Com a fotografia de Jose Mari Sagardui Moja, Gatza, ao alto, dezenas e dezenas de pessoas participaram no sábado, em Zornotza, numa manifestação que exigiu o respeito pelos direitos dos presos políticos bascos e o fim da “pena perpétua”, centrando-se especialmente na figura do referido preso político biscainho, que na última quarta-feira cumpriu 29 anos de prisão, sendo o preso político há mais anos encarcerado em toda a Europa.
Depois de, ao contrário do que aconteceu nos últimos anos nesta mesma data, o juiz da Audiência Nacional espanhola Santiago Pedraz ter emitido um auto em que autorizava a manifestação de Zornotza – é importante referir que o mandato judicial precisa que “é óbvio que uma manifestação contra a pena perpétua, denunciando a situação em que se encontram, não constitui um delito em si mesmo, pois de outra forma estar-se-ia a violar o direito de reunião” –, a mobilização que exigiu a libertação de Gatza decorreu com inteira normalidade, embora a Polícia autonómica tenha aparecido mais uma vez em Zornotza.
A manifestação, que partiu às 18h da central Praça Zelaieta, percorreu as principais artérias do município biscainho, que também exibiam múltiplas faixas relativas aos 29 anos de Gatza na cadeia, bem como cartazes com a sua fotografia.
«A evidência do seu fracasso»
A faixa onde se lia «Bizi osorako zigorrik ez, presoak kalera!» [Não à pena perpétua, os presos para a rua!] era levada pelos familiares de Jose Mari Sagardui; tanto os seus pais como a sua esposa e a sua filha, Goiztiri, além de representantes do município.
Depois de percorrer as principais ruas de Zornotza, a marcha, bem composta e repleta de ikurriñas, voltou ao lugar de onde tinha partido. E, logo de seguida, teve lugar um acto político centrado na figura de Gatza.
Um representante do Movimento pró-Amnistia tomou a palavra durante o acto, e insistiu na ideia de que os estados francês e espanhol continuam a aumentar os meios repressivos contra o país, instalando em Euskal Herria um verdadeiro “estado de excepção”; como exemplo deste estado, referiram as detenções, a perseguição aos refugiados e exilados políticos, os casos de tortura, as ilegalizações de formações políticas, e, entre outros, a aposta do novo Governo de Lakua na perseguição às mostras de solidariedade com os presos políticos bascos.
Assim, neste contexto, sublinharam que Jose Mari Sagardui “é a evidência da repressão instalada em Euskal Herria, bem como do seu próprio fracasso: apesar de ser detido, selvaticamente torturado, encarcerado, enviado para longe e colocado em isolamento por lutar por Euskal Herria, em vez de se ajoelhar sob as garras dos estados, manteve-se firme, trabalhando e lutando por Euskal Herria, juntamente com os membros que constituem o Colectivo de Presos Políticos Bascos”.
Mais repressão, mais solidariedade
E perante essa estratégia repressiva vã, criticou o modo como os estados reagem, incrementando ainda mais o potencial repressivo dos seus recursos, levando até ao extremo as medidas destinadas a fazer desaparecer o próprio Colectivo. “Os presos são sequestrados políticos nos estados francês e espanhol”, concluiu.
No entanto, e apesar da cruel política prisional que se manifesta contra os reclusos bascos, o Movimento pró-Amnistia sublinhou que, face à repressão, continuará a fomentar mais iniciativas de solidariedade com os presos políticos, nas quais convidou os cidadãos a participar.
Fonte: kaosenlared.net