A Polícia francesa prendeu Jon Iurrebaso em Hendaia (Lapurdi) ontem à noite, por volta das 20h30. O refugiado dirigia-se para casa de carro acompanhado pelo também refugiado Manu Azkarate. Este último contou ao naiz.info que uma viatura policial os interceptou e os obrigou a parar. Três agentes à paisana fizeram-nos sair do carro e porem-se virados para ele, de braços no ar. Depois de revistarem o veículo, de os interrogarem e os algemarem, levaram-nos para a esquadra de Donibane Lohizune (Lapurdi). Azkarate disse que a atitude dos agentes foi sempre violenta.
De Donibane foram levados para a esquadra de Baiona. Dali, o bilbaíno Iurrebaso foi levado para prisão de Seysses, enquanto Azkarate, natural de Tolosa (Gipuzkoa), foi novamente levado para a esquadra de Donibane, sendo libertado por volta da uma da madrugada.
Hoje de manhã, Iurrebaso ainda pôde telefonar para o euskaltegi onde trabalha para dizer que estava preso e que não podia comparecer no local de trabalho. Ao que parece, a sua detenção foi decretada por um tribunal de Paris.
Jon Iurrebaso foi detido em 2007 em Périgueux (Dordonha) e foi posto em liberdade condicional em 2010. Em 2011, o Tribunal Correccional de Paris condenou-o a cinco anos de prisão, mas o bilbaíno não chegou a ser encarcerado, em virtude de sofrer de uma doença grave.
Durante o julgamento, o bilbotarra, que fez parte da equipa de negociação da ETA durante o processo de diálogo anterior com o Executivo espanhol (2005-2007), leu um extenso documento, em que destacou o facto de naquele processo «a ETA e o Governo espanhol» terem alcançado «importantes acordos», com o objectivo de «desenvolver uma dinâmica de diálogo e negociação que deveria conduzir à resolução integral do conflito político».
Ao fim da tarde, realizou-se uma concentração de protesto contra a detenção em Pausu (Lapurdi).
Colectivo de Refugiados Políticos Bascos
Numa nota, o Euskal Iheslari Politikoen Kolektiboa [EIPK] denunciou a detenção de Jon Iurrebaso, destacando o facto de o refugiado viver publicamente em Ipar Euskal Herria há anos e ali ter a vida estabelecida, bem como a doença grave que o afecta e o acompanhamento médico de que necessita. O Colectivo considera a detenção «incompreensível» e «inaceitável», tendo em conta o actual contexto e a situação pessoal do refugiado.
Recordou também a situação de Jokin Aranalde, porta-voz do EIPK que decidiu esconder-se «para fazer frente à repressão».
O Colectivo pede «apoio e ajuda» à sociedade, no sentido de denunciar este novo ataque repressivo e de «pôr fim à perseguição aos refugiados políticos», e reivindica o direito a participar no processo de resolução do conflito. Ver: naiz.info e kazeta.info