terça-feira, 31 de março de 2009

Repressão: a Polícia espanhola detém oito jovens em Hernani e Urnieta

A Polícia espanhola deteve esta madrugada oito jovens em Hernani e Urnieta, que o Ministério do Interior acusa de ligação a acções de kale borroka, por ordem do juiz Baltasar Garzón. Os agentes inspeccionaram as suas habitações, a herriko taberna, o bar Aker, o gaztetxe e outros dois locais.

Os detidos são Asier Olano, Txaber Zabaleta, Aitzol Arrieta, Egoitz Balerdi, Eki Oñate, Jon Ezeiza, Mikel Gartzia e Iñigo Arzelai, segundo informou o Movimento pró-Amnistia. Foram todos presos em Hernani, excepto Ezeiza, que foi detido em Urnieta, de acordo com o Ministério do Interior.
A Polícia espanhola tentou ainda deter um outro jovem, mas este não se encontrava em casa.

Os agentes inspeccionaram as suas casas, bem como o bar Aker, a herriko taberna Garin e o gaztetxe Kontrakantxa, um local conhecido como Karbonera e um outro situado na Plaza Berri. Numa das inspecções, a Polícia atirou para o chão os pais do detido, segundo o Movimento pró-Amnistia, que precisou que os agentes levaram computadores, T-shirts, autocolantes, DVD e bandeirolas.

O Ministério espanhol do Interior, por seu lado, referiu que a Polícia apreendeu computadores, telemóveis, dispositivos de memória, cartazes e propaganda sobre o TGV, foguetes pirotécnicos e “documentação diversa”.
A operação, que continua aberta, foi ordenada pelo juiz Baltasar Garzón. Na sua nota, o Ministério do Interior considera “desarticulado um grupo de apoio à organização terrorista ETA” e ligou os detidos a “diversos acções” de kale borroka.

O Ministério do Interior precisa que os detidos serão transferidos para o Comissariado Geral de Informação, em Madrid, antes de serem conduzidos à Audiência Nacional espanhola.
O Movimento pró-Amnistia referiu que os familiares dos oito jovens foram chamados para se lhes comunicar que aqueles se encontravam na esquadra de Donostia.
Assembleia e denúncia
Às 20h de hoje se terá lugar uma assembleia na Gudarien Enparantza da localidade.
O Movimento pró-Amnistia veio expressar a sua preocupação pelo trato que os detidos possam receber e recordou que em 2008 se interpuseram 62 denúncias de tortura, 33 delas por pessoas que permaneceram em poder da Polícia espanhola.
A organização anti-repressiva considera que esta operação “mostra bem a medida do acordo repressivo entre PSE e PP”, cuja “base principal é fazer desaparecer todo um sector deste povo, recorrendo para tal a armas, polícias, tortura e prisão”.

Em sua opinião, estas operações contra a juventude independentista mostram “claramente que em Euskal Herria o trabalho político e social se paga com a detenção, a incomunicação, com a prisão e a dispersão. Trabalhar no movimento juvenil é terrorismo no Estado espanhol”, denunciaram. Por isso, apelaram à mobilização.
Fonte: Gara

Aritxulegi volta a ser o cenário do tributo à memória dos ‘gudaris’


Cerca de duzentas pessoas participaram no último domingo na cerimónia anual que se celebra em Aritxulegi em honra dos 225 gudaris “que deram a vida na luta pela liberdade de Euskal Herria”, coincidindo com o 28.º aniversário do falecimento de Telesforo Monzón. A presença da Guarda Civil não impediu que o acto de reconhecimento tivesse lugar. A instituição militar colocou um controlo em Arditturi, onde identificaram os que assistiram à homenagem.

No dia em que se comemorava o 28.º aniversário da morte do histórico abertzale Telesforo Monzón, cerca de duzentas pessoas voltaram ao “carvalhal dos gudaris” de Aritxulegi, em Oiartzun, para honrar a sua memória e o seu exemplo, plantando uma nova árvore pelo recentemente falecido Pedro Mari Goikoetxea.
O “bosque dos gudaris” de Aritxulegi conta já com 225 carvalhos, que a partir das 11h30 de domingo foram obsequiados com rosas vermelhas, entre lágrimas dos familiares e amigos que os voltaram a recordar, apesar dos entraves policiais.

Depois de passar pela placa da EAE-ANV em honra aos gudaris mortos, na qual é possível observar mais de uma dezena de marcas de disparos, um acto simples mas emotivo evocou a memória desses 225 cidadãos bascos e cidadãs bascas “que deram a vida por Euskal Herria”.
Com uma manhã limpa, quase toda a gente notou a presença de vários guardas civis postados sob uma árvore, no cume. Mais evidente era o controlo que montaram logo após a conclusão da cerimónia, perto das minas de Arditturri, onde identificaram todos os que desciam de Aritxulegi. Militares que, além de fazerem perguntas tão curiosas como “Leva consigo explosivos ou armas?”, possuíam também pseudónimos assinaláveis como, por exemplo, Ander ou Portu.

A irrupção da Guarda Civil conseguiu atrasar por uns minutos o acto político que decorreu por volta do meio-dia na praça de Oiartzun e no qual tomou a palavra um membro da esquerda abertzale, que reiterou o compromisso de proteger o “bosque dos gudaris” e de evocar “a memória dos que deram a vida na luta pela liberdade de Euskal Herria”.
Com uma breve passagem pelo contexto político actual, insistiu especialmente no modo como as proibições dos ongi-etorri a presos, dos actos em defesa dos seus direitos ou de iniciativas como a de Aritxulegi perseguem “o carinho que lhes mostramos, porque isso lhes dói. Querem determinar, como a Constituição, de quem devemos gostar. Mas não, isso jamais será assim”.
Também referiu que, com vista ao futuro, “também nada será muito fácil, como até agora”, mas mostrou-se seguro de que, com o trabalho e o compromisso militante, Euskal Herria alcançará um quadro democrático.

Gari MUJIKA

Fonte: Gara


Como tributo a Telesforo Monzón, deixamos a canção «Lepoan hartu ta segi aurrera» [Pega nele e segue em frente], de que é autor; a interpretação é da dupla Pantxoa ta Peio.

Pega nele e segue em frente!
Pega nele e segue em frente!

Encontrámos um jovem caído
o peito cheio de flores vermelhas…
Do meio dos barrotes chega
o grito da juventude basca!
Rapazes, demos as mãos!
Levemos isto unidos!
Se no caminho cai um irmão…
Pega nele e segue em frente!

Pega nele e segue em frente!
Pega nele e segue em frente!

Não temos medo, não temos vergonha
de mostrar quem somos, o que somos.
Não somos ladrões, não somos cães
para nos prenderem a uma corrente.
Se somos homens, continuemos em frente,
até sermos senhores da nossa terra.
Estamos acostumados a aninhar
sob as asas da liberdade.
Aprendemos a caminhar
sem dar a mão aos lobos.

Pega nele e segue em frente!
Pega nele e segue em frente!

Se o inimigo me quer amedrontar
ameaçando-me com a sua espada,
erguer-me-ei à sua frente
falando-lhe na minha língua.
Rapazes, não me choreis se cair
nesta noite escura.
Irei acender uma nova estrela
no céu de Euskal Herria…
no céu de Euskal Herria…
no céu de Euskal Herria…

Pega nele e segue em frente!
Pega nele e segue em frente!

Aberri Eguna


Já falta pouco. Como todos os anos, e no Domingo de Páscoa, celebraremos a festa de uma pátria que reclama ser levada em conta. Curioso costume deste nosso povo, o de entremear num mesmo programa festas e reivindicações! A lista destas últimas costuma ser tão comprida que cada Aberri Eguna apresenta um matiz diferente, de acordo com a conjuntura em que se celebra; algo assim como as águas, que adquirem a tonalidade do solo que as sustenta.

Naquele longínquo 1963, a festa saiu dos restaurantes e a ikurriña ondeou nos prados de Itsasu; havia que anunciar ao mundo a existência de um abertzalismo mais combativo e havia que oferecer o cartão de apresentação a muitos outros povos que partilhavam inquietações parecidas. Em 1965, a festa mudou-se para a capital do Velho Reino; havia que reivindicar a capital de um estado que continua ainda em hibernação. O de 1973 honrou a memória de Mendizabal, gudari que acabava de ser assassinado, e o de 1974 contou com a presença de um Leizaola clandestino junto à Casa das Juntas. Os anos imediatamente posteriores à morte do General conheceram uns Aberri Eguna pela autodeterminação; todos os vermelhos bascos, mesmo que se identificassem como espanhóis, pegaram na faixa que reclamava o direito deste povo a decidir. O de 1987 recordou em Gernika o bombardeamento com que se tinha punido essa terra cinquenta anos antes. O de 1993, ano de reconversões selvagens, proclamou na margem esquerda biscainha os direitos da classe trabalhadora.

O que estamos à beira de celebrar será o do ano em que se ganhou ou se perdeu “Granada” (conforme o contador). Nem uma coisa nem a outra. Os espanhóis conquistaram esta praça há já vários séculos e não recuperámos nem um nico de soberania durante os trinta anos em que o PNV exerceu as funções de autarca. Não é a independência da praça que está em jogo, mas quem exercerá as funções de governador. A Católica prometeu não mudar as enáguas até que o pendão do seu Reino ondeasse na torre maior do Alhambra. Neste caso não precisa de se submeter a tão fedorenta promessa. A sua fiel Izaskun Bilbao já se encarregou de colocar o símbolo espanhol na sede parlamentar antes de que a nova parelha*, Don Lope e don Basagoiti, se instalem no salão da alcaidaria. Boabdil olhava do cimo de uma colina para o reino recém-perdido e dizem que chorava. Os “boabdis” jelkides soltam a sua raiva procurando quem culpar pela perda da cadeira. Há sempre um mouro na mouraria em quem espetar o alfanje; neste caso – como era de supor – é a marginalizada esquerda abertzale a que carrega com o sambenito.

Enquanto “Boabdil” exaspera e “os católicos” se regozijam, Irun está à nossa espera. Já cortámos a divisória no Aberri Eguna de 1992 (500 anos depois da conquista de Granada) e no do ano passado. O deste ano confirmará a existência de um povo cada vez mais empenhado em recuperar a soberania roubada. “Os católicos” sempre se consideraram senhores da praça; os “boabdis” cuidaram dela com submissa fidelidade. Cabe-nos a nós, os outros, reagrupados e corajosos, reconquistar o nosso estado.

Jesus VALENCIA
educador social

Fonte: Gara

* parelha

O Governo navarro retira o subsídio à Korrika, alegando exaltação do “terrorismo”

A maior manifestação cultural basca – em defesa do euskara – recebeu este ataque do Governo navarro, que alega exaltação do terrorismo e esgrime, entre outros, o argumento de que “levavam ikurriñas”.

O Governo de Navarra decidiu na sua reunião de hoje “anular toda a colaboração” com a Korrika, por considerar que, aquando da passagem por Iruñea, neste fim-de-semana, a corrida em prol do euskara incorreu em acções que supõem “exaltação o terrorismo”.

O porta-voz do Executivo, Alberto Catalán, precisou na conferência de imprensa que “nenhuma administração pode subsidiar ou apoiar este tipo de comportamentos”.

Referia-se assim às fotografias de presos bascos e de organizações ilegalizadas que foram exibidas no sábado durante o percurso da Korrika pela capital de Nafarroa, onde também se pôde ver pessoas que levavam símbolos da esquerda abertzale e o testemunho da corrida, a ikurriña.

Talvez ignore esta personagem, tétrica onde quer que exista, que se trata de uma corrida em prol do euskara, estritamente em prol do euskara, na qual podem participar pessoas a título individual e colectivo, sendo que as roupas ou símbolos que levam são da sua inteira responsabilidade, e sendo que a Korrika como tal jamais apresentará outra coisa que não seja faixas em defesa do euskara.


Por outro lado, apontar a presença de ikurriñas dá bem para apreciar a índole fascista do Governo navarro e do seu aliado, o PSOE. Seja como for, para estes “democratas” qualquer desculpa vale para atacar o euskara.

Segundo Catalán, trata-se de acções que “exaltam o terrorismo e menosprezam a vontade dos navarros”, pelo que o Governo quis expressar a sua “rejeição” e ao mesmo tempo “anular” o subsídio que a Korrika recebia, “e se for possível, também o desta edição”.

Esta personagem deveria lembrar-se de que em múltiplas manifestações e actividades de organizações como a AVT & etc. surgiram bandeiras e símbolos fascistas, sem que tais ocorrências os tenha preocupado excessivamente.

A Korrika é uma iniciativa popular, em defesa do euskara, que percorre Euskal Herria de dois em dois anos e na qual pode participar qualquer pessoa que deseje dinamizar o euskara, e, como iniciativa popular que é, a censura, tão do agrado do Governo navarro, não existe.

Percurso da Korrika 16

É significativo que este tipo de comportamentos se repita com insistência, tendo por protagonista a UPN, com o apoio do PSOE. No txupinazo da festa de San Fermin pode-se aceder tranquilamente à praça com uma bandeira da Austrália, da Andaluzia ou da Colômbia, mas é longa a lista dos espancados por tentarem entrar na praça com ikurriñas.

Agora, as investidas do fascismo do Governo navarro atingem a Korrika, iniciativa estritamente cultural em defesa do euskara. Governo navarro, o único a nível mundial que legisla contra a sua própria língua, o euskara ou lingua navarrorum, como era conhecida antigamente.

Se isto não é fascismo... Que é então o fascismo?

Fonte: kaosenlared

Ver também, no Gara, «O Governo de Nafarroa não quer pagar nem o quilómetro que adquiriu»

Julgamento contra Larrinaga e Larrarte por denunciarem um caso de tortura

O delito é a tortura, não a denúncia!

O representante do Movimento pró-Amnistia Julen Larrinaga e o advogado do TAT Aiert Larrarte sentar-se-ão hoje, a partir das 10h30, no banco dos réus de um tribunal de Bilbau por terem reprovado numa conferência de imprensa as torturas que o jovem de Zamudio Ibon Meñika denunciou ter sofrido nas mãos da Guarda Civil.

Os factos de que são acusados tiveram lugar a 18 de Abril de 2006 durante uma conferência de imprensa. Nas suas manifestações, ambos os representantes do Movimento pró-Amnistia disseram que “a Polícia fazia uso da tortura para obter as declarações que desejava”, tendo ainda criticado o papel dos juízes da Audiência Nacional espanhola, que “dá cobertura a estas práticas ilegais contra a dissidência política basca”.

Coincidindo com este novo julgamento, o Movimento pró-Amnistia da capital biscainha convocou uma concentração para as 9h30, na Barroeta Aldamar kalea, em frente ao Palácio da Justiça.

Fonte: Gara

Durango, 31/03/1937

Tasio-Gara

Faxismoaren aurka / Contra o fascismo
Oroimena, duintasuna eta borroka! / Memória, dignidade e luta!

segunda-feira, 30 de março de 2009

Apurtu!: bi urte sarean / há dois anos na Net

Em dia de aniversário, pedem que as pessoas vejam, ouçam, leiam, mas que entrem também em contacto com eles, dando a conhecer a opinião sobre o seu sítio, que se destaca em Nafarroa pela denúncia da repressão. Fica o endereço electrónico: apurtu2008@gmail.com

Para saber mais: apurtu.org

ZORIONAK… eta segi aurrera!

Brigadak 2009 – começa a campanha da Askapena


Vídeo de promoção elaborado pela organização internacionalista basca Askapena, com vista à constituição das Brigadak 2009. A ideia é fazer com que a solidariedade basca, a de um povo em luta, chegue a diversos lugares do mundo, partilhar experiências, aprender com outros povos, e depois disseminar esse conhecimento, essa aprendizagem em Euskal Herria, procurando sensibilizar os cidadãos bascos para o que se passa noutros pontos do mundo. O período de inscrições termina a 20 de Abril.
Fontes: askapena.org / kaosenlared

A crueldade sem complexos


Existirá por acaso uma técnica mais eficaz para deslegitimar a luta armada que violar os direitos humanos? E difundi-lo nos meios de comunicação é de uma refinada subtileza. Que perspicácia!

A cultura política dominante no Estado espanhol é, diga-se logo, uma lixeira. Ninguém se pode espantar, tendo em conta que se baseia na mitificação de uma transição que foi como os franquistas quiseram que fosse. A imagem das elites políticas e intelectuais a darem uma medalha de ouro a um ex-ministro franquista por ser um dos pais da Constituição de 1978 simboliza bem esta putrefacção.

Esta cultura do correcto a confrontar o mal, representado pelo independentismo basco e sobretudo pela ETA, reclama para si o monopólio da honestidade, da racionalidade, da justiça e, cúmulo do sarcasmo, do escrupuloso respeito pelos direitos humanos. Com o pescoço ainda dorido de tantos anos a olhar para o lado enquanto os GAL assassinavam, o horror andava e anda confortavelmente instalado nos quartéis e nas esquadras ou reitera os seus embustes persistentes nas eleições, os “bons” lançam a sua maldição contra os hereges malparidos que turvam a convivência. Pouco lhes importa que o Relator da ONU aponte o Estado espanhol com o dedo. São tudo maroscas, ordens da ETA aos seus seguidores para sujar a imagem da maravilhosa democracia espanhola.

Por isso, numa cultura assim ninguém se escandaliza com o facto de que os meios de comunicação dêem a conhecer que o Governo espanhol viola as suas próprias leis e atenta contra os direitos humanos de pessoas encarceradas seguindo uma estratégia “antiterrorista” perfeitamente calculada e planificada. Alguns presos, dizem-nos, são afastados para o Sul da Península, enquanto outros passam a estar mais próximos de Euskal Herria, como prémio pelas suas posições contra a linha da ETA. Alguns meios dão detalhes: são estes e aqueles. Se dentro de poucos dias não derem qualquer passo, voltarão a ser transferidos, afirmam. O Ministério do Interior, esclarecem, pretende assim fomentar o debate, como se se tratasse de uma fundação para apoiar a renovação ideológica da esquerda abertzale, que simpáticos!

Assim, trata-se com crueldade as pessoas presas em nome de certos objectivos políticos, mas nenhum desses órgãos de comunicação concebe que isto tenha alguma coisa a ver com os direitos humanos. Ninguém menciona as implicações disto na vida diária de presas e presos e na dos seus familiares e amigos. Nenhum desses apóstolos da condenação teve uma palavra de denúncia para um estado que brinca com as pessoas como se fossem meras peças de xadrez.

Na verdade, para alguns isto é o cúmulo da inteligência. Como Rubalcaba é esperto!, dizem. Que estratégia mais bem gizada, fazer-lhes a vida impossível e obrigar os seus familiares a viajar milhares de quilómetros para os ver!

Sem dúvida, quem tiver concebido esta genialidade deve ser alguém excepcional. E será, com certeza, um altruísta por vocação. Assim se demonstra a superioridade moral do estado face àqueles que recorrem à violência com fins políticos. Existirá por acaso uma técnica mais eficaz para deslegitimar a luta armada que violar os direitos humanos? E difundi-lo nos meios de comunicação é de uma refinada subtileza. Que perspicácia! Nem Fernando, o Católico, o teria feito melhor.

Floren AOIZ
www.elomendia.com
Fonte: Gara

A Ertzaintza actua com violência mas não silencia a denúncia da emboscada de Pasaia


No sábado, a Polícia autonómica voltou a recorrer à força para tentar silenciar em Azpeitia, como o fizera na semana passada em Pasaia, a denúncia do assassínio a tiro de quatro militantes dos Comandos Autónomos Anticapitalistas pela Polícia espanhola, há já 25 anos, na baía de Pasaia. A Ertzaintza carregou sobre dezenas de pessoas, reteve e identificou duas, e feriu uma outra, que teve de ser atendida nas urgências.

Mais de 150 pessoas juntaram-se na praça de Azpeitia, tomada literalmente pela Polícia autonómica, para recordar a morte de Rafael Delas, Jose Mari Izura, Pedro Mari Isart e Dionisio Aizpuru – dois eram de Iruñea e dois de Azpeitia –, na sequência da emboscada e dos disparos da Polícia espanhola há um quarto de século.
A Ertzaintza, que, como na semana passada, tentou proibir a realização do acto evocativo, acabou por carregar sobre dezenas de pessoas. Além disso, reteve duas delas e confiscou todas as fotografias e todas as videogravações, segundo informou o Movimento pró-Amnistia. A pessoa que ficou ferida em resultado da carga policial foi atendida no serviço de urgência.
Não obstante, uma kalejira [marcha] percorreu as ruas da localidade guipuscoana até ao monólito colocado em memória dos militantes falecidos em consequência da repressão. Ali, em frente ao monólito, as dezenas de pessoas congregadas recordaram a morte dos quatro militantes citados.

De Bilbau a Olazti
Já na Alde Zaharra de Bilbau, apesar da proibição ditada pela Audiência Nacional espanhola, decorreu um acto de homenagem ao ex-preso político Bernardo Arregi, Tito, falecido em Dezembro. Cerca de 180 pessoas, entre as quais muitos ex-presos, brindaram um último adeus a este militante abertzale. Face à presença da Ertzaintza no bairro de Solokoetxe, para onde estava inicialmente prevista, a cerimónia foi transferida para um outro lugar.

Em Olazti, depois de no dia 28 de Fevereiro ter sido proibido o acto evocativo a Bixente Perurena, Peru, e Ángel Gurmindo, Stein, cerca de cem habitantes manifestaram-se neste sábado pelas ruas do município para denunciar a decisão do tribunal de excepção e a actuação da Guarda Civil, que naquele dia invadiu a terra e procedeu à identificação de várias pessoas. Mesmo sem terem obtido uma resposta relativamente ao pedido de autorização que fizeram, a marcha decorreu com normalidade – bem vigiada, é certo.
Fonte: Gara

A Delegação do Governo em Navarra proíbe um acto evocativo da Ahaztuak 1936-1977


A associação de vítimas do golpe de estado, da repressão e do regime franquista Ahaztuak 1936-1977 viu proibida, por parte da Delegação do Governo na Comunidade Foral, a realização do acto que tinha previsto para o próximo dia 6 de Abril em homenagem a todos os resistentes antifranquistas bascos e entre eles, agora que se cumpre o 30.º aniversário da sua morte, a Jokin Artajo e Alberto Asurmendi, membros do EGI-Batasuna mortos em Ultzama (Nafarroa) quando preparavam uma acção contra o regime ditatorial, no dia 6 de Abril de 1969.

Mediante uma notificação entregue por agentes policiais à pessoa do nosso colectivo, que tinha feito o pedido de autorização para este acto, a Delegação do Governo em Navarra nega a autorização para a realização do mesmo e procede à sua proibição, argumentando que “a realização da concentração-homenagem comunicada em honra aos referidos (no aniversário da sua morte) causaria uma aprovação da sua conduta, justificando portanto publicamente as condutas delitivas destes e atribuindo vitimismo aos terroristas. Em suma, este facto poderia ser constitutivo dos delitos de enaltecimento ou apologia do terrorismo” (sic).

Perante esta proibição, que consideramos sob todas as perspectivas injustificada, a Ahaztuak 1936-1977 interporá evidentemente o correspondente recurso administrativo, uma vez que considera que a mesma viola a nossa liberdade de expressão e o nosso direito de reunião e manifestação, mas também o fará pela argumentação que a dita proibição alega e utiliza para se referir a Jokin Artajo e Alberto Asurmendi, quando qualifica a sua militância e a sua luta antifranquista como “conduta delitiva” e a eles próprios como “terroristas”, considerando portanto que a realização do acto em sua memória poderia ser “constitutivo dos delitos de enaltecimento ou apologia do terrorismo”.

Tais argumentos, para além de parecerem à Ahaztuak 1936-1977 totalmente lesivos para a honorabilidade destas pessoas, parecem também preocupantes se tivermos em conta que se referem a duas pessoas que combatiam um regime fascista, implantado por um golpe militar e mantido até ao seu fim, em 1977, pela violência e pela repressão que a cada momento considerou necessária e que é por todos conhecida: milhares de condenados à morte, milhares de desaparecidos e milhares de presos políticos, uma quase permanente declaração dos “estados de guerra” e “estados de excepção”, execuções por garrote vil, execuções extrajudiciais, guerra suja, supressão de liberdades civis e políticas, ataque permanente às liberdades do Povo Basco e dos diferentes Povos da Península, à sua língua e cultura... Como se pode tachar de “conduta delitiva” o confronto com um regime dessas características, inclusive pela violência? Como se pode catalogar como “terroristas” aqueles que o fizeram? Como se pode, portanto, dizer que um acto em memória daqueles que o fizeram poderia ser “constitutivo dos delitos de enaltecimento ou apologia do terrorismo”? E tudo isso, ainda para mais inri em Navarra, comunidade na qual algumas instituições e cargos políticos continuam a fazer o impossível por manter a simbologia franquista ainda existente, sendo o exemplo mais notório o caso recente da Praça “Conde Rodezno”, tendo o Município de Pamplona, governado pela UPN, optado por manter o nome da referida praça em homenagem ao dito golpista, homem do regime franquista e responsável, enquanto ministro da Justiça do primeiro Governo de Francisco Franco, por cerca de oitenta mil condenações à morte.

A Ahaztuak 1936-1977, tendo em vista estes factos, não pode senão encarar com preocupação que a Delegação do Governo na Comunidade Foral faça tal equívoco sobre quem eram os terroristas. Não pode senão encarar com preocupação que se proíbam homenagens a pessoas que lutaram decididamente na forma que consideraram oportuna contra um regime fascista quando as placas, as ruas e as praças em honra dos homens daquele regime se mantêm, mesmo a partir das próprias instituições, com um aviltante descaramento.
É sobretudo preocupante para a democracia que os poderes públicos fomentem de tal forma a tergiversação da memória e da verdade sobre os que anularam a democracia manu militari e os que lutaram como puderam ou como julgaram necessário fazê-lo para a recuperar.

AHAZTUAK 1936-1977


Ver também, em kaosenlared, «Terrorismo, definição, e terroristas», de Nebera.

O Movimento pró-Amnistia inicia campanha de recolha de assinaturas, pelos direitos dos presos

A representante do Movimento pró-Amnistia Saioa Zerain anunciou numa conferência de imprensa, que decorreu no sábado de manhã em Usurbil, que este colectivo vai iniciar uma campanha de recolha de assinaturas, em “todas as terras e bairros de Euskal Herria”, a favor dos direitos das presas e dos presos políticos bascos.

No acto, tornou-se público um manifesto para dar a conhecer o trabalho que nos próximos meses vai ser realizado “em defesa dos direitos dos presos, para denunciar o modo como estes perseguidos políticos são alvo de repressão”.
Afirmam que “proíbem os actos a favor das presas e dos presos, os ongi etorri aos que saem da prisão” e que “querem retirar as suas fotos de todas as ruas, como aconteceu em Arrasate”, aludindo ao ‘Muro da vergonha’ (assim chamado pelo PSE), gradeamento de uma sucursal bancária da localidade guipuscoana onde se encontravam várias fotos de presos da organização armada e que foram recentemente retiradas por ordem da Procuradoria da Audiência Nacional espanhola.

Por tudo isto, Zerain garantiu que, a partir de agora, o Movimento pró-Amnistia “vai reforçar a defesa” desses direitos. Depois de lembrar que no próximo mês de Abril terão passado 20 anos desde o início da política de dispersão, lamentou que “esta semana o PSE tenha anunciado novas medidas para aumentar o sofrimento que essa política já supõe”.

Fonte: kaosenlared

Madrid voltou a transferir mais presos bascos em Março, reforçando a dispersão


Durante o mês de Março houve novas transferências de presos políticos bascos tanto no Estado espanhol como no Estado francês. No primeiro caso, a julgar pelas mudanças impulsionadas, evidencia-se a aposta no reforço da dispersão penitenciária.

Num mês em que o Colectivo de Presos Políticos Bascos alcança a cifra de 734 pessoas, deram-se as seguintes mudanças de destino: Jose Miguel Etxeandia, de Herrera de la Mancha para Alcalá; Juan José Rego Vidal, de Langraiz para Dueñas; Karlos Apeztegia, de Valdemoro para Puerto II; Roberto Vecino, de Valladolid para Curtis; Santi Arrospide, de Puerto I para Zuera; Jose Angel Lerin, de Herrera para Jaén; Gaizka Jareño, de Aranjuez para Huelva; Irantzu Gallastegi, de Soto del Real para Curtis; Xabier Garcia Gaztelu, de Alama para Curtis; Aitor Fernández Terceño, de Villabona para Alama; Koldo Martín Carmona, de Málaga para Villabona; Urko Labeaga, de Topas para Villabona; Juan Karlos Iriarte, de Villabona para Teruel; Ainhoa Mujika, de Soto del Real para Valencia II; Ieltxu López de Aberasturi, de Logroño para Langraiz; Agustín del Hierro, de Herrera para Huelva; Pablo Gorostiaga, de Dueñas para Herrera; e Juan Luis Agirre Lete, de Martutene para Zuera. Também houve outras catorze mudanças por diligências.

No que diz respeito ao Estado francês, Ibon Fernández Iradi, de Bois D'Arcy para Fresnes; Iñaki Lizundia, de Valdemoro para Moulins; Lola López Resina, de Fresnes para Rennes; Alaitz Aramendi, de Fleury para Fresnes; Leire López Zurutuza, de Fresnes para Fleury; Alberto Garmendia, de Villepinte para Fleury; e Jon Troitiño, de Marselha para Toulon.

Fonte: Gara

sábado, 28 de março de 2009

Vitória histórica dos agricultores bascos – e da Justiça – em Ipar Euskal Herria

(Tasio-Gara)

A sentença de absolvição abre a porta ao reconhecimento da Euskal Herriko Laborantza Ganbera

A decisão de absolver a EHLG e o seu presidente, na quinta-feira passada, foi recebida com euforia pelas dezenas de pessoas que se encontravam nas imediações do Tribunal de Baiona. Michel Berhokoirigoin considerou-a uma vitória “histórica” e, depois de recordar todas as vicissitudes que tiveram de enfrentar, apelou à continuidade do trabalho e pediu que, “de uma vez por todas se dê uma resposta institucional à reivindicação de uma câmara agrária basca”.

O caso e a sentença, para que se perceba
A sentença de quinta-feira apresenta bastantes elementos interessantes. A acusação que recaía sobre a associação Euskal Herriko Laborantza Ganbera e também sobre o seu presidente – aspecto sublinhado pelo advogado Jean-René Etchegaray como “mais um elemento de pressão”, pelo facto de ter sido acusado pessoalmente – de induzir à “confusão” com a função pública da Câmara de Agricultura oficial de Pau não foi retida pelo Tribunal porque a “função de uma câmara agrícola tal como se encontra definida no Código rural não é intrinsecamente uma função pública”.
Quanto aos objectivos e à organização, que eram outros pontos que, segundo a acusação, geravam confusão, a sentença faz eco do que afirmam os próprios estatutos da EHLG para concluir que, se é certo que existem “similitudes” entre os propósitos de ambas as estruturas, como por exemplo o desenvolvimento sustentável da agricultura ou a divisão em colégios, as ditas semelhanças “são insuficientes para se caracterizar como delito”. No que diz respeito ao local da actividade (Ainhiza-Monjolose e Pau), às siglas ou aos logos utilizados, a sentença afirma “não poder invocar-se ambiguidade alguma”.
O tribunal considera que a investigação policial não conduziu à “descoberta de documentos ou escritos com o nome de Câmara de Agricultura do País Basco” em francês, nem demonstrou que tenha existido uma “intervenção da associação EHLG em domínios reservados” à Câmara de Pau.
Por outro lado, sobre a designação, a sentença considera que “o facto de esta ser em euskara afasta a confusão, porque para o público qualquer instituição francesa possui uma denominação em francês”. Para o tribunal, é óbvio que a tradução da EHLG para francês coincide com a designação da Câmara oficial, mas não o considera delito porque a lei é estrita nesse aspecto e o que protege “é o nome e não a sua tradução”.

A absolvição
As cerca de 250 pessoas que ontem acorreram ao Tribunal de Baiona não puderam conter a sua alegria quando o presidente da Euskal Herriko Laborantza Ganbera, Michel Berhokoirigoin, apareceu à entrada e deu a conhecer a sentença de absolvição do tribunal que o julgou no passado dia 29 de Janeiro.
A leitura da decisão do tribunal foi breve como um relâmpago, já que a presidente, Marie-Catherine Robert, que pediu previamente ao público presente que não a interrompesse, apenas precisou de dez segundos para ler uma frase sucinta em que se manifestava não ter havido delito e que, consequentemente, os acusados não seriam condenados. “Senhor Berhokoirigoin, você está livre”. Quase sem tempo de reagir, as pessoas que o acompanharam até à sala do tribunal desataram a bater palmas, enquanto o tribunal se retirava.
A representante do Ministério público, que não era a magistrada Anne Kayanakis que interveio no julgamento e pediu uma pena no mínimo curiosa, requerendo que o delito fosse reconhecido mas que a aplicação da pena fosse diferida para que a EHLG pudesse adaptar a sua denominação à legalidade, mas sim a sua assistente, fazia o que lhe competia. Os dois advogados que representavam a acusação particular da Câmara Agrícola dos Pirinéus Atlânticos levantavam-se um tanto estupefactos e anunciavam que iam recorrer da sentença “porque estão em jogo uma série de princípios”. Acrescentaram que, “de qualquer forma, a situação não podia continuar assim e que todas as partes afectadas deverão posicionar-se e esclarecer as coisas de uma vez”.

Abraços e felicitações
Fora do tribunal, Berhokoirigoin e os membros da EHLG eram abraçados e felicitados pelas dezenas de pessoas que aguardavam com ansiedade a decisão judicial. Entre elas, podiam ver-se representantes políticos como a conselheira regional socialista Sylviane Alaux; os vereadores abertzales Jakes Abeberry, Mikel Ithurbide e Philippe Aramendi; o membro do Batasuna Miel Torre; o do EA Manex Pagola; a vereadora de Baiona Martine Bisauta; Michel Berger, do Comité pró-Direitos Humanos do País Basco; Beñat Oteiza, do PNB; o presidente da Euskal Konfederazioa, Michel Oronoz; Jon Abril, do Aralar; Jean-Louis Hariñordoki, da Hemen, e, naturalmente, membros da ELB como Christian Harlouchet ou Jean-Marie Oçafrain.
Entre gritos de «Gora gu eta gutarrak» [vivam nós e os nossos], «Gora EHLG», «Aupa Michel», o presidente da Laborantza Ganbera tomou a palavra, emocionado, com um ressonante «Irabazi dugu!» [vencemos], ao mesmo tempo que tirava do bolso das calças dois pequenos papéis com notas. “Este era o que tinha preparado para o caso de sermos condenados. Como não foi assim, guardo-o”, disse.
Berhokoirigoin qualificou o momento como “histórico”, mesmo se a sentença tivesse sido condenatória “porque o caminho que empreendemos não tem retorno”. Sublinhou que a vitória de quinta-feira “terá repercussões muito para lá do que possamos imaginar, porque não se limita exclusivamente ao sector agrícola”.

Apesar dos “contínuos ataques contra a EHLG”, assegurou que seguiram sempre em frente porque estavam convencidos de que tinham razão. “Contudo, ter razão não chega; precisamos que algum dia nos reconheçam”, continuou, referindo que, por isso, levaram para o Tribunal, no dia 29 de Janeiro, todos os elementos para demonstrar que o objectivo a que se tinham proposto há alguns anos, e que começou a ganhar forma há quatro, “possuía toda a legitimidade”.
O presidente da EHLG explicou como no julgamento se tinham abordado com detalhe os antecedentes da criação da associação, os seus objectivos e funções e também a importância e o significado da denominação, que traz em si mesma a reivindicação de uma câmara agrícola própria para Lapurdi, Nafarroa Beherea e Zuberoa. O elemento da denominação foi realçado pelo agricultor de Gamarthe porque considera que o prefeito o juntou à sua primeira denúncia, que incidia sobre a actividade da associação, para tornar a condenação mais fácil, uma vez que seria “muito difícil” fundamentar a acusação sobre a actividade. “Hoje, tudo isso foi reconhecido e, em nome da EHLG, saúdo a independência demonstrada pelos juízes”, manifestou.

Ataques contínuos
Berhokorigoin disse aos presentes que “os ataques contra a EHLG foram contínuos desde a sua criação” e que nem sempre deram conta deles “porque não queríamos que a referência da EHLG estivesse sempre ligada ao conflito. Não é esse o nosso objectivo”.
Ainda assim, lembrou os mais importantes como o recentemente efectuado pelo prefeito da região ao Conselho da Aquitânia para que fosse anulada a verba destinada a um projecto apresentado pela EHLG que tinha sido aprovado por unanimidade. “O prefeito deixou passar o prazo de apresentação porque não tinha argumentos e sabia que ia perder”, referiu, para anunciar em seguida que a Direcção dos Impostos lhes retirou a possibilidade de deduzir na declaração as quantias recebidas pela associação. “Também perderá o recurso, como já aconteceu na audiência de primeira instância”.
Não deixou passar em claro, entre os vários ataques, a atitude da Câmara agrária de Pau, que se apresentou como acusação particular.

Contentes e orgulhosos
“Hoje, este desafio era, no entanto, o mais importante, porque era vital para o futuro da associação”, prosseguiu, manifestando que tanto ele como todos os membros da EHLG estavam “contentes e orgulhosos por todos os agricultores que neles depositaram a sua confiança, num momento em que não era nada fácil fazê-lo”.
Matizou que foi a “vitória de todos os agricultores mas também do formidável, exemplar e histórico movimento social que, com personalidades e eleitos de todas tendências”, deu todo o apoio à EHLG e ao seu projecto. “Sem todos eles, seguramente a EHLG não seria o que é, como não o seria sem o projecto agrícola alternativo que propugna. Hoje é um grande dia porque também é a vitória da democracia”, acrescentou Berhokoirigoin.
Na recta final da sua intervenção, insistiu na necessidade de continuar a tarefa empreendida: “Temos que multiplicar esforços para tornar realidade o nosso objectivo de ontem, de hoje e de amanhã, que é o desenvolvimento de uma agricultura sustentável”. Antes de finalizar, exigiu uma resposta institucional à reivindicação de uma câmara basca e convidou toda a gente a participar na festa da vitória no dia 3 de Abril, em Ainhiza-Monjolose.

Batasuna
A formação abertzale manifestou a sua alegria porque “a mobilização popular conseguiu parar as pretensões do Estado francês, que, por intermédio do seu representante, o Prefeito, tentou criminalizar os agricultores, consumidores e cidadãos”.

Fez-se justiça
A conselheira regional socialista Sylviane Alaux afirmou estar “muito contente porque se fez justiça. Implica o reconhecimento da acção de pessoas que se puseram ao serviço dos agricultores e das suas aspirações e de um modelo agrícola razoável”.

25 anos de trabalho
Jean-Marie Oçafrain, membro da ELB, disse ter a consciência tranquila "porque sabíamos que estávamos no bom caminho e que correspondíamos à vontade dos agricultores. Após 25 anos de trabalho, por fim também os juízes nos reconheceram”.

Arantxa MANTEROLA

Fonte: Gara

[Nota: pedimos desculpa a Arantxa Manterola e ao GARA por termos alterado substancialmente a ordenação do texto; se o fizemos, foi por nos parecer que, a um leitor não familiarizado com o caso, a apresentação imediata do conteúdo da sentença facilitaria a compreensão geral do caso e das manifestações de regozijo posteriores. Barka ezazue.]

Adiado o julgamento contra doze pessoas por participarem num protesto


Perto de cem pessoas juntaram-se, sob forte vigilância policial, em frente à Audiência para apoiar os doze que vão a julgamento por se terem sentado na via pública em Maio de 2007, no âmbito da campanha de apoio aos centros sociais “Iruñerria piztera goaz”. Por esta acção de desobediência cívica a Procuradoria solicita penas de dois anos e meio de prisão. A audiência foi suspensa por motivos processuais, mas o julgamento terá lugar a 17 de Setembro.

Durante a concentração, houve uma conferência de imprensa em que quatro jovens afirmaram que, ao adiar-se o julgamento, “fica também adiado o nosso futuro mais imediato. No ano que vem estaremos a estudar, a trabalhar ou a acabar de preencher a totalidade das vagas na prisão de Iruñea?” Além de reiterar a convicção de que “o fizemos e o voltaremos a fazer, enquanto for necessário”, denunciaram a perseguição a que a Polícia Municipal os submeteu.

Apresentaram ainda as dezenas de apoios recebidos até ao momento no contexto da campanha de solidariedade “Yo tambien lo hice / Nik ere egin nuen”. Entre outras adesões, contam-se as de diversos sindicatos, bem como de colectivos, associações, advogados ou pessoas a título individual, como Pepe Beunza (primeiro objector de consciência antimilitarista sob o regime franquista), Begoña Huarte (18/98 +), Ainhoa Aznarez (Comissão 8 de Março / Martxoak 8 Batzordea), Carlos Taibo, Enrique Villareal “Drogas”, Miguel Romero, Kutxi Romero, e numerosos professores universitários de todo o Estado.

Em Azpeitia, plenário municipal contra a expulsão de Etxeberria

A Câmara azpeitiarra aprovou na quinta-feira uma moção em que denuncia a possível expulsão do seu conterrâneo Xabier Etxeberria, preso em Muret e em greve de fome há 26 dias.

O Município de Azpeitia aprovou na quinta-feira uma moção em que patenteia a sua preocupação face à situação que vive o preso político Xabier Etxeberria, que se encontra em greve de fome, e compromete-se a enviar uma carta a exigir que o preso azpeitiarra não seja expulso do Estado francês tanto ao Governo francês como ao seu consulado em Bilbau.
Na moção aprovada com o apoio dos edis da esquerda abertzale, do EA e do Aralar, insiste-se no risco de tortura que Etxeberria corre no caso de ser expulso e passar para as mãos da Polícia espanhola.
A Câmara azpeitiarra exige que, uma vez cumprida a pena, se respeite o direito que Xabier Etxeberria tem a viver em liberdade em Euskal Herria. “Com todos os seus direitos e sem o risco de ser torturado”, defendem, ao mesmo tempo que se comprometem a prestar assistência aos familiares do preso político.

Negativa do PNV
Cerca de 50 azpeitiarras aproximaram-se da Sala dos Plenários, e mau ambiente tornou-se manifesto quando o PNV deu a sua negativa à moção. Aquele que se converteu em primeiro edil, Julian Eizmendi, na sequência da moção de censura contra Iñaki Errazkin, mostrou-se favorável à detenção de Etxeberria, caso tivesse algo a resolver com a Audiência Nazional espanhola. Para além disso, manifestou as suas dúvidas relativamente à “veracidade das denúncias de tortura”, o que deixou a assistência bastante irritada.

Fonte: Gara

Já ontem, cerca de 350 pessoas participaram numa marcha, que percorreu as ruas de Azpeitia a partir das 19h30, exigindo o direito de ‘Txapi’ a viver livre e na posse de todos os seus direitos em Euskal Herria.
Em Arrasate, onde há duas semanas a Ertzaintza retirou da via pública as fotografias dos presos políticos da localidade, 250 pessoas participaram numa concentração em defesa dos presos políticos.

Última sexta-feira do mês
Como acontece na última sexta-feira de cada mês, milhares de pessoas participaram nas mobilizações em defesa dos direitos dos presos políticos bascos.

Assim, 25 juntaram-se em Berriz, 23 em Uharte, 130 em Ondarroa, 60 em Zumaia, 40 em Oñati, 30 em Ataun, 34 em Urduña, 20 em Elgeta, 90 em Tolosa, 15 em Alegia, 92 em Zornotza – Juan Jose Legorburu está há 23 anos na prisão e Joseba Etxezarreta há 11, e foi-lhes prestada uma singela homenagem –, 11 em Sondika, 50 em Sestao, 85 em Irun, 42 em Orio, 449 em Iruñea, 250 em Urruña – onde decorreu a cerimónia de ongietorri a Patxiko Guimon –, 68 em Laudio, 120 em frente à Sabin Etxea, em Bilbau, outros 200 em Bilbau, 85 em Lekeitio, 47 em Lizarra, 20 em Ikaztegieta, 35 em Arratia, 30 em Antzuola, 55 em Mutriku, 30 em Ermua, 22 em Mundaka, 25 em Irurtzun, 49 em Abadiño, 65 em Lazkao, 21 em Legorreta, 15 em Plentzia, 17 em Aramaio, 132 em Durango, 47 em Deba, 32 em Agoitze, 45 em Arbizu, 41 em Lizartza, 82 em Azkoitia, 250 em Orereta, 57 em Tafalla, 45 em Lezo, 225 em Hernani, 24 em Anoeta, 20 em Amezketa, 21 em Munitibar, 30 em Bakio, 16 em Astigarraga, 36 em Iurreta, 40 em Elgoibar, 8 em Lemoiz, 62 em Altsasu, 84 em Aulesti, 8 em Gatika, 70 em Barakaldo, 42 em Ugao, 25 em Ortuella, 52 em Lesaka, 60 em Villabona e Beasain, 96 em Usurbil, 58 em Larrabetzu, 200 em Algorta – Xabier Galdeano foi homenageado –, 23 em Zaratamo, 34 em Arrigorriaga, 40 em Amurrio, 35 em Sopela, 25 em Zaldibar, 28 em Urnieta, 63 em Bergara, 53 em Etxarri-Aranatz, 43 em Berango, 100 em Lasarte, 446 em Gasteiz, 50 em Erromo, 65 em Otxandio, 15 em Bera, 12 em Zuia, 20 em Eltziego, 33 em Baztan, 35 em Busturia e 35 em Olazti.

Fonte: Gara
Jaio behin, amets sarri, borrokan beti, hil inoiz ez. / Nasceu uma só vez, sonhou muitas vezes, lutou sempre, jamais morreu.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Libertaram uma deputada eleita


Bobby Sands, Marwan Barghouti, Leyla Zana... e Amparo Lasheras, entre tantas outras pessoas, partilharam não apenas a condição de presos políticos mas também o facto de terem sido eleitos pelos seus respectivos povos para exercer funções parlamentares. Na maioria desses casos, foram eleitos para trabalhar em câmaras que, curiosamente, além de não aceitarem ou negarem directamente a legitimidade das suas propostas políticas, pretenderam obviar que são os próprios parlamentos, e não os eleitos presos, os que se encontram sob suspeita. Pois o mero facto de uma parte dos seus membros estarem na prisão evidencia a violação dos direitos políticos de uma parte da sua cidadania, bem como das mais básicas normas da democracia. Avançar com a hipótese contrária aduzindo que se trata simplesmente de “terroristas”, como fizeram os respectivos governos em diferentes épocas, implica assumir que a grande massa social que neles votou apoia directamente essas organizações. Hipótese com a qual os securocratas pretendem tranquilizar as suas hostes, quando na realidade deveriam reflectir sobre as suas consequências.

Hoje, juntamente com as outras sete pessoas com que foi detida por promover uma candidatura ao Parlamento de Gasteiz, Lasheras recuperou a sua liberdade, depois de ter pago uma fiança elevada. Não obstante, deixam atrás das grades mais de 700 cativos que partilham, não só com os presos mencionados mas também com milhares e milhares de pessoas por todo o mundo e durante toda a história contemporânea, uma enorme punição por terem lutado pela liberdade dos seus povos e por um mundo melhor. Alguns deles, evidentemente, por meio das armas; mas muitos outros apenas fazendo uso da palavra.

É óbvio que as apreciações baseadas em elementos corporativos sobre encarceramentos, libertações ou, de um modo geral, sobre acontecimentos políticos são eticamente parciais. Não deixa de ser surpreendente, contudo, que neste caso nem deputados nem jornalistas aludam ao tema. A D3M recebeu o voto de mais de 100 000 pessoas.

Fonte: Gara

Em liberdade, depois de estarem presos por querer dar voz ao independentismo

(Tasio-Gara) As artes mágicas da Audiência Nacional

Amparo Lasheras, Arantza Urkaregi, Iñaki Olalde, Hodei Egaña, Agurtzane Solabarrieta, Eli Zubiaga, Imanol Nieto e Iker Rodrigo voltaram ontem a poder gozar o prazer da companhia dos seus, depois de permanecerem cerca de dois meses presos em diversas prisões do Estado espanhol, pelo desejo de concorrerem às eleições que decorreram no passado dia 1 de Março.

Estes oito militantes independentistas foram detidos na madrugada de 23 de Janeiro, numa operação dirigida pelo juiz da Audiência Nacional espanhola Baltasar Garzón e na qual participaram cerca de 300 agentes da Polícia espanhola. Apenas treze dias antes, a plataforma D3M, com Amparo Lasheras como uma das suas porta-vozes, apresentava-se perante a sociedade como uma opção política de esquerda e abertzale.
A operação e o posterior encarceramento dos detidos foram utilizados pelos tribunais espanhóis para abrir caminho à ilegalização da plataforma abertzale e do Askatasuna, um partido legal desde 1998.

No entanto, anteontem, passadas que estão as eleições autonómicas, o tribunal de excepção aceitou parcialmente o recurso de apelação apresentado pela defesa e revogava a prisão preventiva decretada pelo mesmo tribunal, contra o pagamento de 6000 euros.

Reencontros emotivos
Só Arantza Urkaregi foi liberta na terça-feira, horas depois de o tribunal ter dado conhecimento da decisão e depois de os seus familiares terem pago a quantia exigida antes de que os bancos fechassem. A professora da UPV deixou para trás a prisão galega de A Lama às 21h00, reencontrando os seus familiares, que se tinham deslocado até ali.

Depois de passar a noite na Galiza, Urkaregi pôs-se a caminho de Euskal Herria, onde amigos e familiares a esperavam ansiosos na herriko taberna Errondabide. Urkaregi retirou a sua fotografia da parede entre aplausos dos que ali se juntaram.

Os familiares de Iñaki Olalde também conseguiram pagar o dinheiro exigido na terça-feira de manhã e, apesar de numerosos amigos e familiares se terem deslocado até Teruel para esperar o aguraindarra, este não saiu antes do meio-dia de ontem. Alguns amigos tiveram mesmo que regressar de Teruel na noite de terça por causa do trabalho.

O GARA pôde falar com Olalde, que se encontrava surpreendido com a decisão e “muito contente” por poder voltar a ver os seus colegas da ikastola, familiares e amigos. No entanto, também teve palavras para os kides que o acarinharam durante estes dois meses. Disse que passou a manhã toda a despedir-se deles e garantiu que vem para a rua com o compromisso de trabalhar até que os seus companheiros também estejam cá fora.
A usurbildarra Agurtzane Solabarrieta abandonou por volta das 14h00 a prisão de Brieva, onde também era esperada por gente amiga, e, assim que chegou a Usurbil, foi recebida pelos seus conterrâneos.

Eli Zubiaga abandonou ao meio-dia de ontem a prisão de Córdova, onde a aguardavam o seu companheiro, o seu irmão e um amigo. Disse ao GARA que se estava “a passar e querendo regressar a Euskal Herria”.

Hodei Egaña, Iker Rodrigo e Imanol Nieto, por seu lado, deixaram também para trás as prisões de Herrera, Ocaña e Foncalent, respectivamente.

A última a abandonar a prisão foi a deputada eleita da D3M por Araba, Amparo Lasheras, que saiu já depois das 19h00 da prisão de Valhadolide.

No auto emitido na terça-feira, o tribunal assume parcialmente a apelação da defesa, que se baseia no facto de os oito cidadãos terem sido encarcerados por exercer o direito à participação política. Assim o avaliou ontem a advogada Jone Goirizelaia: “O que faz é aceitar a tese da defesa, dizendo que, efectivamente, as actividades pelas quais estas pessoas foram presas são actividades de carácter político”. Esta advogada referiu ainda que, sem emitir um parecer sobre o potencial carácter delitivo das acções, o tribunal entende que estas pessoas não vão tentar escapar à acção da J/justiça.

Oihana LLORENTE

Fonte: Gara

Arantza Urkaregi, na Alde Zaharra de Bilbau. Aupa!!!


Ver também: em kaosenlared, «Euskal Herria: Ongi Etorri etxera Arantxa, Bem-vinda a casa, Arantxa», de Aníbal Garzón

«Arantxa foi presa, privada da sua rotina e dos seus desempenhos sociais pelo juiz Baltasar Garzón, para a impedir de dar voz a mais de cem mil votantes em Euskal Herria. Quem é então o/a terrorista?»

A Etxerat responde a Ares: a corrente solidária com os presos não se romperá

Ontem, o secretário de Organização do PSE, Rodolfo Ares, veio anunciar que o “novo Governo a que Patxi López presidirá” irá pôr cobro às ajudas destinadas a subsidiar as deslocações de familiares de presos encarcerados fora de Gipuzkoa, Bizkaia e Araba.

Rodolfo Ares reagia assim à publicação, no Boletim Oficial da CAB, da atribuição das verbas previstas no Decreto 153/206 de 18 de Julho, referindo em comunicado que tomará todas as medidas possíveis para que as referidas ajudas “não entrem em vigor”. “Uma ordem pode ser anulada com outra ordem”, advertiu.

E a Etxerat respondeu-lhe que, “com ou sem ajudas testemunhais, a corrente da solidariedade não vai parar. Não vão pôr fim à nossa decisão de acarinhar os nossos familiares e amigos encarcerados”.

14 700 000 euros
A associação de familiares afirmou ainda que nem Ares nem o seu partido “podem fazer o que quer que seja perante a vontade de milhares de pessoas em Euskal Herria: levar carinho e solidariedade a todos os presos políticos bascos encarcerados”.
Num comunicado, a Etxerat, além de denunciar “com veemência” as palavras do dirigente do PSE, recorda que as ajudas de Lakua “apenas contribuem para aligeirar um pouco a enorme carga económica que a dispersão implica”, já que, como destacaram, “uma verba de 225 081 euros representa uma pequena gota de água dentro dos 14 700 000 euros de despesa que a dispersão provoca anualmente”.
Seja como for, a associação de familiares não se motra surpreendida com “a falta de ética e de vergonha do senhor Ares e do seu partido”, lembrando que “se está a falar do partido que há 20 anos esboçou a política de dispersão destinada a aniquilar os nossos familiares”, uma formação que “aplica a pena perpétua” e “olha para o lado quando confrontado com a existência de presos e presas com doenças graves e incuráveis”.

Por outro lado, o preso político de Hendaia Patxiku Guimon, detido em 1999 pela Gendarmerie, foi posto em liberdade ontem de manhã. Pelos direitos dos presos, 24 pessoas concentraram-se em Atarrabia.

Fontes: Gara / Gara

O Movimento pró-Amnistia publicou o anuário ‘2008. Errepresioa Euskal Herrian’


2008. Errepresioa Euskal Herrian (pdf)

Em 2008:
390 detenções relacionadas com o conflito político; 90 no Estado espanhol e 72 no Estado francês.
De todos os detidos, a 162 foi aplicado o regime de incomunicação.
Das 228 detenções em que tal regime não foi aplicado, 121 foram feitas no decurso de mobilizações e 107 noutras circunstâncias.
135 dos 390 detidos foram parar à prisão.
Houve 62 denúncias de tortura e seis casos de hospitalização, todos decorrentes de procedimentos verificados no período de incomunicação.

Foram ilegalizados os movimentos populares Gestoras pró-Amnistia e Askatasuna e os partidos políticos EAE-ANV e EHAK.
Foram proibidos mais de cem manifestações e comícios e registaram-se 65 cargas policiais.

A dispersão penitenciária deixou um balanço de 20 acidentes rodoviários e dez familiares feridos; o encargo suportado pelos familiares dos prisioneiros rondou os 15 milhões de euros.

Dez presos chegaram ao fim do ano com doenças incuráveis, e a 14 foi aplicada a pena perpétua, sendo que o número de presos nestas condições ascendia a 37. Nos primeiros três meses de 2009 já chegou a 41.

Fontes: askatu.org / Gara

Em Barañain, concentração de 48h para denunciar multas

Em Agosto de 2008, em frente ao Município.

Hoje, em frente ao Município.

Jovens de Barañain multados por denunciar a tortura durante uma sessão plenária municipal, e obrigados a permanecer localizáveis durante 48 horas, vão concentrar-se em frente ao Município.

De acordo com portal http://www.lurraska.net/, “trata-se de uma iniciativa promovida pelas 11 pessoas condenadas por denunciarem num plenário municipal a tortura infligida aos jovens da localidade detidos” durante o ano de 2008. Após o julgamento, essas 11 pessoas foram condenadas a pagar uma multa de 120 euros, a estar 2 dias permanentemente localizáveis e a arcar com as despesas processuais.
Os condenados afirmam que não se deixam impressionar pela repressão jurídico-policial. “Vamos passar os dois dias de localização permanente (26 e 27 de Março) em frente à Câmara Municipal, denunciando o escasso estofo democrático do autarca, José Antonio Mendive, ao amparar e fomentar a repressão e a tortura sobre os habitantes da sua terra.” Recorde-se que foi o próprio autarca desta localidade de Iruñerria que, a título pessoal, denunciou estes 11 jovens por alteração à ordem pública - exibiram cartazes contra a tortura na sessão plenária de 28 de Agosto de 2008, suspendendo-a durante 3 minutos.

Nos dias 26 e 27, o programa será variado, nomeadamente contra a tortura e as pessoas coniventes. E os condenados estarão localizáveis.

Fonte: apurtu.org

Bernardo Arregi ‘Tito’ será homenageado neste sábado

A organização do encontro está a cargo dos amigos de ‘Tito’ na Alde Zaharra [Parte Velha] de Bilbau, e nele se incluem um almoço e um acto evocativo que servirá para homenagear este ex-preso – e grande amigo da ASEH – recentemente falecido.

Fonte: askatu.org

Explodiu uma bomba junto à casa de um empresário em Zornotza


A bomba rebentou nas imediações da vivenda onde reside o empresário Juan Manuel Arana, presidente da Astilleros de Murueta e tesoureiro da Câmara de Comércio de Bilbau.

O artefacto, composto por cerca de dois quilos de material explosivo, segundo o Departamento do Interior de Lakua, que atribui a autoria do atentado à ETA, rebentou por volta da 1h da manhã, tendo provocado danos na cerca que rodeia a casa e num barracão onde se guardam ferramentas agrícolas.
Notícia completa: Gara

quarta-feira, 25 de março de 2009

Instituições ao serviço do capital [uma outra Nafarroa é possível]

A esta altura, seria um tanto ingénua a surpresa com o papel que os estados desempenham naquilo a que chamam economia de mercado, ou seja, o capitalismo. No entanto, isto não quer dizer que nos resignemos à aceitação da realidade da permanente transferência de fundos públicos para mãos privadas com as mais variadas desculpas.

A subordinação das estratégias institucionais aos interesses de certos sectores empresariais tem sido constante na política navarra desde há muito. Se o franquismo foi de facto um regime político ao serviço dos grandes poderes económicos, como o demonstra a criação de fortunas como a dos Huarte, o pós-franquismo trouxe consigo mais do mesmo. Assim, para lá da nefasta política industrial que facilitou a entrada de grandes empresas multinacionais sem superar a dependência do sector automobilístico, foram duas as grandes linhas económicas que significaram uma enorme atribuição de dinheiro a uma casta de eleitos, as grandes obras públicas e o boom do tijolo.

Dois dos grandes temas da política navarra do ano de 2009 têm precisamente a ver com estas duas linhas, a saber, o TGV e o projecto de Gendulain, que aponta para um novo escândalo de enormes proporções. O TGV lembra-nos a cadeia de grandes projectos, todos eles “vitais” para a sobrevivência económica de Navarra, que se foram saldando com o desvio de enormes verbas dos fundos públicos para os privados. Como não recordar a auto-estrada de Navarra que os cidadãos tiveram que pagar duas vezes e ainda continua a ter portagem? Que dizer do pântano de Itoitz e do Canal de Navarra, que iam mudar totalmente o panorama da produção agrícola? Aconteceu também com as centrais térmicas e podia ter ainda acontecido com uma central nuclear em Tudela, caso o plano de construção tivesse ido para a frente.

Agora é o TGV que é apresentado como solução de todos os males e motor de desenvolvimento económico. Como se reduzir o tempo de viagem a Madrid fosse a chave para fazer frente à crise. E tudo isso à custa de um desastre ambiental e de um gasto absurdo e totalmente injustificado.

Da mesma forma, agora que os grandes promotores se confrontam no final das suas grandes trapaças, as instituições pretendem vir em sua ajuda para cobrir com o dinheiro de todas e de todos a redução das perspectivas de negócio de uns quantos. Uns quantos que, naturalmente, nunca partilharam os seus benefícios.

Não só estamos perante uma crise económica como também assistimos a uma profunda crise do modelo da Navarra foral e espanhola, exploradora e defensora dos interesses de multinacionais, promotores e grandes empresas. Este modelo conduziu-nos a uma série de despedimentos, aos ERE, ao aumento da precariedade e ao agravamento das condições de vida. Este modelo mete água e é chegado o momento de pôr na mesa as alternativas, porque, sem dúvida, outra Nafarroa é possível. Mais, é urgentemente necessária.

Fonte: nafarroan.com

Os oito militantes independentistas presos no final de Janeiro recuperam a liberdade


Os oito militantes independentistas detidos no final de Janeiro por quererem participar nas eleições vão ser postos em liberdade. Previa-se que Arantza Urkaregi e Iñaki Olalde saíssem ainda ontem, e que hoje o façam Hodei Egaña, Amparo Lasheras, Agurtzane Solaberrieta, Eli Zubiaga, Iker Rodrigo e Imanol Nieto. Deverão pagar uma fiança de 6000 euros.

Urkaregi encontra-se na prisão de A Lama, Olalde em Teruel, Solaberrieta em Brieva, Egaña em Herrera, Zubiaga em Córdova, Rodrigo em Ocaña, Nieto em Foncalent e Lasheras em Valhadolide.
O Movimento pró-Amnistia expressou a sua alegria pela libertação de todos eles mas lembrou que nas prisões espanholas há ainda muitas cidadãs e muitos cidadãos bascos presos por exercerem o seu direito à actividade política. Apelou também à participação nos actos de boas-vindas que serão organizados nas suas terras natais.

Detidos em Janeiro
Os oito militantes independentistas foram detidos pela Polícia espanhola a 23 de Janeiro, por ordem do juiz Baltasar Garzón, que lhes deu ordem de prisão três dias depois, acusando-os formalmente de “integração em organização terrorista”, com base na sua tese do “tudo é ETA”.
Durante a operação, na qual participaram cerca de 300 agentes, a Polícia procedeu à inspecção das casas particulares de vários militantes independentistas conhecidos, levando documentação e computadores.
O juiz argumentou que os oito encarcerados – “e outros imputados investigados aos quais foi praticada a correspondente inspecção domiciliária” – estavam a fazer esforços para “cumprir as ordens da ETA para participar nas eleições do Parlamento do País Basco”, abrindo assim a porta à ilegalização da D3M e do Askatasuna, cujas actividades suspendeu a 17 de Fevereiro.

Fonte: Gara

Garzón processa 44 militantes da esquerda abertzale

Auto integral (2,3 MB)

Lista de processados

Korrika 16: o testemunho em prol do euskara começa a correr amanhã à tarde em Tutera

Uma nova edição da Korrika, a corrida organizada pela AEK que reivindica, de dois em dois anos, a normalização do euskara em todo o país, está quase a começar. Tutera será amanhã o ponto de partida da 16.ª edição, que terminará em Gasteiz a 5 de Abril e completará mais de 2000 km com o lema «Ongi etorri euskaraz bizi nahi dugunon herrira» [Bem-vindos à terra dos que querem viver em euskara]. O GARA dará a conhecer aos seus leitores a partir do interior da caravana tudo o que acontecer nesses onze dias.

Embora desde a sua primeira edição, em pleno Inverno de 1980, a Korrika tenha passado pelo Sul de Nafarroa em muitas ocasiões, será a primeira vez que o percurso se inicia na Ribera navarra. Desta forma, ao partir de Tutera, pretende-se prestar homenagem a todas as pessoas que trabalharam na defesa da língua basca numa zona catalogada pelo Governo navarro como “não bascófona”.

Cabe a Alizia Iribarren, enquanto responsável pelo pessoal docente da AEK na Erribera, fazer o primeiro quilómetro do percurso, passando depois o testemunho a dois alunos da ikastola Argia em Fontellas, Iñaki Giménez e Nerea Marmol.
Tutera é também uma das entradas e saídas históricas de Euskal Herria e encaixa na perfeição no lema escolhido para a edição deste ano, que quer dar um acolhimento caloroso a todas as pessoas e instituições que entrem no mundo do euskara.

Mais apoios a cada ano
Uma mensagem que procura abrir a porta a toda a população imigrante que chegou a Euskal Herria nos últimos tempos e que continuará a vir nos próximos anos. Mas que também se dirige a todas aquelas pessoas que se envolveram na recuperação da língua basca, e que é um apelo, simultaneamente, às instituições e administrações para que ajudem a garantir a efectiva utilização desta língua em todo o território de Euskal Herria. Apesar do muito que se avançou no âmbito da normalização do euskara nos últimos anos, ainda há bastante caminho pela frente.

A Korrika é a demonstração bem evidente de que a sociedade basca está disposta a avançar no sentido da normalização do euskara, como ressaltam os seus promotores. De dois em dois anos milhares de pessoas vêm para a rua reivindicar a necessidade de recuperar o euskara e cada nova edição consegue congregar maiores apoios. Será das poucas iniciativas nascidas nos anos 80 que não só não perderam poder de mobilização como o viram aumentar ano após ano.

Este ano também não será excepção. Foram muitos os agentes sociais, sindicais e políticos que deram o seu apoio à iniciativa. Ontem, foi a associação Ahaztuak, que trabalha na recuperação da memória histórica, que manifestou o seu apoio, e hoje será a Udalbiltza a fazer o mesmo.

Manex ALTUNA

Notícia completa: Gara


Voltamos a apresentar o clip da canção desta edição, intitulada «Ongi etorri lagun» [Bem-vindo, amigo]. Letra de Jon Maia; música e interpretação dos Betagarri.

Municípios navarros em defesa do euskara a partir da UEMA

Os autarcas de Leitza, Goizueta, Araitz, Arbizu e Basaburua, todos da esquerda abertzale, encorajaram outros municípios a trabalhar em prol do euskara a partir da UEMA, a comunidade que agrupa os municípios euskaldunes.

Xabier Zabalo, de Leitza, Patxiku Irisarri, de Etxalar, e Gorka Iriarte, de Arbizu, três dos municípios que fazem parte da Udalerri Euskaldunen Mankomunitatea, destacaram a importância de integrar uma entidade que, “ultrapassando diferenças ideológicas, tem como objectivo a normalização real da nossa língua”.

Em nome dos municípios navarros cujos autarcas são da esquerda abertzale, ofereceram uma conferência de imprensa em Iruñea para reafirmar o compromisso que assumiram quando passaram a fazer parte da UEMA e apresentar uma reflexão face à incorporação de outros municípios navarros nesta comunidade.

Depois de indicar que o UEMA é “um instrumento de primeira ordem” para trabalhar na normalização do euskara, afirmaram que a situação de Nafarroa “dá mais força” à decisão destas autarquias. “Infelizmente – acrescentaram – a política levada a cabo pela dupla UPN-PSN para fazer desaparecer o euskara não é nova, mas já vem de longe, tendo-se agravado nos últimos anos”.
Como exemplos disso, referiram a marginalização do euskara na Administração, o “acosso” que sofre no sistema educativo ou as “tentativas de sufocar” os meios de comunicação que desenvolvem o seu trabalho em euskara.

Na sua opinião, “na base destes ataques encontra-se a Lei da Língua Basca, com as suas zonificações e a sua guetização”. 23 anos depois da entrada em vigor desta lei, a conclusão a que chegam é que foi criada para levar ao “desaparecimento do euskara” e que as modificações que nela foram introduzidas, como a relativa aos limites da zonificação, “não servem para a normalização da língua”.
“Estes anos deram para perceber que a oficialização do euskara é imprescindível. Não garante o futuro, mas sem ela – acrescentaram – não se poderão dar passos concretos”.
Por isso, apelaram ao trabalho em prol desse objectivo, “ultrapassando as chantagens e os ataques do poder”.

Iñaki VIGOR

Fonte: Gara