quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Na morte de Francesco Cossiga, um amigo de Euskal Herria
Faleceu Francesco Cossiga, ex-presidente italiano e defensor da causa basca
O ex-presidente da República Italiana (1985-1992) e senador vitalício Francesco Cossiga deu entrada no Hospital Agostino Gemelli, em Roma, no dia 9 de Agosto, em consequência de uma ligeira insuficiência cardio-respiratória, mas o seu estado piorou nos dias que se seguiram, tendo vindo a falecer esta terça-feira, pelas 13h00, devido a uma crise cardiocirculatória, segundo informou o hospital.
Cossiga ficou conhecido em Euskal Herria pelo seu importante envolvimento na defesa da causa basca, dando apoio directo aos últimos processos políticos, desde o de Lizarra-Garazi até ao processo de negociação de 2005-2007, e combatendo sem rodeios a política de ilegalização dos governos de Aznar e Zapatero.
Entre outras coisas, Cossiga manteve reuniões com a esquerda abertzale inclusive nos tempos mais duros da ilegalização. Ouviu as suas propostas de paz e envolveu-se em iniciativas como a Declaração dos Seis, assinada no ano de 2006 juntamente com outras personalidades internacionais reconhecidas como Gerry Adams, Kgalema Mothlante, Adolfo Pérez Esquivel, Cuauhtemoc Cárdenas e Mário Soares.
Nesta trajectória não faltaram colisões frontais com o Governo de Aznar – pese embora as afinidades ideológica. Por exemplo, numa entrevista em 2001 afirmou que «Aznar era franquista quando eu lutava contra o terrorismo». E numa última concedida ao Gara em 2007 destacava que «a Magistratura espanhola é, amplamente, de origem e mentalidade franquistas, ou pelo menos vinculada à ideologia da Hispanidade. E o PSOE tem, na sua ideologia e tradição, uma visão centralista de Espanha e a favor da repressão de qualquer autonomismo e independentismo».
Na política italiana, Cossiga é reconhecido como um iconoclasta total, que rompeu moldes e abanou o sistema estabelecido com actuações bastante polémicas. Foi o primeiro-ministro mais jovem da história e, depois, o presidente da República com menos idade também. Ocupou este cargo entre 1985 e 1992.
Faleceu na terça-feira no Policlínico Gemelli de Roma, onde se encontrava internado desde 9 de Agosto. Segundo consta, deixou três cartas escritas às máximas autoridades do país para que fossem entregues após a sua morte, bem como uma missiva em que expressa a sua última vontade, em que supostamente declina receber funerais de Estado.
Fonte: Gara
Obituário: «Adeus a um iconoclasta polémico em Itália e amigo em Euskal Herria», de Ramón SOLA, em Gara via insurgente.org
«Francesco Cossiga, o homem que compreendeu a causa basca e se envolveu nela», em Gara
«Morre um fiel amigo da Causa Basca: Francesco Cossiga, ex-Presidente da República Italiana», em ezkerabertzalea.info