O ex-preso político Lander Fernández precisou de receber assistência médica depois de quatro pessoas sem uniforme oficial mas que se identificaram como ertzainas o terem espancado severamente no bairro bilbaíno de Santutxu. Na semana passada, sequestraram-no durante meia hora, tendo-o ameaçado e pedido que colaborasse com as Forças de Segurança do Estado.
Quatro pessoas que se identificaram como agentes da Ertzaintza abordaram na quarta-feira, a terceira vez em nove dias, o ex-preso político biscainho Lander Fernández, solicitando-lhe que colaborasse com as FSE e, quando confrontados com a recusa de Lander, espancaram-no de tal forma que o fizeram ir parar ao hospital com diversas lesões – que o relatório médico descreve com pormenor. Foi também apresentada uma queixa no Tribunal, tal como o Movimento pró-Amnistia adiantou ao Gara.
Tudo isto começou no passado dia 19 de Maio, quando, pelas 11h30, Fernández foi abordado por uma pessoa que se identificou como agente da Ertzaintza, que o obrigou a ir com ele sob ameaça, aparecendo nesse instante uma outra pessoa.
“Sequestrado” meia hora
O ex-preso político afirmou que “o meteram num carro, conduzido por uma terceira pessoa, fizeram percurso de uns cinco minutos e pararam num terreno descampado”. Ali, prossegue a denúncia, os polícias à paisana ameaçaram-no e pediram-lhe que colaborasse com eles. Mantiveram-no sequestrado pelo menos meia hora.
A denúncia prossegue referindo que no dia seguinte, 20 de Maio, por volta das 12h45, quando Lander Fernández saía do instituto em que trabalha, viu duas pessoas, “as mesmas do dia anterior”, que o observavam e seguiam fixamente, mas sem dizer nada. Até ontem.
Ontem, pelas 15h, numa rua do bairro bilbaíno de Santutxu, onde reside o perseguido político, foi abordado pelas mesmas pessoas que o sequestraram e o levaram para um descampado no dia 19. Com estas três ia ainda uma quarta pessoa. Depois de o abordarem e lhe pedirem novamente que colaborasse com as Forças de Segurança, atiraram-no para o chão, entre ameaças e socos, ao mesmo tempo que lhe diziam que estava preso. Uma detenção que não ocorreu, na realidade; o espancamento, sim, foi bem real, como o atesta o relatório médico, que alude a diversos tipos de lesões.
O Movimento pró-Amnistia levará a cabo uma apresentação pública na qual participará o próprio ex-preso político de Bilbau.
Convém recordar que no último ano foram várias as pessoas que denunciaram ter passado por situações semelhante às mãos de diversos corpos das FSE.
Há escassas semanas, por exemplo, dois jovens de Durango voltaram a denunciar em Tribunal o acosso a que são submetidos por polícias à paisana.
Fonte: Gara
Ver também: «‘Estamos perante uma detenção ilegal, um sequestro policial, uma prática típica das ditaduras’, afirmaram em Bilbau», em Gara