A Polícia portuguesa prendeu na quinta-feira à noite no aeroporto de Lisboa um jovem que foi identificado como Andoni Zengotitabengoa, alegadamente membro da ETA. De acordo com a versão difundida pelas agências espanholas, a detenção deu-se quando se preparava para apanhar um avião para Caracas com um passaporte mexicano falso.
Zengotitabengoa tinha sido ligado em Fevereiro a uma casa encontrada em Óbidos, na qual foi apreendido material explosivo da ETA. A sua fotografia e a de Oier Gómez, o outro alegado militante da organização armada que terá sido identificado, foram publicadas em meios de comunicação espanhóis e portugueses.
Zengotitabengoa foi interrogado pela Polícia Judiciária durante o dia de ontem nas instalações da Unidade de Combate Contra-Terrorismo e à tarde foi presente ao Tribunal Central de Instrução Criminal, que decretou prisão preventiva. 150 pessoas manifestaram-se em Elorrio (Bizkaia) para pedir a sua libertação.
O mesmo organismo judicial tem também a seu cargo o caso dos alegados membros da ETA Iratxe Yáñez e Garikoitz García Arrieta, que foram detidos em Janeiro em Portugal, depois de escaparem a um controlo da Guarda Civil em Zamora. Ambos se encontram à espera de que a Justiça portuguesa se pronuncie sobre o recurso que apresentaram contra a sua extradição para o Estado espanhol.
Infra-estrutura em Portugal
As FSE lançam a hipótese de a ETA contar com uma infra-estrutura em Portugal e, depois da detenção de Zengotitabengoa, andarão à procura do local onde terá permanecido escondido depois de abandonar a casa de Óbidos.
Notícia completa: Gara
Nota da ASEH
Perante a notícia da prisão, em Portugal, de Andoni Zengotitabengoa, suposto membro da organização independentista basca ETA, a Associação de Solidariedade com Euskal Herria (ASEH) não pode deixar de reiterar os alertas que lançou quando da detenção, em Janeiro, de Garikoitz García Arrieta e Iratxe Yáñez.
Se na altura nos afirmámos contrários à extradição dos dois cidadãos bascos pelo facto de isso configurar um sério risco para a sua integridade física e psicológica, em virtude de o Estado espanhol recorrer à tortura e aos maus tratos contra independentistas bascos, facto comprovado pelo Relator da ONU contra a Tortura, pela Amnistia Internacional e por muitas outras organizações de Direitos Humanos, hoje só podemos aumentar o nível de alerta, tendo em conta que a repressão, as detenções, o número de cidadãos bascos sujeitos ao regime de incomunicação e os relatos de tortura - alguns dos quais aludindo a perfeita barbárie - se intensificaram nos últimos tempos.
Desta forma, reiteramos que, com a possibilidade de violação de direitos humanos por parte do Estado espanhol, a opção de extradição deste cidadão não pode ser sequer ponderada.
A ASEH também não pode deixar de denunciar a gravidade das informações que têm vindo a público sobre o «aparecimento» do corpo de Jon Anza, desaparecido durante onze meses. As circunstâncias, ainda por esclarecer, apontam para o regresso ao terrorismo de estado exercido sobre independentistas bascos no Estado francês. Durante os anos 80, sob o governo de Felipe González, dezenas de cidadãos bascos foram assassinados por paramilitares a soldo do Estado espanhol.
ASEH
Associação de Solidariedade com Euskal Herria
13.03.2010