segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Família de Gorka Lupiañez espera que a denúncia da tortura reactive compromissos


Seguramente não havia cenário mais adequado para falar do que a família Lupiañez tem vivido desde que, no passado dia 6, Gorka foi detido por elementos da Guardia Civil, que a casa que estão a construir, entre outras coisas, porque esse era o sonho do jovem agora encarcerado em Soto del Real. Uma conversa cheia de contrastes, emoção e raiva, carinho e desgosto, de muita tristeza também, pelo que se poderia resumir em poucas, mas sentidas palavras que a família foi repetindo uma e outra vez impotência, debilidade, força, esperança e agradecimento.

Lutxi Mintegi, mãe de Gorka, sublinha o sentimento de impotência que sentiu no momento em que tiveram a notícia da detenção: “Sabes que estão a torturar e não podes fazer nada, ninguém te diz onde está, ninguém faz nada para o evitar”. Andoni Lupiañez recorda a debilidade que chegou com a angústia de “cada dia e cada minuto em que não soubemos nada e a dureza do seu testemunho na primeira visita”, mas também a força que lhes deu “o apoio das pessoas na rua e agora ver que Gorka está a recuperar”.

O pai, Juanra Lupiañez espera que a denúncia da tortura sirva para que mais gente conheça o que acontece e que se comprometa. E Gorka, pela sua parte, no comunicado que este sábado receberam na prisão madrilena, expressou o seu agradecimento a quem tem apoiado nas ruas a sua família, ajudando-os a fazer frente a esta difícil situação”.
Gorka Lupiañez foi preso na tarde do dia 6 mas os seus familiares de nada souberam até ao início da tarde de dia 7 quando acabavam de participar numa iniciativa de solidariedade com os presos, junto a Azoka de Durango. Alguém tinha ouvido algo num meio de comunicação sobre a suposta detenção. “Essa foi a única notícia que tivemos; nenhum telefonema, ninguém nos disse oficialmente nada”. De seguida, iniciaram a caminhada, pedindo no Tribunal o habeas corpus, que lhes foi negado no dia seguinte “como já esperava, porque, como disse a secretária do Tribunal que me deu a resposta, não temos confiança alguma na Justiça”.


“Estávamos conscientes que o tinham torturado – disse Lutxi num fio de voz – mas é muito duro ouvir um filho contar o que lhe fizeram”. E acrescenta: “O meu filho esteve sequestrado, logo, foi torturado… e todos nós, onde estão os nossos direitos? Em oito dias, nada soubemos dele, ninguém nos veio dizer onde estava, como estava. Uma impotência total. Os políticos dizem que estão ao serviço de todos os cidadãos… Mas os meus direitos, os do meu marido e os dos meus filhos foram ignorados e ninguém apareceu, nem aqueles que dizem que estão a trabalhar pela paz e a favor das vítimas. Vítimas há em todo o lado, e ao menos ao nosso lado não estiveram”.

na íntegra em GARA.net

domingo, 30 de dezembro de 2007

Askapena - 20 anos



Spot com algumas das saudações endereçadas ao povo basco, Euskal Herria, através da organização de solidariedade internacionalista basca, Askapena, no seu 20º aniversário.

Saudações de Martin Fierro (Argentina), Norma Morroni e Iosu Lariz (Uruguai), FARC, ELN AFFADES (Colômbia), FSLN, Radio Plantón, EZLN, Panchos... (México), Pachakutik, MPD, PS-Frente Amplio (Equador), Bartolina Sisa (Bolívia), Coordinadora Simón Bolivar, Gayones, CCB, Fundarte (Venezuela), PCC, FEU, Juventud Rebelde (Cuba), Frente de Lucha Campesina (WallMapu),....

sábado, 29 de dezembro de 2007

Milhares de adeptos e desportistas reclamam a oficialização das selecções bascas numa marcha festiva e colorida


A marcha, convocada pela ESAIT, com o lema “Euskal Herria, nazio bat, selekzio bat”, partiu de La Casilla, pelas 17.30, encabeçada por um grupo de crianças que transportavam as bandeiras nacionais de Euskal Herria e da Catalunha, a ikurriña e a senyera.
Atrás deles, a faixa que abria a manifestação, transportada por desportistas de diversas áreas como os futebolistas Garitano, Koikili, Eva Ferreria e Tiko, o jogador de rugby Aratz Gallastegi, o segalari Juan Manuel Erasun, o surfista Kepa Acero, os atletas Unai Sáez de la Fuente e Jon Bilbao e os representantes da ESAIT, Martxel Toledo, Ritxi Mendiguren e Endika Guarrotxena, entre outros.
Na assistência, representantes da izqueirda abertzale, da EA e do LAB, entre outros. Junto a eles, milhares e milhares de adeptos bascos e catalães, num ambiente festivo e colorido, animado por bandas, dulzaineros, entre outros. Palavras de ordem a favor da independência e de Euskal Herria foram as mais ouvidas entre os manifestantes.
“Hoje ficou claro que Euskal Herria apoia os seus desportistas, que Euskal Herria é uma nação e que precisa de ter as suas selecções nacionais. O objectivo é claro: a oficialização, que esse direito e essa vontade que Euskal Herria tem para competir com outras nações se torne realidade” (Itziar Arratibel, representante da ESAIT)
notícia completa em GARA.


Milhares de pessoas denunciam a morte de Natividad Junko e expressam o seu apoio aos presos políticos bascos

As concentrações e manifestações da última sexta-feira do mês aconteceram com total normalidade em cidades e bairros e reuniram milhares de pessoas, que expressaram o seu apoio aos presos políticos e denunciaram a dispersão prisional, cuja última vítima foi Natividad Junko.
A Ertzaintza, a quem o juiz Garzón tinha ordenado que fiscalizasse as mobilizações, apenas marcou presença numa ou outra localidade, como Lazkao e Andoain. Nesta última, os agentes autonómicos procederam à filmagem da assistência e proferiram ameaças, segundo testemunhos recolhidos pelo GARA.
Num auto tornado público esta tarde, Baltasar Garzón afirmava que são “ilícitas as manifestações ou convocatórias que possam ser promovidas directa ou indirectamente por uma organização terrorista, devendo entender-se neste caso a organização terrorista ETA-Segi-Ekin-Grupos pró-amnistia-Askatasuna-Batasuna, todas elas implicadas em investigações penais e com actividades declaradas ilícitas e proibidas”.
O magistrado emitiu a sua resolução depois de o Ministério Público espanhol ter pedido à Polícia informações de carácter urgente sobre as mobilizações previstas para hoje e para a próxima segunda-feira para denunciar a morte de Nati Junko e a política penitenciária dos governos espanhol e francês.
A associação “Dignidad y Justicia” também pediu ontem a proibição das manifestações por contarem com o apoio da Segi.
No seu auto, Garzón conclui que a manifestação “que poderia acontecer hoje e a 31 de Dezembro em Algorta, Getxo ou em outra ou outras localidades, nas quais se tenha a certeza que a convocatória venha da ETA-Segi-Ekin-Grupos pró-amnistia-Askatasuna-Batasuna e/ou de pessoas ligadas ou integradas nesses movimentos, são ilegais”, pelo que insta a ‘Consejería de Interior’ do Governo de Lakua a “adoptar as medidas necessárias para impedir a celebração de qualquer uma em que apareçam cartazes e faixas em que a(s) convocante(s) seja(m) alguma das organizações citadas”.
Para além disso, ordena à Ertzaintza que adopte as medidas necessárias para o cumprimento da sua resolução e para “a prevenção de incidentes e perseguição das pessoas que desrespeitem esta ordem”.

28.12.07

em GARA

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Uma nação, uma selecção


Spot televisivo que reivindica a oficialidade da selecção basca de futebol e que promove a partida de amanhã entre o País Basco e a Catalunha.


No ano passado, foi a vez da selecção catalã receber a selecção basca. O hino catalão foi emotivamente cantado por dezenas de milhares de pessoas que acorreram ao Camp Nou, o estádio do Barcelona. Para além de um jogo de futebol, foi um acontecimento político, certamente repetido amanhã no País Basco. Milhares de bandeiras e faixas reclamavam a independência da Catalunha e do País Basco. No inicio do jogo, uma faixa de apoio à organização armada ETA foi retirada pela polícia sob os apupos e assobios de milhares de todo o estádio.

Natal no País Basco II

Natal no País Basco

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Dispersão penitenciária causa a morte de Natividad Junko

A política de dispersão que o Governo espanhol aplica aos prisioneiros políticos bascos causou uma nova morte, elevando a dezassete o total de falecidos até à data. A sogra do preso gasteiztarra Unai González, Natividad Junko, morreu ontem no hospital alavês de Txagorritxu como consequência dos ferimentos graves resultantes do acidente rodoviário que sofreram em Alfaro quando se dirigiam à prisão de Teruel para visitá-lo.

Poucas horas depois do movimento pró amnistia, na companhia da mãe e pai do preso comparecerem na capital alavesa para avisar sobre o estado de máxima gravidade em que se encontrava a sogra de Unai González, no hospitak de Txagorritxu, o coração de Natividad Junko deixou de bater, depois de passar quase três dias lutando pela vida.

Depois de confirmado o desenlace fatal, Askatasuna apelidou de “assassinos” os que um dia iniciaram “esta dispersão política que procura mortes”. Ainda que nesse momento Natividad Junko estivesse entre a vida e a morte, a gravidade da situação levou a que o organismo anti-repressivo desse todos os alarmes. “Não é um resultado casual nem algo normal, é a consequência da aplicação de uma política de dispersão que busca este tipo de resultados. Uma política perfeitamente planificada, activada pelo PSOE e pelo PNV, que o Estado francês vem aprofundando há anos, que nos tem trazido consequências muito graves e que se mantém em vigor graças à vontade política”, denunciou o representante da Askatasuna, Xabin Juaristi Gasteiz.


Acções contra a política de dispersão denunciando a morte de Natividad Junko:


Ondarroa – 110 pessoas;
Pasai Donibane – 60;
Oñati – 50;
Santutxu – 500;
Donostia – 200;
Etxarri-Aranatz – 100.

notícia completa em GARA



Acção da ETA contra PSOE

Bomba causa danos materiais na sede do PSE em Balmaseda

Um artefacto com aproximadamente 5 quilos de explosivo deflagrou às 21h08 da passada segunda-feira numa sede do PSE em Balmaseda, provocando danos materiais no local e numa dezena de casas nos arredores, sem danos pessoais a lamentar. Aproximadamente cinquenta minutos antes, um comunicado em nome da ETA alertou o SOS-Deiak da colocação do explosivo.
A bomba – como destacaram alguns porta-vozes políticos – explodiu no momento em que o rei espanhol fazia na televisão o discurso de Natal, era composta por 5 quilos de explosivo e semelhante à que detonou no passado dia 16 no Tribunal de paz de Sestao e que destruiu os acessos às dependências judiciais, provocando, ainda assim, danos em vivendas e lojas das redondezas, como recordou um porta-voz do Departamento do Interior.

em GARA

domingo, 23 de dezembro de 2007

Sábado de solidariedade

Mais de meia centena de pessoas participou no sábado na iniciativa de solidariedade com o País Basco organizada no Porto pela Associação de Solidariedade com Euskal Herria [ASEH] que teve a presença do jornalista e escritor, Rui Pereira.

A partir das 15:00, as pessoas começaram a chegar à Casa Viva na Praça Marquês de Pombal, no Porto, para assistirem ao debate que foi amplamente participado e que teve na mesa Rui Pereira e dois activistas da ASEH. De seguida, Stregul, Sobressaltos e Razer mostraram que a música pode ser um importante meio de denúncia do que se passa no País Basco.

O debate



A participação foi notória. Por um lado, aqueles que já conheciam a realidade que vive o povo basco denunciaram a situação e, por outro, muitos apresentaram as suas dúvidas. Durante cerca de três horas, debateram-se as razões históricas que conduziram ao conflito e a repressão de que é alvo um povo que vive aqui tão perto. A trégua, o Processo 18/98, a lei anti-terrorista, a lei dos partidos, a tortura e a manipulação da comunicação social foram alguns dos temas abordados. Curiosamente, enquanto a ASEH denunciava as pressões policiais, que vem sofrendo ao longo de anos, e a presença de forças policiais espanholas em território português, uma carrinha da polícia estacionada em frente à Casa Viva dava apoio a um dispositivo que fiscalizava os automóveis na zona. O que não é de estranhar tendo em conta que agentes de segurança também estiveram presentes entre os participantes do debate. O que importou, no entanto, foi a adesão da maioria das pessoas à importância de se denunciar o que se passa no País Basco.

Os concertos



As três bandas que quiseram dar voz ao povo basco mostraram que a música pode ser uma arma de denúncia. A noite começou com o hip hop corrosivo dos Stregul para, depois, dar lugar ao punk dos Sobressaltos e ao metal dos Razer. Durante os concertos, um projector lançava vídeos sobre a parede que ilustravam bem o dia-a-dia do povo basco e da repressão que vive.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Porto: Tarde de solidariedade com o País Basco

Relato de tortura e violação em tribunal

Processo 18/98: a sentença

Uma sentença que revela a impotência de um Estado perante a existência de Euskal Herria

O processo político sob formato judicial que decorreu durante dezasseis largos meses na madrilena Casa de Campo alcançou ontem a estação prevista com o resultado conhecido de antemão. A circunstância de nenhum agente político e social de Euskal Herria se ter surpreendido com o resultado deste procedimento judicial é o primeiro indício claro do carácter excepcional do ocorrido com o mega-processo 18/98. A partir daí, o facto do tribunal ter condenado a uma pena global que supera os 500 anos de encarceramento a 47 pessoas e as acuse de integrar ou colaborar com a ETA por desenvolverem tarefas de administração de empresas, de direcção de um meio de comunicação, de promoção da desobediência civil ou de difusão, tanto no contexto interno como no internacional, de um projecto político converte-se num elemento que, lamentavelmente, se situa também no âmbito do previsível. É que a sentença lida ontem pela presidente do tribunal, Angela Murillo, não revela nada de fundamental, limita-se apenas a outorgar com selo judicial os mesmos informes policiais que serviram ao juiz instrutor para deter pessoas, encerrar empresas, acabar com meios de comunicação e declarar a ilicitude de entidades que se caracterizam por ter una ampla e reconhecida trajectória pública em Euskal Herria.

Da leitura das mais de mil páginas que tem a sentença pode-se tirar uma primeira conclusão. Não no plano jurídico, pois nesse âmbito há vozes mais doutas para emitir opinião, senão no campo da análise das implicações políticas e sociais que acompanham esta condenação anunciada. Seguramente contra a vontade do tribunal, a sentença destila ignorância e incompreensão sobre o que se passou em Euskal Herria desde a morte na cama do ditador Francisco Franco até aos nossos dias. O tribunal tinha-o demonstrado já no julgamento e corrobora-o nesta sentença de deficiente redacção: não conhece as pessoas que julga, não conhece as entidades que criminaliza e não compreende os motivos dos seus compromissos pessoais e colectivos. O tribunal não oculta a sua estupefacção ante atitudes que não encaixam no modus operandi da democracia vigiada de que se dotou o Estado espanhol no final do franquismo.

A sentença castiga conselheiros e jornalistas do diário «Egin» e aplica-lhes as penas mais elevadas. O tribunal relata-nos, entre balanços contabilísticos que vêm constatar a precária situação económica desse media, que o «Egin» tinha entre as suas prioridades «denunciar sistematicamente a corrupção política e económica» ou defender os «valores culturais autóctones e em especial o euskara». O tribunal condena sem se perguntar porque é que milhares de leitores bascos (e do Estado) buscavam informar-se nesse órgão que o surpreendido tribunal assinala que surgiu com contribuições populares e que procurou aliviar as suas contas com colectas entre os cidadãos e organizava uma festa anual para o mesmo efeito. O tribunal tenta julgar, mas não pode, uma parte da história de Euskal Herria, neste caso do jornalismo basco.

O tribunal escreve que os condenados declaram-se militantes do movimento ecologista, activistas do movimento popular, militantes de KAS, representantes de organizações internacionais com sedes abertas ao público em capitais europeias, membros de Ekin, ... O tribunal, no entanto, não sabe explicar porque é que, sabendo-se que a tese de Garzón passava por vincular todas estas actividades à ETA e de que isso poderia implicar, como aconteceu, largas penas de prisão, estas pessoas fizeram gala perante o tribunal das ditas actividades. O tribunal não entende, seguramente, que estas pessoas tenham dedicado anos da sua vida à promoção de ideias, projectos, organismos, movimentos que são parte indissolúvel da história recente de Euskal Herria.

Porque, efectivamente, é disso que o tribunal trata de condenar, e não importa que para tal caia na incongruência ou no insensato de estender a integração ou colaboração com a ETA a supostos não avalizados por tribunais espanhóis superiores em categoria à Audiência Nacional. Não importa se não se tem armas nem se dá ajuda efectiva para cometer atentados. Tampouco condenar José Luis Elkoro, mesmo que isso implique «condenar» o trabalho de mediação entre a ETA e instâncias de governação do PSOE que a sentença lhe atribui.

As torturas delatam o tribunal

Trinta páginas, nada menos, dedica o tribunal a tratar de safar-se das acusações de torturas que pairaram sobre o processo. O tribunal tampouco aqui recolhe provas, constata apenas a sua incredulidade. E pese o dilacerante do caso permite-se inclusive expressões depreciativas do tipo «entre compungidas frases, xxx relatou...». Não explica o tribunal, e assim o escreve, como podem denunciar-se delitos que não encontram aval nas informações da Guardia Civil, do tribunal, da juíza, dos carcereiros... A resposta é clara para este país, mas não está ao alcance do tribunal que ontem se delatou definitivamente ao esforçar-se em argumentar o carácter não político deste processo na história de Euskal Herria.

em Gara.net

Todos eram valentes

Martin Garitano, jornalista

Todos eram valentes

Corresponde o título desta coluna a um reconhecido filme dirigido por Frank Sinatra por volta 1965, mas não é una referência cinematográfica a que inspira o encabeçamento deste escrito. É apenas um pretexto.

Valentes, de verdade, foram os gudaris que defenderam Artxanda em 1937, quando tudo estava perdido, para proteger a evacuação de Bilbau. Valentes porque sabiam que só os aguardava a morte ou a prisão e, apesar de tudo, entoaram o «Eusko Gudariak» a caminho do monte para enfrentar as tropas mais bem armadas da Europa, naquela altura.

Valentes também os que tomaram o testemunho, anos depois da derrota, e souberam obstinar-se -e levantar-se - perante uma ditadura que tinha conseguido dominar, estrangular, os derrotados da guerra. A geração heróica do início de 60 prestou um tributo de sangue e sofrimento que só entre heróis se entende. Sabiam por que lutavam e não se deixaram vencer pelo medo e as dúvidas próprias da época.

Não cabe dizer outra coisa dos que mantiveram o compromisso nos anos 70 e 80. Muitos ficaram no caminho e outros tantos pagaram - e alguns ainda pagam – com largas penas de prisão que só se reservam aos bascos indómitos.

E valentes nos anos 90, quando a fracassada «guerra suja» deu lugar a uma nova onda de repressão policial, judicial e política.

Valentes, sem dúvida, os erguidos frente a Franco e valorosos também os que hoje enfrentam o apartheid político que desenvolve o PSOE. O do GAL.

Valentes, se dúvida cabe, os que pagaram caro enfrentar Franco, mas igualmente arrojados e generosos os que empreenderam o caminho da construção nacional face à negação que veio da mão do seu designado herdeiro.

Anteontem foi Marije Fullaondo a última valente. Quem será o próximo?

Nos próximos dias, ao cantar, na intimidade da solidão, «Hator hator», recorda-la-ei com um sorriso, ainda que não possa evitar uma lágrima. Por ela e por todos os valentes. Por toda essa gente que quero. Que queremos.

em Gara.net

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Detenção de Marije Fullaondo

A Polícia espanhola deteve Marije Fullaondo em Gernika, por ordem de Garzón.

Segundo informações recolhidas pelo GARA, Marije Fullaondo foi detida poucos minutos antes das 17h, terça-feira, em Gernika.
A detenção foi efectuada pela Polícia espanhola por ordem do titular do Tribunal de Instrução número 5 da Audiência Nacional espanhola, Baltasar Garzón, segundo a Europa Press. A sua casa em Errigoiti foi alvo de buscas.
Segundo a EFE, que cita fontes policiais, a detenção enquadra-se na operação iniciada no passado dia 4 de Outubro em Segura e Olaberria contra representantes e militantes do Batasuna, que se saldou em mais de duas dezenas de detenções.
Esta manhã, Marije Fullaondo foi entrevistada na Euskadi Irratia, onde se referiu, entre outras questões, à decisão, por parte do Tribunal de Estrasburgo, de avançar com o recurso apresentado pelo Batasuna contra a sua ilegalização, à possível ilegalização da EAE-ANV e à ronda de contactos anunciada pelo PNV.

domingo, 16 de dezembro de 2007

ETA assume cinco acções armadas


ETA actuará “seja onde for” contra as forças de segurança espanholas


Euskadi Ta Askatasuna, num comunicado enviado ao GARA, assume cinco acções levadas a cabo entre 9 de Setembro e 1 de Dezembro, entre elas a “execução dos membros dos grupos especiais da Guardia Civil, Raúl Centeno e Fernando Trapero, no decurso de um confronto armado” na localidade de Capbreton (Landes). E avisa que “continuará actuando contra todas as forças e aparelhos repressivos do Estado espanhol seja onde for, na medida em que são instrumentos para continuar a oprimir Euskal Herria”.

A organização armada reivindica, em primeiro lugar, a tentativa de atentado a 9 de Setembro em Logroño contra a Delegação de Defesa do Governo espanhol; a explosão de um artefacto na esquadra da Ertzaintza em Zarautz no dia 25 desse mês; a acção que, a 9 de Novembro, no bairro bilbaíno de Abusu, provocou ferimentos ao guarda-costas Gabriel Ginés, ao fazer rebentar uma bomba colocada sob o seu carro; e a colocação de artefactos explosivos ante os Tribunais [junto ao Tribunal] de Getxo no dia 11 de Novembro, “de que resultou o ferimento de um ertzaina”, quando estava a manipular um detonador.

Numa primeira referência ao tiroteio de Capbreton, a ETA denuncia a estratégia empreendida pelo Governo espanhol “assim que arrasou com o processo de negociação que pretendia reconhecer o direito de autodeterminação de Euskal Herria e dar a palavra ao povo; apostou na repressão selvagem”.

No seu entender, o executivo do PSOE iniciou “em todas as frentes” uma série de operações policiais “que têm por objectivo a detenção, tortura e a tentativa de assassinato de militantes independentistas bascos que lutam e trabalham pela criação do Estado de Euskal Herria”.

Uma estratégia que, no seu entender, “segue um caminho bem traçado” e que se reflectiu na detenção e posterior encarceramento de “jovens comprometidos” – cita concretamente as operações efectuadas em Getxo, Nafarroa, Donostia e Gasteiz – e dos “que foram interlocutores na mesa de negociação e dos membros da Mesa Nacional”, assim como daqueles “membros do movimento popular condenados em julgamentos fantasma [de farsa]”, em clara referência aos acusados do Processo 18/98.

De facto, recorda as palavras do ministro espanhol do Interior, Alfredo Pérez Rubalcaba, em que, “com a conversa [o descaramento / a sobranceria] do opressor”, apontava a sua intenção de deter um elevado número – exactamente de três dígitos – de bascos. “Cumpre-se a ameaça. É essa a realidade da legislação e justiça espanholas que se impõem a Euskal Herria: o Ministério do Interior ordena e anuncia, a justiça cumpre”, censura. Por isto, conclui que os Bascos vivem “um estado de excepção que tenta destruir o independentismo”.

É nesse ponto que retoma “a execução” das Landes. Assegura que, em todo o decurso do processo negociador, advertiu “de forma directa” perante a delegação do Governo espanhol e os mediadores internacionais que tinha detectado “actuações de terrorismo de Estado contra militantes bascos” e que “perante essas tentativas” lhes disse que responderia. “Foi avistada a Guardia Civil de Espanha na casa dos gudaris (guerrilheiros [combatentes]) bascos e foi feito o que já estava anunciado anteriormente: a 1 de Dezembro, em Capbreton, a ETA respondeu à incessante pressão das forças armadas de Espanha contra os militantes bascos”.

A ETA também analisa, no seu comunicado, as reacções ao tiroteio. Em primeiro lugar, dirige-se aos meios de comunicação espanhóis e franceses porque entende que “entraram por um caminho” em que se dedicam a “mentir e confundir. Cumprindo ordens de dirigentes políticos, servindo-se de acusações falsas, parece que não têm outro objectivo que enganar a sociedade”.

Acrescenta que esses meios estão a demonstrar que “sabem manejar a informação, mas só a que interessa, a que se constrói nos escritórios de cargos governamentais como os de Michèle Alliot-Marie e Alfredo Pérez Rubalcaba”. Segundo diz, dedicam-se a “esquecer o conflito político-armado que vivemos em Euskal Herria, fortalecer as actuações das suas forças repressivas e destorcer o contexto político dos acontecimentos. Pelo jeito, vale tudo contra a ETA”.

Para a organização armada, também entraram nesse jogo os dirigentes de alguns partidos bascos “que, segundo parece, esqueceram o terrorismo de Estado sofrido pelo nosso povo e seus cidadãos durante tantos anos. Querem ocultar a situação de opressão que sofre Euskal Herria em todos os âmbitos e a repressão que exercem os poderes de Espanha e França sobre os Bascos.

Não derramaram as lágrimas vertidas nestes dias, no hospital de Baiona, quando torturaram selvaticamente cidadãos bascos, nem expressaram o ódio que mostram contra a esquerda abertzale, quando a Guardia Civil de Espanha, por ordem de juízes fascistas, começou a deter dezenas de bascos”.

Nesse contexto, remete para os tempos dos governos do PSOE, presididos por Felipe González, “quando pôs em marcha a guerra suja”. Destaca que “ministros como Pérez Rubalcaba e altos cargos das forças armadas espanholas se dedicaram afincadamente à elaboração desse plano mesquinho” e recorda que foram muitas as vítimas daquelas “selvajarias e assassinatos, levadas a cabo com a cumplicidade de alguns juízes e altos cargos franceses”.

Mais próximos ficam os sequestros, torturas e assassinatos de Xabier Kalparsoro, Txato, Josu Zabala, Basajaun e José Luis Geresta, Ttotto. Este povo não perdoará!”, acrescenta.

Perante esta análise, e depois de perguntar a Paris se “está disposto a oferecer o seu apoio a toda esta actuação das forças armadas de Espanha”, aconselha ambos os Estados a “desactivar os mecanismos que aprofundam [intensificam] a negação de Euskal Herria e as vias repressivas”.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Herriko Tabernas não são embargadas

O Tribunal Supremo espanhol recusa o embargo das "herriko tabernas"

Os 16 magistrados que compõem a Sala 61 do Supremo tribunal espanhol retomaram as suas deliberações esta manhã, depois do impasse no debate ocorrido no passado mês de Julho sobre as medidas a adoptar contra as "herriko tabernas". Locais que o juiz Baltasar Garzón embargou em 2002, no âmbito das actuações que instruiu contra a formação abertzale.

Depois de uma reunião de cerca de três horas, os magistrados aprovaram por unanimidade recusar o embargo dos locais, ao entender que não se pode provar juridicamente que pertencem ao Batasuna já que os seus titulares são pessoas particulares.

Num comunicado, informa que a decisão foi tomada "sem prejuízo de que as partes executantes possam exercitar as correspondentes acções de levantamento do véu*", dirigidas a esclarecer a identidade dos proprietários dos bens.

Mais de 120 locais

Em Abril de 2002 o juiz Baltasar Garzón ordenou o embargo de 55 "herriko tabernas" para efectuar a "cobrança" de 24 milhões de euros, que o magistrado endossou ao Batasuna pelas perdas económicas ocasionadas pelas sabotagens e ataques a bens e imóveis havidos até à altura.

A partir de então, o instrutor da sala 5 do tribunal penal da Audiência Nacional tem prorrogado a intervenção judicial sobre os estabelecimentos assinalados
Uma prorrogação que ainda vigora, e que em 23 de Outubro de 2006 a Sala 61 do Supremo reforçou com o mandato à Guardia Civil de "inventariar" esses locais. Este passo foi consequência de um informe dos liquidadores dos locais embargados em que se concluía que "pertenciam na realidade, material e efectivamente, ao próprio Batasuna".

Mas o Supremo Tribunal foi mais além das 55 "herrikos" e estendeu a ordem para o "inventário" até cerca de 120 estabelecimentos; mandato para que também contaram com a participação da Ertzaintza.

*N.T.: desconsideração da personalidade jurídica

em Gara.net

PSOE pode ilegalizar ANV

"El País" assegura que o PSOE promoverá a ilegalização da ANV nas próximas semanas

O diário "El País" publicou, na sua edição de 11 de Dezembro, as intenções do Governo de José Luis Rodríguez Zapatero em concentrar todos os seus esforços para apressar a suspensão de actividades da EAE-ANV [Acção Nacionalista Basca], um partido que há mais de 70 anos aposta na independência de Euskal Herria.

O mesmo diário afirma ainda que a decisão política de ilegalizar a formação ekintzale "já está tomada e cumprir-se-á nas próximas semanas".

Não obstante, assegura que o Executivo de Zapatero "antes de formalizar a demanda (...) espera o último informe das Forças de Segurança do Estado sobre ANV para somar o máximo possível de argumentos para esta iniciativa".

O Governo espanhol, sempre segundo a informação difundida pelo jornal citado, poderia iniciar esse processo "em torno da dissolução das Cortes e convocatória de eleições em 7 de Janeiro" e, citando fontes do PSOE, especifica que o pedido de ilegalização "pode-se formalizar antes da convocatória das próximas eleições gerais".

Deste modo, Madrid junta a possibilidade de "apresentar o pedido e solicitar a convocatória de urgência da Sala do 61 do Tribunal Supremo, encarregada da aplicação da Lei dos Partidos".

Neste contexto, a Procuradoria da Audiência Nacional anunciou a semana passada
que "acelerará" este mês a investigação sobre a possível vinculação da ANV com o Batasuna, no âmbito do caso secreto que Baltasar Garzón abriu em Abril passado.

Segundo fontes do próprio Ministério Público, o impulso para esta investigação será possível graças a novas informações policiais "de peso" que chegaram à Procuradoria na semana passada. Acrescentaram ainda que a Procuradoria não solicitará a suspensão de actividades de ANV apenas por não ter condenado o tiroteio de 1 de Dezembro na localidade francesa de Capbreton, já que se trata tão só de "um dado mais" sobre a actuação deste partido entre os muitos que já se recolheram.

A agência Efe avançou para além disto que a suspensão das actividades de ANV poderá também conduzir à imputação dos seus dirigentes do delito de "pertença a organização terrorista".

em Gara.net

França e Espanha estudam "novos instrumentos"

Zapatero e Sarkozy estudam “novos instrumentos” para actuar contra a ETA

José Luis Rodríguez Zapatero e Nicolas Sarkozy reuniram-se em Lisboa, onde assistiram às sessões da II Cimeira UE-África, para analisar a cooperação na luta contra ETA após o tiroteio de Capbreton.

O secretário de Estado da Segurança espanhol, Antonio Camacho, informou sobre a reunião que tiveram ambos os mandatários, assegurando que o Governo francês partilhou dados que confirmam a "presença" de Saioa Sánchez e Asier Bengoa no tiroteio que teve lugar no passado sábado e que se saldou com a morte de dois guardias civiles.

Camacho, que acompanhado pelo director geral da Policia e da Guardia Civil, Joan Mesquida, manifestou que "agora a prioridade absoluta da França é deter o terceiro terrorista".

Segundo disse, Sarkozy e Zapatero concordaram que a colaboração na luta contra a ETA é "excelente" mas ainda assim todos têm "a obrigação de procurar formas de melhorá-la".

Nesse sentido, expressou a intenção de procurar "novos instrumentos para aprofundar o uso de equipas conjuntas e reflectir sobre a possibilidade de lhes dar características distintas".

Camacho não quis dar mais detalhes sobre essas "novas formas" de cooperação "para garantir maior segurança aos cidadão" e remeteu-se à companhia oferecida por Sarkozy e Zapatero no decorrer da cimeira.

em Gara.net

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Estado espanhol, Estado torturador II

sábado, 8 de dezembro de 2007

Estado espanhol, Estado torturador

Balanço do debate na FCSH

O debate sobre o conflito no País Basco realizado na passada quarta-feira, dia 5 de Dezembro, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas contou com a participação de cerca de 40 pessoas.

Depois de uma exposição rica e exaustiva sobre a situação actual do país basco, recheada de exemplos e dados sobre a tortura e repressão ao movimento independentista, esclarecedora em relação às estratégias políticas e anti-sociais dos estados opressores, respectivas instrumentalizações da justiça e da comunicação social, contextualizada historicamente, clara no que se refere ao uso, à deturpação e à arbitrariedade do uso de conceitos como terrorismo, violência, delito, democracia, direito e bastante elucidativa na abordagem sobre as aspirações dos povos à autodeterminação, à soberania e à democracia, deu-se um debate interessante com algumas intervenções vivas por parte de estudantes da instituição e outros presentes que se deslocaram ali com o propósito de participarem nesta iniciativa.

Entre os presentes encontravam-se, para além de estudantes e outros interessados, activistas dos direitos humanos, dirigentes associativos, estudantes bascos e um colega cantábrico.

Para além de cumprido o objectivo de esclarecimento, debate e partilha de experiências, a organização da iniciativa pôde estabelecer algumas pontes com os mais interessados com vista a futuras iniciativas de solidariedade com o povo basco.

Acção Nacionalista Basca candidata-se ao Parlamento espanhol

EUSKAL HERRIA PASSO A PASSO
Serviço informativo da ASKAPENA Nº198

Acção Nacionalista Basca:
"Iremos ao Parlamento espanhol reclamar a independência"
Por diversas ocasiões a esquerda basca deparou-se com este dilema: participar ou não participar no Parlamento espanhol? Os que apostavam na candidatura utilizavam um argumento que o próprio Che Guevara defendia: as forças revolucionárias devem aproveitar todos os resquícios que lhes oferecem as democracias burguesas; não devem desperdiçar nenhum dos espaços que nos podem servir para desenvolver a luta popular. Os que se opunham à candidatura argumentavam que a presencia da esquerda independentista no Parlamento espanhol reforçava a pertença de um Estado de que nos queremos tornar independentes e consolidava a validade de uma instituição que é a máxima expressão da nossa falta de soberania

A prática tem sido o reflexo deste debate de estratégias: umas vezes participou-se, outras não, em outras ocasiões manteve-se una presença testemunhal e pontual... De facto, a esquerda basca não participa no Parlamento espanhol desde 1996.

Duas propostas políticas
A esquerda basca, agrupada hoje em torno da sigla da Acção Nacionalista Basca, tem anunciando reiteradamente que quer fazer frente à onda repressiva do Estado intensificando a iniciativa política.
Neste sentido há que situar a proposta de agremiar todos os sectores independentistas numa instituição de carácter nacional. Na base desta proposta está a constatação de que, em todas as forças políticas nacionalistas, há sectores de sensibilidade independentista que no partilham da linha autonomista das suas respectivas direcções. A Acção Nacionalista Basca se dirigiu-se a todos estes sectores convidando-os a conformar um Conselho Nacional Basco: una estrutura nacional em que estejam representadas as diferentes correntes políticas bascas que concordem na sua aspiração de soberania. Instituição que seria à semelhança do Conselho Nacional Africano ou do Conselho Nacional Palestino. O convite provocou o previsível e imediato repúdio da Executiva do PNV, direcção política que não admite outra relação com o Estado para além da “negociação” submissa.

A outra proposta recente da esquerda basca tem a ver com as eleições gerais de Março de 2008. Seguindo a linha do potenciar a iniciativa política, a direcção da ANV anunciou a decisão de concorrer às eleições gerais que se realizarão no próximo ano no Estado para conformar o Parlamento espanhol.
O marco: O anúncio público foi feito no dia 12 de Outubro, no final de uma grande manifestação a favor da auto-determinação.
• O aval da iniciativa: A ANV conta com os 200.000 votos que apoiaram essa sigla nas antidemocráticas eleições municipais de Maio deste ano. Estes votos foram a expressão máxima de fidelidade a um projecto político e um exercício maciço de desobediência civil frente a um Estado que ilegaliza o independentismo.
• Os objectivos: Fazer chegar ao próprio Parlamento espanhol o clamor de um sector social independentista hoje perseguido e silenciado. Contrastar este protesto com a mensagem que transmitem ao dito Parlamento outros parlamentares bascos; mensagem submissa de quem renunciou a reivindicar a nossa soberania nacional.
• O símbolo: Resgatam um elemento mitológico enraizado na nossa cultura ancestral, os 'zanpantzar'. Estas personagens saem em grupo; caminham movendo com força a cintura para fazer soar de forma compassada e rítmica umas esquilas (chocalhos) que levam presas à cintura. Simbolicamente, o som dos badalos afugenta os maus espíritos e as epidemias. Em sentido figurado político, resgata-se esta figura tão presente nas celebrações populares para que afugente todas as ameaças que nos rondam.
• A referência: Uma série de figuras emblemáticas na história do nosso povo: Jon Idigoras (militante histórico da esquerda basca falecido há alguns anos), Agustín Xaho (escritor de Euskal Herria Norte que viveu durante o século XIX), Tomás de Zumalakarregi (no sec. XIX, encabeçou o levantamento dos bascos frente ao Estado centralista em defensa dos seus foros), Dolores Ibarruri (formada no contexto mineiro da Biscaia, foi una das dirigentes operárias mais conhecidas na época republicana abortada depois pelo golpe militar de 1936)
• A proclamação: Um documento anunciado publicamente no dia 2 de Novembro deste ano, cujo título e conteúdos abaixo se resume.
"Somos a nação basca independente"
"500 anos após de ter sido conquistado o Reino dos Bascos, temos 500 razões para acabar com a submissão e abrir a porta à independência. Comprovámos os grandes danos que nos acarreta a dependência imposta. Só sendo donos do nosso presente poderemos desenvolver o nosso futuro. Negam-nos a nossa identidade para nos fazerem desaparecer. Somos a nação basca e não renunciaremos a sê-lo.

Fomos independentes até nos deixaram sem Estado próprio. Despojaram-nos dos nossos foros, último vestígio da nossa liberdade. Quiseram-nos submissos, gerindo as migalhas do regionalismo que nos deixaram. Recusam a oportunidade histórica de oferecer a este povo a solução política para um conflito ancestral. Nas nossas mãos está o amanhã que alcançaremos sem a permissão de ninguém.

Os nossos ascendentes sabiam que a soberania tinha inerente a estrutura de um Estado próprio; por isso apegaram-se à independência. Hoje encontramo-nos frente ao mesmo dilema mas com a lição bem aprendida. Por isso proclamamos um SIM rotundo à nossa independência. Temos que criar o nosso próprio Estado para modelar o poder da sociedade basca. Um Estado que ampare a nossa língua, a nossa cultura e um modelo social de esquerda.
Graças à independência deixaremos para trás a humilhação da vassalagem, abriremos as portas à igualdade da justiça para com os povos, teremos o nosso espaço no mundo.

Tal como optamos pela independência e a criação de um Estado basco, reclamamos a igualdade de oportunidades para todos os projectos políticos, incluindo o independentista. Este projecto deve de ser reivindicado em todos os cenários políticos; daí a importância das próximas eleições (2008). Só a actuação unitária de todos os independentistas garantirá o futuro da nação basca e a sua independência."


Euskal Herria, 26 de Novembro de 2007.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Murais no País Basco


Paredes que falam.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Análise de recurso contra a extradição de cidadãos bascos

O Supremo Tribunal de Justiça britânico aceitou analisar o recurso de apelo contra a extradição para o Estado espanhol de Zigor Ruiz, Ana Isabel López e Iñigo Albisu.

LONDRES - Prevê-se que os juízes Andrew Collins e John Dyson emitam um veredicto sobre o recurso depois do Natal, ainda que não haja data confirmada.

Um juiz do Tribunal de Westminster ordenou, no passado dia 17 de Agosto, a extradição para o Estado espanhol de três cidadãos bascos: Zigor Ruiz, Ana Isabel López e Iñigo Albisu.

Na sessão de ontem, o advogado de defesa, Richard Gordon, demonstrou os argumentos para defender o seu apelo perante os juízes do Supremo Tribunal.

Entre outros argumentos, Gordon pediu aos magistrados que tivessem em conta a “inexactidão” e a “pouca clareza” das euro-ordens emitidas pelo juiz da Audiência Nacional espanhola, Baltasar Garzón, em virtude das quais se executaram as detenções do passado 27 de Abril em Sheffield.

Além disso, a defesa considerou pertinente que os juízes tivessem em conta as “provas de tortura” cometidas no Estado espanhol durante os interrogatórios de outros detidos, uma circunstância que viola a Convenção Europeia dos Direitos Humanos.

Preso militante histórico da esquerda independentista

Prisões em massa no Processo 18/98

A Guardia Civil prende o militante histórico abertzale José Luis Elkoro

O GARA teve conhecimento que dois veículos da Guardia Civil e vários agentes à paisana foram a casa de José Luis Elkoro, em Bergara, e o prenderam, hoje ao meio-dia, por ordem da Audiência Nacional espanhola.

Elkoro tornou-se um dirigente histórico abertzale pelo seu trabalho realizado em prol do independentismo deste país e, apesar dos seus 72 anos de idade, continua a ser uma referência dentro da política abertzale.

Assim, é importante destacar que foi presidente do município de Bergara e presidente de Orain, antiga editora do Egin. Também foi nomeado, em 1989, senador de Gipuzkoa. O seu papel foi fundamental no momento de lutar a favor da independência de Euskal Herria.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Decretada prisão para 33 dos detidos do Processo 18/98

33 arguidos do 18/98 são presos e 6 saem em liberdade sob fiança

Xabier Otero, Iñaki Zapiain, Alberto Frías, Sabino Ormazabal, Fernando Olalde e Mario Zubiaga sairão em liberdade nas próximas horas, assim que paguem as fianças de 20 000 euros estipuladas esta noite pela Audiência Nacional. Para os outros 33 detidos, Ángela Murillo decretou prisão, situação em que já se encontravam outros três processados. No que toca à sentença, o Gara pôde saber que não será transmitida na segunda-feira, como previsto.

Depois da suspensão a que se viu forçada a audiência de segunda-feira à tarde, em que compareceram 15 dos arguidos, o resto dos detidos do Processo 18/98 compareceu ontem à tarde numa nova sessão, na qual se assistiu às mesmas irregularidades e vulnerabilidades processuais. Não obstante, os presos tomaram a palavra para responder aos juízes: “somos bascos e não impedireis que, seja como for, continuemos a trabalhar em prol da independência do nosso país”.

Na sessão de ontem, como na véspera, também se registaram irregularidades nas garantias jurídicas. De começo, todas as comparências voltaram a levar-se a cabo em grupo, extremo que a própria legislação espanhola impossibilita. E, se a lei estabelece que as audiências devem levar-se a cabo com intervalos de não mais de 72 horas, para a de ontem já tinham passado mais de cem. E para tudo isto se deve acrescentar que o preso político Iker Beristain, também arguido no Processo 18/98, não foi levado a Madrid.

A defesa nem sequer foi informada que na segunda-feira à tarde Beristain foi retirado da prisão de Teruel para ser transferido para o tribunal desta capital aragonesa, com vista a uma audiência excepcional. O jovem negou-se a participar nesta sessão e denunciou que, apesar de exigir a presença de um advogado de confiança, foi representado por um advogado indicado.

A advogada de defesa Arantza Zulueta informou este jornal que, na sessão de ontem na Audiência Nacional, os advogados dos detidos denunciaram “as evidentes irregularidades” que impregnaram todo o processo jurídico, e responsabilizaram o tribunal pela tomada de decisões com base “numa estratégia política concreta que nada tem a ver com decisões jurídicas”.

Uma acusação que for reafirmada pelos próprios detidos quando tomaram a palavra no encerramento da sessão. Denunciaram o impulso político em que se sustenta, tanto este Processo como a sua própria detenção, e avisaram que não constituirá obstáculo algum para que continuem o seu trabalho pela independência de Euskal Herria.

Por outro lado, familiares de Paul Asensio disseram que, com mandato, a Polícia espanhola revistou todos os bens que haviam sido confiscados na casa do jovem em Barrika, entre outras coisas, a caderneta de poupanças.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Mais 15 detidos!

A polícia espanhola deteve, esta manhã, 15 jovens à frente das instalações da Audiência Nacional quando se deslocaram ali por requisição do juiz.

Esta semana já são mais de meia centena, os cidadãos bascos detidos pelo Estado espanhol.

em Gara

Hora de responder como Povo

Adere ao manifesto de solidariedade com os presos do Processo 18/98 em 1898erantzuna@euskalerria.org (são aceites adesões individuais e colectivas)

Hora de responder como Povo

Manifesto

Desde o auto-encarceramento que realizámos no passado mês de Junho em Gernika, nós, as 52 pessoas julgadas no Processo 18/98, continuamos a trabalhar para tentar transformar a solidariedade face ao castigo judicial em trabalho conjunto, em elkarlana.
A sentença que ditará o tribunal da Audiência Nacional será especialmente importante para Euskal Herria. E não só pelas penas de prisão que imporá, mas também pela incidência que terá na materialização dos direitos civis e políticos da cidadania basca.

A vulnerabilidade dos direitos que se cria no 18/98 e nos restantes processos ficará consolidada com este julgamento. Durante muitos anos, a transição no Estado espanhol, reduziu direitos civis e políticos, assim como direitos humanos básicos, do conjunto da cidadania basca, mediante legislações de excepção.

A sentença do 18/98 aprofundará essa negação de direitos e assentará bases renovadas para criminalizar as pessoas e colectivos que trabalham pela construção de Euskal Herria.

O Julgamento 18/98 não foi um passo isolado. É a continuação da perseguição a que foi submetido durante muitos anos o movimento político independentista de Euskal Herria. No fundo, há uma agressão estrutural contra os direitos civis e políticos das bascas e dos bascos, que atinge cada vez mais grupos e actividades.

Aí está o julgamento contra as organizações juvenis e as consequentes condenações. Depois do nosso julgamento virão outros nos meses seguintes (Udalbiltza, Egunkaria, GGAA-Askatasuna e Batasuna), acumulando acusações e condenações. A sentença do 18/98 terá influência directa nestes casos e nas possibilidades da cidadania basca viver e desenvolver-se em democracia.

Nas últimas semanas temos visto como o Governo do PSOE utiliza os instrumentos repressivos de que dispõe para castigar ideologias e actividades plenamente legítimas. Mais, porta-vozes do Governo espanhol anunciaram terem decidido continuar este caminho.

Como dizíamos no Manifesto divulgado em Gernika: “Para além das pessoas ou organizações obrigadas a sentar-se no banco dos réus, é a liberdade de pensamento, organização e expressão que estão a ser julgadas e condenadas. É a democracia que está a ser condenada e julgada”.

Desde Gernika, fizemos um chamamento tanto à cidadania como aos agentes sociais e políticos bascos para trabalhar conjuntamente em defesa dos direitos e da democracia. Na nossa opinião, chegou o momento de dar um passo para esse trabalho em comum. Como afirmámos, a sentença do 18/98 transcende o próprio processo. Estão-se a destruir os pilares da construção de Euskal Herria, fecham-se as portas a uma solução democrática e consolida-se a criminalização da opção política a favor da independência.
Por tudo isto, justamente, o momento em que se dite a sentença depois do longo processo 18/98 será o de dar resposta ao conjunto de agressões contra Euskal Herria. Por tudo isto, nós, as pessoas processadas no 18/98, queremos realizar um forte chamamento para fazer frente à sentença e às suas graves consequências.

Assim, queremos anunciar hoje, aqui, que quando se conheça a sentença convocaremos uma Manifestação Nacional, sob o lema «Pelos Direitos de Euskal Herria, Por Condições Democráticas para Todas as Opções Políticas». Aqui reside a questão: em superar a situação de imposição em que vivemos e em que os caminhos da construção de Euskal Herria se possam desenvolver num espaço democrático.

Junto a esta convocatória, pedimos a todos os sectores e agentes sociais que se preparem para fazer frente à sentença e, conscientes da importância da nova agressão contra a democracia que se tornará a sentença do 18/98, que trabalhem, cada um na sua área, no âmago deste caso. Nesse sentido, apelamos a que se realize uma Paragem de Uma Hora, que ampliaria este trabalho comum, especialmente com os sindicatos. Nos próximos dias esperamos ter oportunidade de o especificar com eles.

Valendo-se de tribunais e legislações especiais, quiseram calar a palavra das Bascas e dos Bascos. Quiseram fazer desaparecer agentes, meios de comunicação, instituições e organizações criadas pela própria sociedade basca. O que temos de construir entre todas e todos é uma solução democrática que garanta os direitos de Euskal Herria e dos Bascos. Para que, também, os projectos independentistas possam ser defendidos e materializados em Euskal Herria em igualdade de condições. Para que os direitos civis e políticos de todas as pessoas sejam viáveis. É esta a nossa aposta. A que continuará para além de todas as sentenças e condenações.

Euskal Herria, 04, Novembro de 2007

Processadas e Processados do 18/98

Envia a tua adesão a este endereço: 1898erantzuna@euskalerria.org

Em Askapena:
http://www.askapena.org/berriak/men/karpeta_es/389/ind_aska

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Mais de 25 mil pessoas contra a repressão


Disto ninguém viu na televisão portuguesa porque isto é aquilo que eles não querem que se saiba.

Mais videos das detenções

sábado, 1 de dezembro de 2007

Presos no âmbito do Processo 18/98


Video da detenção de jornalista do Gara em plena redacção

Estamos solidários com:

Alberto Frías, Elena Beloki, Txema Matanzas, Jexux Mari Zalakain, Javier Salutregi, Javi Balanzategi, Mikel Korta, Iñaki O'Shea, Joxe Mari Olarra, Juan Mari Mendizabal, Iker Casanova, Manu Intxauspe, Jose García Mijangos, Natale Landa, Olatz Egiguren, Mario Zubiaga, Ruben Nieto, Xabier Alegria, Patxi Gundin, Pablo Gorostiaga, Joxean Etxeberria, Juan Pablo Diéguez, Xabi Otero, Sabino Ormazabal, Fernando Olalde, Isidro Murga, Mikel Egibar, Mirian Campos, Patxo Murga, Txente Askasibar, Mikel Aznar, Karlos Trenor, Paul Asensio, Xabier Arregi e Iñaki Zapiain.

Tiroteio no Estado francês mata Guardia Civil

O ministro espanhol da Administração Interna confirma que dois Guardias Civis estavam a vigiar membros da organização armada ETA. No entanto, os agentes estavam em França. Às 9.00 de hoje, encontravam-se num café, no Estado francês, quando foram baleados por desconhecidos. Um morreu e outro está gravemente ferido. As agências de notícias apontam que pode ter sido a ETA.

em Gara

33 detenções até ao momento


Jornalista do Gara foi detido dentro da redacção do jornal

As detenções vão neste momento em 33.

Solidariedade!

26 detenções nas últimas horas

A Audiência Nacional Espanhola ordena a detenção de 46 processados no mega-processo 18/98

As forças policiais espanholas iniciaram uma operação para prender os cidadãos bascos processados no caso 18/98 que foram condenados pela Audiência Nacional, apesar de que a sentença todavia não se tenha tornado pública. A ordem do tribunal especial afecta 46 implicados, segundo as agências. Às 23h15, sabia-se que tinham sido presas 26 pessoas.

Fonte: Gara


Os implicados convocam manifestação para domingo em Bilbao

Os implicados no processo 18/98 convocam a população a manifestar-se no próximo domingo às 12.00 na praça Aita Donostia de Bilbao, sob o lema "Pelos direitos de Euskal Herria. Condições democráticas para todas nas opções políticas".

Fonte: Gara

Manifesto de convocatória para a manifestação:
HORA DE RESPONDER COMO POVO
http://www.gara.net/agiriak/20071121_1898_manifiesto.pdf