Vários anos depois de outros protestos massivos em defesa do euskara, a política do Governo navarro voltará a ser confrontada nas ruas no dia 15 de Maio. Anteontem já se reuniram quase uma centena de euskaltzales para o anunciar. «Não queremos ser cidadãos de segunda», advertiram.
No início desta década, a política do Governo da UPN contra o euskara foi criticada nas ruas de Iruñea em várias mobilizações de grande envergadura, nas quais se apresentaram números de participação a rondar as 27 000 pessoas. Agora, num momento em que os ataques à língua se intensificam, os membros do Kontseilua voltam a apelar à mobilização. A data escolhida é 15 de Maio. E apresentação do acto, em que estiveram presentes quase uma centena de euskaldunes e euskaltzales conhecidos, faz vaticinar uma manifestação poderosa.
Uniram-se em torno a um denominador comum, que se plasma no lema: «Nafarroan euskaraz bizitzeko eskubidea» [Direito a viver em euskara em Nafarroa]. Justificam-no dizendo: «porque não queremos ser cidadãos e cidadãs de segunda, porque o euskara e os euskaldunes necessitam de respirar e porque é questão de respeito».
O manifesto-base desta convocatória, que foi lido por Oskar Zapata (Topagunea) e Helios del Santo (AEK), incide na crítica à atitude do Governo de Miguel Sanz. «A sua política linguística não vai normalizar o euskara, não garante os direitos linguísticos dos navarros e das navarras. Na actualidade, o Governo de Nafarroa governa contra eles - existe uma injustiça maior?». Acrescenta que «tudo seria mais simples se déssemos passos firmes em direcção à normalização, mas para isso são necessários outro estatuto político, outra política».
«Hoje é impossível»
O texto expressa uma sensação de clara saturação, e mais ainda após as últimas iniciativas do Executivo da UPN, «suprimindo licenças e subsídios, marginalizando o euskara dentro do sistema educativo, distribuindo ajudas económicas irrisórias a quem desejar aprender euskara, asfixiando os euskaltegis, limitando as iniciativas e os actos em euskara... Faz o possível e o impossível para sufocar o euskara em qualquer lugar e momento», especificam.
Os convocantes concluem que hoje em dia «em Nafarroa é impossível viver em euskara. Os euskaldunes são tratados como cidadãos e cidadãs de segunda. Não obstante, Nafarroa necessita dos falantes de basco, a pluralidade enriquece Nafarroa. A maioria da sociedade rejeita tanto a exclusão linguística como as agressões em Nafarroa».
A pluralidade é também interna neste caso. Em torno desta convocatória reuniram-se euskaldunes ou simples euskaltzales de múltiplos âmbitos, zonas, profissões ou ideologias. Para referir só alguns nomes, Iñaki Perurena, Pello Mariñelarena, Sagrario Aleman, Urko Aristi, Gaizka Aranguren, Nestor Esteban, Mikel Sorauren, Patxo Abarzuza, Jon Arretxe, Petti, Patziku Perurena, Julio Soto, Mikel Soto, Castillo Suarez, Estitxu Fernández, Juan Kruz Lakasta, Nestor Salaberria, Iñaki Lasa, Paul Bilbao, Fertxu Izquierdo, Joxe Anjel Irigarai, Juanja Iturralde, Joxema Leitza...
Realçaram o facto de reivindicarem direitos. Não só a falar ou a estudar na sua língua, mas também «a comprar, a receber a publicidade e a etiquetagem em euskara, a receber a informação em euskara, a praticar desporto em euskara e a desfrutar em euskara do tempo de lazer».
O Kontseilua tomou a iniciativa, depois de receber numerosos pedidos. É que havia vários anos que não fazia uma convocatória deste tipo e com esta dimensão em Iruñea. Os convocantes proclamam que «não temos intenção de ficar imóveis face às graves agressões que se sucedem». E acrescentam ainda na seu apelo que «estamos convencidos e convencidas de que cada um de nós, os movimentos sociais e cada pessoa, temos tarefas concretas».
Fonte: Gara via kaosenlared.net
Euskaldun: falante de língua basca / Euskaltzale: amante da língua basca
Ver também: «O Euskarabidea mostra a face mais negra da política linguística da UPN», primeira parte de uma reportagem sobre o Euskarabidea, em nafarroan.com