segunda-feira, 31 de março de 2008
Colômbia saúda luta do povo basco
Saudação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército do Povo (FARC-EP)
Saudação do Exército de Libertação Nacional (ELN)
sábado, 29 de março de 2008
Actos em Zornotza e mobilizações por todo o País Basco a favor dos direitos dos presos
Seis manifestações com cartazes, que decorrerão simultaneamente em seis pontos distintos de Zornotza, e o comício previsto para as 13h15 em frente à Câmara Municipal servirão hoje para voltar a exigir a libertação de dois presos da localidade: Juan José Legorburu, encarcerado há 22 anos, e Joseba Etxezarreta, prisioneiro desde 1998.
De acordo com os promotores da iniciativa, ambos já deveriam estar em casa, uma vez que cumpriram três quartos das suas penas: o primeiro em 2001 e o segundo em 2006. Depois de recordarem que Etxezarreta se encontra actualmente na prisão de Pontevedra (a 779 km de Zornotza) e Legorburu na de Valência (a 611 km), consideraram que “fechar os olhos” à realidade da política penitenciária dos estados espanhol e francês – “dispersão, sangria económica e pena de morte” – não é mais que “prolongar o conflito”.
Última sexta-feira
Se hoje, em Zornotza, se fará finca-pé na realidade que vivem os prisioneiros políticos e na exigência da libertação imediata de dois deles, ontem, última sexta-feira do mês, milhares de bascos saíram à rua para exigir, precisamente, que se respeitem os direitos que assistem ao Colectivo de Presos Políticos Bascos (EPPK). Assim sucedeu em quase todas as capitais e em centenas de povoações de Iparralde (País Basco Norte), Gipuzkoa, Bizkaia, Araba e Nafarroa – sendo que neste último território a Guardia Civil procedeu ao registo da concentração ocorrida em Lesaka e à identificação de duas pessoas que seguravam cartazes em Zizur Nagusia.
em GARA.net
sexta-feira, 28 de março de 2008
Eleitos independentistas vincam a sua legitimidade face às moções de censura
“Porque nos querem afastar da gestão municipal?”, perguntaram os eleitos independentistas a quem deseja apresentar moções de censura e aos que apoiam essa proposta. Na sua opinião, o verdadeiro motivo para a exclusão é a tentativa de acabar com a prática política que demonstra que há uma alternativa para construir este povo a partir da esquerda. “O nosso modelo de povo, de país, confronta o daqueles que impulsionam as moções de censura”.
Representantes eleitas e eleitos independentistas explicaram ontem, em Donostia, o seu posicionamento relativamente à moção de censura que o PSE pretende apresentar contra a presidente do município de Arrasate. Compareceram perante os meios de comunicação o vice-presidente do município de Pasaia e os presidentes dos municípios de Lezo, Antzuola, Urretxu, Legazpi, Usurbil, Azpeitia, Hernani e Arrasate. Em nome de todos, tomaram a palavra Iñaki Zabala e Marian Beitialarrangoitia, primeiros edis de Urretxu e Hernani, respectivamente, dirigindo-se “aos que se empenham em apresentar moções de censura e aos que apoiam essa proposta”, e recordando-lhes que o facto de a EAE-ANV estar a trabalhar em municípios e instituições resulta de uma decisão tomada pelos cidadãos nas eleições de 27 de Maio. “Apesar das ilegalizações, das agressões e de todo o tipo de dificuldades”, recordaram que receberam o apoio de quase 200 000 cidadãos e cidadãs, e que em vários municípios foram a lista mais votada.
“A legalidade e a legitimidade foram-nos conferidas pelos cidadãos e pelas cidadãs. Fomos a opção mais votada pelos residentes de Arrasate, e é precisamente pelo apoio da cidadania ao nosso projecto político e programa municipal que hoje ostentamos o município de Arrasate”, assinalaram. Por isso, consideraram que todas as moções de censura que se possam apresentar contra si vão também contra o desejo e a vontade dessa parte da cidadania que neles votou, contra a democracia, o respeito pela decisão dos cidadãos. Apreciaram estas actuações no contexto da estratégia repressiva que o PSOE mantém contra a esquerda abertzale, considerando que as moções de censura são mais um instrumento de repressão contra a esquerda independentista, e denunciaram uma lei de partidos que procura “levar a cabo um apartheid político nos municípios, afastando do caminho a esquerda abertzale para que o PNV e o PSOE possam materializar uma nova fraude neste país”.
Zabala indicou que as decisões de desfazer os governos municipais em que participa a EAE-ANV não são algo inédito. Recordou que essas atitudes e receitas “foram frequentemente utilizadas neste povo para isolar e criminalizar a esquerda independentista”, e afirmou que hoje é mais evidente que nunca que são estratégias fracassadas, “decisões que não nos levam a lado nenhum ou, melhor dito, que nos levam a afastarmo-nos da verdadeira solução do conflito”.
Os eleitos independentistas crêem que o PSE propõe receitas que já fracassaram porque “nem as ilegalizações, nem as agressões, nem a repressão, nem a criminalização, nem as mensagens para nos isolar, nem as vias policiais conseguiram acabar com a esquerda abertzale”. Por isso, “se alguém pensa que a solução é possível marginalizando a esquerda independentista, como tem acontecido até agora, estará equivocado”, avisaram.
Raízes firmes
“O que as eleições de 9 de Março evidenciaram é que a esquerda abertzale é um sector político firmemente enraizado neste povo e que, mesmo nas situações mais difíceis, conta com o apoio de milhares e milhares de cidadãs e cidadãos bascos”, avaliaram os eleitos independentistas.
PNV, EA, Aralar e EB “deverão tomar as suas próprias decisões”
Os representantes eleitos independentistas comunicaram ao PNV, EA, Aralar e EB que não lhes vão pedir que não apoiem as moções de censura. Indicaram que estas formações políticas deverão decidir se se unem a quem “impôs a este povo um novo estado de excepção” ou se optam por respeitar a decisão da cidadania e trabalham pelo diálogo sem exclusões. “Todos e todas sabemos que a chave está em abordar as raízes do conflito político e armado, e que as condenações de um lado ou do outro não vão solucionar o problema”, asseguraram.
Fonte: GARA
quarta-feira, 26 de março de 2008
terça-feira, 25 de março de 2008
Desde 1969 que não havia um número tão elevado de presos políticos
Temos de nos reportar aos finais da década de 60 para encontrar um momento em que houvesse mais presos políticos bascos do que na actualidade. Mais concretamente, ao ano de 1969. Mas as situações não são comparáveis, e não só porque na altura estava vigente no Estado espanhol uma ditadura militar enquanto agora existe um sistema que supostamente garante as liberdades e os direitos.
O gráfico que representaria a situação dos últimos dez anos do franquismo seria uma linha recta que oscilava por vezes com grandes picos. A média dos cidadãos bascos presos por motivos políticos andava, naqueles anos, pelos 300, mas essa regularidade via-se interrompida em momentos de especial convulsão, quando se praticavam centenas de detenções. É o caso do ano de 1969, que terminou com 862 presos políticos nas prisões espanholas, ou o de 1975, que em Dezembro resultava em 632 cidadãos bascos presos pela sua militância política.
Essa questão de oscilações continuou logo após a aplicação da chamada “Lei da Amnistia” em 1977. Já em finais de 1978 havia 108 presos políticos bascos. Mas, se bem que nestas três décadas tenha havido momentos de maior convulsão que resultaram em mais prisões e mais detenções, houve uma série de elementos que fizeram com que aumentasse o número médio de presos políticos e que, sobretudo nos últimos oito anos, os picos se tenham convertido numa linha contínua ascendente.
De facto, desde o ano 2000 até à actualidade, o número de presos políticos aumentou ano após ano, sem excepção, passando dos 515 de então aos 739 da actualidade. Mas o aumento mais importante tem-se dado nos últimos meses: nos oito que passaram desde o último balanço realizado pela Etxerat, aumentou em 142 o número de presos bascos.
Um desses elementos foi a prisão em massa de cidadãos bascos pela sua participação em diversas expressões de militância social e política: organizações políticas, meios de comunicação, organizações juvenis, do âmbito da “euskaldunização” ou da desobediência civil, e tudo o que se acaba por englobar genericamente em kale borroka…
Outra razão para o aumento do número de presos políticos bascos é o alargamento das condenações e o aumento dos entraves à libertação, seja pela negação à sua libertação depois do cumprimento de dois terços ou três quartos da pena, seja por continuarem presos apesar de manifestarem doenças graves e incuráveis, ou ainda pela nova doutrina de cumprimento total de pena, a chamada “condenação perpétua”.
Em 1968, morreram em confrontos armados o militante da ETA Txabi Etxebarrieta e o guardia civil José Pardines. Pouco depois, a ETA acabou com a vida do polícia Melitón Manzanas. No dia seguinte, a 3 de Agosto, foi declarado o Estado de Excepção por três meses em Gipuzkoa e foi restabelecido o Decreto-Lei sobre Banditismo e Terrorismo, pelo que alguns delitos passavam a depender da jurisdição militar. É neste contexto que se inicia o ano de 1969, em que se iriam dar 1953 detenções em Euskal Herria e se calcula que 300 pessoas se viram obrigadas ao exílio. É assim que no final do ano o número de presos políticos bascos era de 862, um recorde. Ainda que em 1970 outros 831 cidadãos bascos tenham sido presos por motivos políticos, no final desse ano o número de prisioneiros políticos bascos tinha descido para 396.
Antes das eleições autárquicas de Maio do ano passado, a Etxerat deu a conhecer um balanço da situação do colectivo formado pelos familiares dos presos. Na altura, 597 bascos encontravam-se dispersos em 82 prisões de três estados.
Apenas oito meses depois, à porta de novas eleições e com o PSOE lançado à reconquista do Governo espanhol, era esta a situação que reflectia a Etxerat: 739 bascos encarcerados em 89 prisões de três estados: 571 em 53 prisões espanholas; 166 em 34 prisões francesas; e dois no Canadá.
Nestes oito meses ocorreram mais de 300 detenções (entre elas, mais de 200 em regime de incomunicação), e quase metade dos detidos ingressou na prisão. Nuns casos, para cumprir grandes penas (megaprocesso 18/98), noutros, em buscas relacionadas com kale borroka; e uma parte relacionada com a Lei dos Partidos, que levou à prisão dezenas de dirigentes políticos da esquerda independentista.
A isto somam-se os entraves à saída em liberdade. A 18 presos que cumpriram integralmente as suas penas, foi-lhes aplicada a chamada “doutrina Parot”, a 197/2006, pelo que a sua pena aumenta de forma automática vários anos. Essa prática soma-se à já “rotineira” negação da liberdade condicional. Neste momento, veta-se esse direito a 169 presos políticos bascos.
Este ano começou a ser negado aos psicólogos o atendimento aos seus pacientes presos. Mansilla, Alcalá, Aranjuez, Logroño, Burgos, Soria, Iruñea, Langraiz, Puerto I, Zuera, Badajoz e Albolote aplicam-no já, segundo denuncia a Etxerat.
A 2 de Fevereiro, a sogra e o cunhado de Leire Urrutia ficaram sem visita. A direcção de Langraiz concluiu que o parentesco não estava demonstrado. Urrutia e o seu companheiro vivem em comunhão de facto e têm os documentos que o comprovam.
No Estado francês houve quatro transferências de prisão até Março. O caso mais grave é o de José Domingo Aizpurua, que sofre de cancro, já que é recluso na prisão de Perpignan, onde não há nenhum outro preso político basco.
O recrudescimento da política de dispersão posta em marcha pelo PSOE em 1987 vem acompanhado pelo endurecimento das condições de vida nas instituições prisionais dependentes dos estados espanhol e francês. Nos primeiros meses deste ano, por exemplo, houve 98 transferências de presos políticos, na maioria dos casos, por alteração de destino. Nove deles encontravam-se em prisões em Euskal Herria, onde apenas restam 25 neste momento.
As limitações ao direito a ter condições de vida dignas abarcam desde o impedimento a estudar em euskara e nas universidades de Euskal Herria; ao controlo estrito das comunicações ou à proibição quase total de outro tipo de actividades. Assim, em Janeiro e Fevereiro pelo menos 10 visitas não se puderam realizar, simplesmente porque os funcionários assim o decidiram. Além disso, em Mansilla colocaram câmaras de vigilância nos locutórios e em Soto del Real não se pode levar papel nem caneta para as visitas, que se realizam com um funcionário ao lado e com a cabine do locutório fechada à chave.
As condições extremas que se vivem nas prisões levaram a doze presos políticos pedir a sua libertação por terem doenças psicológicas e físicas graves. A resposta das autoridades espanholas foi clara: só sairão em liberdade se mostrarem arrependimento ou condição agonizante.
Fonte: GARA
segunda-feira, 24 de março de 2008
Independentistas de diferentes siglas exigem a soberania enquanto o PNV pede um pacto ao PSOE
«Nazioa gara. Zazpiak bat. Burujabetzaren alde» [Somos uma nação. Os sete, uma. Pela soberania]. Foi esta simples mensagem que milhares de cidadãos de todos os territórios de Euskal Herria quiseram ontem fazer ouvir, aderindo à convocatória para um Aberri Eguna unitário defendido pelo Foro de Debate Nacional. E fizeram-no, ainda por cima, no lugar onde Gipuzkoa e Lapurdi se enlaçam, convertendo a emblemática ponte de Santiago num mar de gente que reivindicou ser “uma das nações mais antigas da Europa”.
A marcha partiu ao meio-dia, encabeçada por uma grande ikurriña e por txistularis [tocadores de flauta basca tradicional]. O cartaz – levado por responsáveis pela convocatória como Itziar Fernandez, Garbiñe Bueno, Tasio Erkizia ou Jose María Arrate – indicava o caminho aos cidadãos que se iam juntando ao longo de todo o percurso. Desde o recinto de feiras de Ficoba até ao Frontão Gaztelu Zahar de Hendaia, onde terminou, os participantes, de guarda-chuva nas mãos em alguns momentos da marcha, entoaram palavras de ordem a favor da independência de Euskal Herria. Cinco txalapartas [instrumento de percussão tradicional], situadas ao longo de todo o trajecto, davam as boas-vindas à manifestação à medida que esta passava.
Antes do início da marcha, Bueno, em representação do Foro de Debate Nacional, destacou perante os meios de comunicação que o objectivo da convocatória se baseava na “junção de forças em volta dos pontos em comum”, e em fazê-lo “superando as diferenças e indo para lá das sensibilidades políticas e sociais”, fez notar.
Afirmou que se vive um momento “difícil”, já que a “opressão sofrida por Euskal Herria e pelos seus cidadãos não cessou”. Não obstante, Bueno constatou que o momento actual é também um “momento importante”, uma vez que Euskal Herria “conseguiu chegar ao século XXI como um povo vivo e com a oportunidade de ser dono do seu futuro”.
A representante do Foro insistiu em que nos últimos anos “se estabeleceram as bases para superar o conflito e alcançar uma nação soberana”. Neste sentido, precisou que essas bases assentam “no reconhecimento de Euskal Herria como nação, da sua territorialidade, do direito a decidir, assim como no reconhecimento dos direitos tanto individuais como colectivos do povo basco”. Mesmo assim, Bueno entende que agora chegou a hora de “guiar essa força para um novo contexto”. “Chegou o momento de abrir uma etapa para alcançar o que nos corresponde como nação no mundo”, finalizou.
Depois de percorrer o trajecto, a cabeça da marcha desembocou no Frontão Gaztelu Zahar, onde a aguardava um cenário engalanado por uma ikurriña e pelas bandeiras dos diferentes herrialdes [territórios] do país. Os assinantes da convocatória, de cartaz na mão, subiram ao palco, e desde ali escutaram o som da alboka [instrumento de sopro tradicional basco] e os bertsos [versos cantados, geralmente improvisados] de Sustrai Colina.
O membro do Foro de Debate Nacional Abel Ariznabarreta foi o responsável pela leitura do manifesto adjunto, preparado para o evento e que congregou centenas de adesões. Ariznabarreta denunciou que os estados espanhol e francês “querem cortar a cadeia, fazer calar a voz”, ainda que tenha acrescentado que tal “é inútil”.
Estabeleceu o encontro de ontem como um “ponto de partida para ir avançando no caminho da soberania” e mostrou-se convencido de que mediante “o trabalho em comum, entre as pessoas que constituem este povo, os seus direitos se tornarão realidade”.
Ixabel Etxeberria, integrante da Udalbiltza [Assembleia de Municípios e de Representantes Municipais do País Basco], também tomou a palavra para se dirigir especialmente a todos os representantes eleitos de Euskal Herria e instá-los a que participem activamente na reorganização da instituição nacional. Na sua perspectiva, este país precisa de ter instituições nacionais para a “sua própria sobrevivência”, destacando que este “é um problema da máxima importância”. Recordou ainda que neste último ano se renovaram todos os municípios do conjunto do país, pelo que considerou o momento actual como “vital” na reorganização da Udalbiltza.
Ausência do PNV
Entre os milhares de cidadãos que ontem estiveram presentes entre Irun e Hendaia, apareceram também rostos conhecidos do âmbito político e sindical. Entre eles estava o presidente da EA em Nafarroa e deputado da NaBai, Maiorga Ramírez, o vice-coordenador do Aralar, Jon Abril, o presidente da ANV, Kepa Bereziartua, o histórico militante da esquerda abertzale Tasio Erkizia, ou o secretário-geral do LAB, Rafa Díez. Destacava-se a ausência do PNV.
Alguns deles aproveitaram a data para fazer passar as suas mensagens, para além de assumir o que fora proposto pelos convocantes. Foi esse o caso de Abril, que assegurou que Aralar não quer que o Aberri Eguna se limite a “uma foto de reunião de diferentes partidos” e defendeu que “essa união vá mais além”.
Fonte: GARA
domingo, 23 de março de 2008
Carro-bomba explode em La Rioja
A explosão não provocou feridos, pois um aviso prévio feito em nome da organização armada ETA permitiu a localização do veículo e a evacuação da zona.
Segundo Joan Mesquida, responsável máximo da Guardia Civil e polícia espanhola, o rebentamento de cerca de 70 kg de explosivos resultou em graves danos materiais, num edifício que estava previsto ser demolido daqui a alguns meses.
Há 25 anos, em 1983, este mesmo quartel havia sido alvo de uma outra acção, também sem vítimas.
notícia em GARA.net
Solidariedade Internacionalista no Gazte Topagunea 2008
Desde 1994, bianualmente, ergue-se o Gazte Topagunea, que tem também como objectivo o cruzamento de experiências entre os jovens bascos e dirigentes de organismos juvenis estrangeiros. Nesta edição, são cerca de 30 os representantes de delegações estrangeiras, que nos encontros internacionalistas terão a palavra para explicar a realidade das diferentes lutas que se desenvolvem nos seus países. Assim, convidados pela Kamaradak, estão presentes em Lezo jovens da África do Sul, Venezuela, Palestina, Curdistão, Irlanda, Suíça, Flandres, Andaluzia, Itália, Alemanha, Bretanha, Córsega, República Checa, Grécia, Eslovénia, Holanda e Portugal.
A Delegação da ASEH está presente no festival, e hoje também integrou a manifestação do Aberri Eguna, mostrando uma vez mais que estamos empenhados em trabalhar, lado a lado com os jovens bascos, por um País Basco livre e independente!
Jovens independentistas desenham Estado Basco socialista como futuro
O ponto alto da jornada foi o comício que teve lugar ao fim da tarde na tenda principal, onde os jovens independentistas Ainara Bakedano e Ion Telleria reafirmaram que Euskal Herria é um povo que “pensa, exerce e se constrói como tal”. Afirmaram que “só a construção de um Estado basco e socialista garantirá todos os direitos deste povo”, pelo que se comprometeram a lutar por esse objectivo, com a organização como ferramenta.
Com uma plateia imensa, os primeiros a entrar em cena foram as personagens da Constituição espanhola e o galo, símbolo da República francesa – os protagonistas do spot feito para dar a conhecer este Topagunea. O grande livro rojigualdo (vermelho e amarelo), com um inequívoco e gracioso acento andaluz, congratulava-se pelo trabalho realizado pelos estados espanhol e francês para “aniquilar e colonizar” Euskal Herria, citando Txiberta, os tempos dos GAL, as euro-ordens, a repressão dos últimos meses... Os grandes ecrãs que se encontravam na tenda exibiam imagens que mostravam o percurso de Euskal Herria nos últimos anos, e que iam recebendo apupos ou aplausos dos presentes.
Tanto a intervenção das personagens como o vídeo transmitido tornaram-se manifesto da situação actual de Euskal Herria, que, no entender dos jovens independentistas, se resume a duas opções: a submissão à Constituição espanhola e à República francesa, por um lado, ou a independência de Euskal Herria, por outro.
Dezenas de jovens subiram ao palco para destruir os símbolos estatais, acreditando, assim, que a independência é a sua opção política.
Sete jovens provenientes de cada uma das províncias que constituem Euskal Herria tomaram a palavra para exigir, cada um, desde a sua mais próxima realidade, um marco democrático para Euskal Herria.
Os jovens independentistas destacaram que a única proposta que existe hoje em dia é a Proposta do Marco Democrático, defendida pela esquerda abertzale (independentista). No comício, explicaram ainda o seu conteúdo, detalhando as duas autonomias com direito a decidir sobre as em que se constrói a alternativa; uma para as províncias ao norte do Bidasoa e outra para as quatro a sul. Assim, depois de recordar que esta proposta possibilita materializar todos os projectos políticos, destacaram que traria consigo a resolução do conflito político e armado que sofre este país, dando lugar ao “retorno a casa dos refugiados e presos políticos”, segundo afirmaram.
Com o hino da Internacional como fundo, os membros da delegação internacional tomaram a palavra. Os jovens palestinos e curdos explicaram a situação de ocupação e submissão que sofrem, enquanto um jovem irlandês fez referência especial aos processos de resolução.
Os dantzaris tiveram a seu cargo a parte final do comício, onde um vídeo emotivo deu conta da “situação miserável” que sofrem tanto a juventude como os cidadãos de Euskal Herria. Precariedade, acidentes laborais, universidades submetidas aos interesses económicos, criminalização de movimentos juvenis como o Gaztesarea ou Kaskagorri, terras destruídas por construções… Sucederam-se, um depois do outro, como espelho da situação actual. Por oposição, o vídeo também mostrou a luz, o trazer à cena da luta o movimento juvenil de Euskal Herria. A resposta trazida às ruas de Donostia no passado 12 de Outubro, aquando da convocatória fascista, a luta pelo direito à habitação ou contra o processo de Bolonha foram recebidas com aplausos.
O momento mais emotivo chegou pela mão do escritor exilado Joseba Sarrionandia, que, através de uma gravação, saudou os jovens comprometidos e incentivou-os a prosseguir a luta pela independência e pela construção de um Estado basco. Afirmou ainda que é essa a via para “nos encontrarmos todos em casa”. A emoção do momento converteu-se em risos e alvoroço quando a tenda, repleta, começou a saltar ao ritmo do “Sarri Sarri”.
O final do comício foi dirigido por Telleria e Bakedano, que asseguraram não haver alternativa senão “conseguir a independência para Euskal Herria”. Sublinharam que a luta levada a cabo durante anos chegou a uma etapa onde “se deve escolher entre continuar sob o jugo dos estados espanhol e francês ou optar pela independência”. E afirmaram que hoje “não existem terceiras hipóteses”.
A seu ver, a maioria social de Euskal Herria está de acordo tanto sobre o direito a escolher a sua própria cidadania como sobre a articulação territorial do país e a metodologia, baseada no acordo e no diálogo, para superar o contencioso político. Na opinião da juventude independentista, os estados espanhol e francês opõem-se frontalmente a estes eixos, pelo que incentivaram a lutar contra esta imposição.
Asseguraram que a juventude basca é capaz de construir o seu próprio futuro, como está a fazer durante quatro dias neste Gazte Topagunea 2008.
“A luta e a organização são o caminho”, afirmou Telleria, antes de destacar que “ninguém poderá travar” uma juventude comprometida com a construção do Estado socialista basco.
Fonte: GARA
sexta-feira, 21 de março de 2008
Aberri Eguna 2008 [dia da Pátria Basca]
Tal como explicou na apresentação de Fevereiro o porta-voz do Fórum de Debate Nacional Abel Ariznabarreta, “hoje, em Euskal Herria há uma maioria social a favor do reconhecimento de Euskal Herria como nação, da territorialidade, do direito à autodeterminação e a favor do reconhecimento e das garantias em torno dos direitos que nos dizem respeito como nação, assim como dos direitos individuais e colectivos que nos assistem como cidadãos de Euskal Herria.
Uma reflexão que guiará a multidão que este domingo se dirigir à entrada de Ficoba para fazer o percurso até Hendaia, e que procurará, assim, “converter essa força numa força para a abertura de uma nova era em Euskal Herria”. O manifesto elaborado para o encontro deste ano constata que “somos uma das nações mais velhas da Europa. Nós, os bascos e as bascas de hoje, somos o último elo de uma grande corrente que percorreu os séculos. Somos as novas vozes de um forte canto pela liberdade”. Face a esta realidade, denuncia que, “todavia, não nos é reconhecido”. “Querem cortar a corrente, fazer calar a nossa voz. Negam-nos a vida, trabalhar e sentir como nação. Proíbem-nos decidir o nosso futuro como nação e ir construindo um país”, denuncia.
“Mas é inútil”, acrescenta, logo em seguida, e num contexto marcado pelo estado de excepção imposto a este país, os promotores da convocatória, as centenas de pessoas que aderiram ao texto, e os milhares que passarão por Irun e Hendaia, responderão que, “por cima de todos os ataques e criminalizações, reivindicamos a nossa identidade basca e com a mesma firmeza adoptamos o compromisso de continuar a trabalhar. Um compromisso invencível.”
Para o Nazio Eztabaida Gunea [Foro de Debate Nacional] “chegou o tempo de conquistar o lugar que nos pertence como nação no mundo”, o momento de “garantir todos os direitos que nos correspondem como cidadãos bascos”. “Estamos nesse momento e, felizmente, não há volta a dar, estamos no alvor da soberania”.
em GARA.net
Procuradoria inicia investigação para identificar o público que não respeitou um minuto de silêncio em San Mamés
A petição chega depois da denúncia de "enaltecimento do terrorismo" apresentada pelo grupo de extrema-direita Dignidad y Justicia. As fontes citadas pela EFE e pela Europa Press disseram que há "indícios suficientes" de que foi cometido um delito de "enaltecimento do terrorismo" e afirmaram que entre amanhã e sábado se levarão a cabo as "acções oportunas" para reunir "todos os elementos ou peças de convicção que sejam necessários para esclarecer estes acontecimentos".
em GARA.net
quarta-feira, 19 de março de 2008
Guarda-redes do Athletic de Bilbau sofre agressão
A manipulação operada pelos órgãos de comunicação social do Estado espanhol joga a favor da criminalização do povo basco. A desinformação e as mentiras são um dos suportes que leva ao racismo exacerbado em vários campos da sociedade. Também no futebol, as equipas bascas são acossadas e alvo de constantes injúrias pela luta que trava o seu povo.
terça-feira, 18 de março de 2008
Repressão não pára
Segundo fez saber a Askatasuna, Eneko Galarraga foi transferido hoje de manhã para a Audiência Nacional espanhola, depois de ontem ter sido detido em Donibane Lohizune pela polícia francesa e posteriormente posto à disposição da polícia espanhola, com base numa euro-ordem emitida pelo Estado espanhol, e de ter passado a noite numa esquadra. O juiz do tribunal especial Fernando Andreu, que substituiu o magistrado Ismael Moreno, ordenou então o ingresso em prisão de Eneko Galarraga.
O jovem billabonatarra, de 27 anos, foi detido pela polícia francesa quando se dirigia à esquadra de Donibane Lohizune para assinar.
Galarraga já tinha sido detido a 24 de Janeiro no seu domicílio, em Urruña; quatro dias mais tarde foi posto em liberdade, enquanto as autoridades tomavam uma decisão sobre a euro-ordem emitida pelo Estado espanhol contra ele. O Tribunal de Pau deu luz verde à euro-ordem no passado dia 4 de Março.
A polícia francesa detém a porta-voz independentista Haizpea Abrisketa em Hendaia
Também de acordo com informações da Askatasuna, Haizpea Abrisketa foi presa pela polícia francesa esta tarde, cerca das 14h30, em Hendaia, depois de sair de sua casa, tendo sido posteriormente enviada para uma esquadra de Baiona.
As mesmas fontes assinalam que a detenção poderia ter origem numa ordem emitida pelo juiz da Audiência Nacional espanhola Baltasar Garzón, mas até ao momento desconhecem-se mais dados sobre estes factos.
O organismo anti-repressivo denunciou “a caça às bruxas levada a cabo pelo Estado francês contra militantes abertzales [independentistas]”, e acusa-o de “seguir o mesmo caminho repressivo empreendido pelo Estado espanhol”.
segunda-feira, 17 de março de 2008
Encontro internacionalista no País Basco
No próximo fim-de-semana, vai realizar-se em Lezo, Euskal Herria, no âmbito da festa juvenil independentista basca, um encontro internacionalista com a participação de jovens de 25 países. A iniciativa, organizada pela associação basca Kamaradak [Camaradas], vai promover um conjunto de debates, dos quais se destacam os seguintes temas: "Porque lutam os povos?", "Jovens e resolução de conflitos", "A guerra internacional contra o 'terrorismo' e os movimentos sociais", "Processo de Bolonha", "Internacionalismo", "Luta pela habitação". Entre as delegações presentes, vão estar portugueses, palestinianos, curdos, irlandeses, sul-africanos, venezuelanos, catalães, galegos, jugoslavos, checos e muitos outros.
Kamaradak
Dia da Pátria unitário
O Foro de Debate Nacional procurou incentivar hoje, em Iruñea [Pamplona], a adesão às actividades organizadas a propósito do Aberri Eguna [Dia da Pátria], que se celebrará de forma unitária no próximo domingo entre Irun e Hendaia.
Pelo segundo ano consecutivo, estarão presentes, de forma unitária, organizações como Aralar, EA, AB ou a esquerda abertzale, cujos representantes explicaram hoje em conferência de imprensa que, “mais do que nas diferenças políticas e sociais, apostámos em juntar forças em volta do que nos une: a defesa do carácter nacional de Euskal Herria”.
Assim foi realçado pela porta-voz do colectivo, Garbiñe Bueno, que também explicou que os eventos de domingo, dia 22, consistirão numa marcha que partirá de Irun e chegará a Hendaia, em cujo Frontão Gaztelu Zahar [recinto de pelota basca] se realizarão os principais actos festivos.
No acto convocado pelo Foro de Debate Nacional, a que acorreram representantes dos diferentes partidos, sindicatos e outros agentes sociais que apoiam a iniciativa conjunta, leu-se o manifesto tornado público no passado mês de Fevereiro em Donostia, no qual os signatários, tendo como motivo o Aberri Eguna, reivindicam a sua “identidade basca, e com a mesma firmeza adoptamos o compromisso de continuar a trabalhar”.
A esse respeito, consideram ser chegado o momento de “garantir todos os direitos que nos assistem como cidadãos bascos” e que estão “nos alvores da soberania”, de forma que “somos uma maioria os que reivindicamos que Euskal Herria é uma nação e que deve lograr a sua soberania”.
De Irun a Hendaia
A marcha popular partirá às 11h30 de Ficoba (Irun) e terminará em Hendaia, em cujo Frontão Gazteu Zahar terão lugar os principais actos festivos. Estão previstas diversas actividades para o Aberri Eguna.
A organização informou que haverá uma área de comes e bebes no Gaztelu Zahar, e que também haverá música durante todo o dia.
Fizeram um apelo aos cidadãos para que adiram ao manifesto e mostrem nas suas janelas e varandas os símbolos da “nossa nação”.
Julgamento contra Gestoras Pró-Amnistia e Askatasuna
Tendo em vista o julgamento contra gestoras pró-amnistia e a Askatasuna, que se inicia na Audiência Nacional espanhola a 21 de Abril, vários dos imputados no processo ofereceram hoje em Bilbau uma conferência de imprensa, em que estiveram também presentes ex-presos políticos, familiares de presos e membros da EAE-ANV, entre outros, tendo lido um comunicado em que denunciam o julgamento.
O texto explica que os 27 imputados irão ser julgados “por organizar o apoio e a solidariedade que têm em Euskal Herria as pessoas que são reprimidas por lutar; por oferecer assistência e apoio às vítimas da guerra suja, aos presos e exilados, aos torturados, detidos, familiares, etc.”.
Segundo explicaram, “na ditadura de Franco, na transição posterior e na mal chamada etapa democrática, utilizaram uma infinidade de vias repressivas com o objectivo de oprimir este povo (...), sempre com o claro objectivo de procurar a morte de Euskal Herria”.
Mas, tal como afirmaram, “até nos momentos mais duros, este povo soube levar a sua avante, e a repressão teve uma resposta organizada”. “Somos um testemunho incómodo para o Estado, e pomos um travão à política de repressão que aplicam a este povo”, continuaram.
Muralhas populares
Também chamaram a atenção para o facto de o Governo do PSOE, “o mesmo que criou os GAL, querer fazer desaparecer, com receitas antigas, a luta a favor dos direitos de Euskal Herria” e, “através deste julgamento, apagar do mapa o movimento pró-amnistia, para poder reprimir sem limites este povo”.
“Não conseguiram e não irão conseguir parar o movimento pró-amnistia, porque este movimento é formado por milhares de pessoas, organizadas em todo o País Basco. Poderão ilegalizar organizações, nunca as pessoas; poderão encarcerar as pessoas, nunca as ideias”, assinalaram.
Por último, apelaram aos cidadãos bascos para “fazerem frente a este julgamento, associando-se às dinâmicas populares em prol da amnistia e contra a repressão, construindo muralhas populares frente à estratégia de guerra dos estados, para pôr limites ao estado de excepção permanente que se vive em Euskal Herria”.
em Gara.net
sexta-feira, 14 de março de 2008
Lakua proíbe duas cerimónias públicas em Elgoibar e Ibarra
A primeira delas, para receber o ex-preso político Fernando Bert, estava prevista para amanhã ao meio-dia, na praça do Município de Elgoibar.
A de Ibarra, em que se prevê a recepção a Eider Ijurko e Ekaitz Aramendi, está agendada para o próximo dia 22, na praça do Município da localidade.
Em ambos casos, as resoluções emitidas por Lakua consideram as cerimónias de recepção como “um acto de exaltação de uma organização terrorista ou dos seus membros”.
em GARA
Ofensiva contra o independentismo
Num auto ditado hoje, o juiz da Audiência Nacional espanhola comunica à Junta Eleitoral Central que é “impossível” proceder à atribuição da credencial de vereador a Amaia Artetxe ou a “qualquer outro” membro da EAE-ANV em substituição da ex-edil Ane Ajuria, que renunciou ao seu cargo no município de Ubide.
Garzón, que adoptou a medida a instâncias da fiscal Dolores Delgado, argumenta que a suspensão das actividades da EAE-ANV não afecta os titulares de direcções municipais ou os eleitos, mas sim as actividades do partido “que possam desenvolver-se como grupo”.
Sustenta que é “evidente” que “qualquer alteração posterior de uma Corporação por demissão, renúncia ou outra causa do titular do assento exige para a sua substituição por outra pessoa da candidatura uma decisão do partido a que corresponde a lista de eleitos, neste caso da ANV” e, por esse motivo, diz que “se torna impossível” que a edil que renunciou ao seu cargo seja substituída pela seguinte na lista ou outra na candidatura.
em GARA
quarta-feira, 12 de março de 2008
Eleitos independentistas reiteram que a sociedade basca “não quer olhar nem para Madrid nem para Paris”
Mariné Pueyo e Santi Kiroga, eleitos independentistas em Iruñea e Uharte, respectivamente, compareceram perante os meios de comunicação para fazerem a sua apreciação da ressaca eleitoral em Euskal Herria e, mais concretamente, em Nafarroa.
Ambos assinalaram que os resultados obtidos no domingo “mostram que a sociedade basca não quer olhar nem para Madrid nem para Paris” e, além disso, chamaram a atenção para o facto de as formações que orientaram os seus interesses em direcção a ambas as capitais “terem obtido péssimos resultados”.
A prova disso é a descida registada por PNV, PNB, EA e Nafarroa Bai. Dados que os eleitos aproveitaram para contrastar com o “bom resultado” da abstenção.
Perante isso, afirmaram que os cidadãos exigem que “nos deixemos de interesses partidários e que nos posicionemos como povo”.
Em Nafarroa, concretamente, asseguram que as reacções das formações citadas têm vindo a ser “muito convencionais”, e consideram “que têm de compreender que faz falta uma mudança real, na qual Nafarroa não seja um problema mas antes parte da solução”, e não seja tratada como “um objecto”, antes “como sujeito”.
Por isso, reivindicaram que a Proposta de um Marco Democrático, apresentada pela esquerda abertzale, continua ainda vigente e que em Euskal Herria “não há lugar para novas fraudes”.
Fonte: Gara
Hodei Ijurko enviado para a prisão por Grande-Marlaska
Hodei Ijurko, o jovem detido no passado sábado pela Polícia Foral em Iruñea [Pamplona], acusado de atacar um veículo deste corpo policial, foi transferido esta manhã para a Audiência Nacional espanhola. Ali, compareceu perante o juiz Fernando Grande-Marlaska, que decretou o seu encarceramento, tendo posteriormente ingressado na prisão de Soto del Real.
Segundo informações da Askatasuna, o magistrado acusou-o de delitos de “integração em organização terrorista (por pertencer à Segi)”, “atentados”, “estragos” e “posse de explosivos”. As mesmas fontes fizeram notar que Ijurko não prestou declarações, e negou os factos de que é acusado.
Ijurko, natural de Etxarri-Aranatz e morador na capital navarra, foi detido na madrugada de sábado e levado para uma esquadra de Iruñea. De acordo com a Askatasuna, depois da detenção o jovem também teve que ser conduzido a um hospital, já que precisou de levar nove pontos na cabeça. Além disso, como confirmou o seu advogado de confiança, Ijurko apresentava diversas contusões no corpo.
No domingo de manhã, agentes da unidade especial da Polícia Foral apresentaram-se com Ijurko no seu domicílio, situado na rua Eskirotz de Iruñea, com o objectivo de proceder à identificação do local. Esta demorou cerca de três horas, durante as quais a polícia confiscou o computador do jovem, entre outros objectos pessoais.
De acordo com a informação difundida por agências espanholas, pende sobre Ijurko a acusação de participar num ataque perpetrado no sábado à noite contra um veículo da Polícia Foral. A sabotagem ocorreu pela 1h30, quando o veículo policial foi atingido por 13 cocktails molotov, segundo fontes oficiais.
segunda-feira, 10 de março de 2008
O terrorismo de Estado denunciado pela música
Na década de 80, o Estado espanhol, governado então pelo PSOE, cria os Grupos Antiterroristas de Libertação [GAL]. Esta organização terrorista tinha como principal objectivo atacar a esquerda independentista basca. Foram responsáveis por, pelo menos, 27 mortes. Depois do escândalo que provocou a descoberta de que os GAL eram apoiados e financiados pelo Estado, a organização foi dissolvida. Contudo, o ex-general Enrique Rodríguez Galindo, que recebeu a maior pena, 75 anos de prisão, não esteve sequer cinco anos encarcerado. Assim se vê a democracia espanhola...
No dia 25 de Setembro de 1985, quatro cidadãos bascos são assassinados em Baiona, no País Basco Norte, ocupado pelo Estado francês. No Hotel Monbar, Jose Mari Etxaniz, Iñaki Asteazu Izarra, Agustin Irazustabarrena e Sabin Etxaide Ibarguren são alvejados por metralhadoras dos GAL.
Este acontecimento inspirou a histórica banda basca Kortatu a criar a canção "Hotel Monbar".
domingo, 9 de março de 2008
Eleições municipais na parte Norte do País Basco
Abstenção sobe no Sul do País Basco
Afluência às urnas
País Basco: 54.08% (61.4%, em 2004)
Guipuscoa: 48.10% (60.71%)
Biscaia: 55.99% (62%)
Álava: 55.83% (60%)
Navarra: 59.92% (62.83%)
País Basco amanhece com boicotes às eleições
Naturalmente, a abstenção activa significa mais do que o simples acto de não votar. É também um acto de luta contra a ditadura que se impõe aos bascos. Como tal, a parte do país ocupada pelo Estado espanhol amanheceu com boicotes às eleições.
Em muitas localidades, populares rebentaram com as urnas de voto, destruiram o material para a votação e sabotaram as fechaduras das assembleias. Em Donostia, levantaram-se barricadas com contentores a arder. Na mesma cidade, várias pessoas protestaram e apelidaram de fascista a um dirigente do PSOE quando votava.
Observadores europeus constatam falta de democracia no País Basco
Os 18 observadores europeus que viajaram até ao País Basco reuniram-se durante estes dias com diferentes agentes sociais e políticos bascos, com o propósito de conhecer em primeira mão a situação que actualmente se vive no país.
Hoje, compareceram perante a imprensa em Iruñea [Pamplona], para realizar uma pequena valoração da informação recebida durante essas reuniões.
Assim, afirmaram que existe “uma violação sistemática de direitos humanos individuais e colectivos em Euskal Herria”, e verificaram “a quebra da democracia no impedimento da participação política a uma parte importante da sociedade basca”.
Por isso, consideram que a União Europeia deveria intervir no assunto; ou seja, na resolução de um conflito que tem lugar em dois dos seus estados.
“Cremos que é um conflito de natureza política e que deve ser resolvido por essa via”, afirmaram.
Para além disso, asseguraram que, depois de regressarem aos seus respectivos países, irão elaborar documentos sobre as informações recebidas.
Barrado o acesso à Câmara Municipal
Esta manhã, os eleitos da EAE-ANV para o município de Iruñea, Mikel Gastesi e Mariné Pueyo, foram até à Câmara Municipal acompanhados pelos observadores europeus, com o intuito de lhes mostrar o consistório.
A polícia espanhola cercou os representantes políticos e procedeu à identificação de Gastesi e Pueyo, depois de lhes impedir o acesso ao edifício.
Polícia carrega sobre manifestação do Dia da Mulher
Milhares de pessoas, incluindo famílias inteiras, com os seus filhos, juntaram-se esta tarde na Gaztelu Plaza de Iruñea para participar nos actos festivos previstos para a jornada do Dia Internacional da Mulher.
Quando tudo decorria com total normalidade, várias corporações da polícia espanhola irromperam pela praça e carregaram contra os assistentes à bastonada, fazendo com que as pessoas fugissem do local a correr. As cargas policiais repetiram-se várias vezes.
O Tribunal Superior de Justiça de Nafarroa tinha ratificado na quinta-feira a proibição de três actos convocados para o dia de hoje em Iruñea e Altsasu.
LAB denuncia a carga policial
O sindicato LAB considera que a carga policial de Iruñea “constitui uma demonstração de hipocrisia institucional”.
“Aqueles que, por um lado, fazem pomposas declarações, dizendo ficar indignados pelos ataques e agressões que as mulheres sofrem diariamente, não tiveram problema algum em utilizar contra elas a violência de forma desnecessária e injustificável numa data tão assinalável como a de hoje”, diz-se em comunicado.
Nesse sentido, afirmam que a carga policial, que se abateu sobre “mulheres e homens que reclamavam respeito, igualdade de direitos, medidas contra a violência de género, evidencia que muitos posicionamentos institucionais e políticos dos sectores que ostentam o poder em Nafarroa não significam mais do que actos de marketing e propaganda”.
Por tal, denunciaram a actuação da polícia espanhola e exigiram explicações aos responsáveis, “a começar pelo senhor Vicente Ripa".
sexta-feira, 7 de março de 2008
A Ertzaintza volta a tomar Lizartza para dar cobertura a campanha eleitoral provocatória da ilegítima alcaide do PP
Moradores de Lizartza informaram a redacção do GARA de que pelas 10.30 da manhã dezenas de ertzainas e polícias à paisana acorreram a esta povoação. Asseguraram que desde a primeira hora da manhã tinham percebido "movimentos" na localidade e que, às 11.00, a presença da polícia autonómica se tornou ainda mais notória.
A razão da presença de tantos agentes foi Regina Otaola, que saiu à rua para tapar os cartazes que apelavam à abstenção neste domingo com propaganda eleitoral do seu partido, o PP.
Fez o "passeio" pela localidade acompanhada de vários jornalistas que "congelaram" a imagem.
Não obstante, os moradores do município de guipuscoano deram uma clara resposta à sua acção. Persianas corridas, nem uma alma na rua, e um vazio absoluto para Otaola.
Fonte: GaraChegaram ao País Basco quatro dos 18 observadores europeus que irão analisar a situação política do país
No primeiro acto de boas-vindas, que teve lugar salão plenário da Câmara Municipal de Hernani, a presidente do município, Marian Beitialarrangoitia, agradeceu a estes observadores a sua vinda ao País Basco, considerando que “é necessário que a Europa saiba o que se passa em Euskal Herria, porque milhares de pessoas estão a ficar sem os seus direitos”.
Beitialarrangoitia destacou que estes observadores têm a oportunidade de conhecer de perto o que se está a passar no actual contexto político do país, marcado pela aposta “repressiva” do Governo espanhol depois do final do processo de negociação. Um caminho que levou Euskal Herria para uma situação “antidemocrática”, e que “violou os direitos fundamentais” dos seus cidadãos. A presidente disse então que “está na hora de lançar o alerta vermelho” perante esta situação.
Os 18 observadores internacionais estarão em Euskal Herria até ao próximo domingo e, durante esse tempo, deverão manter reuniões com diferentes agentes sociais, políticos e sindicais, para, como afirmou Beitialarrangoitia, tirarem as suas próprias conclusões a partir do que percepcionarem.Fonte: Gara
Proposta democrática da esquerda independentista
Dias depois de, em Maio de 2007, num lugar da Europa, se ter encenado o colapso do processo político e de negociação iniciado no ano anterior em Euskal Herria, o principal interlocutor da esquerda abertzale, Arnaldo Otegi, insistia na necessidade urgente de manter sob perspectiva os factos acontecidos para extrair conclusões com vista ao futuro. Ainda que já antes tenha sido apresentada e explicada, a Proposta para um Marco Democrático continua a ter, mais até, se possível, plena vigência para entender tanto a actual situação política como as chaves para o vislumbre do futuro.
As conversações a três mantidas pelos representantes da esquerda independentista, do PSOE e do PNV no Outono de 2006 no Santuário de Loiola, com o objectivo de subscrever um acordo político de resolução, fazem supor o contexto e o tempo da primeira referência sobre a Proposta para um Marco Democrático, que, desde então e com vista aos meses ou anos para vir, está a ser objecto de uma iniciativa de divulgação social que, pese embora a repressão, não cessa.
Oferta recebida com repressão
Dias depois de, no final de Janeiro, Pernando Barrena, Patxi Urrutia e Unai Fano terem apresentado em Iruñea [Pamplona] uma das primeiras comunicações sobre o que se tinha discutido em Loiola, a polícia espanhola prendeu os dois políticos navarros, decretando para o terceiro uma ordem de busca e captura. Apesar da perseguição judicial e policial, essa dinâmica de sociabilização continua. A última acção realizada com esse propósito ocorreu em Donostia na terça-feira, e teve como resposta uma participação massiva.
Para além de situar a afirmação da Proposta para um Marco Democrático no contexto político que conduziu à mesa de negociações de Loiola, sobre a qual continua a apresentar-se como a única oferta, os oradores de Donostia explicaram que se tratou de uma proposta que dava sequência à concreção dos termos recolhidos no acordo de Loiola, evitando as ambiguidades que provocavam outras implementações, “como uma nova fraude neo-estatutária”.
Territorialidade e poder decidir
São duas as chaves principais que fizeram prevalecer o contencioso político e armado entre Euskal Herria e os estados francês e espanhol, que foram precisamente a origem da negativa do PSOE e do PNV para a sua concretização, ainda que assumindo que eram cruciais para a resolução do conflito: a estruturação territorial de Euskal Herria e o direito à livre determinação dos seus cidadãos.
A esquerda abertzale recorda que não se trata do seu projecto político, mas antes de uma proposta que resolveria de forma permanente o conflito político e armado. Uma oferta que, apesar de rejeitada através do silêncio e da omissão por parte do resto das formações políticas, é totalmente “democrática, factível e real”, realçaram na comunicação.
Democrática, real e factível
Porque é que uma proposta é democrática, real e factível? Para o fazerem entender, recordaram o conteúdo concreto da proposta que em Março de 2007 se apresentou à sociedade no Pavilhão Anaitasuna, de Iruñea.
A esquerda independentista parte da actual realidade jurídico-política do país para a implementação da oferta. Ou seja, desde a partição territorial. Além disso, destaca que se trata de um caminho a desenvolver com base no acordo subscrito entre os agentes políticos do país. Uma proposta que, em concreto, se definiria da seguinte forma: uma autonomia política a quatro para Araba, Bizkaia, Gipuzkoa e Nafarroa, baseada no direito de decisão dos cidadãos. Uma vez acordado o marco para os quatro territórios do sul do país, seriam os bascos que vivem na CAV [Comunidade Autónoma Basca], por um lado, e em Nafarroa, por outro, quem deveria referendar o desejo da implementação do marco acordado.
A Proposta para um Marco Democrático também contempla una autonomia política para Lapurdi, Nafarroa Beherea e Zuberoa, e também com base no direito a decidir da sua população.
E, além do mais, inclui-se o direito, nesse período de transição para o marco democrático projectado, à edificação de instituições nacionais, que poderiam trabalhar tendo em vista as autonomias políticas que entretanto fossem criadas.
Desta forma, dar-se-ia resposta aos dois principais escolhos que fazem arrastar no tempo o contencioso político: a territorialidade e o direito dos Bascos a decidir. E é totalmente democrática, tal e como defende a esquerda abertzale, porque deveriam ser os próprios cidadãos a expressar, mediante os referendos, a sua aceitação, ou não, à criação dos estatutos de autonomia política.
Todos os projectos políticos
A esquerda abertzale não tem dúvida alguma de que não se trata de uma oferta do passado, mas que será antes, pelo contrário, a que marcará o futuro deste país.
O independentismo basco colocou-a em perspectiva, uma vez que, para além de uma ferramenta que possibilita a solução do conflito político, entende a Proposta para um Marco Democrático como “uma ferramenta de luta” para o desenvolvimento do seu projecto independentista e socialista. Sobretudo tendo em conta que remete para outra das grandes chaves: todos os projectos políticos, incluindo o independentista, poderiam ser defendidos em igualdade de condições e concretizados no caso de contarem com o apoio social necessário.
em Gara.net
A falsa democracia
Pela paz, autodeterminação!
Acção armada contra ex-autarca do PSOE
quarta-feira, 5 de março de 2008
Homenagem aos que lutam
De colors són els meus somnis
tot i que ja m'he llevat,
i la son no ve a veure'm
quan la lluna s'ha aixecat
Salto i salto sobre els núvols
sembla que pugui volar
el meu cor fa pampallugues
i no deixa de ballar...
Quan posem els peus enlaire
quan posem el cap per avall
quan et crido a la muntanya
i l'eco em va contestant
quan et faig amb margarides
la polsera de colors...
Vull mirar-te als ulls i dir-te
que el que sento és això:
T'estimo molt,
jo a tu t'estimo molt
Si estàs amb mi
desapareix tot el que és trist
Un dia gris el pintes de colors
Fins a la lluna i tornar
t'estimo jo.
Els meus ulls són com bombetes
i els meus llavis riuen fort
no puc amagar el que sento
quan em mires tant de prop
Ara ja no sé què em passa
el cos m'està tremolant
el meu cor fa pampallugues
i no deixa de ballar...
Quan s'uneixen els colors
per fer l'arc de San Martí
Quan escrius amb el teu dit
el meu nom en el mirall
li dono canya a la ràdio
i escolto aquesta cançó
Vull mirar-te als ulls i dir-te
Que el que sento és això:
Maite zaitut
Maite, Maite zaitut
Si estàs amb mi
desapareix tot elque és trist
Un dia gris el pintes de colors
Fins a la lluna i tornar
t'estimo jo.
Maite Zaitut!
terça-feira, 4 de março de 2008
O movimento pró-amnistia apela a um “posicionamento como povo” perante as “eleições antidemocráticas” de Março
Asier Birunbrales e Sabin Juaristi compareceram hoje em Donostia, e fizeram referência à comemoração do 3 de Março de 1976, dia em que cinco trabalhadores foram mortos pela polícia, quando participavam numa assembleia, em Gasteiz.
Birunbrales assinalou que, desde essa data, ocorreram muitos factos em Euskal Herria que “reflectem a trágica história repressiva que este povo sofreu”.
Afirmou, além disso, que a “impunidade do Estado” fez com que se acendesse o “alerta vermelho”, porque “através de ilegalizações, proibições, detenções”, entre outras coisas, “tentou com todas as suas forças acabar com a luta em prol do independentismo”.
Nesse sentido, denunciou que, desde o início deste ano, “foram mais de cem as pessoas detidas em Euskal Herria por motivos políticos, o que dá um balanço de quase dois detidos por dia”.
“Posicionamento como povo”
Considerou que as eleições do próximo dia 9 “não são democráticas”, uma vez que o Estado espanhol “está a empregar todos os meios repressivos ao seu alcance para acabar com o sector da população que está a favor da independência e dos direitos nacionais deste povo”.
Desse modo, o movimento pró-amnistia pediu à sociedade basca que “se posicione como povo” perante esta “situação de excepção”, e recordou que já o fizeram noutras ocasiões.
Na sua perspectiva, através desse “posicionamento” os cidadãos bascos vão conseguir “que o conflito político se solucione realmente de forma democrática”.
Fonte: Gara
Observadores europeus irão ao País Basco para conhecer de perto a actual situação política
A vice-presidente do município de Lezo, Irati Aranburu, o presidente do município de Aulestia, Jon Bollar, e o presidente legítimo do município de Mendexa, Aitor Idoiagabeitia, viajaram por diversos países europeus com o intuito de denunciar o “estado de excepção que sofre Euskal Herria”, “abrir novas vias para encontrar uma solução democrática para o actual conflito político”, e “responder à preocupação mostrada por diferentes agentes políticos institucionais e europeus”.
Compareceram hoje perante a imprensa, acompanhados por Marian Beitialarrangoitia e Unai Urruzuno, para dar conta das reacções obtidas na Finlândia, Flandres, Alemanha, Suécia, Noruega e em Itália.
Depois de afirmar que estes agentes “mostraram um grande interesse pela situação que se vive em Euskal Herria”, realçaram o facto de terem recebido um tratamento “de absoluta legitimidade”. “Apesar das ilegalizações, receberam-nos em instituições oficiais, dando total legitimidade aos nossos direitos e às nossas propostas políticas”.
Assim, recordaram que em todos os países se reuniram “com parlamentares eleitos e dirigentes políticos de distintas ideologias”, e, inclusive, mantiveram contactos com partidos que formam parte do Governo em Itália, Finlândia e Flandres. E asseguraram que “os diferentes agentes políticos institucionais europeus se comprometeram a adoptar iniciativas parlamentares e interpelações aos governos europeus”.
Também fizeram saber que “todos eles se mostraram interessados em vir a Euskal Herria para seguir o processo eleitoral”, e que um grupo de observadores europeus chegará no dia 5 de Março para ver de perto a situação do país e tentar manter encontros com agentes políticos e sociais de Euskal Herria.
Fonte: Gara