Começou hoje, na Audiência Nacional espanhola, o julgamento de dez jovens de Iruñerria acusados de pertencer à Segi e para os quais o Ministério Público pede dez anos de cadeia. Nesta primeira sessão, os réus negaram pertencer à Segi, recusaram-se a responder às questões do magistrado da acusação e relataram as torturas que padeceram enquanto permaneceram incomunicáveis.
O tribunal não deixou que os jovens entrassem na sala usando a T-shirt laranja com o lema «Libre», pelo que alguns decidiram vesti-la do avesso; outros dois recusaram-se a tirar a camisola e ficaram fora da sala. Iker Aristu foi o primeiro a depor. Seguiu-se Iker Araguas, que denunciou os maus-tratos que sofreu durante a detenção: «Socos na cabeça, gritos, ameaças, pontapés...». Disse ainda que padeceu torturas como «o saco», socos na barriga e nos testículos, exercício físico e pressão psicológica. «Na presença da forense de Iruñea não disse nada com medo; fi-lo em Madrid», afirmou. Araguas acabava de ser operado às costas.
Por sua vez, Ibai Azkona disse que em Madrid lhe apertaram os testículos, lhe deram pontapés e lhe meteram o «saco» na cabeça, além de o obrigarem a fazer exercício físico; referiu ainda que, antes, em Iruñea, ameaçaram «levá-lo para o mato». Mikel Marin também contou as torturas que sofreu durante a detenção, sublinhando que «a história não acabou ali», pois passaram sete anos desde que foram detidos e as suas vidas ficaram marcadas por isso.
Seguiram-se os depoimentos de Diego Octavio e de Iñaki Marin, que também se referiu à tortura a que foi submetido. O último a depor na sessão de hoje foi Oihan Ataun, que relatou os maus-tratos sofridos nas instalações policiais. Recordou que teve de ser atendido pelo serviço de emergência médica, que contou ao forense os tratos de polé que estava a sofrer, e que o Tribunal de Estrasburgo condenou o Estado espanhol por não investigar a queixa que fez por torturas. O julgamento recomeça amanhã, às 10h00.
Apoio e denúncia no exterior
Antes do início da audiência, os dez arguidos receberam o apoio de dezenas de familiares e amigos, que, junto a uma faixa em que se lia «Epaiketa politikorik ez» [não aos julgamentos políticos], denunciaram o julgamento dos jovens.
Sabino Cuadra, deputado da Amaiur, também defendeu os jovens processados, tendo afirmado que «o trabalho que fizeram foi em prol do euskara, da nossa cultura, dos direitos dos jovens. Em suma, trabalharam por um País Basco livre e socialista». Cuadra disse também que a Audiência Nacional espanhola age de acordo com «critérios políticos». / Ver: naiz, Berria e topatu.info