quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Só na transferência para Madrid, Atristain e Besance perderam a consciência duas vezes

Sessões do «saco» durante as quais perderam a consciência logo na viagem para Madrid, agressões enquanto estavam envolvidos em mantas ou em espuma e sofriam sessões de «asfixia», flexões enquanto eram pontapeados ou visitas ao «frigorífico» quando estavam a suar fazem parte do relato das torturas denunciadas por Xabier Atristain e Juan Carlos Besance desde que foram detidos pela Guarda Civil até que, no quinto dia, foram presentes ao juiz. Um dos advogados de ofício chegou a protestar contra o regime de incomunicação e recusou-se a assinar o depoimento de Atristrain, tendo em conta o estado em que este se encontrava.

Tortura testigantzak (Testemunhos de tortura; euskaraz)

Testemunhos de tortura (em castelhano; tradução de Boltxe Kolektiboa)

O juiz Velasco manda a Polícia interrogar ex-guerrilheiros das FARC

O Movimento pró-Amnistia deu a conhecer o testemunho da tortura infligida a Xabier Atristain e Juan Carlos Besance durante os cinco dias que permaneceram incomunicáveis nas mãos da Guarda Civil.

A aplicação do «saco», prática que consiste em introduzir a cabeça do detido num saco até à asfixia, começou logo na transferência para Madrid. Tanto Atristain como Besance perderam a consciência em duas ocasiões ao longo do trajecto, tempo durante o qual agentes do corpo militar saltaram sobre o donostiarra.

Já nas instalações da Guarda Civil, Besance foi despido da cintura para baixo e obrigado a fazer flexões enquanto lhe davam pontapés no estômago. Também o envolveram numa manta, atado com uma correia, com as mãos imobilizadas com espuma e a cabeça enfiada no «saco», enquanto o agrediam novamente. Num momento em que estava a suar bastante, meteram-no numa divisão a que chamavam o «frigorífico», onde não parava de tremer.

Durante os cinco dias, teve a vista tapada com um capuz, pelo que perdeu qulaquer noção de tempo. Antes de ser detido, não tinha problemas de visão e agora afirma não ver bem.

Atristain também relata um tratamento brutal, que se iniciou igualmente no carro que o levou até Madrid. Ao donostiarra também lhe aplicaram o «saco» desde os primeiros instantes, tendo perdido a consciência por duas vezes. Já nas instalações da Guarda Civil sofreu várias taquicardias.

Também o envolveram numa manta e lhe meteram o «saco» na cabeça ao mesmo tempo. E molhavam-no com água muito fria. As agressões, os exercícios físicos e as ameaças foram constantes.

Ambos relatam que lhes roçaram com alguma coisa na cabeça. Enquanto Besance afirma que lhe tornava o cabelo duro, Atristain refere que era algo quente. Agora, perdeu pele numa parte da cabeça.

O advogado de ofício que assistiu Xabier Atristain recusou-se a assinar o depoimento e protestou contra o regime de incomunicação.
Fonte: Gara