O PSE é o único grupo parlamentar que emendou uma proposta do EA para denunciar as ameaças de morte sofridas nos últimos meses por três eleitos do Bildu.O assunto será tratado no plenário desta quinta-feira do Parlamento de Gasteiz, sendo que o PSE pretende diluir a denúncia directa destas ameaças numa condenação geral na qual ainda envolve a ETA, organização que não tem nada a ver com esta questão.
Em Julho último, o autarca de Lasarte-Oria, Pablo Barrio, e a autarca de Andoain, Ane Carrere, receberam várias cartas em que eram alvo de insultos e de ameaças de morte. As missivas, com remetente falso de Gipuzkoa, provinham realmente de Madrid. Nos escritos, ambos os regedores eram qualificados como «alimárias cheias de ódio que é preciso exterminar» e «predador que ameaça a vida dos demais», e neles anunciava-se a sua eliminação próxima.
Ao ter conhecimento destas missivas, Juanjo Agirrezabala, parlamentar do EA, partido integrante do Bildu, considerou «imprescindível» que o Parlamento de Gasteiz «denunciasse estes factos, manifestasse a sua solidariedade aos ameaçados e expressasse publicamente uma mensagem clara contra qualquer ameaça e perseguição».
EA versus PSE
Na proposta que será debatida no plenário de quinta-feira, o EA defende que a Câmara autonómica se solidarize expressamente com os cargos institucionais afectados, com nomes e apelidos, e que «denuncie e refute» as ameaças de morte por eles recebidas.
Solicita ainda ao Parlamento de Gasteiz que peça «ao Departamento do Interior e à Justiça que tomem as medidas necessárias para identificar e julgar o autor ou autores das ditas ameaças».Por último, a proposta subscrita por Juanjo Agirrezabala «solicita o desaparecimento de todo o tipo de ameaças, pressões, perseguições, detenções e torturas realizadas em função de actividades ou ideologia política».
Confrontado com isto, o PSE apresentou na quinta-feira passada uma emenda à totalidade da proposta do EA na qual evita fazer qualquer referência directa às vítimas destas ameaças e não menciona a coligação à qual pertencem. Pelo contrário, menciona expressamente a ETA, o que pode dar a entender que esta organização tenha estado de alguma forma relacionada com as ameaças referidas.
Tendo em conta o discurso geral que PSE e PP mantêm sobre vítimas e verdugos, na emenda à totalidade da proposta nenhuma das vítima das ameaças surge identificada, nem se especifica ou qualifica o autor ou autores das mesmas.
Nas cartas ameaçadoras recebidas pelos cargos institucionais do Bildu, o seu autor ou autores afirmam textualmente que «a dada altura havemos de vos fazer sair das poltronas com que depararam e vamos fazê-los desaparecer», e acrescenta-se que os dirigentes abertzales hão-de morrer «como espanhóis em companhia do nosso asco e desprezo».Juntamente com outro tipo de desconsiderações, nas cartas diz-se que os ameaçados «não são pessoas» e «apenas praticam o terrorismo».
Ainda que em todas as respostas dadas pelos próprios visados e pelo Bildu se tenha destacado o facto de que este tipo de acções não iria alterar o rumo da sua acção política, os afectados não deixaram de reconhecer que cartas deste cariz geram certa «preocupação» e que, para além disso, causam sofrimento aos seus familiares e pessoas próximas.
Iñaki IRIONDO
Fonte: Gara