O início das festas de Bilbau e a recta final das de Donostia estiveram marcadas pela presença maciça de fotos de presos políticos bascos, tanto nas paredes das ruas como nas mãos de pessoas que participam nos festejos. Na capital guipuscoana, as imagens arrancadas pela Ertzaintza foram repostas diariamente. Em Bilbau, dezenas de fotos apareceram na descida das comparsas e no txupin.A perseguição movida às imagens de presos políticos bascos neste Verão em espaços festivos públicos e privados continua a ter um efeito contrário ao procurado pelos seus impulsionadores. Embora na maioria dos meios de comunicação só se dê informações sobre as operações policiais de retirada de retratos nas ruas,
txosnas ou bares
abertzales, a presença das fotos foi maior que nunca tanto em Donostia como nas festas de Bilbau, que acabam de começar, bem como na maioria das localidades e bairros do país.
No caso da capital guipuscoana, os habitantes e os visitantes da Alde Zaharra [Parte Velha] puderam verificar como as fotos e as faixas retiradas periodicamente pelas patrulhas de
ertzainas eram substituídas durante a noite por mais e mais imagens, de modo que, no final das festas, os prisioneiros aparecem de modo omnipresente nas suas ruas. Como aconteceu em tantas outras localidades, as fotos foram também distribuídas através de pequenos autocolantes. E dezenas de retratos foram levados também a mobilizações proibidas, como a convocada para sexta-feira pela Etxerat ou a impulsionada no sábado pelo Movimento pró-Amnistia. Ambas terminaram com cargas policiais.
O apoio aos perseguidos através das suas imagens abrangeu também palcos sem conteúdo reivindicativo inicial, como a
kalejira dos seguidores da Real Sociedad que se dirigiam para o estádio de Anoeta, no sábado à noite, para assistir ao jogo do centenário. A Ertzaintza tomou esta presença como uma «infiltração» e carregou também contra este acto, mas as fotos apareceram depois nas bancadas de Anoeta. Outro tanto ocorreu em actos festivos como a «abordagem» pirata de segunda-feira.
No que
respeita a Bilbau, vários meios de comunicação madrilenos admitiam ontem que durante o acto de início das festas se ouviram palavras de ordem insistentes a favor dos presos e que na Praça do Arriaga houve imagens de presos. O diário
El Mundo incluía três delas obtidas no recinto das
txosnas, mas com este título: «Los radicales rebajan en Bilbo su apoyo a ETA». A mensagem oficial única é que o Governo de Patxi López está ser eficaz nesta batalha, embora as imagens digam exactamente o oposto.
Mensagens de «Non dago Jon?», exigindo respostas sobre o desaparecimento do militante da ETA Jon Anza, foram outra constante. E uma faixa enorme com esse lema deixou-se ver no Arriaga, assim como nas
txosnas.
Um detidoEste panorama tem lugar depois de que na Aste Nagusia de Donostia tenham ocorrido cargas policiais em quatro dias diferentes contra mobilizações da esquerda
abertzale. As últimas aconteceram no sábado em diversos pontos da cidade e causaram pelo menos dois feridos e vários hematomas em diversas pessoas. Estas consequências foram minimizadas pelos órgãos de comunicação e não foi emitida uma informação oficial sobre o seu estado, nem sobre o do homem de 85 anos evacuado de ambulância após a carga de sexta-feira.
A confusão reina ainda sobre os retidos ou os detidos. O Departamento do Interior falou apenas numa detenção ocorrida no sábado, na Antso Jakituna etorbidea [Avenida Sancho o Sábio], quando se dirigia para Anoeta. O juiz deixou-o ir em liberdade ontem.
Tasio (Gara)
A Ertzaintza carregou ontem à noite com grande violência no centro de Gernika, causando pelo menos 20 feridosA Ertzaintza voltou a carregar ontem à noite - provocando contusões em inúmeras pessoas e detendo quatro delas (confirmadas oficialmente e já hoje postas em liberdade) - contra centenas de gernikarras, de todas as idades, que se encontravam ao fim da tarde no centro da
localidade a gozar as suas festas. Apenas algumas horas antes tinha havido um almoço popular com 4500 pessoas, pelo que as ruas estavam cheias de gente. A razão apontada para a carga foi que ia ter início um
triki-poteo [giro de bar em bar] em solidariedade com os presos bascos.
Entrada já a noite, testemunhas dos acontecimentos disseram ao
Gara que o número de pessoas feridas e magoadas, por balas de borracha, coronhadas, encontrões ou cacetadas, pode chegar à vintena. As testemunhas oculares afirmaram com insistência que os detidos foram espancados primeiro: «Um deles sangrava do sobrolho quando o meteram na carrinha da Polícia, e o outro tinha a
T-shirt completamente rasgada». Soube-se mais tarde que dois dos detidos são de Gernika, outro é de Forua e um outro de Barakaldo.
Disseram que, depois da proibição imposta pelo tribunal de excepção espanhol - AN - sobre o tradicional pregão do início das festas, por serem a Etxerat e o grupo de rugby da localidade a lê-lo, e depois de proibirem também uma
kalejira [desfile, marcha] marcada para ontem, estava previs
to um
triki-poteo em defesa dos direitos dos presos para a noite de ontem. Este evento, organizado de maneira alternativa, tinha contado com o apoio de 25 bares, que se tinham comprometido a retirar a música durante trinta minutos por esta mesma razão.
Logo após a reunião no recinto das
txosnas e depois de pegarem nas imagens dos presos, os participantes dirigiram-se para a Pablo Picasso kalea. Mas ainda não tinham andado cem metros e já ali estava a Ertzaintza a carregar pela primeira vez, provocando as primeiras correrias. As testemunhas referiram ao
Gara que os agentes «pareciam loucos, atiravam as pessoas pelas escadas abaixo, não queriam saber».
Acrescentaram que as pessoas responderam às cargas com o lançamento de cadeiras e de garrafas. A Ertzaintza respondeu com mais cargas e, antes de abandonar o local, foi até à
herriko taberna e ao recinto de
txosnas, onde voltaram a carregar.
O.L.Na sequência:
«Julen Pascual, 72 anos: 'A um homem, deram-lhe com a espingarda no nariz por me defender'»Notícia completa:
GaraVer também:
«O autarca de Gernika considera um excesso que 'a Ertzaintza entre desta maneira num recinto festivo cheio de gente'», em
Gara