[De Manuel Pires da Rocha] Em 2 de Agosto de 1929 – faz por estes dias 90 anos – nascia em Aveiro José Afonso, poeta do mais doce lirismo e do mais claro manifesto, melodista genial. Escreveu canções para o tempo em que viveu, às vezes a favor outras vezes contra a ordem que a História foi estabelecendo, na linha de tempo que é a do desencontro dos interesses de classe e respectiva luta.
Que uma obra com a dimensão e o significado daquela que José Afonso criou tenha o valor de «interesse nacional» é coisa fácil de entender por quem encha os pulmões para cantar uma das muitas canções do Zeca, experimentando o gosto do encontro das palavras com as melodias, a decifragem da História, a vontade de projectar aquela obra no Futuro. Trata-se, afinal, de construir a Cidade / Sem muros nem ameias / Gente igual por dentro / Gente igual por fora / Onde a folha da palma / afaga a cantaria / Cidade do homem / Não do lobo, mas irmão / Capital da alegria. (avante.pt)