A Guarda Civil prendeu hoje em Oiartzun (Gipuzkoa) cinco pessoas, que acusa de «enaltecimento do terrorismo», no âmbito da operação «Roble» [carvalho] contra o bosque dos gudaris, que evoca os militantes independentistas mortos, no monte Aritxulegi. Outras seis pessoas foram intimadas a depor, por serem, alegadamente, responsáveis pelo Gudarien basoa [nome do bosque em euskara].
As detenções ocorreram em Oiartzun, e as forças militares de ocupação não revistaram as casas dos detidos, que, de acordo com a informação divulgada pela Oiartzun Irratia, não se encontram incomunicáveis.
Outros seis cidadãos foram notificados da acusação de «colaborar de forma activa na organização das homenagens», tendo prestado declarações no quartel da Guarda Civil em Intxaurrondo (Donostia), por volta das 16h30.
Ao mesmo tempo que efectuava as detenções, a Guarda Civil foi até Aritxulegi e destruiu o bosque plantado em memória dos independentistas mortos. As forças de ocupação militares espalharam-se pelo monte em vários jipes, enquanto um helicóptero sobrevoava a zona. Arrancaram as 239 estacas e as placas numéricas que identificavam os militantes falecidos, meteram-nas numa carrinha e levaram-nas. Ao que parece, os agentes tinham ordens para destruir o bosque e voltar a plantar os carvalhos de forma dispersa.
Em Oiartzun, cerca de uma centena de pessoas reuniu-se na Praça do Povo depois de ter conhecimento das detenções. Ao fim da tarde, várias centenas de pessoas manifestaram-se pelas ruas da localidade para exigir a libertação dos detidos. No final, participaram numa assembleia informativa, que amanhã voltará a repetir-se.
Numa nota, o Ministério espanhol do Interior afirma que os detidos serão presentes a um juiz do tribunal de excepção espanhol nos próximos dias. O Ministério da Habitual Trampa acusa os detidos de «criar um lugar emblemático de culto e homenagem permanente aos membros da ETA falecidos» e ainda de organizar, a 9 de Março último, «uma homenagem» aos biscainhos Xabier López Peña (Galdakao) e a Arkaitz Bellón (Elorrio): o primeiro morreu num hospital de Paris a 30 de Março de 2013, em circunstâncias que a família denunciou; o segundo apareceu morto na cela a 5 de Fevereiro último.
A memória dos militantes mortos desde Txabi Etxebarrieta (1968)
O bosque dos gudaris tem mais de 200 carvalhos em memória dos militantes independentistas falecidos durante as últimas quatro décadas. Todos os anos costuma ali haver um acto comemorativo e evocativo.
O bosque guarda a memória dos militantes independentistas mortos entre 1968, ano em que Txabi Etxebarrieta foi morto pela Guarda Civil, e a actualidade. Grande parte das pessoas aqui evocadas foram mortas a tiro por diversas forças policiais ou grupos relacionados com a guerra suja. / Ver: naiz.info e Berria / Fotos: operação da Guarda Civil em Aritxulegi (naiz.info / Berria)