Há 50 anos, um grupo de jovens insurgia-se contra o franquismo e contra a passividade do Partido Nacionalista Basco. Poucas semanas antes, chegavam vitoriosos a Havana os barbudos da Sierra Maestra. Em todo o mundo, os povos levantavam-se pela sua auto-determinação. E em 1960, as Nações Unidas aprovavam uma resolução de apoio a todos os colonizados. Foi neste contexto que surgiu a Euskadi Ta Askatasuna (ETA), em português Pátria Basca e Liberdade. As primeiras acções foram tímidas iniciativas contra o fascismo mas que nesse contexto se assumiam como heróicas. Depois veio a luta armada. Os primeiros mortos de um lado e do outro. A coragem de quem tomava o caminho da clandestinidade. Um dos dirigentes da ETA, "Argala", dizia que "a luta armada é desagradável, ninguém gosta dela e é dura. Em consequência, vai-se preso, exilado, é-se torturado; pode-se morrer, uma pessoa vê-se obrigada a matar, isso endurece a pessoa, magoa-a. Mas a luta armada é imprescindível para avançar. O governo espanhol, para o seu plano de reforma, tem o apoio do Exército e das Forças Repressivas. Para lutar contra esta força é imprescindível a força armada do povo. É indispensável que o povo se organize na luta armada, na clandestinidade, na ETA."
O Estado espanhol nunca perdoou o independentismo. Muito menos o independentismo "vermelho". Como hoje. Naquele tempo, Franco não permitia, nem pensava sequer nisso, a existência de outros partidos. Nesse aspecto, hoje as coisas estão bem melhores. Só a esquerda independentista basca está proibida de ter um partido e de se candidatar a eleições. Que não são livres nem democráticas porque uma boa parte do povo não tem direito a ser representado. Também em relação aos presos a situação mudou. Dantes havia-os de vários partidos e organizações ilegais. Agora, são quase todos independentistas bascos. Mas são mais. Há mais presos políticos bascos hoje que no tempo de Francisco Franco. De resto, pouco mudou. Os cidadãos bascos são torturados, proibidos de se organizarem, impedidos de se manifestarem. Encerram os seus jornais, fecham os seus espaços, vigiam-nos constantemente. E o exílio continua. As saudades da terra enquanto se esperam dias melhores. Ou, noutros casos, a deportação para ilhas que se vendem ao Estado espanhol a troco de vantagens económicas. Depois as famílias e os amigos. As viagens às prisões, muitas delas a mais de mil quilómetros do País Basco. Os acidentes rodoviários. As concentrações e manifestações pelo repatriamento dos presos políticos.
Mas, apesar de todos os sacrifícios, a luta continua. Porquê? Porque continua uma boa parte do povo basco a arriscar a sua vida? Depois de 50 anos, porque entram jovens na clandestinidade dispostos a tudo pelo seu povo? E porque continuam os bascos a participar na luta legal sabendo que a qualquer momento o Estado espanhol pode ilegaliza-la como fez com os partidos Herri Batasuna, Acção Nacionalista Basca e Partido Comunista das Terras Bascas, com as organizações de apoio aos presos Movimento Pró-Amnistia e Askatasuna, com as organizações juvenis Jarrai, Haika e Segi, com os jornais Egin e Egunkaria? Porque querem decidir o seu próprio futuro em liberdade. E é esse um dos principais motivos por que estamos solidários com a luta do povo basco. Para que se resolvam as razões do conflito. Para que nem mais um jovem basco tenha de sacrificar a sua juventude e o seu futuro nas prisões espanholas e francesas.
A luta é o único caminho!
Viva o País Basco livre e socialista!