Se no seio das forças de esquerda – até nas mais consequentes – está na moda a defesa férrea do actual regime de democracia burguesa e parlamentarista, e do «alargar» mais à direita (com muito folclore de «marxismo cultural» pelo meio), as manifestações que, no início do ano, se realizam no País Basco «pelos direitos dos presos» são um bom exemplo disso. Frente ao discurso da direita mais «extrema», cabe lá quase tudo, cabem lá quase todos. E há social-democracia com fartura.
Os conceitos sobre os «direitos dos presos» são cada vez mais imprecisos e genéricos, ou, quando se tornam claros e concretos, deixam claro que não visam a sua libertação imediata. Excepto a dos presos doentes. Ao invés, aqueles que deram tudo pela libertação nacional e social de Euskal Herria têm de se sujeitar à «legalidade» (espanhola), cumprir as penas «em cadeias bascas» [que não o são], reconhecer «o dano injusto causado».
A linguagem é de ONG: as manifestações são ditas, pelos seus promotores e por responsáveis políticos variados, como contributos «para a convivência e a paz» (qual?), valoriza-se a «democracia» (qual?), a defesa dos «direitos humanos» e há «buenrollismo» para encher um saco! Esta «convivência», como bem sabemos – e no País Basco parece haver quem continue alerta –, é a da imposição e a da ocupação, a do peso da bota do capitalismo sobre os trabalhadores bascos, a de Altsasu ou a da Alde Zaharra de Iruñea [Pamplona].
Dizem os promotores que não haverá resolução do conflito enquanto os presos não estiverem fora das cadeias e os refugiados não regressarem – e isso é certo. Mas também o é não haver resolução possível enquanto não forem encaradas as causas do conflito, aquilo que está na sua origem, a luta dos bascos pela independência e o socialismo, contra a opressão que sofrem enquanto povo e trabalhadores. E a «paz da submissão» jamais trará os frutos que se desejam; só servirá para perpetuar o conflito.
De acordo com os promotores das mobilizações de ontem «pelos direitos dos presos», que decorreram na capital biscainha e na de Lapurdi, no País Basco Norte, estiveram presentes na de Bilbo 76 mil pessoas e, em Baiona, 9000. Merecem o nosso respeito, assim como os familiares de todos os presos políticos bascos, estejam integrados na Etxerat ou não.
Presoak kalera, amnistia osoa!
Gora Euskal Herria askatuta!