Convocadas pela Ahaztuak 1936-1977, associação de vítimas do golpe de estado, da repressão e do regime franquista, várias dezenas de pessoas participaram esta sexta-feira numa concentração com o lema «Quem não é agradecido não é bem-nascido», que teve lugar na Praça do Arriaga, em Bilbo.
A mobilização visava assinalar a acção armada que acabou com a vida do Almirante Luis Carrero Blanco, um dos máximos mandatários do regime franquista - era líder do Governo no momento da sua morte - e o indivíduo que devia assegurar que o regime fascista instaurado em 1939, após a vitória das forças golpistas de 18 de Julho de 1936 contra o Governo legítimo da II República, sobrevivia ao desaparecimento físico do ditador Francisco Franco.
Na nota divulgada pela Ahaztuak, afirma-se que «a acção armada levada a cabo por um comando da organização independentista e socialista basca Euskadi Ta Askatasuna (ETA) acabou nesse dia» [20/12/1973] com uma figura que era vista como «peça-chave para a continuidade do regime franquista após a morte do ditador, que já parecia próxima».
Numa folha explicativa distribuída pelos convocantes no decorrer da concentração, refere-se que Carrero era «mais que um homem duro do regime» e que era um «fascista da velha guarda, íntimo colaborador de Franco e uma das cabeças pensantes da repressão que em todas as suas formas se vinha praticando ao longo de toda a ditadura».
Para a Ahaztuak 1936-1977, «dizer, como o fazem alguns analistas e meios de comunicação interessados, que o desaparecimento do "delfim" de Franco e líder da continuidade do regime fascista não representou nem mudou nada é uma grande mentira».
A associação considera que «a acção armada que acabou com Carrero Blanco foi uma grande contribuição para a luta democrática e antifascista», no sentido em que acelerou o «declínio do regime ditatorial do general Franco» e contribuiu para a sua fragilização face à «crescente resistência popular tanto em Euskal Herria como noutros povos do Estado espanhol».
Assim, afirma a Ahaztuak 1936-1977, com esta concentração pretendeu-se recordar a «dívida histórica que qualquer pessoa amante da liberdade e da democracia tem para com aqueles que, pondo em risco a liberdade e a própria vida, deram um golpe contundente e certeiro na cabeça do regime franquista e na estratégia que este tinha para garantir a sua continuidade». / Ver: boltxe.info