Na apresentação da decisão, Antonio Tajani, presidente do PE, não foi original, afirmando que «a ditadura de Maduro roubou os cidadãos venezuelanos dos seus direitos fundamentais, tornando-se numa espiral de crises: económica, social, institucional e humanitária».
Tajani, figura conhecida pela hostilidade para com a Revolução Bolivariana, referia-se a um país que, desde o processo de transformação social, tem uma das mais elevadas taxas de escolarização e de educação universitária, e é um dos que mais investem em políticas sociais, nomeadamente ao nível da Saúde e da Habitação (1,8 milhões de casas foram entregues a famílias no âmbito do programa Gran Misión Vivienda).
Ao solicitar a abertura de corredores humanitários «para levar ajuda à população» e apelar a um processo de «transição democrática na Venezuela», o discurso de Tajani sobre a atribuição do Prémio Sakharov 2017 à chamada «oposição democrática venezuelana» fez lembrar os de outras figuras políticas, do espectro europeu e americano, que abertamente se imiscuem nos assuntos da Venezuela e obviam o facto de neste país se terem realizado 22 actos eleitorais nos últimos 18 anos, sendo que os mais recentes – eleição da Assembleia Nacional Constituinte e dos governadores dos estados – constituíram uma legitimação popular importante do chavismo, com ou sem a participação da oposição. (Abril)