quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A amnésia de Portugal

Há fotos que, quando se vêem, partem o coração. Sabendo em que inferno foram tiradas. Fotos que cumprem nos jornais do ódio e da mentira a mesma função social que as cabeças dos javalis nas paredes dos caçadores. Imagens que tanto divulgam aqueles que as odeiam e que transformam em malfeitores, só pelo facto de as tocarem, aqueles que as amam.

Uma dessas foi a de Eidertxu. Pessoa que tenho verdadeiro prazer em conhecer. Rapariga que apareceria a qualquer um que tivesse acreditado no perfil totalitário e insensível do militante independentista. Grande coração forçado jurídica e policialmente à guerra. Uma amiga que deixou um espaço bastante maior que a cela que irá ocupar.

Temos notícias do galo que está orgulhoso por acabar com as línguas minoritárias. E espero que os islamistas vinguem as mortes das maneiras diferentes de olhar para o mundo que a «egalité» silenciou.

O de Portugal, ao invés, é-me difícil de compreender. Para além do medo histórico a Espanha, entenda-se.

Castela aceitou a independência de Portugal em 1143. No entanto, em 1580, por questões de sangue e coroa, o duque de Alba tingiu de sangue as ruas de Alcântara, junto a Lisboa.

No período denominado pelos portugueses como período degenerativo os espanhóis impuseram o seu rei. Em 1640 Portugal levantou-se em armas. Só depois de regar com o seu sangue terras como Montijo, Ameixial, Castelo Rodrigo... os espanhóis decidiram que era melhor deixar aquele povo em paz. A experiência de todos os povos na sua relação com Espanha foi cruel.

Como podem negar a alguém o direito a fazer aquilo que eles mesmos fizeram? Se não se arrependem de ser senhores de si mesmos [burujabe=livre, independente], por que é têm na conta de malfeitores militantes armados independentistas?

Amnésia.

Fredi PAIA
Fonte: Berria