terça-feira, 31 de março de 2009

O Governo navarro retira o subsídio à Korrika, alegando exaltação do “terrorismo”

A maior manifestação cultural basca – em defesa do euskara – recebeu este ataque do Governo navarro, que alega exaltação do terrorismo e esgrime, entre outros, o argumento de que “levavam ikurriñas”.

O Governo de Navarra decidiu na sua reunião de hoje “anular toda a colaboração” com a Korrika, por considerar que, aquando da passagem por Iruñea, neste fim-de-semana, a corrida em prol do euskara incorreu em acções que supõem “exaltação o terrorismo”.

O porta-voz do Executivo, Alberto Catalán, precisou na conferência de imprensa que “nenhuma administração pode subsidiar ou apoiar este tipo de comportamentos”.

Referia-se assim às fotografias de presos bascos e de organizações ilegalizadas que foram exibidas no sábado durante o percurso da Korrika pela capital de Nafarroa, onde também se pôde ver pessoas que levavam símbolos da esquerda abertzale e o testemunho da corrida, a ikurriña.

Talvez ignore esta personagem, tétrica onde quer que exista, que se trata de uma corrida em prol do euskara, estritamente em prol do euskara, na qual podem participar pessoas a título individual e colectivo, sendo que as roupas ou símbolos que levam são da sua inteira responsabilidade, e sendo que a Korrika como tal jamais apresentará outra coisa que não seja faixas em defesa do euskara.


Por outro lado, apontar a presença de ikurriñas dá bem para apreciar a índole fascista do Governo navarro e do seu aliado, o PSOE. Seja como for, para estes “democratas” qualquer desculpa vale para atacar o euskara.

Segundo Catalán, trata-se de acções que “exaltam o terrorismo e menosprezam a vontade dos navarros”, pelo que o Governo quis expressar a sua “rejeição” e ao mesmo tempo “anular” o subsídio que a Korrika recebia, “e se for possível, também o desta edição”.

Esta personagem deveria lembrar-se de que em múltiplas manifestações e actividades de organizações como a AVT & etc. surgiram bandeiras e símbolos fascistas, sem que tais ocorrências os tenha preocupado excessivamente.

A Korrika é uma iniciativa popular, em defesa do euskara, que percorre Euskal Herria de dois em dois anos e na qual pode participar qualquer pessoa que deseje dinamizar o euskara, e, como iniciativa popular que é, a censura, tão do agrado do Governo navarro, não existe.

Percurso da Korrika 16

É significativo que este tipo de comportamentos se repita com insistência, tendo por protagonista a UPN, com o apoio do PSOE. No txupinazo da festa de San Fermin pode-se aceder tranquilamente à praça com uma bandeira da Austrália, da Andaluzia ou da Colômbia, mas é longa a lista dos espancados por tentarem entrar na praça com ikurriñas.

Agora, as investidas do fascismo do Governo navarro atingem a Korrika, iniciativa estritamente cultural em defesa do euskara. Governo navarro, o único a nível mundial que legisla contra a sua própria língua, o euskara ou lingua navarrorum, como era conhecida antigamente.

Se isto não é fascismo... Que é então o fascismo?

Fonte: kaosenlared

Ver também, no Gara, «O Governo de Nafarroa não quer pagar nem o quilómetro que adquiriu»