Há muitos Marcelinos Bilbaos. Depois da Guerra de 36, dezenas de bascos foram presos e enviados para campos de concentração. Na homenagem prestada a Bilbao, ontem, na Câmara Municipal de Alonsotegi (Bizkaia), teve-se em conta o facto de que estes homens e mulheres lutaram «pela liberdade e pela mudança da sociedade». «Infelizmente, estão esquecidos», lamentaram os seus familiares.
Num salão da Câmara, uma cadeira com uma ikurriña e uma bandeira da República espanhola; por cima, um pequeno ramo de flores; houve um aurresku e algumas palavras. Foi desta forma simples que se recordou o percurso do filho de Alonsotegi, falecido em França em Janeiro deste ano. Marcelino nasceu em 1920, e em 1936 alistou-se no batalhão da CNT Isaac Fuentes; lutou na defesa da Bizkaia, mas, depois da queda de Bilbo, continuou a lutar em vários locais de Espanha e da Catalunha. Perdida a guerra, fugiu para França, onde viria a ser preso pelos nazis. Passou por vários campos de concentração até 1945, incluindo o célebre Mauthausen (Áustria).
«A homenagem a Marcelino Bilbao implica uma homenagem às milhares de pessoas que lutaram contra o fascismo», afirmou Martxelo Álvarez, membro da associação Ahaztuak 1936-1977. Este recordou que mais de 200 bascos estiveram em campos de concentração nazis: «Ramón Serrano, ministro dos Negócios Estrangeiros de Franco, disse a Adolf Hitler que podia fazer o que quisesse com os espanhóis que estavam nos campos, e isso representou o início dos assassinatos dos 8000 republicanos provenientes de todo o Estado».
Fascismo, «aqui e agora»
Martxelo Álvarez sublinhou ainda que falar da luta contra o fascismo não é falar de história ou do passado: «O fascismo está vivo, aqui, agora», afirmou, referindo-se em seguida ao espaço que os partidos de extrema-direita estão a ganhar na Europa e avisando que, se não parece um perigo, o fascismo também veste bons fatos. Em jeito de exemplo, referiu-se ao Governo espanhol e à «cada vez maior impunidade para com o franquismo», considerando que a luta dos democratas se deve dirigir «contra as estruturas políticas, institucionais e judiciais que reforçam essa impunidade». / Ver: Berria