segunda-feira, 2 de agosto de 2010
A Udalbiltza diz que o objectivo do julgamento é penalizar as bases da democracia
Alguns dos ex-autarcas e ex-vereadores imputados no processo contra a Udalbiltza afirmaram na semana passada em Donostia que no decorrer do julgamento ficou claro que «o Estado espanhol está a julgar de forma inquisitorial, através de um tribunal especial, a Udalbiltza».
Após quatro sessões do julgamento da Udalbiltza e de 20 pessoas, que está a decorrer na Audiência Nacional espanhola, os imputados salientam que «está a ficar bem claro que o propósito do Estado espanhol, neste procedimento, é o de penalizar os alicerces da democracia». Na quarta-feira, numa conferência de imprensa que deram em Donostia, arguidos como Lander Etxebarria, Expe Iriarte, Karmele Urbistondo, Ibon Arbulu, Joseba Garmendia, Xabier Iragorri, Eider Casanova, Txema Jurado ou Maribi Ugarteburu, que foi a porta-voz, afirmaram que neste processo estão a dar explicações sobre «uma actividade política pública perante uma corte penal».
Ugarteburu lembrou que a Udalbiltza nasceu «da vontade comum, partilhada, de centenas de municípios e eleitos»; como tal, pensa que «estamos perante um julgamento claramente inquisitorial». O processamento da Udalbiltza, que se guia pela perspectiva de que «tudo é ETA», «assenta numa grande mentira», de acordo com a porta-voz.
Lembrou assim os testemunhos apresentados por alguns dos polícias-testemunhas das acusações e destacou que «não foram capazes de fornecer qualquer prova» que demonstre a ligação da Udalbiltza à organização armada. «Naturalmente, porque aquilo que não é, não pode ser», acrescentou.
A ex-autarca de Amoroto afirmou que a «única» acusação que pende sobre eles é «terem exercido ou auxiliado direitos fundamentais», acrescentando que o principal desafio do magistrado e da acusação popular que o grupo Dignidad y Justicia promoveu é «verificar esse extremo».
Sobre a actuação da Procuradoria e da acusação popular, a arguida mostrou-se «preocupada» quanto aos pedidos de prisão que o representante do Ministério Público mantém. Para eles, o magistrado pretende «ocultar» o facto de que a fundação e a actividade da instituição nacional foi dinamizada por cargos eleitos, e «procura demonstrar que surgiu às ordens da ETA». Ainda mais «inexplicável» é para os imputados a própria existência da acusação popular, já que este papel está reservado para as pessoas prejudicadas, o que levou Ugarteburu a perguntar «quem são as vítimas ou as pessoas prejudicadas pela Udalbiltza».
Lembraram ainda que o tempo não passa em vão e que um outro capítulo deste processo é «castigo antecipado de 7 anos». Desde 2003, quando teve lugar a operação, muitos deles foram encarcerados, e continuam a ser actualmente «punidos de forma preventiva com controlos rigorosos». Por fim, agradeceram todo o apoio recebido até agora.
Janire ARRONDO
Fonte: Gara