terça-feira, 3 de agosto de 2010

Estado de excepção em Iruña


Essa é a sensação que tenho, depois de ver aquilo que aconteceu durante os últimos meses na nossa cidade. Se ao longo do ano não se podem levar por diante os olentzeros dos bairros porque a Câmara Municipal diz que são actos de enaltecimento do terrorismo; se não se podem fazer calderetes porque há dois moradores que se queixam, embora se recolham mais de 300 assinaturas que justificam e apoiam este evento; se quando se organizam as festas dos bairros, em vez de receber apoio do Município, se recebem multas, entraves e proibições.

Em suma, se ao longo do ano qualquer iniciativa popular for analisada à lupa pelo Excelentíssimo, o que aconteceu nestes Sanfermines é o cúmulo dos cúmulos: não se pode levar a ikurriña, no dia 6, ao txupinazo sem que a Polícia Municipal dê uma carga de porrada e rache cabeças (quem são os violentos?). Não se pode ir à procissão berrar (não insultar) contra a senhora autarca sem se ser empurrado e ameaçado pelos agentes municipais (quem são os violentos?). Uma peña não pode passar pela Plaza del Castillo, no dia 7, à hora do jogo, sem ser agredida (quem são os violentos?). Não se pode desfrutar dos eventos que a Gora Iruña organiza (incluindo os actos infantis) porque a maior parte é em euskera e a Câmara Municipal diz que não acrescentam nada à festa (o que é que Los del Río e Bertín Osborne acrescentam?). Não se pode dançar ao som do txistu e da gaita por causa da transmissão de dois jogos de futebol, quando é a Câmara Municipal que organiza os bailes regionais.

Eles passam em frente das peñas, enquanto merendamos, com toda a sua parafernália de camisolas, cachecóis, etc., e gritando «viva Espanha!» (personagem armada incluída), e nós não podemos passar pela Plaza del Castillo para assim evitar altercações e confrontos (quem são os violentos?). Perante tudo isto, só nos falta, a nós, grande parte dos cidadãos de Iruña, que não comungamos da ideologia do Município, que nos seja imposto o recolher obrigatório e não possamos sair das nossas casas a partir das 10 da noite, ou então seremos presos pela Polícia Municipal, com o Sr. Santamaría à cabeça. E, ao ritmo a que os acontecimentos se dão, não há-de tardar muito para que isto se torne realidade.

Angel ARRIARAN
Fonte: boltxe.info