domingo, 8 de fevereiro de 2009

Marcha pela democracia, no sábado, em Bilbau

Dezenas de mulheres e homens de esquerda e abertzales, que, para além disso, foram ou são eleitos pelas mais de 600 candidaturas ilegalizadas ou anuladas pelo Estado espanhol, compareceram ontem em Donostia para chamar a atenção sobre o “estado de excepção encoberto que vigora” entre nós. Incentivaram ainda toda a sociedade, que vêem como a mais prejudicada por “esta tropelia”, a rebelar-se face à exclusão e ao apartheid político e institucional. Concretamente, incitaram à participação na manifestação que, sob o lema «Demokrazia orain» [Democracia, agora], partirá no próximo sábado às 17h30 desde a praça bilbaína de Aita Donostia.

Sem terem ainda conhecimento da prorrogação concedida à D3M e à Askatasuna para as suas alegações e, por conseguinte, sem conhecerem a decisão adoptada pelo Supremo Tribunal, a centena de cidadãos reunidos não titubearam ao afirmar que as próximas eleições de 1 de Março vão ser “umas eleições antidemocráticas onde as houver”. Desta forma contundente se manifestaram Xabier Zubizarreta e Miren Odriozola, que fizeram de porta-vozes para apontar que, no que respeita ao grau de violação de direitos elementares, “a lista era já de si bastante longa”.

Nesta comparência massiva também tiveram em mente a clara advertência emitida pela ONU perante a falta de garantias em torno das ilegalizações que se verificam no Estado espanhol, criticando que uma vez mais “nem sequer tenham mantido as aparências”. Neste sentido, consideraram que, não fosse a gravidade das suas consequências, os argumentos esgrimidos “eram para fazer rir”.

Aquele que devia ter sido autarca de Arrasate afirmou que no Estado espanhol se aplica a lei “com tal grau de arbitrariedade que deveria causar escândalo” e estabeleceu semelhanças entre a Lei de Partidos e “uma pastilha elástica empregue para benefício de determinadas estratégias e interesses políticos”. Contabilizou mais de 600 candidaturas eleitorais “proscritas” desde que teve início a estratégia de ilegalização e referiu ainda que isto se leva a cabo num Estado que “se presume democrático”.

Criticaram também o facto de, enquanto tudo isto ocorre, a maioria das formações políticas deste país “olharem para outro lado e continuarem a fazer campanha”. Censuraram com maior veemência a atitude do lehendakari Ibarretxe, a quem perguntaram “se vai ser capaz de aceitar que polícias e juízes a mando do Governo do PSOE cerceiem a vontade da cidadania que ele representa e manipulem a seu bel-prazer o resultado das eleições que ele mesmo convocou. “Será que vai legitimar semelhante atropelo?”, questionaram aborrecidos.

Manifestaram que o que está em jogo na próxima contenda eleitoral é “fazer avançar ou evitar” a mudança política e social neste país. E, em seu entender, o que se procura concretamente, desde as fileiras do PSOE e do PNV, é “enterrar as condições criadas em Lizarra Garazi”. “Por isso querem deixar de fora a esquerda abertzale, por ser o motor da mudança política e social”, defenderam orgulhosos, para referir que tanto os jeltzales como o PSOE “têm um medo atroz a uma mudança onde se garantam os direitos e se confrontem os projectos políticos em igualdade de condições”.

Oihana LLORENTE

Fonte: Gara