Assim, referiu que “se abriu a estação da caça contra a esquerda abertzale, para correr com ela das instituições”, fazendo referência às moções éticas ou às medidas impulsionadas contra os grupos municipais da esquerda abertzale. Situou tudo isto numa “estratégia repressiva” do Governo espanhol, para a qual tem “um cheque em branco do PNV”.

Desta forma, referiu que os “sectores espanholistas” contam com o “beneplácito do PNV e do NaBai”. Na sua perspectiva, isso tem um duplo propósito. Por um lado, “tirar a esquerda abertzale da cena política” e, por outro, “tentar escondê-la e silenciá-la, já que esta força política conta com uma proposta para um cenário democrático”.
Por último, fizeram um apelo aos cidadãos para que apareçam amanhã, pelas 19h30, ao ongi etorri [boas-vindas] que se tributará a Galparsoro na praça de Arrasate.
Ontem mesmo, cerca de 300 pessoas – moradores, amigos e companheiros – receberam Galparsoro entre mostras de carinho, por volta da 1h30 da madrugada, em Arrasate, depois de a primeira edil da localidade ter abandonado a prisão de Soto del Real às 21h20.

Fonte: Gara

Em Iruñea: agentes da polícia local confiscam câmara a jornalista e Ian Tabar foi submetido a julgamento

A Polícia Municipal de Iruñea (Pamplona) confiscou ontem a câmara fotográfica a uma redactora do GARA, que a estava a utilizar em trabalho, enquanto cobria um protesto que decorria na Udaletxe plaza da capital navarra. Os agentes referiram que irão transmitir este procedimento ao juiz, e que será este a decidir a devolução, ou não, da máquina.

O protesto de ontem estava relacionado com o julgamento que já hoje se iniciou contra o jovem iruindarra Ian Tabar, que pode vir a ingressar na prisão por colar cartazes. Ontem, amigos e pessoas solidárias saíram à rua numa kalejira para denunciar esta situação e informar os transeuntes da Parte Velha de Iruñea. Dois jovens prenderam-se com correntes à porta da Câmara Municipal, como forma de mostrar que em Iruñea (Pamplona) se pode ir parar à prisão por colar cartazes.

Fonte: Gara

Mais informação sobre o protesto de ontem: euskalherria.indymedia



Julgamento de Ian Tabar em Iruñea

Já hoje, teve início o julgamento do jovem de Iruñea Ian Tabar na Audiência Provincial, sob acusação de resistência grave à autoridade. O magistrado pediu um ano de prisão. Se o juiz Fermin Otamendi o condenar, poderá dar entrada na prisão, quando se encontra em liberdade condicional por uma condenação anterior imposta pelo mesmo juiz, num cenário que o movimento “okupa” qualificou como “uma montagem policial”.

Ian Tabar relatou a www.apurtu.org que a própria médica forense, com base no relatório médico, desmontou a versão policial, segundo a qual Ian teria resistido à detenção e as lesões que exibia teriam sido provocadas no momento em que a polícia precisara de recorrer à força para o dominar. De acordo com a médica, as lesões que Ian apresentava na cabeça indicavam que o jovem tinha levado socos, tal como o próprio denunciara.

O jovem aguarda agora pela leitura da sentença.

Fonte: Apurtu

Rebenta uma bomba na praia de Torremolinos, que Rubalcaba atribui à ETA

A explosão da bomba, que estava colocada nas proximidades do passeio marítimo, sob uma ponte pedonal, no bairro de La Carihuela, ocorreu às 0h20.
No momento da deflagração havia pessoas no passeio marítimo mas não se registaram feridos nem danos materiais, de acordo as informações avançadas pelo delegado do Governo espanhol na Andaluzia, Juan José López Garzón, que também acrescentou não ter havido um aviso prévio que desse conta da colocação do artefacto.
Por seu lado, a Subdelegação do Governo espanhol em Málaga informou através de uma nota de imprensa que o artefacto se encontrava no interior de um recipiente e tinha, na sua composição, menos de um quilo de explosivo. Segundo a EFE, o artefacto provocou um buraco com um metro de diâmetro e 40 centímetros de profundidade.

A mesma agência e a Europa Press indicam que as Forças de Segurança do Estado teriam encontrado ao fim da tarde de ontem, em Torremolinos, um saco em cujo interior se encontrava diverso material que relacionaram com a explosão ocorrida depois da meia-noite. O ministro espanhol do Interior, Alfredo Pérez Rubalcaba, atribuiu a autoria da explosão à ETA e confirmou o achado, que também ligou à organização armada.

Fonte: Gara

Ver também: Gara

Procuradoria francesa solicita o ingresso na prisão de Asier Ezeiza e Olga Comes


Asier Ezeiza e Olga Comes chegaram ontem à tarde a Paris. Já na tarde de hoje estiveram na presença de um “juiz antiterrorista” na capital francesa.
Ezeiza e Comes foram detidos, de acordo com informação veiculada por agências espanholas, na localidade de Arceau, depois de escaparem a um controlo da polícia francesa e sofrerem um acidente com outro veículo, tendo sido finalmente detidos pela Gendarmerie de Mirebau sur Bez, uma localidade próxima.
Segundo as mesmas fontes, teriam reconhecido perante os agentes, no momento da sua detenção, a ligação à ETA.

Assembleia em Donibane (Iruñea)
Para dar a conhecer a situação dos detidos e, em especial, da sua vizinha Olga Comes, terá hoje lugar, pelas 20h, na praça Asunción, no bairro de Donibane, em Iruñea (Pamplona), uma assembleia informativa.
Fonte: Gara

segunda-feira, 28 de julho de 2008

O orgulho de ser de esquerda e ‘abertzale’

«O orgulho de ser, eis a questão, Sr. Anasagasti»

por Amparo LASHERAS

Comecei a escrever este artigo depois de escutar, num desses debates que vão e vêm de uma rádio para outra, a ideia de que, no Verão, sobram as reivindicações da esquerda abertzale. No início, a intenção do artigo foi a de defender o direito desta formação a empreender a sua política em qualquer estação do ano.

A partir deste ponto, senhor Anasagasti, a leitura de algumas frases do seu artigo, publicado na sexta-feira num diário de Gipuzkoa, fizeram-me mudar o rumo do meu artigo e dedicar-lhe a si o resto da minha reflexão, porque creio que a sua bagagem política é bastante limitada e o senhor necessita de perceber algumas questões importantes sobre a evolução da esquerda, a coerência ideológica, a militância responsável e a dignidade política, algo que o senhor desconhece, a julgar pelo que escreve e pelas opiniões tão pouco elegantes que verte no seu texto sobre duas pessoas, Tasio Erkizia e Periko Solabarria. Estes militantes da esquerda abertzale devotaram a sua vida à defesa dos direitos de Euskal Herria e da classe trabalhadora e, enquanto o senhor residia na Venezuela à espera que Franco morresse para regressar pela mão do PNV, eles, aqui, numa Euskal Herria demasiado dorida, sofriam a repressão e a tortura franquista para conseguir a liberdade e as condições que a si lhe permitiram dedicar-se à política durante trinta anos, que são muitos anos.

Olhe, senhor Anasagasti, na verdade o seu artigo também não constitui nenhuma novidade jornalística. O facto de se lançar augúrios de tragédia sobre o futuro da esquerda abertzale nos meios de comunicação e em qualquer declaração política que se preze converteu-se numa trivialidade. Todos, jornalistas e políticos, incluindo o senhor, estão empenhados em tratar da nossa extinção e em representar perante a sociedade um cenário em que essa extinção é já um facto consumado. Para conseguir os seus objectivos e tornar invisível a proposta da esquerda abertzale para um novo marco democrático, tudo vale. Não importa a qualidade democrática do caminho a seguir. Qualquer arma judicial, policial, legislativa ou mediática pode ser válida, caso contribua para expulsar da cena política o independentismo de esquerda. E se essas medidas, decretadas por Madrid e apoiadas pelo seu partido, ajudam a criar as circunstâncias propícias para desmoralizar as bases da esquerda abertzale, os objectivos estão mais do que alcançados.

Em todos os discursos dos dirigentes do PSOE, do PP e dos seus companheiros de partido e, em especial, nas declarações do ministro espanhol do Interior, parece-me reconhecer uma intencionalidade subliminar de prepotência e vitória política, de condescendência ganhadora e uma falta de rigor quase infantil no momento de analisar a militância, o compromisso, a ideologia e a força da luta política da esquerda abertzale. Quem lança estas mensagens e as escreve, como o senhor, em artigos tão pouco politicamente substanciosos, responde a uma propaganda de acosso e derrube perfeitamente estudada. Fazem-no com base no atrevimento e na ousadia que traz consigo a soberba e a ignorância, atitudes que talvez lhes limite a visão política e lhes faça crer que a sua advertência calará no ânimo dos militantes abertzales, e que estes acabarão por admitir a possibilidade de, no fundo, o Governo espanhol e o PNV estarem na via certa. Porque já se sabe que nada há de mais benéfico para o inimigo que um militante sem esperança. Para o provar, só tem que analisar a perda de votos nacionalistas nas últimas eleições.

Para o caso de não o saber, digo-lhe que, nas últimas décadas, os novos desafios da esquerda geraram numerosos debates em torno da militância política e da sua importância na luta por uma mudança social que devolva aos povos os direitos, a liberdade e a capacidade de decisão que o neoliberalismo actual tentou apagar do pensamento político, através do desenvolvimento e implementação de um individualismo selvagem e consumista. Desde Marta Harnecker até Fernández Huidobro, ex-dirigente Tupamaro, passando por políticos e ideólogos marxistas, social-democratas, anarquistas ou liberais, todos teorizaram, a partir de perspectivas muito diferentes, sobre o protagonismo e o compromisso da militância, seja na estrutura de um partido, de um movimento popular ou noutros campos sociais. Contudo, apesar dos diversos conceitos que defendem e por cima de qualquer teoria, existe um princípio fundamental, simples e inequívoco, que não necessita de muita teorização e sem o qual a militância e o compromisso ideológico se tornam frágeis e mutáveis. Estou-lhe a falar desse sentimento de orgulho e confiança que se mantém nas ideias que estruturam o nosso pensamento e a nossa vida, com as quais analisamos a realidade, racionalizamos as respostas e sustentamos a nossa luta. Esse orgulho de ser o que somos e a confiança no que chegaremos a ser são, quiçá, o elemento inexplicável que faz avançar a força e a exigência de luta para alcançar os objectivos e tornar possível o que o sistema nos mostra como impossível, e que responde ao que Tomás Moro definiu como utopia, o que Marta Harnecker teorizou no seu livro A Esquerda no Limiar do Século XXI e que eu, no meu modesto ideário pessoal, me explico a mim mesma como a defesa de um idealismo possível. Reconheço que este posicionamento será difícil de entender para quem, como o senhor, senhor Anasagasti, converteu a política, a democracia e os direitos colectivos e individuais num campo de negócio e poder, defendido pela força da repressão.

A decisão da Audiência Nacional de processar 30 militantes da esquerda abertzale no sumário de ilegalização do EHAK [Partido Comunista das Terras Bascas], cuja denúncia lhe causa tanta hilaridade, constitui, como todos os processamentos de militantes da esquerda abertzale, uma acção de perseguição política, digna de qualquer governo neofascista, e isso, o senhor e o seu partido sabem-no muito bem. Outra coisa é que se calem e tentem sacar benefícios desse silêncio. É certo, senhor Anasagasti, que os acordos entre o PP e o PSOE, a submissão do PNV ao marco constitucional espanhol e a docilidade com que o tripartido de Gasteiz está a acolher a proibição da consulta promovida por Ibarretxe, juntamente com as mensagens que durante esta semana se prodigalizaram na imprensa, tentando vender uma sensação de vitória policial e judicial, conseguiram que a dureza da realidade que a esquerda abertzale está a viver se agudize, num Verão em que, ao que parece, só é lícito tomar sol. Também é certo que no novo curso político a esquerda abertzale terá que trabalhar duramente e articular as respostas adequadas para impedir que vocês, o PNV, negoceiem com o PSOE uma reforma estatutária. Enfrentar o momento com uma estratégia de luta política, num contexto excessivamente hostil, onde o reconhecimento de Euskal Herria, a independência e o socialismo estão excluídos e criminalizados, vai ser uma tarefa bastante árdua, e vai ser necessário um compromisso muito valente por parte da militância da esquerda abertzale.

Contudo, senhor Anasagasti, por mais que o senhor não o possa entender, é agora, neste momento de vertigem, quando a solidez das ideias pode e deve sustentar o projecto de futuro. O orgulho de ser o que somos e a confiança no que chegaremos a ser converter-se-ão na força e também no sorriso aberto de cada um dos homens e das mulheres da esquerda abertzale, sejam jovens ou veneráveis, estejam na prisão, livres ou compareçam nas conferências de imprensa zurzidos por artigos tão banais e grosseiros como o seu.

Na realidade, senhor Anasagasti, devo confessar-lhe que, no que respeita à coerência política, à ética humana, ao valor das ideias e ao orgulho de as defender, neste artigo não descubro nada de novo. Disseram-no os gregos e durante séculos teorizou-se sobre isso. Foi Shakespeare no século XVII quem o expôs como dilema, com a paixão do drama e o segredo da poesia. “Ser ou não ser, eis a questão”. Sim, senhor Anasagasti. O senhor e os seus companheiros de partido, não sei, mas o que lhe posso assegurar, sim, é que a esquerda abertzale, porque é, continuará em Euskal Herria, lutando por aquilo em que acredita.

Fonte: Gara

INO GALPARSORO: Pedraz decreta liberdade sob fiança de 30 000 euros para a autarca de Arrasate

O juiz da Audiência Nacional espanhola Santiago Pedraz, que substitui Baltasar Garzón, decretou hoje a libertação da autarca de Arrasate, Ino Galparsoro, sob fiança de 30 000 euros.
No passado dia 30 de Abril, o juiz da Audiência Nacional espanhola Baltasar Garzón colocou a sua assinatura no envio para a prisão de Ino Galparsoro. “Colaboração com organização terrorista” e “quebra da suspensão de actividades da EAE-ANV” eram as razões argumentadas para deixar sem primeira edil os habitantes da localidade guipuscoana.
Garzón tomou a decisão depois de convocar a Madrid a autarca de Arrasate e depois de tanto a Procuradoria como as acusações populares (AVT e Dignidad y Justicia) o terem proposto. Nessa altura, não existiu diferença alguma entre Governo espanhol e extrema-direita.
Um sem número de mobilizações e actos de protesto foram-se sucedendo nos 3 meses que Galparsoro permaneceu na prisão. A terra onde exercia o cargo de autarca fez tudo ao seu alcance para exigir um vez e outra a sua imediata libertação.

Fonte: Gara

[Ino, não esquecemos a tua força e dignidade! Gogoan zaitugu!]

A explosão de uma bomba causa danos importantes nas obras da AP-8 em Orio


Uma bomba provocou estragos esta madrugada em seis barracões e quatro veículos das empresas Acciona e Fonorte (adjudicatárias de alguns tramos das obras do TGV) que trabalham numas obras da auto-estrada AP-8, em Orio. Lakua atribuiu esta acção à ETA e solidarizou-se com os afectados.

De acordo com o Departamento do Interior de Lakua, a explosão ocorreu de madrugada, mas os seus efeitos não foram comunicados à Ertzaintza antes das 7h, quando se deslocaram para o local várias patrulhas da polícia autonómica, com o propósito de determinar a dimensão exacta dos estragos, bem como a composição e a quantidade do material explosivo.
A mesma fonte precisou que o estrondo provocou danos em seis barracões de obra que os trabalhadores usam para mudar de roupa e guardar ferramentas, e em dois veículos todo-o-terreno e duas furgonetas, afectados pela onda expansiva da explosão.
Houve reacções.
Notícia completa: Gara

Todos os detidos denunciaram torturas perante o juiz Garzón

A Askatasuna assegurou ontem que os dez jovens detidos na semana passada, acusados de pertença à ETA, denunciaram na sua declaração perante o juiz da Audiência Nacional Baltasar Garzón ter sofrido maus tratos durante o tempo que estiveram sob regime de incomunicação, às mãos da Guarda Civil.
Segundo fez saber a organização anti-repressiva, os detidos denunciaram perante o juiz ter recebido socos na cabeça e nos testículos, e ameaças de violação. Além disso, nalguns casos ter-lhes-iam aplicado “o saco” e proferido ameaças de utilização de eléctrodos.
Nessa mesma linha, os detidos teriam relatado a Garzón que foram obrigados a permanecer em posições forçadas e a realizar flexões durante muito tempo. Apesar das denúncias efectuadas na presença do próprio juiz, o magistrado deu ordens de prisão a sete dos detidos.

A agência EFE, citando fontes jurídicas, referiu que o ministro espanhol do Interior, Alfredo Pérez Rubalcaba, acusa Arkaitz Goikoetxea, Iñigo Gutiérrez, Aitor Kotano, Mikel Saratxo, Gaizka Jareño, Anabel Prieto e Maialen Zuazo de serem membros e colaboradores do denominado “complexo Bizkaia” da ETA.
Garzón imputa aos encarcerados uma dezena de atentados cometidos desde Agosto de 2007, entre os quais se contam os ataques contra os quartéis da Guarda Civil de Legutio, Durango e Calahorra, a acção contra o Real Club Marítimo de El Abra de Getxo, o ataque contra a esquadra da Ertzaintza em Zarautz e as bombas contra as casas do povo de Derio e Balmaseda.
Por seu turno, decretou liberdade sob fiança de 12 000 euros para Adur Aristegi, detido em Elorrio, Inge Urrutia, presa na quinta-feira em Getxo, e Libe Agirre, que foi detida em Fuengirola (Andaluzia).

O protocolo não impede a tortura

A Askatasuna denunciou de forma veemente a “impunidade” que o regime de incomunicação oferece às forças policiais e referiu que o protocolo esboçado pelo próprio Garzón para evitar que ocorram torturas não serve. Na sua opinião, não é mais que uma iniciativa para “lavar a cara” do juiz, já que os guardas civis que actuaram sob as suas ordens “voltaram a utilizar métodos de tortura selvagens, como ficou demonstrado nas denúncias de tortura efectuadas perante o juiz”.
Por isso, a Askatasuna insistiu na ideia de que, para acabar com a tortura, é necessário acabar antes com as leis que possibilitam a incomunicação e respeitar os direitos dos detidos.
Criticou ainda a “vergonhosa atitude” que mantiveram os meios de comunicação, situando-se, na sua perspectiva, “ao serviço da repressão”, ao avançarem com graves imputações contra os detidos. “Foram julgados e linchados publicamente”, denunciou. Para a organização anti-repressiva, por trás dessa forma de actuação encontra-se a violação dos direitos dos detidos e a justificação de medidas de excepção perante a cidadania. “Os aparelhos repressivos utilizaram as detenções como propaganda e os meios de comunicação foram companheiros de viagem imprescindíveis”.

«Com todas as garantias»
Antes de que fossem conhecidas as denúncias de tortura avançadas por todos os detidos, Garzón assegurou que estes contaram “com todas as garantias”, em declarações à cadena Ser.
[E mais rezou, o juiz. Pode-se ler o que afirmou, seguindo a ligação que abaixo se indica.]

Notícia completa: Gara

Nas praias de Euskal Herria: «Entre todos, vamos conseguir que os presos regressem a casa vivos»

Centenas de pessoas secundaram as mobilizações convocadas para exigir respeito pelos direitos dos presos políticos bascos. As praias da costa basca testemunharam uma iniciativa popular que se repetiu nos últimos anos, coincidindo com o período estival, na qual se pediu às instituições que “façam algo” para acabar com a dispersão e se exigiu também a libertação dos presos políticos bascos com doenças graves e dos que já cumpriram as suas penas.

Deste modo, e como ressaltaram na concentração realizada em Zarautz, onde tomaram a palavra as porta-vozes da iniciativa Arrate Makazaga e Maixux Altuna, a mobilização dos cidadãos é absolutamente necessária para continuar a “pressionar” as instituições, no sentido de “fazerem cumprir a legalidade”. “Pedimos apenas que se cumpra a lei”, insistiram.
Makazaga pediu também às instituições bascas para abandonarem “as declarações de boas intenções” e para “fazerem algo, finalmente, porque está nas suas mãos acabar com a dispersão”.
Para além disso, apelou à sociedade basca para que, “como até agora” continue a acorrer às mobilizações em defesa dos direitos dos presos, porque, “entre todos, vamos conseguir que regressem a casa, e vivos”.

Tal como em Zarautz, a praia getxoztarra de Ereaga recebeu ao meio-dia uma concentração numerosa – mais de uma centena de pessoas – para exigir o respeito pelos direitos dos presos políticos bascos e a sua repatriação, reivindicação que se podia ler nas faixas e nas bandeirolas que transportavam, acompanhadas por ikurriñas e fotografias dos presos da região de Uribe Kosta.
Para além de se concentrarem em frente ao passeio marítimo, os participantes na mobilização percorreram também a praia a pé, fazendo ouvir as suas exigências e distribuindo panfletos informativos sobre situação crítica do preso Anjel Figueroa. Este natural de Algorta é um dos 14 presos políticos bascos que se encontram gravemente doentes – no seu caso concreto, sofre de epilepsia do lóbulo temporal e esclerose mesial do lado direito. Apesar de a sua doença ser incurável e de o seu estado de saúde se deteriorar na prisão, foi-lhe denegada a aplicação do artigo 92 do Código Penal, que contempla essa possibilidade.
Além disso, durante a marcha exigiram a libertação dos detidos na última operação policial e denunciaram a utilização da tortura por parte das Forças de Segurança do Estado. Cinco dos dez detidos pela Guarda Civil na semana passada – Arkaitz Goikoetxea, Iñigo Gutierrez, Aitor Kotano, Mikel Saratxo e Inge Urrutia – são desta localidade costeira.


«Prisioneiros de guerra»
Também na zona de estacionamento da praia de Ereaga, dois carros com megafones deram a conhecer algo mais sobre a situação em que se encontram os 740 homens e mulheres que compõem o colectivo dos presos políticos bascos, fazendo saber que esses encarcerados são utilizados pelos governos espanhol e francês como “prisioneiros de guerra, com o propósito de dobrar a sua vontade e de os utilizar para fazer chantagem política”.
Segundo referiram, a política penitenciária que se aplica aos presos, ao fazê-los passar por condições de vida extremas, “procura a sua morte”. Entre essas condições extremas, aludiram à escassa assistência médica; aos entraves postos à comunicação, ao estudo ou à prática do desporto; aos espancamentos frequentes ou às situações de forte tensão a que são sujeitos, mas não quiseram deixar de destacar a “crueldade” da política de isolamento. Tal como indicaram, neste momento há 49 presos que sofrem um isolamento total, com os graves implicações consequentes.
Para além disto, assinalaram que apenas 17 presos bascos se encontram encarcerados em prisões de Euskal Herria, o que obriga os familiares e amigos a percorrerem milhares de quilómetros, e que prolongaram a pena a 28 presos políticos. Denunciaram ainda que 169 presos deveriam estar em liberdade condicional, depois de terem cumprido 3/4 da sua condenação.
A maioria dos banhistas que se encontravam junto à praia biscainha acolheu com simpatia a mobilização de protesto, mas também houve algumas pessoas que se negaram a receber a informação que era distribuída.

Também as praias de Bermeo, onde 40 pessoas participaram na marcha, e Muskiz, que contou com a mobilização de 210 moradores, foram cenário de protestos similares. Para além destes, 165 pessoas reivindicaram em Gorliz o respeito pelos direitos dos presos, enquanto em Ea foram 150 as que participaram na concentração, em Sopela, 150, e em Laga, 110. Na concentração de Ondarroa participaram 265 pessoas. Em Hondarribia foram 250 os habitantes que secundaram a mobilização e em Orio, 300. Também nas praias de Hendaia, Donostia, Zumaia, Deba, Mutriku, Getaria, Bakio, Mundaka e Lekeitio houve mobilizações pelos presos, do mesmo modo que na barragem de Garaio, em Araba.

Fonte: Gara

Marchas em Goierri e Hego Uribe contra o TGV


A plataforma AHT Gelditu! de Hego Uribe realizou no sábado uma marcha reivindicativa até às obras do TGV. Partiu às 19h do bairro de San Miguel, em Basauri, e dirigiu-se até Zaratamo, com uma paragem em Arrigorriaga. No final da marcha, na zona em que começaram os trabalhos de construção desta infra-estrutura, apareceu a Ertzaintza, tendo proibido aos opositores do TGV que se aproximassem das obras.
Os participantes na marcha, à volta de cem pessoas, criticaram o facto de o início das obras ter ocorrido sem contar com a opinião nem a participação dos cidadãos, “sem informar os moradores de San Miguel, Arrigorriaga e Zaratamo, directamente afectados pelos diversos impactos que a infra-estrutura irá causar”. Censuraram também a atitude que os responsáveis do projecto mostraram para com os proprietários das terras. Afirmaram que “fizeram pouco deles” e que “os chantagearam”.

Para além disso, denunciaram “o obscurantismo” com que se levou a cabo o projecto: “os Municípios de Galdakao, Basauri, Arrigorriaga e Zaratamo fizeram ouvidos moucos perante os resultados da sondagem de opinião realizada por profissionais de sociologia e docentes da UPV [Universidade do País Basco], que deixava bem claro que nas referidas localidades as pessoas não dispõem de informação sobre o TGV, desconfiam do trabalho institucional referente a este tema e se posicionam contra a infra-estrutura”.
A AHT Gelditu! de Hego Uribe aproveitou o encontro de sábado para dar a conhecer aos participantes na marcha alguns detalhes das obras, que, na sua opinião, “irão gerar um grande impacto”.

Este não foi a único protesto contra o TGV que teve lugar no sábado. Em Ordizia, sob o lema «Diruaren hotsa, Goierriren heriotza» [O som do dinheiro é a morte de Goierri], cerca de 1200 pessoas participaram numa manifestação que percorreu as ruas desta localidade, imersa nas festas da padroeira. Os participantes aproximaram-se do local onde as obras já começaram e onde várias patrulhas da Ertzaintza os esperavam. Permaneceram no lugar uns cinco minutos, e retomaram a marcha.
Num comunicado final, denunciaram que existem numerosas razões para desfazer o projecto, “para parar a maior e a mais esbanjadora infra-estrutura que se procurou fazer em Euskal Herria”. Deste modo, lembraram que o TGV vai provocar danos irreparáveis no meio ambiente: “o seu impacto far-se-á sentir em todo o território, e nalgumas povoações as suas consequências serão bastante graves”.

Afirmaram que este projecto pretende impor um modelo de território, “a chamada eurocidade, que apenas contempla a ligação rápida entre as capitais”. Por isso, asseguraram que o projecto não contribuirá para solucionar os problemas de transporte público, nem os problemas derivados da passagem de camiões.
Do mesmo modo, qualificaram o projecto como uma demonstração clara do “capitalismo devorador”. “Dá impulso a um modelo esbanjador e expansionista a qualquer custo”, sublinharam a este respeito.
Os membros da AHT Gelditu! de Goierri insistiram na necessidade de a cidadania se mobilizar contra o projecto, “para dizer que não precisamos dele nem o queremos”.
O acto também incluiu uma paródia na qual “tomou a palavra ‘o lehendakari’, que se dirigiu aos assistentes insistindo na necessidade da consulta”.

Entretanto, o acampamento contra o TGV que arrancou na quinta-feira em Zaldibia prossegue com um programa bem recheado. Até ao momento, os participantes e os visitantes puderam conhecer a experiência de outros grupos “de luta anti-expansionista”. Na sexta-feira, puderam também desfrutar dos bertsos de Unai Muñoa, Uxue Alberdi, Aitor Sarriegi e Iñigo Mantzisidor.
Para ontem, domingo, estava prevista uma marcha montanhista pelo vale de Mariaratz, seguida de um almoço em Lazkao. Para o resto do dia, o programa incluía, na parte da tarde, a apresentação do livro Naturaleza, ruralidad y civilización, de Felix Rodrigo, e, após o regresso a Zaldibia, a representação da obra Klowntuz mendia.

Fonte: Gara
Programa do acampamento contra o TGV em: AHT-ren_Aurkako_Asanblada

A Procuradoria dá por concluída a instrução do sumário aberto contra o Batasuna

Depois de se ter ficado a saber que o juiz Garzón convocou trinta militantes abertzales a declarar como processados no próximo mês de Setembro, na sexta-feira soube-se que a Procuradoria deu por concluída a instrução do sumário aberto contra o Batasuna, cujo julgamento poderia ter início em Fevereiro.

A Procuradoria da Audiência Nacional espanhola poderia pedir esta semana à Segunda Secção da Sala Penal a abertura do julgamento oral contra 39 militantes independentistas acusados no sumário aberto contra o Batasuna. Desta forma, ao fim de seis anos, a acusação pública dá por terminada a instrução.
Nesta causa estão processados mahaikides [porta-vozes] que se encontram encarcerados depois da operação policial levada a cabo em Outubro do ano passado, em Segura, outros integrantes da Mesa Nacional detidos antes e depois daquela operação, assim como pessoas que formaram parte da direcção da formação abertzale em períodos anteriores.
Assim, entre os acusados encontram-se pessoas como Arnaldo Otegi, Pernando Barrena, Joseba Permach ou Rufi Etxeberria, interlocutores da esquerda abertzale no fracassado processo de diálogo, bem como outros conhecidos militantes independentistas, como Joseba Alvarez, Jon Gorrotxategi, Karmelo Landa, Juan Kruz Aldasoro ou Antton Morcillo, entre muitos outros.

Julgamento a partir de Fevereiro
O julgamento, de acordo com o que veiculou o diário ABC na edição de quinta-feira, deverá começar em Fevereiro do próximo ano, na Segunda Secção do tribunal especial espanhol, presidida por Fernando García Nicolás.
Segundo o jornal citado, o magistrado solicitará doze anos de prisão para os acusados, por “delito de integração em organização terrorista”, o mesmo que incluirão nas suas conclusões os advogados da AVT e da Dignidad y Justicia, que também estão representados na causa. Contudo, para alguns dos mahaikides [porta-vozes], o representante do Ministério Público poderia pedir catorze anos, acusando-os de “dirigentes”.

Fonte: Gara

Iñaki Rike e Fernando Ros foram homenageados

Iñaki Rike, refugiado político basco falecido há precisamente dois anos, foi ontem lembrado numa cerimónia que decorreu em Lezama, sua terra natal. Rike passou 18 anos nas prisões espanholas, onde levou a cabo imensas lutas pelos direitos dos presos políticos bascos. Depois de sair da prisão, no início de 2000, foi acossado por represálias e teve que se exilar no último ano e meio da sua vida. Morreu em Baiona, de doença grave e prolongada. Na localidade navarra de Abartzuza (comarca de Lizarra), também decorreu uma homenagem, neste caso a Fernando Ros, membro do Movimento Pró-Amnistia falecido em 1986.

Fonte: Gara

Presos encarcerados em Aranjuez mobilizam-se em apoio a Iñaki de Juana


Os presos políticos bascos encarcerados em Aranjuez levaram a cabo diversas iniciativas na semana passada em solidariedade com Iñaki de Juana, que se encontra em greve de fome, como protesto pela campanha mediática e judicial que está a decorrer contra ele. Este fim-de-semana, os prisioneiros iniciaram uma greve de fome rotativa, que irá durar até o prisioneiro donostiarra abandonar a prisão.
Fonte: Gara

sábado, 26 de julho de 2008

Ekon – «Zuentzat»

«Para vocês», dos Ekon, banda de Arrasate (Gipuzkoa, EH).

“Presos de uma prisão ainda maior, / respirando a distância de uma lembrança roubada, / suportando o peso de um castigo acrescentado, / deixando um pedaço de vida em cada quilómetro. / Enchendo cada encontro de esperança e lembrança, / derramando uma lágrima em cada despedida. / Caminhando sempre, preparando o regresso, / levando o alento, aguentando. […]”

Solidariedade com os presos políticos nas praias de Euskal Herria


Amanhã, a partir das 12h, pessoas solidárias com os presos políticos bascos irão acorrer às praias, mobilizando-se sob o lema «Gaixotasun larriak dituzten presoak eta kondena betea dutenak kalera!» [Liberdade para os presos com doenças graves e com a pena cumprida!]. Em Lapurdi, a concentração é em Hendaia, e em Gipuzkoa terão lugar em Hondarribia, Donostia (Zurriola, Kontxa e Ondarreta), Orio, Zarautz, Getaria, Zumaia, Deba, Mutriku e Saturraran. Na Bizkaia, as mobilizações irão decorrer em Ondarroa, Lekeitio, Laga, Bermeo, Mundaka, Ea, Bakio, Ereaga, Sopela, Plentzia e Muskiz, enquanto em Araba as pessoas se concentrarão junto à barragem de Ullibarri-Ganboa, mais concretamente em Garaio. Por outro lado, em Lezama, às 19h, haverá uma cerimónia em memória do refugiado político Iñaki Rike Galarza, falecido há dois anos, e na localidade navarra de Abartzuza, às 13h, será homenageado Fernando Ros, militante do Movimento Pró-Amnistia falecido em 1986.

Para_as_praias_(áudio)

Fontes: Gara e Apurtu

Nafarroa: nomes franquistas nas ruas de Burlata


Na sessão plenária de Abril celebrada no Município de Burlata, a UPN, o PSOE e o CDN uniram os seus votos para impedir que as denominações franquistas, que ainda permanecem no arruamento da nossa terra, fossem eliminadas. Trata-se das ruas Pío Loperena, Faustino Garralda, José Mina e Federico Mayo. Além disso, com esta negativa impediu-se a retirada da simbologia fascista e a condição de filho adoptivo ao colaborador do general Mola e destacado membro do regime em Navarra, Francisco Uranga, em cujo palácio de Burlata tiveram lugar algumas das reuniões preparatórias do golpe de estado de Julho de 1936 em Navarra.

Tudo isso foi impedido mediante o voto negativo destes três grupos a uma moção apresentada pelas vereadoras assinantes da esquerda abertzale, que apelava à necessidade da recuperação da memória histórica em Burlata, com a justa lembrança e o justo reconhecimento aos cinco moradores da nossa localidade assassinados pela repressão franquista: Juan Maria Uterga, Isaac Bubea, Sebastián Urrizola, Juan Ilundáin e Candido Jericó. Uma recuperação que consideramos necessária após sete décadas marcadas por um silêncio imposto pelo franquismo e por quem esteve conivente com o pacto de esquecimento decidido durante a transição, que alcançou os sucessivos governos posteriores e que só foi possível alterar graças ao importante movimento social em prol da memória, tal como pudemos comprovar há poucos dias em Sartaguda, um movimento de cujo conteúdo esses tais que combinaram o esquecimento agora querem esvaziar.

A recuperação da memória, em Burlata, implica ineludivelmente a retirada dos nomes e méritos de todas aquelas pessoas que foram escolhidas, não por serem naturais de Burlata e morrerem na frente, como afirmaram os representantes da UPN, mas para simbolizar a suposta homenagem e o afecto que a população lhes deveria prestar pelos serviços prestados à causa da ditadura franquista (não foi por acaso que foram as autoridades franquistas quem o fez). Deste modo, pretendia-se uma exaltação pública dos princípios fascistas, que atentam contra os valores democráticos, especialmente contra os daqueles lutadores pela liberdade, republicanos, socialistas, abertzales, comunistas ou anarquistas que foram vítimas da sua repressão.

É significativo o caso do destacado dirigente da ditadura Federico Mayo. Enquanto a decisão do Tribunal Administrativo de Navarra obriga o Município de Iruñea [Pamplona] a retirar o seu nome das ruas da Txantrea por ser um símbolo do franquismo, a Sessão Plenária do Município de Burlata nega-se a fazê-lo, inibindo-se da sua responsabilidade de os eliminar.

Esta reivindicação conta com mais de duas décadas em Burlata, desde que um acordo em sessão plenária decidiu uma eliminação parcial e incompleta da nomenclatura franquista, retirando exclusivamente os nomes de duas ruas.

Por tudo isto, consideramos a rejeição desta moção como mais um travão para apagar as marcas do fascismo que ainda estão presentes na nossa terra; travões que sempre fomentou essa direita navarra que se sabe herdeira e devedora do franquismo, e que uma vez mais conta com a conivência do PSOE, que em Burlata parece querer continuar com a estratégia do esquecimento e da suspensão da memória que durante três décadas este partido decidiu levar a cabo a todos os níveis. Prisioneiros ainda de tantos anos de falta de sensibilidade para com a memória histórica, e querendo-a esvaziar de conteúdo, deixando-a em parâmetros puramente sentimentais. Memória para a qual não contribuiremos em Burlata enquanto não se fizer justiça relativamente ao reconhecimento aos assassinados pela repressão, e com a eliminação de toda a exaltação franquista. Só assim poderemos olhar para o futuro, desfazendo-nos de ataduras que nos unem a esse passado ainda presente por não se ter cortado com ele em demasiados âmbitos, sabedores de que a verdadeira atadura ao passado é a que produz o temor à mudança.

O grupo municipal Burlatako Abertzale Taldea continuará a trabalhar para que se faça justiça e se preste reconhecimento, para lá da simples homenagem ou da lembrança oca, àqueles que lutaram por uma sociedade livre, justa, igualitária e solidária.

Maite EZKURRA ARANBURU
Amaia DOMEÑO ZARO
Fonte: Nabarralde

Tortura: a «rede» continua operacional

Em ocasiões anteriores, mencionei a confissão de López Agudín acerca da discussão, quando ele era um alto cargo do Interior, sobre a actuação policial “com rede”, nas suas próprias palavras, “o eufemismo que se emprega para designar os maus tratos e a tortura”.

Na sequência das recentes detenções, que a máquina repressiva apresentou como um golpe ao «comando Bizkaia», pôde-se ler no meio de comunicação digital «El Confidencial» (www.elconfidencial.com) uma crónica que nos lembra o cinismo com que se continua a encarar a tortura sobre os detidos. Diz o redactor do texto, um tal Aníbal González, que a operação pode ter-se adiantado às datas previstas, para oferecer um presente benemérito a Zapatero nos seus 100 dias de governação. E acrescenta González que este adiantamento “impediu que a Guarda Civil efectuasse as detenções de terça-feira às ordens do juiz Grande-Marlaska”. E que mais? – perguntar-se-á muita gente. De acordo com «El Confidencial», o facto de terem sido ordenadas por Garzón criou problemas à Guarda Civil. Porquê? Porque “Garzón ‘se armou em garante', ao ponto de fazer observar certas recomendações da ONU no que respeita ao tratamento dos detidos por pertencerem a um grupo armado, que, não sendo de cumprimento obrigatório pelos Estados-membros, outorgam aos suspeitos de actividades terroristas umas prerrogativas que tornam realmente difícil a investigação policial na hora de obter informação dos detidos”.

Sim, sim! Isto tem interesse! Pode-se fazer apologia da tortura de maneira mais descarada? As garantias para evitar violações dos direitos humanos são prerrogativas? E por que dificultam a obtenção de informação dos detidos?
A tortura seria impossível sem um contexto legal que a tornasse possível, e desse garantias de impunidade aos torturadores. E seria também impossível sem jornalistas e meios de comunicação que a justificassem. Meios que aplaudem os procedimentos de “investigação” das forças policiais espanholas, muitas vezes denunciados pela Amnistia Internacional e a própria ONU.

Floren AOIZ
http://www.elomendia.com/

Fonte: Gara

Errenteria presta homenagem à ikurriña nos 25 anos da «guerra das bandeiras»

Uma mar de gente, habitantes e numerosos agentes sociais da localidade, participou na homenagem que ontem à tarde se prestou à ikurriña, coincidindo com as festividades das madalenas em Errenteria. Cumpriam-se 25 anos sobre imposição à força da bandeira espanhola na Câmara Municipal desta terra guipuscoana e, como lembram os promotores deste acto de homenagem, no Verão daquele triste 1983 a chamada «guerra das bandeiras» estendeu-se a todo o País Basco, com especial incidência em Errenteria.

Numerosas associações de moradores, culturais e gastronómicas, bem como movimentos populares, partidos políticos, sindicatos e cidadãos expressaram que não querem esquecer aqueles dias, porque “sem memória não há identidade” e desejam que não se voltem a passar semelhantes coisas.

«Dias de guerra»

Os oreretarras mais veteranos ainda se lembram do que aconteceu naquele Verão, há um quarto de século, quando o PSOE, tal como hoje, liderava o Município, e decidiu impor à força a bandeira espanhola na varanda da sede municipal, ao ponto de acabar com o ambiente festivo e fazer com que as madalenas fossem suspensas.

E, como evocaram os promotores desta homenagem na conferência de imprensa de sábado passado, aqueles dias não foram dias de festa, foram autênticos dias “de guerra”, em que os cacetetes e as correntes substituíram os risos e os beijos, e o som seco dos tiros ocupou o lugar da música. “Em vez de alegria, feridos; em vez da ikurriña, a bandeira espanhola; face ao desejo do povo, a imposição”, denunciaram.

Com a homenagem de ontem à tarde, as organizações e as pessoas convocantes querem deixar claro que aqueles acontecimentos não caíram no esquecimento em Errenteria, numa altura em que a imposição do símbolo espanhol volta a ser um tema da actualidade, como se pôde ver nos municípios de Bilbau, Donostia ou Lizartza.

Para além disso, no âmbito desta iniciativa popular, também se fez um apelo aos moradores de Errenteria para que, além da participação na homenagem de ontem à ikurriña, coloquem a bandeira nacional basca nas varandas das suas casas, durante o tempo das festas da padroeira.

Para além das organizações sociais e das associações de moradores e entidades gastronómicas que participaram nesta iniciativa, também a apoiaram formações políticas como o Batasuna e os vereadores da esquerda abertzale, o PNV, o Eusko Alkartasuna, a Ezker Batua e o Aralar; e grupos sindicais como o ELA e o LAB. Além disso, foram recolhidas, nos últimos dias, numerosas adesões de carácter individual.

Fonte: Gara

Apelo aos jornalistas para que assinem a declaração «Euskaraz bai»


O Kontseilua – Euskararen Gizarte Erakundeen [ou Conselho de Organizações Sociais do Euskara] convidou os jornalistas a assinar a declaração «Euskaraz bai» [«Em basco, sim»], já que, “no empenho por viver com normalidade em euskara, os jornalistas têm muito que comunicar”. Até ao momento, agentes de diversos domínios apoiaram esta iniciativa para a normalização do euskara: escritores, gente do mundo da cultura, bertsolaris e actores, sindicatos e desportistas, entre outros.

Entretanto, alguns jornalistas de diversos meios de comunicação já assinaram a declaração «Euskaraz bai»; são eles: ETB, Gara, Geu, Berria, Hitza, Metro Bilbao, El Nervión, Info 7, El Diario Vasco, Herria, Nabarreria.com, Gaztesarea e Zazpika.

O Kontseilua agradece a todos os que até agora mostraram o seu apoio e, de passagem, anima toda a sociedade a passar das mostras de solidariedade com o euskara para a fala em euskara. Os jornalistas ou quaisquer outros indivíduos que ainda não tenham assinado a declaração podem fazê-lo na página web do Kontseilua, mais concretamente, na página www.kontseilua.org/euskarazbai.

«Orreaga Roncesvals», uma ópera basca


A Praça de Touros de Baiona irá acolher hoje, dia 26, às 21h30, esta criação inédita do músico Pier-Paul Berzaitz, baseada na famosa história de 778, em que a retaguarda do exército de Carlos Magno, comandada pelo seu sobrinho Roland, é desbaratada pelas tropas bascas. Gaël Rabas, director do Théâtre du Versant e responsável pela mise-en-scène, dirige os cerca de 300 artistas, amadores e profissionais, os pottok [cavalos de raça basca] e as ovelhas que participam no espectáculo.
A produção está a cargo da associação Or Konpon, numa altura em que celebra 30 anos de existência. A direcção musical é de Jean-Marie Guezala e Juana Etxegoin, e a coreografia é da responsabilidade de Célia Thomas.
Os textos são em basco, francês, espanhol e occitano. Sem qualquer problema de compreensão ou necessidade de tradução, o público deixar-se-á levar pelos 50 coristas, os 15 músicos (que tocam instrumentos antigos), os 60 dançarinos e actores de Lapurdi e Zuberoa, os 20 cavalos e os seus cavaleiros, e os 50 figurantes.

Fontes: sareantifaxista, Baiona e lejournalduPaysBasque

Sem ódio mas com determinação

Vinte e cinco anos depois daquela terrível tarde de 7 de Agosto de 1983 em Léon, eis-nos aqui novamente a colocar a questão “Nun da Popo?” [Onde está o Popo?] Passou um quarto de século. Muitos acontecimentos se sucederam em Euskal Herria e no mundo durante este lapso de tempo. E eis-nos aqui novamente a colocar a questão face à qual, até hoje, o Estado francês sempre teve uma atitude bastante suspeita. Não é por sentimentos mórbidos que se insiste nesta questão. É que o desejo de ver a verdade emergir foi mais forte que a passagem do tempo e que o maquiavelismo daqueles para quem a razão de Estado tem mais peso do que a determinação popular. “Salvar um homem é salvar a Humanidade”, dizem. “Fazer justiça a um homem é fazer justiça a todos os escarnecidos, todos os perseguidos”, podiam continuar. Popo Larre é um símbolo do que de pior pode produzir um sistema para o qual o ser humano é uma parte insignificante. É por isso que nós continuamos e havemos de continuar a exigir que seja dada uma resposta à questão “Nun da Popo?”. Mas para lá da exigência de verdade sobre o destino de um homem, coloca-se também a questão de princípio sobre um dos nossos, militante abertzale, cuja vida se inscreveu para sempre na acção em prol da defesa do seu povo, o povo de Euskal Herria. Regressa-nos à memória, a nós, abertzale, intransigente, inflexível, de modo a impedir que a mortalha do esquecimento se junte à da morte. Em nome do nosso dever de memória, do reconhecimento que devemos às mulheres e aos homens que deram o melhor de si mesmos para contribuírem para a libertação nacional e social de Euskal Herria, precisamos de continuar a clamar «Nun da Popo?». Sem ódio mas com determinação. Quanto ao mais, temos uma certeza: a verdade acaba sempre por encontrar o seu caminho…

Fonte: NunDaPopo
Ver também (em francês): AutonomiaEraiki

Dois cidadãos bascos detidos em França e mobilizações pelos presos políticos em todo o País Basco


A polícia francesa, em colaboração com a Guarda Civil, deteve duas pessoas em Arceau, nas proximidades de Dijon, por suposta vinculação à ETA. De acordo com informações avançadas por agências espanholas, tratar-se-ia de Asier Ezeiza e Olga Comes. A France Press informou que a detenção teria tido lugar por volta das 17h30 de ontem, mas sem precisar detalhes sobre o sucedido. A ministra francesa do Interior, Michele Alliot-Marie, confirmou os factos.

As mobilizações pelos direitos dos presos políticos sucedem-se em Euskal Herria

Como em todas as últimas sextas-feiras de cada mês, ontem houve concentrações em diversos pontos do país para reclamar o respeito pelos direitos dos presos políticos bascos. Assim, em Donibane-Lohizune reuniram-se 50 pessoas; em Lekeitio foram 80; em Berriz, 17; em Anoeta, 23; em Baiona, 35; em Antzuola, 15; em Kanbo, 7; em Sara, 17; e em Senpere, 7.
Outras localidades que acolheram mobilizações foram Uztaritze (11 pessoas); Bidarte (17); Hendaia (40); Azkain (11); Donibane (50); Zumaia (20); Mundaka (32); Lizarra, (27); e Deba (35).
Na localidade costeira de Ondarroa juntaram-se 170 habitantes; em Bergara, 37; em Busturia, 60; em Eibar, 25; em Sestao, 60; em Berango, 65; em Orio, 20; em Otxandio, 75; em Sondika, 11; em Donostia, 220; em Lesaka, 32; em Lazkao, 40; em Gatika, 5; em Zarautz, 95; em Larrabetzu, 30; em Gasteiz, 390; em Zalla, 30; em Irurtzun, 20; e em Etxarri-Aranatz, 65.
Em Arbizu mobilizaram-se 50 pessoas; em Zaldibia, 95; em Lemoiz, 6; em Munitibar, 25; em Iruñea, 150; em Aramaio, 17; e em Laudio, 250. Neste município, receberam o ex-preso Pabli Usia, que saiu ontem da prisão.
Notícia completa: Gara e Gara

Encontram um terceiro esconderijo, inspeccionam outra habitação e detêm Inge Urrutia


De acordo com a EFE, a Guarda Civil teria localizado ontem à tarde um terceiro esconderijo nas imediações do bairro getxoztarra de Algorta, depois de anteontem ter encontrado outros dois em La Rioja. De madrugada a instituição militar procedeu à inspecção de uma outra habitação, também em Getxo.

Detenção de Inge Urrutia
Inge Urrutia, de 19 anos, foi detida ontem de manhã em Algorta pela Guarda Civil, por suposta relação com a ETA, de acordo com agências de informação, que se baseavam em fontes policiais.
A Askatasuna confirmou a identidade da jovem detida e afirmou que se trata da companheira de uma pessoa que a Guarda Civil tentou prender na operação recente que empreendeu e que não encontrou no seu domicílio. A detenção teve lugar às 12h.

De acordo com a organização anti-repressiva, a jovem estava a sair de casa quando agentes da instituição militar à paisana a interceptaram e detiveram. As agências espanholas relacionam a detenção com a operação levada a cabo na terça-feira na Bizkaia, na Galiza e na Andaluzia, e que se saldou com outras nove pessoas detidas: Arkaitz Goikoetxea, Maialen Zuazo, Anabel Prieto, Gaizka Jareño, Adur Aristegi, Iñigo Gutierrez, Mikel Saratxo, Aitor Kotano e Libe Agirre.

Notícia completa: Gara