A ordem recebida por Xarlo Etxezaharreta, ex-vereador de Hazparne (Lapurdi) e arguido no processo contra a Udalbiltza, para se apresentar ontem à Gendarmerie causou agitação, fez soar os alarmes e desencadeou uma série de reacções de repulsa em Ipar Euskal Herria, pois chegou-se a pensar que se poderia tratar de um mandado europeu, depois do que se passou com a militante do Batasuna Aurore Martin.
Etxezaharreta tinha sido convocado à Gendarmerie da localidade baixo-navarra de Bastida ontem de manhã, mas ao meio-dia o natural de Lapurdi já tinha recebido uma chamada telefónica a informá-lo de que a notificação fora anulada. A razão avançada pelos agentes da Polícia, segundo indicou o habitante de Hazparne, foi a de que o «procedimento aberto tinha sido anulado».
Horas mais tarde, o próprio Etxezaharreta explicava ao Gara que o documento que lhe queriam mostrar na Gendarmerie era a notificação para comparecer na audiência judicial contra Udalbiltza, que arrancou no dia 15 de Julho e terminou em Outubro na Audiência Nacional espanhola.
A notificação, ao que parece, «esteve perdida» seis meses entre Paris e Baiona. Em declarações ao Gara, Etxezaharreta mostrou-se indignado com todo este procedimento, com o qual «se estão a rir dele», diz.
Irá até Bastida (e foi)
Etxezaharreta corre o risco de ver emitido contra si um mandado europeu, já que é um dos arguidos no processo contra a primeira instituição nacional do país. A Audiência Nacional espanhola realizou o julgamento entre Julho e Outubro do ano passado e os 21 processados aguardam agora pela sentença.
Antes de ter sido anulada, a notificação de Etxezaharreta foi denunciada pela Askatasuna, que convocou uma concentração para ontem às portas da Gendarmerie. Apesar de a concentração também ter sido desconvocada, Etxezaharreta esteve presente ontem de manhã em Bastida, onde acusou a administração francesa de agir com uma enorme «falta de respeito e com desprezo» em todo este procedimento. «Tudo isto é difícil, indecente e duro para a família e para as pessoas mais próximas», afirmou.
O ex-eleito de Hazparne e director do «Kale Gorrian» encontrava-se entre os imputados da Udalbiltza, mas alguns dias antes do início do julgamento deu uma conferência de imprensa, acompanhado por outros eleitos de Ipar Euskal Herria, e anunciou a sua intenção de não se deslocar a Madrid.
No mesmo dia em que 21 cidadãos bascos se sentavam no banco dos réus em Madrid pela sua participação na instituição nacional, o juiz Javier Gómez Bermúdez ordenava a detenção e o encarceramento de Etxezaharreta, além de solicitar a emissão de um mandado europeu para que fosse entregue pelas autoridades francesas.
O juiz Baltasar, que também é Garzón, da AN espanhola, deu início, em Abril de 2003, à operação contra a instituição nacional de Euskal Herria com a detenção de oito cidadãos bascos e as buscas efectuadas nas suas sedes. Meses depois, em Setembro de 2003, Etxezaharreta era detido pela Polícia espanhola, aproveitando-se da sua participação no Internazionalista Eguna da ASKAPENA, que naquele ano se realizou em Abadiño (Bizkaia).
O tribunal de excepção mandou o natural de Lapurdi para a prisão madrilena de Soto del Real. Seis meses depois, Etxezaharreta recuperou a liberdade, pagando uma fiança de 60 000 euros.
Oihana LLORENTE
Fonte: Gara