[De José Goulão] A mensagem propagandística dizendo-nos que os Estados Unidos da América e seus mais sonantes aliados combatem o chamado «Estado Islâmico» ou Daesh é, nas suas múltiplas consequências e nos desmultiplicados efeitos, a ficção político-militar mais cruel dos nossos dias.
Em primeiro lugar porque é uma mentira; depois, porque essa aldrabice, assumida e propagada conscientemente, ilude expectativas e esperanças alimentadas nas vastas comunidades que vivem directa ou indirectamente aterrorizadas; além disso, porque mistifica a realidade da situação internacional, fazendo com que prevaleçam e surtam efeito as teses disseminadas a propósito de supostas ameaças que, de facto, não o são; e também porque é uma mentira que distorce o verdadeiro significado do terrorismo, tenta esconder as suas cumplicidades e permite que se escondam na floresta dos enganos e da desfaçatez assassina os que tiram mais proveitos do crime.
Porém, a cortina censória que deixa amplo espaço à mistificação não é opaca. Há muito que se conhecem cumplicidades entre os cruzados da guerra contra o terrorismo e os seus supostos alvos, cultivadas em terrenos férteis que se alongam do Afeganistão à Líbia. (Abril)