O local fica a norte de Mont-de-Marsan, no Estado francês, a uma hora de Ziburu (Lapurdi), onde Naparra desapareceu. O advogado Iñigo Iruin solicitou a reabertura do caso à Audiência Nacional espanhola.
Por iniciativa da Fundación Euskal Memoria, realizou-se no dia 1 uma conferência de imprensa em que se dilvulgou a localização dos restos mortais de Jose Miguel Etxeberria, Naparra, depois de 36 anos desaparecido. Participaram o forense Paco Etxeberria, Iñigo Iruin e Eneko Etxeberria, irmão do militante dos Comando Autónomos Anticapitalistas.
A localização foi facultada pelo jornalista Iñaki Errazkin, graças a «uma fonte confidencial» de nacionalidade espanhola residente num país sul-americano e que «esteve relacionado com as actividades do terrorismo de Estado ou, pelo menos, com indivíduos que o levavam a cabo».
Iruin reconheceu que a fonte em si não cria uma credibilidade verificável, mas afirmou que os dados fornecidos são bastante verosímeis. Na verdade, a zona de carvalhos em que disse que estaria o cadáver foi encontrada sem grandes dificuldades» e coincide com os elementos fornecidos «com precisão» pela fonte. Para além disso, encaixa com as «reivindicações» feitas na altura (até cinco) pelo Batallón Vasco-Español. Este grupo também atentou, naquela altura, contra a praça de touros de Mont-de-Marsan.
Assim, na sexta-feira passada Iruin solicitou a reabertura do caso na Audiência Nacional espanhola. Recorde-se que a investigação foi encerrada no Estado espanhol em 2004 e que no Estado francês o caso prescreveu em 1982.
36 anos desaparecido
No dia 11 de Junho de 1980, Bakunin, como era conhecido Naparra, foi a Ziburu encontrar-se com alguém. Tinha apenas 22 anos e encontrava-se refugiado en Iparralde. Alegadamente, o Batallón Vasco Español (organização de extrema-direita ligada ao Estado espanhol) reivindicou o seu sequestro e morte, através de cinco chamadas para diferentes meios de comunicação.
Num dos comunicados, diziam que o desparecimento tinha ocorrido perto de Xantako (Donibane Lohizune) e referiam que o cadáver fora depois levado por dois gendarmes (apresentando, inclusive, a sua descrição física) para a região de Dax. As buscas para encontrar o corpo foram intensas.
O Diario 16 fez as suas próprias investigações em 1985, concluindo que Naparra tinha sido assassinado por mercenários do clã Perret. Essas foram todas as pistas a que a família de Naparra conseguiu ter acesso, apesar do empenho de todos os seus membros. Mas pouco mais se soube, e aqueles que podiam acrescentar alguma coisa, como Julio Cabezas Centeno, Escaleras, infiltrado nos Comandos Autónomos Anticapitalistas, morreram sem revelar nada. Anos depois, o juiz da AN espanhola Ismael Moreno também não quis ouvir os depoimentos de comandos policiais, como o ex-general José Antonio Sáenz de Santamaría ou o famoso torturador Billy el Niño.
Ver, na sequência: «A Justiça espanhola e a francesa garantiram a impunidade»Mais info: ahotsa.info