quarta-feira, 31 de março de 2010
A esquerda «abertzale» saúda o «apoio internacional» e acrescenta que «o motor está aqui»
A esquerda abertzale avalia «de forma positiva e em toda a sua dimensão» a declaração realizada por vinte importantes personalidades mundiais na véspera em Bruxelas. Num comunicado tornado público ontem à tarde, refere que «se trata de uma importante contribuição para a construção de um novo cenário em Euskal Herria, tarefa em que todos os agentes implicados se deveriam comprometer».
A esquerda abertzale tornou público um comunicado ontem à tarde no qual encara de forma positiva a declaração realizada na segunda-feira em Bruxelas por pessoas que qualifica como «homens e mulheres de Estado, homens e mulheres de reconhecido prestígio e trajectória de vida».
Cerca de vinte signatários, entre os quais se encontram a Fundação Nelson Mandela, Desmond Tutu, Frederick De Klerk, John Hume, Albert Reynolds e Jonathan Powell, subscreveram um texto em que dão «as boas-vindas» e «elogiam» o compromisso da esquerda abertzale com os meios exclusivamente políticos e democráticos e uma total ausência de violência para conseguir os seus fins políticos. Entendem que, «plenamente realizado, este compromisso pode ser um passo fundamental para pôr fim ao último conflito na Europa».
Nesse contexto, fizeram «um apelo à ETA para que apoie este compromisso declarando um cessar-fogo permanente e completamente verificável». E acrescentaram que «tal declaração, devidamente respondida pelo Governo espanhol, permitirá que os novos esforços políticos e democráticos avancem, que as diferenças sejam resolvidas e que se alcance uma paz duradoura».
«Importante contribuição»
A esquerda abertzale avalia «de forma positiva e em toda a sua dimensão a declaração que estas personalidades internacionais realizaram, ao considerar que se trata de uma importante contribuição para a construção de um novo cenário em Euskal Herria, tarefa em que todos os agentes implicados se deveriam comprometer».
Numa nota de imprensa, refere que «a sociedade basca no seu conjunto e a esquerda abertzale em particular acolheu com satisfação o pronunciamiento das personalidades de âmbito internacional que manifestaram a sua preocupação com a situação que Euskal Herria padece, colocando ainda mais a questão basca na agenda política internacional, realizando uma proposta de resolução para este conflito que, reconhecendo a sua natureza política, busca soluções democráticas, estáveis e duradouras».
Agradece ainda o seu envolvimento e especialmente a avaliação que fazem «do debate que a esquerda abertzale acaba de efectuar e o seu total compromisso com o desenvolvimento de um processo democrático sem violências e sem ingerências. Um processo no qual, por meio do diálogo e da negociação, se chegue a um enquadramento em que o conjunto dos projectos políticos, incluindo o projecto independentista, sejam não só defensáveis mas também materializáveis, se contarem com o apoio maioritário dos cidadãos».
Por todo isso, «a esquerda abertzale reafirma a sua disposição para procurar a resolução para o conflito tendo como base para tal a estratégia recentemente adoptada».
«O motor está aqui»
Na opinião da esquerda abertzale, este tipo de apoios externos não deve fazer esquecer à sua militância que o trabalho tem de ser feito em Euskal Herria.
Na nota de imprensa, faz «um apelo especial ao conjunto do povo basco de esquerda. A existência de um apoio internacional cujo objectivo seja ajudar a encontrar a solução do conflito no nos deve fazer esquecer que o verdadeiro motor de mudança está realmente em nós mesmos. Somos nós, as forças abertzales e progressistas deste país, os únicos garantes do processo democrático».
Em seu entender, «é a acção comum e o trabalho de alianças na luta de massas, ideológica e político-institucional dos abertzales e progressistas que levará o nosso povo a um cenário democrático. É a luta em defesa dos direitos civis e políticos deste país que garante a mudança. É a construção nacional que garante o futuro deste povo».
A esquerda independentista «apela ao povo basco de esquerda para que seja o motor do processo democrático». E, tendo em conta a altura do ano em que nos encontramos, finaliza a sua nota de imprensa referindo que «este domingo, na celebração do Aberri Eguna, teremos uma boa oportunidade para mostrar aos estados e ao mundo que o processo democrático já está em marcha e é imparável. Está nas nossas mãos».
Notícia completa: Gara
Nota de imprensa da esquerda abertzale, na íntegra: «A esquerda abertzale ante a declaração de ontem em Bruxelas»
Sugestão de leitura:
«Caminante, sí hay camino, ¿no lo ves?», artigo de opinião de Floren AOIZ
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Em Iruñea, fazem um apelo à participação no Aberri Eguna
O documento «Ari Gara» [Estamos a fazer] já reuniu 7000 apoios. Ontem, Maria Luisa Mangado e Miren Aranguren encarregaram-se de dar voz a todos esses apoios junto ao Monumento aos foros, em Iruñea, fazendo um apelo à participação num Aberri Eguna que «vai juntar independentistas de todas as cores».
«Nós, independentistas, queremos trazer grandes mudanças para este país. Para que o nosso povo decida em liberdade e para que opte de forma democrática e por maioria pelo melhor caminho, que é o da independência», enfatizaram as convocantes.
[Em seguida, texto lido na conferência de imprensa, em euskara e castelhano]
Fonte: nafarroan.com
«Nós, independentistas, queremos trazer grandes mudanças para este país. Para que o nosso povo decida em liberdade e para que opte de forma democrática e por maioria pelo melhor caminho, que é o da independência», enfatizaram as convocantes.
[Em seguida, texto lido na conferência de imprensa, em euskara e castelhano]
Fonte: nafarroan.com
Wendolin está a caminho de Euskal Herria
Depois de ser expulso pelo Governo de Caracas e detido pela Polícia francesa num controlo de passaportes à sua chegada a Paris, Walter Wendolin já está a caminho de Euskal Herria.
A Polícia francesa deteve Walter Wendolin esta manhã num controlo de passaportes de um aeroporto parisiense, onde chegou depois de ser expulso por Caracas, segundo indicou o Movimento pró-Amnistia.
Depois de interrogado durante mais de uma hora, Wendolin pôs-se a caminho de Euskal Herria.
O conhecido internacionalista foi detido no domingo na Venezuela, onde se tinha deslocado para apresentar a declaração «Zutik Euskal Herria!».
A Polícia francesa deteve Walter Wendolin esta manhã num controlo de passaportes de um aeroporto parisiense, onde chegou depois de ser expulso por Caracas, segundo indicou o Movimento pró-Amnistia.
Depois de interrogado durante mais de uma hora, Wendolin pôs-se a caminho de Euskal Herria.
O conhecido internacionalista foi detido no domingo na Venezuela, onde se tinha deslocado para apresentar a declaração «Zutik Euskal Herria!».
Desde que foi detido no aeroporto de Maiquetía, Wendolin permaneceu na sede do Servicio Bolivariano de Inteligencia, em Caracas.
A detenção de Wendelin ocorreu pouco depois de o Executivo de Hugo Chávez ter sido alvo de fortes pressões por parte do Governo espanhol para impedir a presença de independentistas bascos no seu território, na sequência do auto emitido pelo juiz da Audiência Nacional espanhola Eloy Velasco que tentava ligar Caracas às FARC e à ETA.
O Movimento pró-Amnistia denunciou a expulsão e detenção de Wendolin, consequência da «caça às bruxas desencadeada pelo Estado espanhol contra os independentistas bascos».
Agradeceu a solidariedade manifestada a Wendolin e a defesa que distintas associações venezuelanas fizeram e, após recordar que se utilizam todas as formas de repressão contra os independentistas bascos, pede ao Executivo da Venezuela, neste caso, que não apoie esta estratégia.
Fonte: Gara
Ver também:
«Reacções ante a expulsão de Walter», em askapena.org
«Carta ao Governo da Venezuela», em askapena.org
"- Não entendemos que uma pessoa que nenhum Estado reclama por nenhum suposto delito seja expulsa da Venezuela.
- Não entendemos que uma pessoa que defendeu, defende e defenderá a revolução bolivariana seja expulsa da Venezuela.
- Não entendemos que uma pessoa que leva propostas de resolução para um longo conflito político-armado veja recusada a palavra (não levava outras armas) na Venezuela." (excerto)
Agradeceu a solidariedade manifestada a Wendolin e a defesa que distintas associações venezuelanas fizeram e, após recordar que se utilizam todas as formas de repressão contra os independentistas bascos, pede ao Executivo da Venezuela, neste caso, que não apoie esta estratégia.
Fonte: Gara
Ver também:
«Reacções ante a expulsão de Walter», em askapena.org
«Carta ao Governo da Venezuela», em askapena.org
"- Não entendemos que uma pessoa que nenhum Estado reclama por nenhum suposto delito seja expulsa da Venezuela.
- Não entendemos que uma pessoa que defendeu, defende e defenderá a revolução bolivariana seja expulsa da Venezuela.
- Não entendemos que uma pessoa que leva propostas de resolução para um longo conflito político-armado veja recusada a palavra (não levava outras armas) na Venezuela." (excerto)
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Detenções em Lapurdi: Os oito jovens detidos continuam em instalações policiais
Os oito jovens detidos em Lapurdi permanecem em instalações policiais em Baiona e Pau. A operação policial, que estará relacionada com a investigação sobre ataques contra interesses turísticos e imobiliários, voltará a ser denunciada em distintas mobilizações.
Arkaitz Tonerre, Mattin Olzomendi, Joel Zurutuza, Iker Edme, David Bachacou, Peio Elizery e os irmãos Peio e Xabi Hirigoien, detidos ontem em diversas localidades de Lapurdi permanecem em instalações policiais. Quatro deles estão na esquadra de Baiona e outros quatro em Pau.
É a quinta operação deste tipo a ter lugar em Ipar Euskal Herria no que vai de ano e foi denunciada em mobilizações que decorreram nas localidades de onde os detidos são provenientes. Hoje, voltam a repetir-se.
Fonte: Gara
-
Adenda (01/01/2010): Arkaitz Tonerre, Joel Zurutuza, Iker Edme e David Bachacou foram postos em liberdade ontem à tarde.
Arkaitz Tonerre, Mattin Olzomendi, Joel Zurutuza, Iker Edme, David Bachacou, Peio Elizery e os irmãos Peio e Xabi Hirigoien, detidos ontem em diversas localidades de Lapurdi permanecem em instalações policiais. Quatro deles estão na esquadra de Baiona e outros quatro em Pau.
É a quinta operação deste tipo a ter lugar em Ipar Euskal Herria no que vai de ano e foi denunciada em mobilizações que decorreram nas localidades de onde os detidos são provenientes. Hoje, voltam a repetir-se.
Fonte: Gara
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Adenda (01/01/2010): Arkaitz Tonerre, Joel Zurutuza, Iker Edme e David Bachacou foram postos em liberdade ontem à tarde.
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Homenagens, evocações, solidariedade em forma de CD
Xabier Galdeano evocado no 25.º aniversário da sua morte
Foi precisamente ontem, 30 de Março, que se cumpriu o 25.º aniversário do seu assassinato às mãos dos GAL, mas os seus conterrâneos de Algorta (Bizkaia) preferiram homenageá-lo na sexta-feira passada.
Juntaram-se cerca de 250 pessoas. À leitura de uma declaração da Etxerat, seguiram-se os txalapartaris, dantzaris, bertsolaris e ainda uma leitura por parte do Movimento pró-Amnistia. O «Eusko Gudariak» pôs um ponto final à cerimónia simples e sentida.
No acto, lembraram também o caso de Jon Anza e o facto de, um quarto de século depois do assassinato de Xabier Galdeano, a repressão e a guerra suja continuarem a existir. Por isso, exigiram que se ponha fim à repressão e à violência política promovida pelos estados espanhol e francês.
Fonte: askatu.org
A solidariedade para com os perseguidos políticos em forma de CD
Uma nova iniciativa promovida em Debaldea (Gipuzkoa) pretende dar uma banda sonora uma à solidariedade para com o Colectivo de Presos Políticos Bascos e os exilados, tentando realizar um CD com as melhores dezasseis canções que se apresentem a concurso e que se destinem aos perseguidos políticos bascos.
A solidariedade e a imaginação nunca foram incompatíveis e é por isso que existem dezenas de canções que descrevem as duras consequências do conflito político que Euskal Herria vive. A dinâmica agora empreendida na costa guipuscoana, além de socializar através da música a solidariedade para com os presos e as presas políticas bascas, busca dar voz aos grupos musicais que sejam escolhidos neste concurso, uma vez que aqueles que forem seleccionados poderão dar-se a conhecer ao vivo num acto que terá lugar no final do ano.
A data limite para apresentar as canções é 20 de Julho e foi criado um endereço de correio electrónico para as enviar: elkartasunoihua@abantian.info. O CD, em que serão incluídas as dezasseis canções escolhidas por um júri, chamar-se-á Euskal preso eta iheslari politikoekiko elkartasun kantak. [Canções de solidariedade com os presos e refugiados políticos bascos]
Com o mesmo fim de mostrar apoio aos presos políticos bascos e denunciar a actual política penitenciária dos estados espanhol e francês, 120 habitantes concentraram-se na segunda-feira no bairro donostiarra de Altza, e ontem outros tantos fizeram a mesma coisa em frente ao Arriaga bilbaíno.
Notícia completa: Gara
Foi precisamente ontem, 30 de Março, que se cumpriu o 25.º aniversário do seu assassinato às mãos dos GAL, mas os seus conterrâneos de Algorta (Bizkaia) preferiram homenageá-lo na sexta-feira passada.
Juntaram-se cerca de 250 pessoas. À leitura de uma declaração da Etxerat, seguiram-se os txalapartaris, dantzaris, bertsolaris e ainda uma leitura por parte do Movimento pró-Amnistia. O «Eusko Gudariak» pôs um ponto final à cerimónia simples e sentida.
No acto, lembraram também o caso de Jon Anza e o facto de, um quarto de século depois do assassinato de Xabier Galdeano, a repressão e a guerra suja continuarem a existir. Por isso, exigiram que se ponha fim à repressão e à violência política promovida pelos estados espanhol e francês.
Fonte: askatu.org
A solidariedade para com os perseguidos políticos em forma de CD
Uma nova iniciativa promovida em Debaldea (Gipuzkoa) pretende dar uma banda sonora uma à solidariedade para com o Colectivo de Presos Políticos Bascos e os exilados, tentando realizar um CD com as melhores dezasseis canções que se apresentem a concurso e que se destinem aos perseguidos políticos bascos.
A solidariedade e a imaginação nunca foram incompatíveis e é por isso que existem dezenas de canções que descrevem as duras consequências do conflito político que Euskal Herria vive. A dinâmica agora empreendida na costa guipuscoana, além de socializar através da música a solidariedade para com os presos e as presas políticas bascas, busca dar voz aos grupos musicais que sejam escolhidos neste concurso, uma vez que aqueles que forem seleccionados poderão dar-se a conhecer ao vivo num acto que terá lugar no final do ano.
A data limite para apresentar as canções é 20 de Julho e foi criado um endereço de correio electrónico para as enviar: elkartasunoihua@abantian.info. O CD, em que serão incluídas as dezasseis canções escolhidas por um júri, chamar-se-á Euskal preso eta iheslari politikoekiko elkartasun kantak. [Canções de solidariedade com os presos e refugiados políticos bascos]
Com o mesmo fim de mostrar apoio aos presos políticos bascos e denunciar a actual política penitenciária dos estados espanhol e francês, 120 habitantes concentraram-se na segunda-feira no bairro donostiarra de Altza, e ontem outros tantos fizeram a mesma coisa em frente ao Arriaga bilbaíno.
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Antifascismo. Ahaztuak 1936-1977
A Ahaztuak realizou uma oferenda floral no monumento Bosque de Luz, situado nas traseiras do Palacio de la Diputación de Araba, em Gasteiz. Pediu a retirada do escudo franquista «com a águia imperial acompanhada da legenda 'Una, Grande y Libre'» que preside ao interior da catedral nova de Gasteiz. (Gara / Raúl BOGAJO/ARGAZKI PRESS)
terça-feira, 30 de março de 2010
Que ninguém olhe para o céu; não são pára-quedistas
Euskal Herria tem razões para desconfiar da denominada «comunidade internacional». Os seus cidadãos, tal como o resto do mundo, viram com os seus próprios olhos como essa comunidade permitiu, sem pestanejar, a existência sistemática da injustiça em todo o mundo. Mais, muitos dos seus membros promovem-na sem complexos. Não gera precisamente confiança ver como essa comunidade internacional oferece, em não poucos casos, uma colaboração obscena e irresponsável em genocídios cruéis, na continuidade de máculas como a fome e a pobreza, no alastrar de diversas doenças a continentes inteiros ou na exploração da natureza até ao limite das suas capacidades. A comunidade internacional escuda-se num mecanismo que a exime de responsabilidade, o que ainda lhe serve para vetar o que deveria ser o seu objectivo: a busca de um mundo mais justo - ou justo, simplesmente. Ruanda, Afeganistão, Iraque, Tchetchénia, Somália, Palestina, Honduras... são exemplos recentes de países que foram condenados por alguns dos membros dessa comunidade internacional à guerra, passando, para tal, por cima da sua própria legalidade, obrigando os seus habitantes a escolher entre o extermínio e o exílio e empurrando povos inteiros para a miséria. Tudo isso com a ajuda de outros poderosos membros e ante o silêncio cúmplice de outros tantos.
Mas Euskal Herria e os bascos têm razões próprias para desconfiar da comunidade internacional. Não já baseando-se nesses trágicos exemplos, mas porque na sua história existem tristes capítulos em que líderes de nível mundial faltaram à palavra dada ao povo basco, traíram as suas esperanças e condenaram-nos a sofrer injustiças que passaram à história negra da humanidade. Os mais conhecidos têm que ver, sem qualquer dúvida, com o franquismo. Por exemplo, dizem que em 1945 o general Charles De Gaulle se emocionou ao inteirar-se da forma como o Batalhão Gernika tinha lutado na libertação de Paris com a ikurriña por bandeira. Existe, de facto, uma foto que imortaliza o momento em que o general francês se põe em sentido diante da bandeira e dos combatentes bascos. Essa emoção não se traduziu, no entanto, em agradecimento algum, e a França não fez absolutamente nada pela causa basca. Minto, reprimiu o euskara.
Paradoxalmente, a organização que fundou aquele batalhão, a ANV, faz hoje parte da «lista europeia de organizações terroristas», já que esse partido foi condenado pelos tribunais espanhóis por ser sucessor do Herri Batasuna, fundado em 1978. Aquilo que a lógica humana não suporta, dentro dos limites do espaço/tempo, suporta-o esta comunidade internacional, cujo sistema administrativo e legal pode chegar a legitimar.
Em poucas palavras, historicamente a comunidade internacional comoveu-se com o «Guernica» de Picasso enquanto ignorava o povo que o inspirou, o país dos cavalos que relincham debaixo das bombas, o povo que procura o seu caminho com uma candeia que um punho mantém ao alto frente a tanta escuridão.
Todavia, numa reflexão que vai mais além da nossa realidade concreta, não convém esquecer que a função actual da comunidade internacional não é a de libertar povos injustamente subjugados pelos seus vizinhos, maiores e mais poderosos. E, dada a forma como essa comunidade está organizada e a actual correlação de forças a nível mundial, de momento é melhor não aspirar a tal, pelo menos no curto prazo. Nestes últimos anos os factos mostraram que a ideia de relacionar intervenções militares internacionais com a de restituir a justiça ou a democracia culminou sempre em tragédia - e, muito frequentemente, em farsa. Com todos os matizes, isto serve tanto para os Balcãs como para o Afeganistão. E isso apesar de existirem, pelo menos teoricamente, «guerras justas». Existem não porque o diga Barack Obama - independentemente do facto de pensar ou não que as que lhe calharam defender sejam justas -, mas porque assim o evidencia a história contemporânea. Alguns dos seus grandes cronistas, como George Orwell ou John Reed, deram testemunho disso. Também não se deve aqui esquecer que actores dessa história, como Jean-Paul Sartre ou Olof Palme, julgaram uma vez que a guerra dos bascos pela sua liberdade é uma guerra justa.
Por tudo isso, quem realmente deseja um mundo melhor e, seguindo uma máxima internacionalista, quer começar a construi-lo em casa, a partir do seu próprio país, deve ter uma agenda internacional que inclua a reforma das instituições que hoje compõem essa comunidade internacional. Mas, no caso de Euskal Herria, para poder conseguir ser sujeito dessa mudança, tem de aspirar a fazer parte dessa comunidade internacional, como o são a África do Sul, a Irlanda, a Suécia, a Noruega, a Eslovénia... ou, se se preferir, a Bolívia, o Equador ou Cuba. Com direito a voto, como nação que é e estado que deve ser, se os seus cidadãos assim o decidirem. Isso é o Estado basco. Isso será ou não será nada. Pode-se estar contra ou a favor, mas não se pode desligar, seja de forma ingénua ou maliciosa, do conceito de comunidade internacional. Pelo menos não politicamente.
Neste contexto, a Declaração de Bruxelas volta a pôr em cima da mesa essa contraditória relação dos bascos com a comunidade internacional, mas desta vez em sentido positivo. As denúncias de diferentes organismos internacionais de direitos humanos, especialmente os dependentes da ONU dedicados à prevenção da tortura e das detenções arbitrárias, transformam-se agora num apoio explícito à iniciativa da esquerda abertzale e à capacidade que tem de trazer uma mudança estrutural ao conflito basco. Uma mudança positiva para todas as pessoas que aqui vivem e são afectadas pelo conflito. Portanto, os que até agora tentaram menosprezar essa iniciativa deverão mudar de guião. A relevância dos signatários não escapa a ninguém e dá a justa dimensão do desafio e das oportunidades que se abrem. Não são pára-quedistas, nem num sentido nem no outro. Isto é, podem ajudar mas não podem fazer o trabalho que deve ser feito pelos cidadãos bascos e os seus representantes; e a sua contribuição pode ser positiva porque não caíram do céu e têm o conhecimento e a experiência necessária para ajudar a encontrar um acordo. A declaração coloca o conflito basco na agenda internacional, algo que os sucessivos governos em Madrid tentaram sempre evitar, e coloca-o como aquilo que é: um conflito político. Em consequência, a sua resolução deverá ser também política.
No entanto, é importante entender que por si mesmo o documento não tem valor maior se não for acompanhado de compromissos e decisões. Decisões que, em primeira instância, correspondem a quem o documento se dirige, às partes na liça. Mas os compromissos têm de começar no plano individual e estruturar-se através de organizações e movimentos políticos apropriados para esta fase do processo político em marcha. Não tem cabimento delegar essa tarefa na classe política nem na comunidade internacional.
Como já se disse, a comunidade internacional não liberta povos, mas dentro do contexto europeu pode ajudar a homologar um acordo justo e democrático que abra uma nova fase política em Euskal Herria. Um ciclo em que a luta pela liberdade dos bascos continuará a existir, que ninguém se iluda, mas na qual - caso seja alcançado - se terá avançado no reconhecimento da sua condição de nação e do seu direito a decidir o seu futuro. Essa fase não vai ser aberta por um mandato da ONU, mas por um mandato claro do povo basco.
Em suma, em Euskal Herria ninguém deve ficar à espera que, após a Declaração de Bruxelas, comecem a cair do céu latas de carne de pára-quedas, como no Plan Marshall, nem soldados que impeçam as injustiças e os abusos. Mas também ninguém deve dar demasiada importância aos preservativos XXL que, tal como os norte-americanos faziam na guerra psicológica contra os vietnamitas, as FSE e os meios de comunicação espanhóis mandam para terras bascas, para nos fazer crer que, mais uma vez, a batalha está perdida. Ninguém nos vai libertar, mas pode-se conseguir que ninguém nos impeça de nos libertarmos a nós mesmos se se conseguir o apoio da maioria do povo.
Uma maioria de cidadãos bascos pede o reconhecimento de Euskal Herria como nação, que tem direito a estruturar-se enquanto tal, a que seja facilitado o desenvolvimento da sua cultura e, sendo esse o caso, com base nos acordos alcançados e sempre dependendo da vontade popular, a conseguir formar-se como estado independente na Europa. É um pedido legítimo e democrático, e deve ser atendido e respeitado. Não o aceitar é tentar perpetuar os privilégios políticos e culturais que perduram desde o franquismo.
Não vai ser fácil, mas a bola está a rolar.
Iñaki SOTO
licenciado em Filosofia
Fonte: Gara
---
VER:
«Apoio internacional na sequência de "Zutik Euskal Herria": Protagonistas-chave dos processos irlandês e sul-africano», de Josu JUARISTI
«Carta aberta a Ángela Murillo», de Iñaki IRIONDO
Editorial do Gara: «A Declaração de Bruxelas estabelece os parâmetros do conflito e abre uma oportunidade»
Mas Euskal Herria e os bascos têm razões próprias para desconfiar da comunidade internacional. Não já baseando-se nesses trágicos exemplos, mas porque na sua história existem tristes capítulos em que líderes de nível mundial faltaram à palavra dada ao povo basco, traíram as suas esperanças e condenaram-nos a sofrer injustiças que passaram à história negra da humanidade. Os mais conhecidos têm que ver, sem qualquer dúvida, com o franquismo. Por exemplo, dizem que em 1945 o general Charles De Gaulle se emocionou ao inteirar-se da forma como o Batalhão Gernika tinha lutado na libertação de Paris com a ikurriña por bandeira. Existe, de facto, uma foto que imortaliza o momento em que o general francês se põe em sentido diante da bandeira e dos combatentes bascos. Essa emoção não se traduziu, no entanto, em agradecimento algum, e a França não fez absolutamente nada pela causa basca. Minto, reprimiu o euskara.
Paradoxalmente, a organização que fundou aquele batalhão, a ANV, faz hoje parte da «lista europeia de organizações terroristas», já que esse partido foi condenado pelos tribunais espanhóis por ser sucessor do Herri Batasuna, fundado em 1978. Aquilo que a lógica humana não suporta, dentro dos limites do espaço/tempo, suporta-o esta comunidade internacional, cujo sistema administrativo e legal pode chegar a legitimar.
Em poucas palavras, historicamente a comunidade internacional comoveu-se com o «Guernica» de Picasso enquanto ignorava o povo que o inspirou, o país dos cavalos que relincham debaixo das bombas, o povo que procura o seu caminho com uma candeia que um punho mantém ao alto frente a tanta escuridão.
Todavia, numa reflexão que vai mais além da nossa realidade concreta, não convém esquecer que a função actual da comunidade internacional não é a de libertar povos injustamente subjugados pelos seus vizinhos, maiores e mais poderosos. E, dada a forma como essa comunidade está organizada e a actual correlação de forças a nível mundial, de momento é melhor não aspirar a tal, pelo menos no curto prazo. Nestes últimos anos os factos mostraram que a ideia de relacionar intervenções militares internacionais com a de restituir a justiça ou a democracia culminou sempre em tragédia - e, muito frequentemente, em farsa. Com todos os matizes, isto serve tanto para os Balcãs como para o Afeganistão. E isso apesar de existirem, pelo menos teoricamente, «guerras justas». Existem não porque o diga Barack Obama - independentemente do facto de pensar ou não que as que lhe calharam defender sejam justas -, mas porque assim o evidencia a história contemporânea. Alguns dos seus grandes cronistas, como George Orwell ou John Reed, deram testemunho disso. Também não se deve aqui esquecer que actores dessa história, como Jean-Paul Sartre ou Olof Palme, julgaram uma vez que a guerra dos bascos pela sua liberdade é uma guerra justa.
Por tudo isso, quem realmente deseja um mundo melhor e, seguindo uma máxima internacionalista, quer começar a construi-lo em casa, a partir do seu próprio país, deve ter uma agenda internacional que inclua a reforma das instituições que hoje compõem essa comunidade internacional. Mas, no caso de Euskal Herria, para poder conseguir ser sujeito dessa mudança, tem de aspirar a fazer parte dessa comunidade internacional, como o são a África do Sul, a Irlanda, a Suécia, a Noruega, a Eslovénia... ou, se se preferir, a Bolívia, o Equador ou Cuba. Com direito a voto, como nação que é e estado que deve ser, se os seus cidadãos assim o decidirem. Isso é o Estado basco. Isso será ou não será nada. Pode-se estar contra ou a favor, mas não se pode desligar, seja de forma ingénua ou maliciosa, do conceito de comunidade internacional. Pelo menos não politicamente.
Neste contexto, a Declaração de Bruxelas volta a pôr em cima da mesa essa contraditória relação dos bascos com a comunidade internacional, mas desta vez em sentido positivo. As denúncias de diferentes organismos internacionais de direitos humanos, especialmente os dependentes da ONU dedicados à prevenção da tortura e das detenções arbitrárias, transformam-se agora num apoio explícito à iniciativa da esquerda abertzale e à capacidade que tem de trazer uma mudança estrutural ao conflito basco. Uma mudança positiva para todas as pessoas que aqui vivem e são afectadas pelo conflito. Portanto, os que até agora tentaram menosprezar essa iniciativa deverão mudar de guião. A relevância dos signatários não escapa a ninguém e dá a justa dimensão do desafio e das oportunidades que se abrem. Não são pára-quedistas, nem num sentido nem no outro. Isto é, podem ajudar mas não podem fazer o trabalho que deve ser feito pelos cidadãos bascos e os seus representantes; e a sua contribuição pode ser positiva porque não caíram do céu e têm o conhecimento e a experiência necessária para ajudar a encontrar um acordo. A declaração coloca o conflito basco na agenda internacional, algo que os sucessivos governos em Madrid tentaram sempre evitar, e coloca-o como aquilo que é: um conflito político. Em consequência, a sua resolução deverá ser também política.
No entanto, é importante entender que por si mesmo o documento não tem valor maior se não for acompanhado de compromissos e decisões. Decisões que, em primeira instância, correspondem a quem o documento se dirige, às partes na liça. Mas os compromissos têm de começar no plano individual e estruturar-se através de organizações e movimentos políticos apropriados para esta fase do processo político em marcha. Não tem cabimento delegar essa tarefa na classe política nem na comunidade internacional.
Como já se disse, a comunidade internacional não liberta povos, mas dentro do contexto europeu pode ajudar a homologar um acordo justo e democrático que abra uma nova fase política em Euskal Herria. Um ciclo em que a luta pela liberdade dos bascos continuará a existir, que ninguém se iluda, mas na qual - caso seja alcançado - se terá avançado no reconhecimento da sua condição de nação e do seu direito a decidir o seu futuro. Essa fase não vai ser aberta por um mandato da ONU, mas por um mandato claro do povo basco.
Em suma, em Euskal Herria ninguém deve ficar à espera que, após a Declaração de Bruxelas, comecem a cair do céu latas de carne de pára-quedas, como no Plan Marshall, nem soldados que impeçam as injustiças e os abusos. Mas também ninguém deve dar demasiada importância aos preservativos XXL que, tal como os norte-americanos faziam na guerra psicológica contra os vietnamitas, as FSE e os meios de comunicação espanhóis mandam para terras bascas, para nos fazer crer que, mais uma vez, a batalha está perdida. Ninguém nos vai libertar, mas pode-se conseguir que ninguém nos impeça de nos libertarmos a nós mesmos se se conseguir o apoio da maioria do povo.
Uma maioria de cidadãos bascos pede o reconhecimento de Euskal Herria como nação, que tem direito a estruturar-se enquanto tal, a que seja facilitado o desenvolvimento da sua cultura e, sendo esse o caso, com base nos acordos alcançados e sempre dependendo da vontade popular, a conseguir formar-se como estado independente na Europa. É um pedido legítimo e democrático, e deve ser atendido e respeitado. Não o aceitar é tentar perpetuar os privilégios políticos e culturais que perduram desde o franquismo.
Não vai ser fácil, mas a bola está a rolar.
Iñaki SOTO
licenciado em Filosofia
Fonte: Gara
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VER:
«Apoio internacional na sequência de "Zutik Euskal Herria": Protagonistas-chave dos processos irlandês e sul-africano», de Josu JUARISTI
«Carta aberta a Ángela Murillo», de Iñaki IRIONDO
Editorial do Gara: «A Declaração de Bruxelas estabelece os parâmetros do conflito e abre uma oportunidade»
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O hospital recebeu ordens para não enterrar o cadáver de Jon Anza
O hospital Purpan não pediu apenas ajuda para identificar o estranho que deu entrada nos seus serviços no dia 29 de Abril de 2009. Com Jon Anza já falecido, perguntou o que deveria fazer com o cadáver. A resposta oficial foi que guardasse o corpo.
O «caso Anza» encontra-se há mais de uma semana sob segredo de justiça, o que impede que as pessoas que têm relação directa com ele possam confirmar as informações que vão surgindo. Como o Gara constatava na ampla reportagem de domingo, em Toulouse pesa o silêncio. Contudo, isso não impediu que o comissário Guy Sapata se expressasse, não tendo hesitado em passar as responsabilidades sobre a falta de identificação de Anza para o hospital onde este deu entrada a 29 de Abril de 2009 e onde morreu a 11 de Maio.
«Detectámos várias disfuncionalidades», reconhecia Guy Sapata, director da Polícia Judiciária, nessa reportagem, para insistir que na esquadra «ninguém recebeu os faxes provenientes do hospital».
«Pode ser que tenham chegado ao sítio ou à pessoa errada, as cosas perdem-se», alegava, para voltar novamente à carga contra o Purpan, garantindo que «a instituição que funcionou mal é a que anda a emitir comunicados de imprensa».
Deste modo, o responsável policial criticava o comunicado emitido pelo hospital universitário no dia 15 de Março, no qual se esquivava às acusações de falta de diligência, assegurando que fez comunicou por três vezes e a três instituições a entrada nas suas instalações de uma pessoa não identificada.
Para além das discrepâncias sobre as responsabilidades em relação à identificação em vida de Jon Anza, uma das muitas questões a que a investigação liderada pela juíza Myriam Viargues deverá responder é como é que o corpo pôde permanecer durante dez longos meses na morgue sem que ninguém o identificasse, nem ordenasse, passado o prazo habitual, o seu enterro.
A estranheza do caso...
No comunicado de 15 de Março, o Hospital Purpan explicava por que razão o corpo não foi enterrado pouco depois de morrer. O médico forense expressou a sua oposição inicial à concretização desse procedimento por não se conhecer a identidade do falecido.
O que é que se passou para que, semanas volvidas, não se completasse com êxito essa identificação nem se enterrasse o cadáver como é habitual, cumprido o prazo orientativo de dois meses?
Uma resposta, embora parcial, a essa pergunta pode ser encontrada na informação a que o Gara teve acesso, por fontes próximas ao Purpan. O hospital não seguiu o protocolo habitual no caso de pessoas falecidas não identificadas porque recebeu instruções noutro sentido.
De acordo com essas informações, que este diário procurou confirmar na segunda-feira, sem êxito, no serviço de comunicações do Hospital e da Procuradoria, o Purpan não só entrou em contacto com a Polícia (30 de Abril), a Procuradoria (4 de Maio) e o Centro de Buscas de Pessoas Desaparecidas (7 de Maio), mas, após o falecimento do refugiado basco, a 11 de Maio, manteve «intercâmbios fluidos» com a Polícia Judiciária e a Procuradoria a fim de saber o que fazer com o cadáver.
Lembre-se que a família Anza denunciou o desaparecimento do seu familiar no dia 15 de Maio em Baiona e que três dias mais tarde a procuradora Anne Kayanakis iniciou uma investigação por «desaparecimento inquietante». Exactamente nessa altura, mas em Toulouse, o hospital coloca, segundo as fontes consultadas pelo Gara, uma primeira questão às autoridades competentes na busca de desaparecidos. A questão podia ser resumida no seguinte enunciado de correio electrónico: «Que devemos fazer com o corpo da pessoa cujo desaparecimento demos a conhecer a esse serviço...?». A resposta contribui para aumentar a aura de mistério que rodeia o affaire. Aludindo a aspectos estranhos, ordenam ao hospital que mantenha o corpo na morgue.
O Gara não pôde confirmar se nessa resposta ao requerimento do hospital, a Polícia Judiciária (PJ) ou a Procuradoria estabeleceu um prazo para manter o corpo por enterrar.
No entanto, o facto de o hospital, passado um prazo, ter voltado a avançar com novo pedido de instruções faz pensar que a ordem foi a de deixar o corpo sine die na morgue.
O hospital envia pouco depois um segundo requerimento - existe registo de e-mail -, com origem, muito provavelmente, nos serviços da própria morgue, para saber o que fazer com o corpo.
No que às datas diz respeito, lembre-se que no dia 20 de Maio é enviado aos hospitais, desde Baiona, o pedido de informação sobre Anza.
O de Toulouse recebe outra resposta misteriosa a essa nova diligência sobre o destino a dar ao corpo da pessoa que, oficialmente, continua por identificar no depósito. É-lhe dito que «a Polícia Judiciária tem uma investigação» sobre o caso, pelo que o corpo deve continuar na morgue.
Num relatório que estará já nas mãos da juíza de instrução, o hospital em que o habitante de Ahetze passou os seus últimos dias de vida dá nota da «intensa comunicação» mantida pelos seus serviços com as autoridades policiais e judiciais de Toulouse antes e depois do falecimento de uma pessoa, para eles, desconhecida. Sem contar com outros sistemas de comunicação, aos endereços electrónicos de «mais de uma dezena de pessoas» chegaram notícias do estranho caso do desaparecido que chegou com um fio de vida ao Purpan no dia 29 de Abril de 2009.
Não o esqueceram na morgue
Para lá de outras considerações, o que esta nova revelação coloca em evidência é que Anza não foi «esquecido» na morgue na sequência de uma «cadeia de erros administrativos», mas que houve uma vontade expressa de deixar o corpo nesse lugar.
Das respostas dadas ao hospital - não se pode pôr de parte a possibilidade de ter havido outras - pode-se deduzir que, contra o que foi afirmado até à data, essa pessoa não identificada chegada ao Purpan despertou realmente curiosidade, ao ponto de ter sido expressamente colocado um travão ao enterro do seu cadáver e se ter anunciado ao hospital «uma investigação da PJ», cujos detalhes deverão ser aprofundados pela juíza Viargues.
Maite UBIRIA
Fonte: Gara
O «caso Anza» encontra-se há mais de uma semana sob segredo de justiça, o que impede que as pessoas que têm relação directa com ele possam confirmar as informações que vão surgindo. Como o Gara constatava na ampla reportagem de domingo, em Toulouse pesa o silêncio. Contudo, isso não impediu que o comissário Guy Sapata se expressasse, não tendo hesitado em passar as responsabilidades sobre a falta de identificação de Anza para o hospital onde este deu entrada a 29 de Abril de 2009 e onde morreu a 11 de Maio.
«Detectámos várias disfuncionalidades», reconhecia Guy Sapata, director da Polícia Judiciária, nessa reportagem, para insistir que na esquadra «ninguém recebeu os faxes provenientes do hospital».
«Pode ser que tenham chegado ao sítio ou à pessoa errada, as cosas perdem-se», alegava, para voltar novamente à carga contra o Purpan, garantindo que «a instituição que funcionou mal é a que anda a emitir comunicados de imprensa».
Deste modo, o responsável policial criticava o comunicado emitido pelo hospital universitário no dia 15 de Março, no qual se esquivava às acusações de falta de diligência, assegurando que fez comunicou por três vezes e a três instituições a entrada nas suas instalações de uma pessoa não identificada.
Para além das discrepâncias sobre as responsabilidades em relação à identificação em vida de Jon Anza, uma das muitas questões a que a investigação liderada pela juíza Myriam Viargues deverá responder é como é que o corpo pôde permanecer durante dez longos meses na morgue sem que ninguém o identificasse, nem ordenasse, passado o prazo habitual, o seu enterro.
A estranheza do caso...
No comunicado de 15 de Março, o Hospital Purpan explicava por que razão o corpo não foi enterrado pouco depois de morrer. O médico forense expressou a sua oposição inicial à concretização desse procedimento por não se conhecer a identidade do falecido.
O que é que se passou para que, semanas volvidas, não se completasse com êxito essa identificação nem se enterrasse o cadáver como é habitual, cumprido o prazo orientativo de dois meses?
Uma resposta, embora parcial, a essa pergunta pode ser encontrada na informação a que o Gara teve acesso, por fontes próximas ao Purpan. O hospital não seguiu o protocolo habitual no caso de pessoas falecidas não identificadas porque recebeu instruções noutro sentido.
De acordo com essas informações, que este diário procurou confirmar na segunda-feira, sem êxito, no serviço de comunicações do Hospital e da Procuradoria, o Purpan não só entrou em contacto com a Polícia (30 de Abril), a Procuradoria (4 de Maio) e o Centro de Buscas de Pessoas Desaparecidas (7 de Maio), mas, após o falecimento do refugiado basco, a 11 de Maio, manteve «intercâmbios fluidos» com a Polícia Judiciária e a Procuradoria a fim de saber o que fazer com o cadáver.
Lembre-se que a família Anza denunciou o desaparecimento do seu familiar no dia 15 de Maio em Baiona e que três dias mais tarde a procuradora Anne Kayanakis iniciou uma investigação por «desaparecimento inquietante». Exactamente nessa altura, mas em Toulouse, o hospital coloca, segundo as fontes consultadas pelo Gara, uma primeira questão às autoridades competentes na busca de desaparecidos. A questão podia ser resumida no seguinte enunciado de correio electrónico: «Que devemos fazer com o corpo da pessoa cujo desaparecimento demos a conhecer a esse serviço...?». A resposta contribui para aumentar a aura de mistério que rodeia o affaire. Aludindo a aspectos estranhos, ordenam ao hospital que mantenha o corpo na morgue.
O Gara não pôde confirmar se nessa resposta ao requerimento do hospital, a Polícia Judiciária (PJ) ou a Procuradoria estabeleceu um prazo para manter o corpo por enterrar.
No entanto, o facto de o hospital, passado um prazo, ter voltado a avançar com novo pedido de instruções faz pensar que a ordem foi a de deixar o corpo sine die na morgue.
O hospital envia pouco depois um segundo requerimento - existe registo de e-mail -, com origem, muito provavelmente, nos serviços da própria morgue, para saber o que fazer com o corpo.
No que às datas diz respeito, lembre-se que no dia 20 de Maio é enviado aos hospitais, desde Baiona, o pedido de informação sobre Anza.
O de Toulouse recebe outra resposta misteriosa a essa nova diligência sobre o destino a dar ao corpo da pessoa que, oficialmente, continua por identificar no depósito. É-lhe dito que «a Polícia Judiciária tem uma investigação» sobre o caso, pelo que o corpo deve continuar na morgue.
Num relatório que estará já nas mãos da juíza de instrução, o hospital em que o habitante de Ahetze passou os seus últimos dias de vida dá nota da «intensa comunicação» mantida pelos seus serviços com as autoridades policiais e judiciais de Toulouse antes e depois do falecimento de uma pessoa, para eles, desconhecida. Sem contar com outros sistemas de comunicação, aos endereços electrónicos de «mais de uma dezena de pessoas» chegaram notícias do estranho caso do desaparecido que chegou com um fio de vida ao Purpan no dia 29 de Abril de 2009.
Não o esqueceram na morgue
Para lá de outras considerações, o que esta nova revelação coloca em evidência é que Anza não foi «esquecido» na morgue na sequência de uma «cadeia de erros administrativos», mas que houve uma vontade expressa de deixar o corpo nesse lugar.
Das respostas dadas ao hospital - não se pode pôr de parte a possibilidade de ter havido outras - pode-se deduzir que, contra o que foi afirmado até à data, essa pessoa não identificada chegada ao Purpan despertou realmente curiosidade, ao ponto de ter sido expressamente colocado um travão ao enterro do seu cadáver e se ter anunciado ao hospital «uma investigação da PJ», cujos detalhes deverão ser aprofundados pela juíza Viargues.
Maite UBIRIA
Fonte: Gara
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Walter Wendelin detido na Venezuela
A Polícia venezuelana deteve Walter Wendelin, segundo fez saber a ONG Provea.
Walter Wendelin foi detido no domingo no aeroporto internacional de Maiquetía, de onde foi levado para a sede do Servicio Bolivariano de Inteligencia (Sebin), segundo indicou à Efe Marino Alvarado, coordenador do Programa Venezolano de Educación-Acción en Derechos Humanos (Provea), organização não governamental independente venezuelana.
Alvarado afirmou que se trata de uma «detenção arbitrária», já que o detido «não cometeu qualquer crime na Venezuela».
O membro da esquerda abertzale esteve em Caracas há alguns meses a participar num fórum organizado pela esquerda venezuelana, de acordo com informações da imprensa local.
A detenção não foi confirmada até ao momento por fontes oficiais nem são conhecidas as razões que a motivaram.
«Criminalização da solidariedade»
A Askapena enquadrou a detenção na campanha de «criminalização da solidariedade internacionalista» e sublinha que Wendelin trabalhou incansavelmente pelo internacionalismo tanto em Euskal Herria como no mundo. «Esses são os "factos" e esse é o seu único "crime"», salienta.
«Os estados imperialistas e os seus lacaios, desde os paramilitares colombianos, passando por juízes e Polícia, até aos 'jornalistas' criminalizadores, não precisam de outro 'crime'», refere.
Fonte: Gara
Ver também: askapena.org e lahaine.org
Walter Wendelin foi detido no domingo no aeroporto internacional de Maiquetía, de onde foi levado para a sede do Servicio Bolivariano de Inteligencia (Sebin), segundo indicou à Efe Marino Alvarado, coordenador do Programa Venezolano de Educación-Acción en Derechos Humanos (Provea), organização não governamental independente venezuelana.
Alvarado afirmou que se trata de uma «detenção arbitrária», já que o detido «não cometeu qualquer crime na Venezuela».
O membro da esquerda abertzale esteve em Caracas há alguns meses a participar num fórum organizado pela esquerda venezuelana, de acordo com informações da imprensa local.
A detenção não foi confirmada até ao momento por fontes oficiais nem são conhecidas as razões que a motivaram.
«Criminalização da solidariedade»
A Askapena enquadrou a detenção na campanha de «criminalização da solidariedade internacionalista» e sublinha que Wendelin trabalhou incansavelmente pelo internacionalismo tanto em Euskal Herria como no mundo. «Esses são os "factos" e esse é o seu único "crime"», salienta.
«Os estados imperialistas e os seus lacaios, desde os paramilitares colombianos, passando por juízes e Polícia, até aos 'jornalistas' criminalizadores, não precisam de outro 'crime'», refere.
Fonte: Gara
Ver também: askapena.org e lahaine.org
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Presos políticos, detenções, repressão, solidariedade
A Polícia francesa deteve sete cidadãos bascos em Lapurdi
De acordo com o Movimento pró-Amnistia, foram detidos Dabid Bachacou (Kanbo), Peio Hirigoien (Beskoitze), Xabi Hirigoien (Beskoitze), Joel Zurutuza (Donibane Lohitzune), Arkaitz Toner (Ziburu), Mattin Olzomendi (Ziburu), Iker Edme (Azkaine). São acusados de participar em ataques contra escritórios de agências imobiliárias.
Para exigir a libertação dos detidos haverá mobilizações hoje, às 19h, em Donibane Lohizune, Hazparne, Azkaine e Kanbo.
Fonte: askatu.org
Nota: O Berria e a kazeta.info fazem ainda referência a um oitavo detido, Peio Elizery (Angelu). A kazet.info diz que haverá também concentração em Baiona às 18h30.
Marcha solidária à prisão de Jaén
Cerca de 300 pessoas deslocaram-se da Bizkaia até Jaén, na Andaluzia.
Um juiz tenta que duas acusadas de afixar cartazes condenem a ETA
O juiz de Instrução número 6 do Tribunal da Bizkaia quis forçar duas jovens, que estavam a ser julgadas por denunciarem a tortura, a condenar a ETA. O magistrado perguntou-lhes «se estariam dispostas a condenar qualquer tipo de violência», tendo então o seu o advogado manifestado o seu mal-estar, já que isto não possuía qualquer relevância para a acusação que pende sobre elas.
Recorde-se que, há dois meses, a juíza da Audiência Nacional espanhola Ángela Murillo fez o mesmo com Arnaldo Otegi, julgado por «enaltecimento do terrorismo». Depois de se ter recusado a responder, foi condenado.
As duas mulheres foram identificadas pela Ertzaintza quando afixavam cartazes contra a tortura. Nele apareciam imagens de Patxi López e Rodolfo Ares, e são acusadas de «calúnias».
Pelos presos
Entretanto, na segunda-feira em Ondarroa concentraram-se 102 pessoas pelos presos, 45 em Laudio, 28 em Zorrotza (Bilbo), 12 em Iurreta e Añorga, 11 em Euba, em Pasai San Pedro e em Ataun 25, em Zaldibia 30, em Zaldibar 17 e em Santurtzi 75. Em Altsasu foram 60 no domingo. Em Oiartzun, 82 habitantes evocaram na segunda à noite o médico Esteban Muruetagoeina, morto em 1982 depois de torturado, e apoiaram os presos.
Fonte: Gara
De acordo com o Movimento pró-Amnistia, foram detidos Dabid Bachacou (Kanbo), Peio Hirigoien (Beskoitze), Xabi Hirigoien (Beskoitze), Joel Zurutuza (Donibane Lohitzune), Arkaitz Toner (Ziburu), Mattin Olzomendi (Ziburu), Iker Edme (Azkaine). São acusados de participar em ataques contra escritórios de agências imobiliárias.
Para exigir a libertação dos detidos haverá mobilizações hoje, às 19h, em Donibane Lohizune, Hazparne, Azkaine e Kanbo.
Fonte: askatu.org
Nota: O Berria e a kazeta.info fazem ainda referência a um oitavo detido, Peio Elizery (Angelu). A kazet.info diz que haverá também concentração em Baiona às 18h30.
Marcha solidária à prisão de Jaén
Cerca de 300 pessoas deslocaram-se da Bizkaia até Jaén, na Andaluzia.
Um juiz tenta que duas acusadas de afixar cartazes condenem a ETA
O juiz de Instrução número 6 do Tribunal da Bizkaia quis forçar duas jovens, que estavam a ser julgadas por denunciarem a tortura, a condenar a ETA. O magistrado perguntou-lhes «se estariam dispostas a condenar qualquer tipo de violência», tendo então o seu o advogado manifestado o seu mal-estar, já que isto não possuía qualquer relevância para a acusação que pende sobre elas.
Recorde-se que, há dois meses, a juíza da Audiência Nacional espanhola Ángela Murillo fez o mesmo com Arnaldo Otegi, julgado por «enaltecimento do terrorismo». Depois de se ter recusado a responder, foi condenado.
As duas mulheres foram identificadas pela Ertzaintza quando afixavam cartazes contra a tortura. Nele apareciam imagens de Patxi López e Rodolfo Ares, e são acusadas de «calúnias».
Pelos presos
Entretanto, na segunda-feira em Ondarroa concentraram-se 102 pessoas pelos presos, 45 em Laudio, 28 em Zorrotza (Bilbo), 12 em Iurreta e Añorga, 11 em Euba, em Pasai San Pedro e em Ataun 25, em Zaldibia 30, em Zaldibar 17 e em Santurtzi 75. Em Altsasu foram 60 no domingo. Em Oiartzun, 82 habitantes evocaram na segunda à noite o médico Esteban Muruetagoeina, morto em 1982 depois de torturado, e apoiaram os presos.
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Berri Txarrak - «Oreka»
A banda de Lekunberri (Nafarroa) também vai estar presente no dia 2, em Durango, no festival organizado pela plataforma de jovens independentistas gaztEHerria.
segunda-feira, 29 de março de 2010
Destacadas personalidades internacionais subscrevem uma declaração para a resolução do conflito em Euskal Herria
Vinte personalidades internacionais subscreveram um documento para a resolução do conflito político em Euskal Herria, no qual sublinham a importância dos passos que a esquerda abertzale deu, pedem à ETA que apoie esse compromisso com um cessar-fogo e reclamam ao Governo espanhol que «responda apropriadamente».
Declaração (ing-cas) e signatários
Declaração (ing-cas) e signatários
-
Bideoa / Vídeo: http://www.gara.net/bideoak/europa/index.php
O advogado e mediador sul-africano Brian Currin apresentou hoje no Parlamento Europeu uma declaração subscrita por vinte personalidades internacionais destacadas na resolução de conflitos. Currin esteve acompanhado pela eurodeputada flamenga Frieda Brepoels (Verdes/ALE).
Em primeiro lugar, saúdam e elogiam a declaração da esquerda abertzale e a sua aposta em vias políticas e democráticas para alcançar os seus objectivos políticos, por entenderem que pode ser «um passo fundamental para acabar com o último conflito político que persiste na Europa».
Por isso, pedem à ETA que apoie esse compromisso «declarando um cessar-fogo permanente e completamente verificável» e ao Governo espanhol, por seu lado, que «responda apropriadamente», porque na sua opinião isso «possibilitaria o avanço dos novos esforços políticos e democráticos, a resolução dos contenciosos e alcançar uma paz duradoura».
Questionado sobre quais deveriam ser as medidas que o Governo espanhol devia tomar no caso de se verificar um cessar-fogo da ETA, o perito sul-africano defendeu, a título pessoal, que a esquerda abertzale deveria poder concorrer às eleições, e que a repatriação dos presos para Euskal Herria também seria uma ajuda.
Entre os signatários estão o Nobel da Paz Desmond Tutu; o ex-presidente da África do Sul e também Nobel da Paz Frederik de Klerk; a Fundação Nelson Mandela; a ex-presidente da Irlanda Mary Robinson; o Nobel da Paz John Hume; o ex-primeiro ministro da Irlanda Albert Reynolds; Jonathan Powell, chefe de Gabinete do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair; Nuala O'Loan, primeira Provedora de Justiça em matéria policial no Norte da Irlanda; Raymond Kendal, ex-secretário-geral da Interpol; Betty Williams, Nobel da Paz pelo seu trabalho na superação do conflito na Irlanda, e Denis Haughey, assistente de John Hume, entre outros.
Fonte: Gara
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Março de flores e punhos
Euskal Herria foi durante aqueles anos um alfobre de lutas sociais: a greve de Bandas nos anos 60, a greve geral de Navarra em 1973, o encerro dos mineiros de Potasas em 1974... Incontáveis conflitos sectoriais e locais faziam da nossa terra um bastião contra o capitalismo enganador e a servidão do sindicalismo vertical
Também 1976 foi um ano crítico. Os herdeiros do regime resolviam os seus pleitos à navalhada. A direita - tal como agora - não deixava que se modificasse nem um ápice da rede ditatorial. Os mais perspicazes propunham algumas mudanças para continuar a governar ao pontapé e a ganhar às zakutadas. [sacadas]
O empresariado franquista de então encarregou Suárez (os socialistas ainda iam de vermelho) da operação cosmética necessária para maquilhar a face de Espanha. Grande parte daquela sociedade, com o cérebro atrofiado pela falta de uso e anestesiada pelos informativos a que chamavam relatórios, engoliu o anzol. Houve sectores - entre os quais a classe operária organizada - que descobriram a fraude. Euskal Herria foi durante aqueles anos um alfobre de lutas sociais: a greve de Bandas nos anos 60, a greve geral de Navarra em 1973, o encerro dos mineiros de Potasas em 1974... Incontáveis conflitos sectoriais e locais faziam da nossa terra um bastião contra o capitalismo enganador e a servidão do sindicalismo vertical. Aquele clima de elevada consciência operária e de mobilização permanente sedimentou-se em Janeiro de 1976. Com o ano em uníssono, solidificou-se em Gasteiz uma massiva luta proletária que não cedeu, apesar da repressão que tinha de suportar; duríssima experiência de confronto de classe em que as mulheres assumiram um papel de grande destaque.
As sucessivas greves gerais desembocaram no massacre de 3 de Março que acabamos de recordar. Foram assassinados numerosos trabalhadores mas a luta daqueles dias e anos demonstrou-se eficaz: pôs a descoberto a farsa de uma transição para o mesmo modelo capitalista; tirou a máscara aos supostos dirigentes de esquerda que já se tinham alistado como escudeiros de uma monarquia exploradora; varreu os sindicatos verticais; conquistou melhorias substanciais que o capitalismo actual está a limitar. Gerou dignidade e consciência naqueles que a sustentaram e estimularam: «A luta do 3 de Março - reconhece uma activista amiga - marcou na minha vida um antes e um depois».
34 anos mais tarde, alguns parâmetros de então mantêm-se: a arrogância e os benefícios de sectores empresariais e financeiros insaciáveis; a docilidade de políticos complacentes; um Governo basco - progressista por fora e fascista por dentro, como a UCD - gestor da mudança que o capital exige; a servidão de sindicatos estatais convertidos em orgânicos; o adormecimento de uma sociedade letárgica. Frente a eles, mais uma vez, a classe operária organizada. Uma maioria sindical basca que adquire cada dia maior protagonismo; impulsora de um decálogo de medidas úteis e viáveis.
No dia 3 de Março voltámos a homenagear os operários assassinados em 1976. Memória e flores que nos instigaram à dignidade e à firmeza. «A luta valeu a pena», reconheciam as trabalhadoras de Orereta que mantiveram uma longa e dura greve. No dia 27 de Março, milhares de pessoas ergueram a voz e o punho contra um sistema intolerável. «A força da classe trabalhadora - dizem as centrais convocantes - radica na mobilização e na luta para confrontar as políticas neoliberais e anti-sociais».
Jesus VALENCIA
educador social
Fonte: Gara
Também 1976 foi um ano crítico. Os herdeiros do regime resolviam os seus pleitos à navalhada. A direita - tal como agora - não deixava que se modificasse nem um ápice da rede ditatorial. Os mais perspicazes propunham algumas mudanças para continuar a governar ao pontapé e a ganhar às zakutadas. [sacadas]
O empresariado franquista de então encarregou Suárez (os socialistas ainda iam de vermelho) da operação cosmética necessária para maquilhar a face de Espanha. Grande parte daquela sociedade, com o cérebro atrofiado pela falta de uso e anestesiada pelos informativos a que chamavam relatórios, engoliu o anzol. Houve sectores - entre os quais a classe operária organizada - que descobriram a fraude. Euskal Herria foi durante aqueles anos um alfobre de lutas sociais: a greve de Bandas nos anos 60, a greve geral de Navarra em 1973, o encerro dos mineiros de Potasas em 1974... Incontáveis conflitos sectoriais e locais faziam da nossa terra um bastião contra o capitalismo enganador e a servidão do sindicalismo vertical. Aquele clima de elevada consciência operária e de mobilização permanente sedimentou-se em Janeiro de 1976. Com o ano em uníssono, solidificou-se em Gasteiz uma massiva luta proletária que não cedeu, apesar da repressão que tinha de suportar; duríssima experiência de confronto de classe em que as mulheres assumiram um papel de grande destaque.
As sucessivas greves gerais desembocaram no massacre de 3 de Março que acabamos de recordar. Foram assassinados numerosos trabalhadores mas a luta daqueles dias e anos demonstrou-se eficaz: pôs a descoberto a farsa de uma transição para o mesmo modelo capitalista; tirou a máscara aos supostos dirigentes de esquerda que já se tinham alistado como escudeiros de uma monarquia exploradora; varreu os sindicatos verticais; conquistou melhorias substanciais que o capitalismo actual está a limitar. Gerou dignidade e consciência naqueles que a sustentaram e estimularam: «A luta do 3 de Março - reconhece uma activista amiga - marcou na minha vida um antes e um depois».
34 anos mais tarde, alguns parâmetros de então mantêm-se: a arrogância e os benefícios de sectores empresariais e financeiros insaciáveis; a docilidade de políticos complacentes; um Governo basco - progressista por fora e fascista por dentro, como a UCD - gestor da mudança que o capital exige; a servidão de sindicatos estatais convertidos em orgânicos; o adormecimento de uma sociedade letárgica. Frente a eles, mais uma vez, a classe operária organizada. Uma maioria sindical basca que adquire cada dia maior protagonismo; impulsora de um decálogo de medidas úteis e viáveis.
No dia 3 de Março voltámos a homenagear os operários assassinados em 1976. Memória e flores que nos instigaram à dignidade e à firmeza. «A luta valeu a pena», reconheciam as trabalhadoras de Orereta que mantiveram uma longa e dura greve. No dia 27 de Março, milhares de pessoas ergueram a voz e o punho contra um sistema intolerável. «A força da classe trabalhadora - dizem as centrais convocantes - radica na mobilização e na luta para confrontar as políticas neoliberais e anti-sociais».
Jesus VALENCIA
educador social
Fonte: Gara
ABERRI EGUNA / Dia da Pátria basca
Pais e mães da «zona não bascófona» recolhem apoios em Iruñea
Cerca de 3000 pessoas, de acordo com os organizadores, manifestaram-se nas ruas de Iruñea, respondendo à convocatória de um grupo de pais e mães de crianças que vivem na «zona não bascófona». Com esta mobilização, a primeira que convocam, reivindicavam a igualdade de direitos tanto entre euskaldunes e erdaldunes como entre habitantes das diferentes zonas de Nafarroa.
À frente da marcha ia uma faixa em que se lia «Euskara Hautatzeko askatasuna - Libertad para elegir el euskera». No final da manifestação, o porta-voz dos convocantes, Mikel Mayayo, leu um comunicado com o qual os organizadores reivindicaram a possibilidade de «escolarizar as nossas crianças em euskara na nossa localidade com os mesmos direitos e opções que os restantes».
A sua exigência não se limita apenas ao âmbito educativo, pois reivindicam a possibilidade de viver completamente em euskara. Assim, defendem «a formação contínua em euskara e o ensino para adultos; ver como qualquer um a televisão em euskara; desfrutar a cultura, o lazer em euskara, com oferta variada, em igualdade de condições, sem penalizações; ligar o rádio e, entre todas as ofertas em antena, ouvir em euskara as notícias do nosso meio, e, partindo do nosso bilinguismo, abrirmo-nos ao mundo aprendendo a comunicar noutras línguas, tornando-nos multilingues».
Fonte: Gara
Para ver reportagem fotográfica: lahaine.org
À frente da marcha ia uma faixa em que se lia «Euskara Hautatzeko askatasuna - Libertad para elegir el euskera». No final da manifestação, o porta-voz dos convocantes, Mikel Mayayo, leu um comunicado com o qual os organizadores reivindicaram a possibilidade de «escolarizar as nossas crianças em euskara na nossa localidade com os mesmos direitos e opções que os restantes».
A sua exigência não se limita apenas ao âmbito educativo, pois reivindicam a possibilidade de viver completamente em euskara. Assim, defendem «a formação contínua em euskara e o ensino para adultos; ver como qualquer um a televisão em euskara; desfrutar a cultura, o lazer em euskara, com oferta variada, em igualdade de condições, sem penalizações; ligar o rádio e, entre todas as ofertas em antena, ouvir em euskara as notícias do nosso meio, e, partindo do nosso bilinguismo, abrirmo-nos ao mundo aprendendo a comunicar noutras línguas, tornando-nos multilingues».
Fonte: Gara
Para ver reportagem fotográfica: lahaine.org
Os processados da Udalbiltza recebem o apoio de representantes de nações sem Estado
As jornadas internacionais sobre autodeterminação realizadas este fim-de-semana em Donostia pela Udalbiltza e o Conseu terminaram com um acto no Kursaal, em que se denunciou a situação das 23 pessoas imputadas por pertencerem à instituição nacional basca, e que aguardam por julgamento.
Representantes de nações sem Estado e peritos em direitos dos povos que participaram nas sessões destacaram o trabalho da Udalbiltza e pediram à Procuradoria espanhola que retire a acusação.
No acto participaram, entre outros, o presidente da Udalbiltza, Loren Arkotza, os advogados August Gil Matamala, Yann Choucq e Bill Bowrin, ou a representante do Sinn Féin Kathleen Funchion, além do presidente do CIEMEN, Aurelio Argemí.
Fonte: Gara
Ver também: «Jornadas internacionais sobre a autodeterminação: Impulsionadores da autodeterminação apoiam a Udalbiltza», de Ramón Sola, em Gara
Representantes de nações sem Estado e peritos em direitos dos povos que participaram nas sessões destacaram o trabalho da Udalbiltza e pediram à Procuradoria espanhola que retire a acusação.
No acto participaram, entre outros, o presidente da Udalbiltza, Loren Arkotza, os advogados August Gil Matamala, Yann Choucq e Bill Bowrin, ou a representante do Sinn Féin Kathleen Funchion, além do presidente do CIEMEN, Aurelio Argemí.
Fonte: Gara
Ver também: «Jornadas internacionais sobre a autodeterminação: Impulsionadores da autodeterminação apoiam a Udalbiltza», de Ramón Sola, em Gara
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Desaparecimento e morte de Jon Anza: A Polícia continua sem procurar pistas óbvias sobre Jon Anza
O caso «está nas mãos da Justiça». Toulouse fecha-se, confrontada com as perguntas sobre o aparecimento do cadáver do refugiado basco Jon Anza. Um ano depois, as testemunhas da descoberta em frente ao restaurante Hippopotamus reduziram-se aos bombeiros, à Polícia e ao pessoal da ambulância. Ninguém quer falar.
Crónica de Alberto PRADILLA e Aritz INTXUSTA, em Gara
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Miguel Castells: «O simples facto de lutar já é uma vitória»
Miguel Castells, entrevistado por Fermin Munarriz, em Gara
Pronunciar o seu nome é evocar os principais processos políticos do último meio século de Euskal Herria. Culto, meticuloso, tenaz e lutador, domina a oratória como um estilete no tribunal. Os seus adversários temem-no; os seus colegas admiram-no. Todos concordam: é um dos advogados penalistas mais brilhantes do país.
Bideoa / Vídeo (excertos da entrevista): http://www.gara.net/bideoak/castells/index.php
Pronunciar o seu nome é evocar os principais processos políticos do último meio século de Euskal Herria. Culto, meticuloso, tenaz e lutador, domina a oratória como um estilete no tribunal. Os seus adversários temem-no; os seus colegas admiram-no. Todos concordam: é um dos advogados penalistas mais brilhantes do país.
Bideoa / Vídeo (excertos da entrevista): http://www.gara.net/bideoak/castells/index.php
O EPPK abandona o protesto depois de o Governo suspender a ordem das inspecções físicas
O Colectivo de Presos Políticos Bascos (EPPK) anunciou numa nota de imprensa que decidiu pôr fim à dinâmica de protestos empreendida contra as inspecções com apalpamento dos seus familiares e amigos. Nela afirma saber que o Governo espanhol deixou sem efeito a ordem que vinha a impor, e entende que este tipo de práticas não se deve voltar a repetir.
Na nota enviada ao Gara, o Colectivo de Presos Políticos Bascos avança uma decisão sobre a qual dará explicações mais detalhadas proximamente. Informa que decidiu interromper a dinâmica de protestos que estava a levar a cabo contra as inspecções com apalpamento, e que foi especialmente intensa no mês de Fevereiro.
Recordam que, desde que estas práticas començaram a ser impostas aos familiares, forma muito numerosas as iniciativas de denúncia tanto dentro como fora das prisões. E, sobretudo, desde que Outubro último foram suspensos muitos encontros íntimos.
O Colectivo de Presos Políticos Bascos revela agora que recentemente o Governo espanhol deu um passo atrás e «deixou em suspenso a ordem das inspecções com apalpamento». De modo que, daqui em diante, esta prática «deverá ser concreta, motivada e sem apalpamento».
«Face a esta nova situação, fazemos saber que interrompemos a dinâmica de protestos. Deixamos em suspenso os movimentos preparados para os próximos meses».
«A nossa disposição é clara.», acrescenta o Colectivo. «Não deveria haver problemas para entrar nos vis a vis e para os poder efectuar em condições dignas».
Oiartzun, Goierri, Jaén...
A notícia ficou-se a saber num fim-de-semana repleto de iniciativas de apoio aos presos políticos bascos. Uma das mais fortes foi a marcha realizada desde Bilbo até à prisão andaluza de Jaén, em que participaram umas 300 pessoas.
Em Oiartzun, durante doze horas houve uma concentração ininterrupta na praça da localidade, na qual foram passando o testemunho diversos colectivos da terra. E em Aretxabaleta umas 50 pessoas realizaram uma marcha montanheira e 60 concentraram-se à tarde.
No Goierri pôs-se em marcha a iniciativa Herriz Herri, que terá continuidade nos dias 10 de Abril e 5 e 12 de Junho. Segundo informaram os convocantes, ontem estiveram em Ormaiztegi, Idiazabal, Zegama e Segura. Amigos e familiares dos presos juntaram-se em frente ao Carrefour de Olaberria e percorreram a comarca numa caravana composta por quinze veículos.
Em Ormaiztegi realizou-se uma cadeia humana móvel que juntou cerca de 50 pessoas. Dali foram para Idiazabal, onde 70 pessoas se reuniram num almoço. Foram também a Zegama numa caravana de veículos e depois houve uma manifestação. Posteriormente eram para ir até Segura, mas decidiram ir a Zerain, onde se realizava o EGI Eguna. E finalmente em Segura teve lugar uma concentração prologada por um triki-poteo.
Em Hondarribia, para além disso, 35 pessoas participaram na habitual concentração dos sábados.
Fonte: Gara
Na nota enviada ao Gara, o Colectivo de Presos Políticos Bascos avança uma decisão sobre a qual dará explicações mais detalhadas proximamente. Informa que decidiu interromper a dinâmica de protestos que estava a levar a cabo contra as inspecções com apalpamento, e que foi especialmente intensa no mês de Fevereiro.
Recordam que, desde que estas práticas començaram a ser impostas aos familiares, forma muito numerosas as iniciativas de denúncia tanto dentro como fora das prisões. E, sobretudo, desde que Outubro último foram suspensos muitos encontros íntimos.
O Colectivo de Presos Políticos Bascos revela agora que recentemente o Governo espanhol deu um passo atrás e «deixou em suspenso a ordem das inspecções com apalpamento». De modo que, daqui em diante, esta prática «deverá ser concreta, motivada e sem apalpamento».
«Face a esta nova situação, fazemos saber que interrompemos a dinâmica de protestos. Deixamos em suspenso os movimentos preparados para os próximos meses».
«A nossa disposição é clara.», acrescenta o Colectivo. «Não deveria haver problemas para entrar nos vis a vis e para os poder efectuar em condições dignas».
Oiartzun, Goierri, Jaén...
A notícia ficou-se a saber num fim-de-semana repleto de iniciativas de apoio aos presos políticos bascos. Uma das mais fortes foi a marcha realizada desde Bilbo até à prisão andaluza de Jaén, em que participaram umas 300 pessoas.
Em Oiartzun, durante doze horas houve uma concentração ininterrupta na praça da localidade, na qual foram passando o testemunho diversos colectivos da terra. E em Aretxabaleta umas 50 pessoas realizaram uma marcha montanheira e 60 concentraram-se à tarde.
No Goierri pôs-se em marcha a iniciativa Herriz Herri, que terá continuidade nos dias 10 de Abril e 5 e 12 de Junho. Segundo informaram os convocantes, ontem estiveram em Ormaiztegi, Idiazabal, Zegama e Segura. Amigos e familiares dos presos juntaram-se em frente ao Carrefour de Olaberria e percorreram a comarca numa caravana composta por quinze veículos.
Em Ormaiztegi realizou-se uma cadeia humana móvel que juntou cerca de 50 pessoas. Dali foram para Idiazabal, onde 70 pessoas se reuniram num almoço. Foram também a Zegama numa caravana de veículos e depois houve uma manifestação. Posteriormente eram para ir até Segura, mas decidiram ir a Zerain, onde se realizava o EGI Eguna. E finalmente em Segura teve lugar uma concentração prologada por um triki-poteo.
Em Hondarribia, para além disso, 35 pessoas participaram na habitual concentração dos sábados.
Fonte: Gara
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Ver também: «Numerosas localidades exigem respeito pelos direitos dos presos políticos», em Gara
domingo, 28 de março de 2010
Reformas legais contra a esquerda «abertzale»: Alfredo Pérez Rubalcaba chega tarde e mal para ficar com os créditos
Tasio (Gara)
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Nas piores condições, quando foi alvo das agressões mais fortes, a esquerda abertzale respondeu ao Governo espanhol com a máxima de «a mais repressão, mais iniciativa política» e assim tem vindo a traçar o seu próprio caminho até hoje. Alfredo Pérez Rubalcaba fez a sua própria leitura disto e optou por um dos jogos de palavras tão do seu gosto. Agora o seu lema é «a mais iniciativa política, mais repressão». E fica todo satisfeito.
Nenhum observador objectivo - e mais ainda se provém de uma cultura democrática estabelecida - pode entender que, quando a esquerda abertzale acaba de fazer uma aposta política de peso e decidiu que toda a sua estratégia se há-de basear em vias democráticas e políticas e que todas as suas formas de actuação devem ser encaminhadas para a activação popular e a acumulação de forças, a única resposta do Governo espanhol consista em endurecer as condições em que esse sector político poderá aceder ao trabalho institucional.
Este novo endurecimento é a continuação da operação de 13 de Outubro passado, quando, com a detenção de Arnaldo Otegi, Rafa Díez, Miren Zabaleta, Sonia Jacinto e Arkaitz Rodríguez, o Governo Zapatero tentou abortar o debate na esquerda abertzale. Procurava impedir que o independentismo desse o salto estratégico que ameaça o statu quo que Madrid quer manter. Aquilo saiu-lhe mal e isto não parece que lhe vá correr melhor.
Rubalcaba pretende sabotar a vida interna da esquerda abertzale para a fazer desistir do caminho decidido pela maioria e poder prosseguir assim numa situação que é cómoda para o Estado. E, no final, se não o conseguir, aspira ao menos a ficar com o crédito de ser quem logrou o que não será mais que uma consequência lógica da decisão unilateral do independentismo.
Desta vez, o homem com fama de astuto Maquiavel chega tarde e mal. Tarde porque a esquerda abertzale, a quem esta reforma legislativa se destina expressamente, já soltou amarras e partiu para cobrir a sua rota com o mapa traçado pelas suas bases. Portanto, as ameaças ministeriais não a vão fazer mudar de rumo. Mais, se chegar a bom porto como espera, todo este endurecimento legal será inútil, para desgosto do ministro do cacetete e dos seus.
Mas Rubalcaba também chega mal. Porque a sequência de acontecimentos dos últimos dias que conduzem ao anúncio deste endurecimento deixam ver que é o Partido Popular, e concretamente o sector mais ultra, liderado por Jaime Mayor Oreja, que dita a estratégia contra a esquerda abertzale que, como um cordeirinho manso e complexado, o Governo de José Luis Rodríguez Zapatero depois segue.
A do tempo, papel, energia e dinheiro que vão gastar para nada.
Iñaki IRIONDO
Fonte: Gara
Ver também: «Rubalcaba vende a sua reforma como "mensagem de firmeza"», em Gara
«Kiroga afirma que Rubalcaba "fica nervoso com o que a esquerda abertzale pode fazer" pela mudança política», em Gara
Nenhum observador objectivo - e mais ainda se provém de uma cultura democrática estabelecida - pode entender que, quando a esquerda abertzale acaba de fazer uma aposta política de peso e decidiu que toda a sua estratégia se há-de basear em vias democráticas e políticas e que todas as suas formas de actuação devem ser encaminhadas para a activação popular e a acumulação de forças, a única resposta do Governo espanhol consista em endurecer as condições em que esse sector político poderá aceder ao trabalho institucional.
Este novo endurecimento é a continuação da operação de 13 de Outubro passado, quando, com a detenção de Arnaldo Otegi, Rafa Díez, Miren Zabaleta, Sonia Jacinto e Arkaitz Rodríguez, o Governo Zapatero tentou abortar o debate na esquerda abertzale. Procurava impedir que o independentismo desse o salto estratégico que ameaça o statu quo que Madrid quer manter. Aquilo saiu-lhe mal e isto não parece que lhe vá correr melhor.
Rubalcaba pretende sabotar a vida interna da esquerda abertzale para a fazer desistir do caminho decidido pela maioria e poder prosseguir assim numa situação que é cómoda para o Estado. E, no final, se não o conseguir, aspira ao menos a ficar com o crédito de ser quem logrou o que não será mais que uma consequência lógica da decisão unilateral do independentismo.
Desta vez, o homem com fama de astuto Maquiavel chega tarde e mal. Tarde porque a esquerda abertzale, a quem esta reforma legislativa se destina expressamente, já soltou amarras e partiu para cobrir a sua rota com o mapa traçado pelas suas bases. Portanto, as ameaças ministeriais não a vão fazer mudar de rumo. Mais, se chegar a bom porto como espera, todo este endurecimento legal será inútil, para desgosto do ministro do cacetete e dos seus.
Mas Rubalcaba também chega mal. Porque a sequência de acontecimentos dos últimos dias que conduzem ao anúncio deste endurecimento deixam ver que é o Partido Popular, e concretamente o sector mais ultra, liderado por Jaime Mayor Oreja, que dita a estratégia contra a esquerda abertzale que, como um cordeirinho manso e complexado, o Governo de José Luis Rodríguez Zapatero depois segue.
A do tempo, papel, energia e dinheiro que vão gastar para nada.
Iñaki IRIONDO
Fonte: Gara
Ver também: «Rubalcaba vende a sua reforma como "mensagem de firmeza"», em Gara
«Kiroga afirma que Rubalcaba "fica nervoso com o que a esquerda abertzale pode fazer" pela mudança política», em Gara
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Crónica de um debate: A mulher, presa fácil da tortura e das prisões concebidas para o homem
A aparente igualdade em que vivemos encobre qualquer vislumbre de violência que as mulheres sofrem pelo mero facto de o serem. E se o cenário são esquadras ou prisões, a impunidade acrescida das FSE soterra-as ainda mais. Quatro ex-presas relataram na quinta-feira em Oiartzun (Gipuzkoa) o que passaram entre muros.
Detenção
«Queimaram-me os mamilos com um isqueiro»
Ane Beristain foi presa com o seu irmão e o seu companheiro em 1989. No decorrer do período de incomunicação os agentes da Guarda Civil enfiaram-lhe um revólver na boca. Ela apenas recorda o sabor a pólvora e como pedia aos agentes que disparassem: «Não podia mais, só queria que aquilo acabasse», disse perante um público que seguia expectante a narração.
Já correu muita água desde que as mulheres passaram a ser alvo de uma dupla tortura nas esquadras. A oiartzuarra Ixiar Galardi foi detida há 28 anos, e recorda como no momento da detenção «o mundo me caiu em cima. Não se consegue evitar pensar que estamos nas mãos deles».
«A eles, não lhes entra na cabeça o compromisso político que uma mulher possa ter», afirma, para explicar que as mulheres são sempre tratadas e interrogadas como «putas».
Para lá da linguagem sexista e das pressões, no período de incomunicação, que no seu caso se prolongou por dez dias, os polícias agarraram-na pelos peitos: «Tornou-se insuportável, apertavam-me com cada vez mais força com as suas mãos asquerosas».
Beristain foi a mais decidida na hora de rememorar os detalhes daqueles cinco dias porque está mais do que convencida de que é preciso contá-lo: «É muito difícil voltar a encarar aquilo, mas é preciso fazê-lo porque a tortura continua a existir, e as mulheres vivem o que nós vivemos. Isto tem de ser sabido», realçou.
Disse que sofreu o «saco», os eléctrodos, a queima dos mamilos. No entanto, foram os gritos e soluços do seu companheiro que a fizeram aguentar. «Para que o meu irmão e o meu companheiro não passassem pelo mesmo que eu, o meu corpo bloqueou e a partir desse momento não gritava nem chorava». Passaram três anos até ser capaz de contar o que se passou na esquadra.
Kristina Gete recuperou a liberdade há poucos meses, e depois de estar incomunicável, há doze anos, denunciou ter sido violada pelos guardas civis. «Quando se entra na prisão, arranjamos forças para escrever o testemunho de tortura e aprendemos a viver com isso».
Prisão
«Quando as construíram, nem sequer pensaram que podia haver reclusas»
Galardi passou duas décadas da sua vida na prisão, pelo que o sistema penitenciário não lhe é estranho. Conheceu a prisão de Yeserías, que, apesar de possuir umas condições «penosas, com ratazanas incluídas», lhe faz lembrar a força e o apoio que o grupo dá. Ali estavam todos os presos políticos. Após o fechamento de Yeserías veio Carabanchel, onde o regime se tornou «bastante férreo». Contudo, graças à luta empreendida pelo Colectivo, conseguiram as condições que tinham antes.
Em 1989 chegou a política oficial de dispersão, uma medida que afectou de maneira mais cruel as mulheres, por serem um grupo inferior e mais fácil de dividir.
São muito poucas as prisões que destinadas às mulheres. A maioria delas foi concebida sem sequer se imaginar que podia haver reclusas, pelo que as mulheres foram metidas em espaços adaptados para tal e que não contavam com um pátio, e menos ainda com ginásio, biblioteca, sala de enfermaria ou oficinas.
Beristain recordou como era terminantemente proibido às mulheres passar ao lado dos homens, no sítio onde ficava a sala do dentista, sendo que a elas lhes tiravam os dentes no corredor, sem anestesia e seguras por carcereiras. Uma historieta que reflecte sobremaneira a situação da mulher na prisão.
Maternidade
«Não nos podem negar também o direito à maternidade»
Maribel Zabaleku encontrava-se apenas há dois meses na prisão quando descobriu que estava grávida. Só esteve com o filho durante quinze meses, porque não acredita que a prisão seja lugar para isso. Os carcereiros começaram a despi-las cada vez que iam ao pátio e, como protesto, decidiram fazer um «encerro», o que fez com que o seu filho estivesse dois meses numa cela onde só cabia o berço.
Gete, no entanto, manteve o seu filho consigo até aos três anos mas também não foi fácil. Recorda como foi obrigada a parir rodeada de polícias. Exigiu que, pelo menos, fosse uma mulher a estar na sala de partos. «Tive sorte, se assustou-se e foi-se», recorda rindo-se. Os meses seguintes também não foram fáceis; proibiam-lhe a compra de fraldas e nem sequer a sesta do menino era respeitada, já que nessa altura tinha de vir para o pátio com ele nos braços.
Sabe que a prisão não é um bom lugar para ninguém, mas insiste que entre muros «se continua a viver e a lutar para tornar os sonhos realidade». «E não nos podem recusar o direito a ser mães», sublinha orgulhosa.
Oihana LLORENTE
Fonte: Gara
Detenção
«Queimaram-me os mamilos com um isqueiro»
Ane Beristain foi presa com o seu irmão e o seu companheiro em 1989. No decorrer do período de incomunicação os agentes da Guarda Civil enfiaram-lhe um revólver na boca. Ela apenas recorda o sabor a pólvora e como pedia aos agentes que disparassem: «Não podia mais, só queria que aquilo acabasse», disse perante um público que seguia expectante a narração.
Já correu muita água desde que as mulheres passaram a ser alvo de uma dupla tortura nas esquadras. A oiartzuarra Ixiar Galardi foi detida há 28 anos, e recorda como no momento da detenção «o mundo me caiu em cima. Não se consegue evitar pensar que estamos nas mãos deles».
«A eles, não lhes entra na cabeça o compromisso político que uma mulher possa ter», afirma, para explicar que as mulheres são sempre tratadas e interrogadas como «putas».
Para lá da linguagem sexista e das pressões, no período de incomunicação, que no seu caso se prolongou por dez dias, os polícias agarraram-na pelos peitos: «Tornou-se insuportável, apertavam-me com cada vez mais força com as suas mãos asquerosas».
Beristain foi a mais decidida na hora de rememorar os detalhes daqueles cinco dias porque está mais do que convencida de que é preciso contá-lo: «É muito difícil voltar a encarar aquilo, mas é preciso fazê-lo porque a tortura continua a existir, e as mulheres vivem o que nós vivemos. Isto tem de ser sabido», realçou.
Disse que sofreu o «saco», os eléctrodos, a queima dos mamilos. No entanto, foram os gritos e soluços do seu companheiro que a fizeram aguentar. «Para que o meu irmão e o meu companheiro não passassem pelo mesmo que eu, o meu corpo bloqueou e a partir desse momento não gritava nem chorava». Passaram três anos até ser capaz de contar o que se passou na esquadra.
Kristina Gete recuperou a liberdade há poucos meses, e depois de estar incomunicável, há doze anos, denunciou ter sido violada pelos guardas civis. «Quando se entra na prisão, arranjamos forças para escrever o testemunho de tortura e aprendemos a viver com isso».
Prisão
«Quando as construíram, nem sequer pensaram que podia haver reclusas»
Galardi passou duas décadas da sua vida na prisão, pelo que o sistema penitenciário não lhe é estranho. Conheceu a prisão de Yeserías, que, apesar de possuir umas condições «penosas, com ratazanas incluídas», lhe faz lembrar a força e o apoio que o grupo dá. Ali estavam todos os presos políticos. Após o fechamento de Yeserías veio Carabanchel, onde o regime se tornou «bastante férreo». Contudo, graças à luta empreendida pelo Colectivo, conseguiram as condições que tinham antes.
Em 1989 chegou a política oficial de dispersão, uma medida que afectou de maneira mais cruel as mulheres, por serem um grupo inferior e mais fácil de dividir.
São muito poucas as prisões que destinadas às mulheres. A maioria delas foi concebida sem sequer se imaginar que podia haver reclusas, pelo que as mulheres foram metidas em espaços adaptados para tal e que não contavam com um pátio, e menos ainda com ginásio, biblioteca, sala de enfermaria ou oficinas.
Beristain recordou como era terminantemente proibido às mulheres passar ao lado dos homens, no sítio onde ficava a sala do dentista, sendo que a elas lhes tiravam os dentes no corredor, sem anestesia e seguras por carcereiras. Uma historieta que reflecte sobremaneira a situação da mulher na prisão.
Maternidade
«Não nos podem negar também o direito à maternidade»
Maribel Zabaleku encontrava-se apenas há dois meses na prisão quando descobriu que estava grávida. Só esteve com o filho durante quinze meses, porque não acredita que a prisão seja lugar para isso. Os carcereiros começaram a despi-las cada vez que iam ao pátio e, como protesto, decidiram fazer um «encerro», o que fez com que o seu filho estivesse dois meses numa cela onde só cabia o berço.
Gete, no entanto, manteve o seu filho consigo até aos três anos mas também não foi fácil. Recorda como foi obrigada a parir rodeada de polícias. Exigiu que, pelo menos, fosse uma mulher a estar na sala de partos. «Tive sorte, se assustou-se e foi-se», recorda rindo-se. Os meses seguintes também não foram fáceis; proibiam-lhe a compra de fraldas e nem sequer a sesta do menino era respeitada, já que nessa altura tinha de vir para o pátio com ele nos braços.
Sabe que a prisão não é um bom lugar para ninguém, mas insiste que entre muros «se continua a viver e a lutar para tornar os sonhos realidade». «E não nos podem recusar o direito a ser mães», sublinha orgulhosa.
Oihana LLORENTE
Fonte: Gara
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Pedem que a ikurriña apareça sozinha na Câmara Municipal bilbotarra
Centenas de pessoas responderam na sexta-feira à tarde à convocatória para a manifestação em defesa da ikurriña e contra a presença da bandeira espanhola na sede do Município bilbotarra.
Na cabeceira da manifestação ia uma representação dos convocantes. Eleitos da Ezker Abertzalea, bem como ex-vereadores do EA e EE, partilharam uma faixa com pessoas de sensibilidades políticas, sindicais e sociais diferentes. Atrás deles, centenas de pessoas fizeram o percurso que separa o Arriaga do Município com gritos de «Ikurrina bai, espainola ez» e «Independentzia».
A manifestação, em que se viram muitas ikurriñas e se ouviram palavras de ordem a favor da independência, culminou em frente à escadaria da Câmara Municipal, onde há dois anos foi imposta, de madrugada, a bandeira espanhola. Ali, representantes dos convocantes afirmaram que a única bandeira que gera «confronto e crispação» é a espanhola, à qual atribuíram um significado de «imposição, repressão e negação do direito a decidir». Não é uma bandeira querida nem sentida em Bilbo e apenas pode ser vista em tabacarias, edifícios oficiais, caixas de correio e quartéis.
Salientaram o facto de que são cada vez mais as pessoas que defendem a criação de um Estado basco, tendo em seguida aderido ao Aberri Eguna unitário que, com o lema «Nazio gara. Estatua behar dugu. Independentzia», se celebrará no dia 4 de Abril em Irun e Hendaia. O dia da pátria basca adquire este ano uma importância notável e bastantes agentes sociais já pediram aos cidadãos que exibam as suas ikurriñas nas varandas e janelas.
Fonte: lahaine.org
Ver também: «Na Câmara Municipal, Bilbo falou com clareza sobre a bandeira espanhola» [com reportagem fotográfica], em lahaine.org
Na cabeceira da manifestação ia uma representação dos convocantes. Eleitos da Ezker Abertzalea, bem como ex-vereadores do EA e EE, partilharam uma faixa com pessoas de sensibilidades políticas, sindicais e sociais diferentes. Atrás deles, centenas de pessoas fizeram o percurso que separa o Arriaga do Município com gritos de «Ikurrina bai, espainola ez» e «Independentzia».
A manifestação, em que se viram muitas ikurriñas e se ouviram palavras de ordem a favor da independência, culminou em frente à escadaria da Câmara Municipal, onde há dois anos foi imposta, de madrugada, a bandeira espanhola. Ali, representantes dos convocantes afirmaram que a única bandeira que gera «confronto e crispação» é a espanhola, à qual atribuíram um significado de «imposição, repressão e negação do direito a decidir». Não é uma bandeira querida nem sentida em Bilbo e apenas pode ser vista em tabacarias, edifícios oficiais, caixas de correio e quartéis.
Salientaram o facto de que são cada vez mais as pessoas que defendem a criação de um Estado basco, tendo em seguida aderido ao Aberri Eguna unitário que, com o lema «Nazio gara. Estatua behar dugu. Independentzia», se celebrará no dia 4 de Abril em Irun e Hendaia. O dia da pátria basca adquire este ano uma importância notável e bastantes agentes sociais já pediram aos cidadãos que exibam as suas ikurriñas nas varandas e janelas.
Fonte: lahaine.org
Ver também: «Na Câmara Municipal, Bilbo falou com clareza sobre a bandeira espanhola» [com reportagem fotográfica], em lahaine.org
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sábado, 27 de março de 2010
Versões oficiais, cal viva e memória colectiva
Pessoas que se viram afectadas ao longo da sua vida pela repressão ou a guerra suja convocaram mobilizações em várias localidades navarras para dia 31 de Março. Denunciar o que se passou com Jon Anza é o objectivo destas manifestações.
O desaparecimento de Jon Anza representou o expoente máximo da chamada Guerra Suja do século XXI, que em Nafarroa teve dois episódios nos sequestros de Dani Saralegi e Alain Berastegi. Passaram já várias semanas desde que o corpo do refugiado e militante abertzale foi encontrado na morgue de Toulouse. A versão oficial não dá respostas às múltiplas questões que se acumulam nas cabeças de todos e todas.
Ainda por cima, como se não bastasse, para não esclarecer essas questões, procuram incriminar quem expõe publicamente as suas suspeitas sobre o que terá podido acontecer ao Jon: que Jon Anza foi sequestrado, torturado e assassinado por elementos das forças policiais espanholas.
Até ao momento, a única versão que foi posta de parte, e não porque seja eu a dizê-lo, mas a própria procuradora de Baiona, Anne Kayanakis, foi a de Alfredo Pérez Rubalcaba, ministro do Interior do Estado espanhol: «Jon ha huido con el dinero al Caribe y por eso ETA nos pide que lo busquemos».
Euskal Herria, e Nafarroa em concreto, conhece de sobra quais são os objectivos das versões oficiais. Quando, em 1978, Germán Rodriguez foi assassinado em plena rua durante os Sanfermines, a versão oficial falou de «erros», mas nunca foi reconhecido que estes acontecimentos estivessem preparados ou que tivessem um objectivo político. Em 1979 Gladys del Estal foi assassinada em Tutera pela Guarda Civil. Dessa vez a versão oficial falou de «luta» e de «disparo fortuito e acidental». Quem assistiu ao que se passou disse que foi uma execução.
Em muitas outras ocasiões não houve testemunhas para rebater a versão oficial: «Mikel Zabalza afogou-se» no rio Bidasoa em 1985 «quando tentava fugir», depois de ter sido detido pela Guarda Civil de Intxaurrondo; Susana Arregi e Juan Mari Lizarralde «suicidaram-se quando se viram encurralados pelas forças policiais, ajudados por German Rubenach» na Foz do Lumbier, em 1990; Mikel Iribarren «queimou a cara com um cocktail molotov» durante uns incidentes em 1991; o militante da ETA Josu Zabala Basajaun «suicidou-se em 1997» no alto de Deba; Igor Portu e Mattin Sarasola lesionaram-se ao «oferecer resistência durante a detenção», em 2008.
Mas todos sabemos que Mikel Zabalza foi torturado até à morte em Intxaurrondo, e que posteriormente lhe injectaram água do Bidasoa nos pulmões. O Tribunal de Estrasburgo condenou o Reino de Espanha pelas lesões que um agente espanhol não identificado provocou na cara de Mikel Iribarren com uma lata de gás lacrimogéneo. Temos a certeza de que Susana e Juan Mari não se suicidaram, mas que foram executados pela Guarda Civil. Quem conhecia Josu Zabala não tem dúvidas de que foram polícias a acabar com a vida de Basajaun. E um juiz de Donostia imputou vários guardas civis por agredir e colocar à beira da morte Igor Portu.
As versões oficiais do Interior cheiram a ranço em Euskal Herria e põem a descoberto as vergonhas de estados que se autodenominam democráticos, Estados de Direito, mas que na realidade são frágeis face à verdade que os despe e os mostra tal como são perante a opinião pública. Tanto Espanha como França praticaram ou colaboraram com a guerra suja e os crimes de Estado, mas nunca o reconheceram, e quem participou nestas actividades ficou sempre impune ou pagou um preço muito barato pelos seus crimes.
Mas Euskal Herria tem memória, e não vai parar até que a verdade sobre o sucedido com Jon Anza venha a público. Talvez tenham de passar tantos anos como os que transcorreram entre o desaparecimento de Lasa e Zabala e o regresso dos seus corpos a Euskal Herria, mas nem a cal viva de então nem as versões oficiais de agora farão com que os Galindos e Rubalcabas de sempre passem à história como pessoas de honra.
Josu ESPARZA
membro do Movimento pró-Amnistia
Fonte: apurtu.org
O desaparecimento de Jon Anza representou o expoente máximo da chamada Guerra Suja do século XXI, que em Nafarroa teve dois episódios nos sequestros de Dani Saralegi e Alain Berastegi. Passaram já várias semanas desde que o corpo do refugiado e militante abertzale foi encontrado na morgue de Toulouse. A versão oficial não dá respostas às múltiplas questões que se acumulam nas cabeças de todos e todas.
Ainda por cima, como se não bastasse, para não esclarecer essas questões, procuram incriminar quem expõe publicamente as suas suspeitas sobre o que terá podido acontecer ao Jon: que Jon Anza foi sequestrado, torturado e assassinado por elementos das forças policiais espanholas.
Até ao momento, a única versão que foi posta de parte, e não porque seja eu a dizê-lo, mas a própria procuradora de Baiona, Anne Kayanakis, foi a de Alfredo Pérez Rubalcaba, ministro do Interior do Estado espanhol: «Jon ha huido con el dinero al Caribe y por eso ETA nos pide que lo busquemos».
Euskal Herria, e Nafarroa em concreto, conhece de sobra quais são os objectivos das versões oficiais. Quando, em 1978, Germán Rodriguez foi assassinado em plena rua durante os Sanfermines, a versão oficial falou de «erros», mas nunca foi reconhecido que estes acontecimentos estivessem preparados ou que tivessem um objectivo político. Em 1979 Gladys del Estal foi assassinada em Tutera pela Guarda Civil. Dessa vez a versão oficial falou de «luta» e de «disparo fortuito e acidental». Quem assistiu ao que se passou disse que foi uma execução.
Em muitas outras ocasiões não houve testemunhas para rebater a versão oficial: «Mikel Zabalza afogou-se» no rio Bidasoa em 1985 «quando tentava fugir», depois de ter sido detido pela Guarda Civil de Intxaurrondo; Susana Arregi e Juan Mari Lizarralde «suicidaram-se quando se viram encurralados pelas forças policiais, ajudados por German Rubenach» na Foz do Lumbier, em 1990; Mikel Iribarren «queimou a cara com um cocktail molotov» durante uns incidentes em 1991; o militante da ETA Josu Zabala Basajaun «suicidou-se em 1997» no alto de Deba; Igor Portu e Mattin Sarasola lesionaram-se ao «oferecer resistência durante a detenção», em 2008.
Mas todos sabemos que Mikel Zabalza foi torturado até à morte em Intxaurrondo, e que posteriormente lhe injectaram água do Bidasoa nos pulmões. O Tribunal de Estrasburgo condenou o Reino de Espanha pelas lesões que um agente espanhol não identificado provocou na cara de Mikel Iribarren com uma lata de gás lacrimogéneo. Temos a certeza de que Susana e Juan Mari não se suicidaram, mas que foram executados pela Guarda Civil. Quem conhecia Josu Zabala não tem dúvidas de que foram polícias a acabar com a vida de Basajaun. E um juiz de Donostia imputou vários guardas civis por agredir e colocar à beira da morte Igor Portu.
As versões oficiais do Interior cheiram a ranço em Euskal Herria e põem a descoberto as vergonhas de estados que se autodenominam democráticos, Estados de Direito, mas que na realidade são frágeis face à verdade que os despe e os mostra tal como são perante a opinião pública. Tanto Espanha como França praticaram ou colaboraram com a guerra suja e os crimes de Estado, mas nunca o reconheceram, e quem participou nestas actividades ficou sempre impune ou pagou um preço muito barato pelos seus crimes.
Mas Euskal Herria tem memória, e não vai parar até que a verdade sobre o sucedido com Jon Anza venha a público. Talvez tenham de passar tantos anos como os que transcorreram entre o desaparecimento de Lasa e Zabala e o regresso dos seus corpos a Euskal Herria, mas nem a cal viva de então nem as versões oficiais de agora farão com que os Galindos e Rubalcabas de sempre passem à história como pessoas de honra.
Josu ESPARZA
membro do Movimento pró-Amnistia
Fonte: apurtu.org
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Debate ideológico
Penso que os dois principais aspectos do debate da esquerda abertzale são o ideológico e o estratégico. Em relação ao primeiro, a esquerda abertzale recupera princípios básicos da sua cultura política e militante. O apoio unânime da militância à proposta da direcção coloca no seu devido lugar outras correntes minoritárias que, no contexto das ilegalizações e em consequência dos problemas para poder dar um debate ideológico aberto e organizado, tentaram fazer de lobby, nalguns casos externo e noutros interno. Não vou avaliar as suas boas ou más intenções mas, nessa linha, esta iniciativa demonstrou que os estalinistas que renegam do poder como conceito político nuclear, os anarquistas que negam a democracia e os que não param de se comprometer mas não têm pejo em mandar bitates de fora, não podem constituir-se como mainstream da esquerda abertzale. Em relação à aposta estratégica, a esquerda abertzale relê a situação política e faz uma proposta de futuro em termos de mudança estrutural, adaptando a sua perspectiva revolucionária à actual fase política. A sua proposta não se limita ao seu sector sociopolítico, e propõe uma mudança positiva para toda a sociedade que ponha definitivamente de parte ameaças, vetos e privilégios. O mandato da base social é claro e não propõe obediência devida, mas disciplina política e compromissos, outros dois dos seus valores nucleares.
O resto dos partidos abertzales, com excepção do EA, até endureceram o seu discurso sobre a esquerda abertzale. Evitam assim apresentar as suas propostas de futuro e, dessa forma, como se situam ideológica e estrategicamente neste cenário. Quebram assim, para além da necessária confiança, os respectivos mandatos eleitorais. O PNV limita-se a sonhar com tempos passados, superando o seu particular conservadorismo com grandes doses de nostalgia. Reivindicam a fase anterior nem sequer como base de futuro, mas como objectivo a médio prazo. Mas, então, onde fica a última vitória de Ibarretxe? Transforma-se em derrota. O Aralar, por seu lado, posiciona-se contra Loiola, contra o Aberri Eguna convocado pela rede Independentistak e contra qualquer tipo de coligação à esquerda do PNV, ao mesmo tempo que equipara «paz basca» com dissolução da ETA.
Não é a esquerda abertzale que tem um debate por fazer.
Iñaki SOTO
licenciado em Filosofia
Fonte: Gara
O resto dos partidos abertzales, com excepção do EA, até endureceram o seu discurso sobre a esquerda abertzale. Evitam assim apresentar as suas propostas de futuro e, dessa forma, como se situam ideológica e estrategicamente neste cenário. Quebram assim, para além da necessária confiança, os respectivos mandatos eleitorais. O PNV limita-se a sonhar com tempos passados, superando o seu particular conservadorismo com grandes doses de nostalgia. Reivindicam a fase anterior nem sequer como base de futuro, mas como objectivo a médio prazo. Mas, então, onde fica a última vitória de Ibarretxe? Transforma-se em derrota. O Aralar, por seu lado, posiciona-se contra Loiola, contra o Aberri Eguna convocado pela rede Independentistak e contra qualquer tipo de coligação à esquerda do PNV, ao mesmo tempo que equipara «paz basca» com dissolução da ETA.
Não é a esquerda abertzale que tem um debate por fazer.
Iñaki SOTO
licenciado em Filosofia
Fonte: Gara
Reformas legais: A esquerda «abertzale» afirma que a nova reforma «apenas esconde debilidade e medo»
A esquerda abertzale fez uma avaliação das novas reformas legais com o intuito de facilitar a ilegalização, numa conferência de imprensa que decorreu em Iruñea, considerando que esta nova ofensiva, «uma aparente demonstração de força», «o que realmente evidencia é a debilidade [do Estado] e o medo que o Estado tem do confronto democrático».
Niko Moreno e Miren Legorburu afirmaram que esta intensificação «vinca a necessidade de que a aposta independentista seja estruturada em parâmetros democráticos e de confronto político com o Estado».
Acrescentaram que «Euskal Herria merece que os independentistas estejam presentes nas eleições» e assumem «o compromisso de que assim seja».
Os independentistas consideram que as novas reformas constituem uma «aparente demonstração de força», mas «o que realmente evidencia é a debilidade do Estado e o medo que o Estado tem do confronto democrático que a esquerda abertzale está a propor».
Salientaram que é «evidente que a aposta da esquerda abertzale está a causar agitação», o que «vinca a necessidade de que a opção independentista seja estruturada em parâmetros democráticos».
Fonte: Gara
Ver: «A reforma permitirá retirar o cargo a um eleito de um partido ilegalizado se não condenar a ETA», em Gara
Realçam a importância do Aberri Eguna entre Hendaia e Irun
Representantes da esquerda abertzale de diferentes herrialdes fizeram um apelo à participação no Aberri Eguna unitário convocado pela rede Independentistak e que terá lugar no domingo, 4 de Abril entre Irun e Hendaia.
Miren Legorburu e Niko Moreno, que compareceram em Iruñea com Mariné Pueyo e Aitor Bezares, destacaram que este encontro é muito importante em virtude de ocorrer «num contexto em que se está abrir uma nova fase política» baseada na «activação social» e «na confrontação com o Estado sobre bases políticas e democráticas».
Mostraram-se bastante esperançados no resultado que esta convocatória unitária possa vir a ter, depois de realçar o êxito que alcançaram até ao momento outras iniciativas similares como a manifestação da plataforma Hamaika Bil Gaitezen, que juntou 5000 pessoas em Iruñea, a difusão e o volume de adesões que está a obter a rede Independentistak, e o surgimento em força da iniciativa juvenil GaztEHerria.
Fonte: Gara
Niko Moreno e Miren Legorburu afirmaram que esta intensificação «vinca a necessidade de que a aposta independentista seja estruturada em parâmetros democráticos e de confronto político com o Estado».
Acrescentaram que «Euskal Herria merece que os independentistas estejam presentes nas eleições» e assumem «o compromisso de que assim seja».
Os independentistas consideram que as novas reformas constituem uma «aparente demonstração de força», mas «o que realmente evidencia é a debilidade do Estado e o medo que o Estado tem do confronto democrático que a esquerda abertzale está a propor».
Salientaram que é «evidente que a aposta da esquerda abertzale está a causar agitação», o que «vinca a necessidade de que a opção independentista seja estruturada em parâmetros democráticos».
Fonte: Gara
Ver: «A reforma permitirá retirar o cargo a um eleito de um partido ilegalizado se não condenar a ETA», em Gara
Realçam a importância do Aberri Eguna entre Hendaia e Irun
Representantes da esquerda abertzale de diferentes herrialdes fizeram um apelo à participação no Aberri Eguna unitário convocado pela rede Independentistak e que terá lugar no domingo, 4 de Abril entre Irun e Hendaia.
Miren Legorburu e Niko Moreno, que compareceram em Iruñea com Mariné Pueyo e Aitor Bezares, destacaram que este encontro é muito importante em virtude de ocorrer «num contexto em que se está abrir uma nova fase política» baseada na «activação social» e «na confrontação com o Estado sobre bases políticas e democráticas».
Mostraram-se bastante esperançados no resultado que esta convocatória unitária possa vir a ter, depois de realçar o êxito que alcançaram até ao momento outras iniciativas similares como a manifestação da plataforma Hamaika Bil Gaitezen, que juntou 5000 pessoas em Iruñea, a difusão e o volume de adesões que está a obter a rede Independentistak, e o surgimento em força da iniciativa juvenil GaztEHerria.
Fonte: Gara
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Sentença do «caso 'Egunkaria'» a 12 de Abril
A agência EFE fez saber, de acordo com fontes da Audiência Nacional espanhola, que a sentença do «caso Egunkaria» será conhecida no dia 12 de Abril (segunda-feira).
O julgamento decorreu entre 15 de Dezembro do ano passado e 1 de Fevereiro; o tribunal será constituído por Javier Gómez Bermúdez, Ramón Sáez Valcárcel e Manuela Fernández.
O magistrado Miguel Angel Carballo e a defesa pediram a absolvição de Joan Mari Torrealdai, Iñaki Uria, Txema Auzmendi, Martxelo Otamendi e Xabier Oleaga, tendo em conta que nada foi provado contra eles. A acusação, representada pela Dignidad y Justicia e a AVT, por seu lado, pediu penas de prisão entre os 12 e os 14 anos.
O Egunkaria foi encerrado pela Guarda Civil no dia 20 de Fevereiro de 2003, por ordem do juiz da Audiência Nacional Juan del Olmo, por alegada ligação do diário euskaldun à ETA.
Fonte: Berria
O julgamento decorreu entre 15 de Dezembro do ano passado e 1 de Fevereiro; o tribunal será constituído por Javier Gómez Bermúdez, Ramón Sáez Valcárcel e Manuela Fernández.
O magistrado Miguel Angel Carballo e a defesa pediram a absolvição de Joan Mari Torrealdai, Iñaki Uria, Txema Auzmendi, Martxelo Otamendi e Xabier Oleaga, tendo em conta que nada foi provado contra eles. A acusação, representada pela Dignidad y Justicia e a AVT, por seu lado, pediu penas de prisão entre os 12 e os 14 anos.
O Egunkaria foi encerrado pela Guarda Civil no dia 20 de Fevereiro de 2003, por ordem do juiz da Audiência Nacional Juan del Olmo, por alegada ligação do diário euskaldun à ETA.
Fonte: Berria
Permach, Alvarez e Aldasoro saíram da prisão
Joseba Permach, Joseba Alvarez e Juan Cruz Aldasoro saíram da prisão depois de pagar a fiança decretada pela Audiência Nacional espanhola.
A Audiência Nacional espanhola impôs fianças de 50 000 euros a Joseba Permach, Joseba Alvarez e Juan Kruz Aldasoro, processados no sumário 35/02 aberto contra o Batasuna.
Permach e Alvarez abandonaram as prisões de Sevilha e Logroño ao princípio da tarde, enquanto Aldasoro saiu da prisão de Puerto por volta das 17h00.
A secção segunda da Sala Penal emitiu três autos nos quais lhes é proibido abandonar o Estado espanhol, lhes é retirado o passaporte e lhes são impostas idas semanais ao tribunal.
O tribunal, que tomou esta decisão - que contou com o aval da Procuradoria -, depois de os processados a terem solicitado, proíbe-os de fazer qualquer tipo de «reuniões, manifestações, actos públicos, formação de grupos, coligações ou partidos políticos de características idênticas ou qualitativamente similares» às do Batasuna, Herri Batasuna, Euskal Herritarrok e «suas sucessoras».
Em Outubro último, quando os três cumpriram dois anos de prisão, a Audiência Nacional espanhola decidiu mantê-los na prisão.
Joseba Alvarez foi detido no dia 2 de Outubro de 2007 por participar na manifestação realizada em Setembro, coincidindo com as regatas de Donostia. Dois dias depois, Permach e Aldasoro foram presos na operação iniciada em Segura contra a esquerda abertzale.
Assinaturas da Lokarri
Lokarri entregou na Audiência Nacional espanhola e no Palácio da Moncloa um documento, apoiado por 2896 assinaturas, no qual se exige a libertação dos representantes da esquerda abertzale encarcerados.
De acordo com uma nota publicada pela plataforma Lokarri, no documento pede-se à Audiência Nacional espanhola «a imediata libertação» dos independentistas e ao Governo, «que não tome novas decisões, como ilegalizações e detenções, que dificultem o debate interno».
A delegação da Lokarri também se deslocou até à prisão de Navalcarnero, onde está preso Arnaldo Otegi, para lhe entregar uma carta em que lhe davam conta desta iniciativa.
As autoridades da prisão «recusaram-se a receber a carta, pelo que lhe será enviada por correio postal».
Fonte: Gara
A Audiência Nacional espanhola impôs fianças de 50 000 euros a Joseba Permach, Joseba Alvarez e Juan Kruz Aldasoro, processados no sumário 35/02 aberto contra o Batasuna.
Permach e Alvarez abandonaram as prisões de Sevilha e Logroño ao princípio da tarde, enquanto Aldasoro saiu da prisão de Puerto por volta das 17h00.
A secção segunda da Sala Penal emitiu três autos nos quais lhes é proibido abandonar o Estado espanhol, lhes é retirado o passaporte e lhes são impostas idas semanais ao tribunal.
O tribunal, que tomou esta decisão - que contou com o aval da Procuradoria -, depois de os processados a terem solicitado, proíbe-os de fazer qualquer tipo de «reuniões, manifestações, actos públicos, formação de grupos, coligações ou partidos políticos de características idênticas ou qualitativamente similares» às do Batasuna, Herri Batasuna, Euskal Herritarrok e «suas sucessoras».
Em Outubro último, quando os três cumpriram dois anos de prisão, a Audiência Nacional espanhola decidiu mantê-los na prisão.
Joseba Alvarez foi detido no dia 2 de Outubro de 2007 por participar na manifestação realizada em Setembro, coincidindo com as regatas de Donostia. Dois dias depois, Permach e Aldasoro foram presos na operação iniciada em Segura contra a esquerda abertzale.
Assinaturas da Lokarri
Lokarri entregou na Audiência Nacional espanhola e no Palácio da Moncloa um documento, apoiado por 2896 assinaturas, no qual se exige a libertação dos representantes da esquerda abertzale encarcerados.
De acordo com uma nota publicada pela plataforma Lokarri, no documento pede-se à Audiência Nacional espanhola «a imediata libertação» dos independentistas e ao Governo, «que não tome novas decisões, como ilegalizações e detenções, que dificultem o debate interno».
A delegação da Lokarri também se deslocou até à prisão de Navalcarnero, onde está preso Arnaldo Otegi, para lhe entregar uma carta em que lhe davam conta desta iniciativa.
As autoridades da prisão «recusaram-se a receber a carta, pelo que lhe será enviada por correio postal».
Fonte: Gara
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GaztEHerria
Como já aqui anunciámos, no dia 2 de Abril Durango será o ponto de encontro dos jovens que defendem a independência como única opção para a sobrevivência de Euskal Herria enquanto povo. Vai haver debates, workshops, um almoço popular, kalejiras [marchas, desfiles de rua], um acto e concertos de música com grupos conhecidos como os Asian Dub Foundation, Gose, Soziedad Alkoholika ou os Ojos de Brujo, entre outros.
Agora, damos a conhecer canção desta iniciativa de jovens independentistas, da autoria dos guipuscoanos Esne Beltza, com a colaboração, entre outros, de Gorka Urbizu, dos Berri Txarrak. Mais info: http://www.gazteherria.net/
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