Em declarações proferidas este domingo à HispanTV, José Egido, especialista em temas internacionais, frisou que a crise migratória que as Honduras enfrentam revela o «completo fracasso das políticas económicas e sociais» vigentes no país, na sequência do golpe de Estado contra o governo legítimo do presidente hondurenho Manuel Zelaya, em 2009, executado com o apoio do então presidente norte-americano Barack Obama e da sua Secretária de Estado, Hillary Clinton.
O especialista destacou ainda a hipocrisia mediática e de certas instituições, que construíram uma narrativa de «catástrofe humanitária» associada à migração de cidadãos venezuelanos para países vizinhos, alimentando o pretexto para uma intervenção militar, mas não estabelece as mesmas premissas ao lidar com a questão nas Honduras, de onde a população, empobrecida, foge das condições impostas pelas políticas neoliberais.
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Se, por um lado, emigrar é um direito, o texto chama a atenção para fenómenos que estão associados a esse «direito», na medida em que, subjacente a ele, está a «asfixia económica» de países e a pauperização das condições de vida por parte de potências hegemónicas.
Realça, ainda, os interesses dessas potências em beneficiar de mão-de-obra estrangeira e barata, com a qual é fácil não manter qualquer tipo de compromisso formal – algo entranhado «no neoliberalismo que vigora nos Estados Unidos e seus satélites», afirma-se.
Nesta perspectiva, sob o «direito» a emigrar encaram-se os interesses económicos que procuram «legitimar a escravidão, mobilizando mão-de-obra que, antes de chegar ao destino, é vendida a quem mais oferece. (Abril)