segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Euskadi: a fórmula Saint Jean


Na tenebrosa Argentina da ditadura pensar era um crime e, como tal, éramos todos suspeitos a priori. Ninguém sintetizou melhor esta visão criminosa e paranóica do mundo que o General Ibérico Saint Jean quando, em Maio de 1977, disse que «primeiro mataremos todos os subversivos, depois mataremos os seus colaboradores, depois… os seus simpatizantes, em seguida… aqueles que permanecem indiferentes, e finalmente mataremos os tímidos.»

Esta sombria reflexão acode-nos imediatamente à consciência ao ler as notícias que dão conta da razia praticada por mais de 650 agentes da Polícia espanhola e da Guarda Civil e que culminou com a detenção e transferência para Madrid de 34 jovens do País Basco, acusados de «terroristas». Acontece que em Espanha, tão exaltada como exemplo de uma bem-sucedida transição do franquismo para a democracia, aquele qualificativo pode ser atribuído a qualquer pessoa que em Euskadi se atreva a pensar que seria bom alcançar uma solução negociada para o conflito político que há décadas agita o País Basco, ou que se manifeste a favor de uma amnistia ou, simplesmente, que tenha a ousadia de exigir que se ponha fim à tortura que é aplicada rotineiramente - apesar das numerosas denúncias de organizações internacionais - a quem tenha a infelicidade de cair nas mãos das forças repressivas do Estado espanhol.

A intransigência irracional de Madrid fica muito bem sintetizada nas palavras dirigidas há pouco pelo Ministro do Interior aos independentistas bascos: «Mesmo que a esquerda abertzale dissesse que condena a violência e solicitasse a sua legalização 'a resposta vai ser radicalmente não'.» Este mesmo personagem já antes tinha colocado os independentistas perante a escolha: «ou votos, ou bombas», e, quando estes disseram «votos» - e apresentaram a candidatura Iniciativa Internacionalista para o Parlamento Europeu -, este santo homem, democrata até ao tutano, aplicou-lhes o garrote vil da Lei de Partidos e condenou-os a uma permanente ilegalidade.

Fechadas todas as vias legais para quem não pensa como Madrid quer que se pense, não é preciso ser um sábio para inferir que as vias extra-legais se nutrirão com o crescente apoio de tanta gente que em Euskal Herria não está disposta a renunciar ao direito à autodeterminação dos povos, uma conquista histórica que o Estado espanhol se recusa teimosamente a reconhecer, já que nem sequer autoriza uma espécie de «quarta urna», como a imaginou Zelaya nas Honduras, para que o povo, soberano inapelável de qualquer democracia digna desse nome, diga se quer ou não ser consultado sobre a questão.

A doutrina do terrorismo omnipresente tão cara aos militares argentinos foi aplicada nesta oportunidade contra uma organização juvenil, Segi. O tragicómico de tudo isto, retrata-o mais uma vez o diário El País (outro mito jornalístico, de prestígio tão manufacturado como imerecido) quando informou os seus leitores que, mediante o «vandalismo terrorista a Segi procurava aumentar a pressão sobre as chamadas 'lutas prioritárias': a construção do 'estado basco' e o combate contra o TGV, o modelo educativo de Euskadi e a especulação imobiliária.» Como o leitor pode apreciar, estes jovens prisioneiros tinham uma agenda não só revolucionária como também terrorista: opor-se ao combóio-bala que destruiria o meio ambiente e dividiria regiões inteiras do país é um acto inegavelmente vandálico e terrorista, o mesmo que discutir o modelo educativo, coisa que se está a fazer por todo o lado na Europa, e combater a especulação imobiliária, causadora de gravíssimos problemas em Espanha e no País Basco.

Na sua grande maioria a Segi é formada por jovens universitários independentistas, activamente vinculados a diversas associações que desenvolvem tarefas comunitárias. Como se fosse um insulto à informação oficial, deixou saber que alguns destes vândalos «ocuparam cargos de representação estudantil na Universidade». Segundo as explicações brindadas pelo Ministério do Interior, os detidos tê-lo-iam sido por «exercerem supostamente funções de responsabilidade na Segi». Ou seja, presume-se a comissão de um delito, e isso basta para encarcerar os suspeitos numa operação efectuada, como na Argentina daqueles anos de chumbo, a altas horas da madrugada e a cargo de pessoal encapuzado.

Basta ligar os acusados a qualquer pessoa ou organização que no passado tenha actuado na legalidade defendendo o projecto independentista para ser considerado um terrorista. Basta partilhar o projecto estratégico da independência e o socialismo - mesmo quando se condenam os métodos violentos para o alcançar e se opta pelas tácticas de Mahatma Gandhi - para que todo o peso da «justiça» caia sobre os acusados. Pensar ou sonhar são delitos imperdoáveis. Mediante esta monstruosidade jurídica, pune-se a pessoa, não os seus actos. O corolário desta retrógrada concepção é uma justiça que não reconhece o habeas corpus, trava a acção dos advogados de defesa, impede a presença de um médico de confiança, estabelece cinco dias em regime de incomunicação sem notificar os familiares sobre o paradeiro do detido, legaliza a tortura e os maus tratos, e leva a julgamento os acusados fora da jurisdição ordinária, num tribunal de excepção herdado da época franquista.

As violações aos direitos humanos que Madrid perpetra diariamente em Euskadi são irremediavelmente incompatíveis com a democracia. Provas: um, o juiz da Audiência Nacional que conduz o processo, Fernando Grande-Marlaska, rejeitou o pedido dos advogados de defesa para que fosse aplicada aos detidos o «Protocolo Garzón», que requer que sejam assistidos por um médico de confiança, que o período de detenção seja gravado e que os familiares sejam informados a todo momento sobre o paradeiro e o estado dos detidos. Por alguma razão o terá rejeitado.

Dois: é surpreendente verificar que em certos aspectos o governo espanhol faz o que nem a ditadura argentina se atreveu a fazer. Por exemplo: proibir a exibição pública de fotografias das vítimas da repressão que faziam os familiares, amigos e os movimentos de solidariedade, uma maneira subtil de tentar fazer «desaparecer» pessoas, menos criminosa que a que conhecemos na Argentina, mas também violadora dos direitos humanos. Por isso em muitos bares, desses que proliferam por toda Euskal Herria, as fotos dos independentistas detidos nas prisões espanholas foram substituídas pelas suas silhuetas faciais.

Ao criminalizar a dissidência política e a aspiração independentista, o Estado espanhol volta a afundar-se nas suas piores tradições, sintetizadas na nefasta maridagem entre a cruz e a espada. Tradições que durante três séculos padeceram os povos da Nossa América depois da conquista e que, na Argentina, haveria de reaparecer no discurso e na prática da ditadura militar: matar os subversivos, os seus colaboradores, os seus simpatizantes, os indiferentes, e os tímidos. Uma escalada infernal de morte e destruição que submergiu este país num banho de sangue mas que, a longo prazo, foi derrotada pela capacidade de resistência e de luta das vítimas.

Seria conveniente que Madrid estudasse o que se passou na Argentina, e tomasse nota de duas grandes lições que a nossa história deixa: primeiro, que a repressão tem custos crescentes e uma decrescente eficácia dissuasora, e que, portanto, não serve para resolver nenhum problema social ou político como os que a questão basca suscita; segundo, que se não detiver, antes de que seja demasiado tarde, a aplicação da «fórmula Saint Jean» para enfrentar as aspirações independentistas dos bascos, o futuro dos diversos povos e nações que dificultosa e conflituosamente convivem no Estado espanhol poderá assumir as características de uma tragédia de inéditas proporções.

Atilio Boron
http://www.atilioboron.com/

Fonte: lahaine.org

As denúncias de tortura dos jovens encarcerados aumentam


Os relatos de tortura dos jovens encarcerados no sábado à noite juntam-se às denúncias realizadas pelos seus companheiros nos dias anteriores. Estes relatos evidenciam que quanto maior é o período de incomunicação maior é o número de denúncias de tortura e inclusive mais grave a natureza dos maus tratos a que submetem os detidos. Tocamentos, agressões físicas e armas apontadas contra si foram alguns dos episódios vividos pelos jovens independentistas.

Tocamentos, simulação de violações, socos contínuos na cabeça e nos órgãos genitais, ameaças com injecções de droga, horas em posturas forçadas, insultos e pressões psicológicas. Estes são alguns dos testemunhos recolhidos pelos familiares e advogados dos 31 jovens independentistas encarcerados por ordem do juiz Fernando Grande Marlaska.

Conforme eram presentes ao magistrado do tribunal de excepção e abandonavam o regime de incomunicação em que tinham estado, sob controlo da Guarda Civil ou da Polícia espanhola, os jovens encarcerados iam dando conta da forma como tinham sido tratados nas mãos dos seus captores. Os maus tratos iam-se agravando à medida que se alargava o período de incomunicação e, enquanto a maioria dos jovens enviados para a prisão na quinta-feira davam conta de torturas psicológicas, os que estiveram quatro dias nas mãos dos seus captores já alertavam para o facto de as torturas não terem sido apenas psicológicas.

As donostiarras Maialen Eldua e Garazi Rodríguez, encarceradas no sábado, relataram ter sido apalpadas pelos agentes, bem como ter sofrido «ameaças de violação e assassinato». Ambas indicaram, de acordo com o primeiro resumo das denúncias de tortura efectuadas por estes jovens que o Movimento pró-Amnistia emitiu, que tinham sido obrigadas a permanecer apenas com a parte de baixo da roupa interior durante os interrogatórios e que «foram tocadas e beijadas da cintura para cima» pelos polícias.

Neste resumo afirma-se também que outro dos jovens encarcerados no sábado, sem que se especifique a sua identidade, foi vítima de «uma simulação de violação». E refere-se com detalhe que outro foi picado nas costas com uma seringa, depois de lhe terem dito que o iam drogar.

A maior parte dos jovens que foram mandados para a prisão no sábado - além das donostiarras, o elorrioarra Ibai Esteibarlanda, o sestaoarra Mikel Totorika, o tolosarra Haritz López, o andoaindarra Euken Villasante e os jovens gasteiztarras Aitor Liguerzana, Unai Ruiz e Jagoba Apaolaza -, denunciaram ter levado socos sem parar na cabeça, terem sido ameaçados com «o saco» e sido forçados a permanecer em posturas forçadas.

O Movimento pró-Amnistia recolhe também as denúncias realizadas pelos gasteiztarras Néstor Silva, Zumai Olalde e Jon Anda; os donostiarras Eihar Egaña e Aitziber Arrieta; os sestaoarras Idoia Iragorri e Nahaia Aguado; a habitante de Barañain Garbiñe Urra; a amezketarra Irati Mujika; Xumai Matxain, de Zaldibia; e o iruindarra Oier Zuñiga, todos eles encarcerados na sexta-feira. Nas denúncias de tortura também se incluem agressões sexuais, obrigação de realizar exercícios físicos, «o saco» e agressões repetidas na cabeça com um livro, entre outras formas de maus tratos.

Um jovem denunciou ainda, segundo o relatório emitido, que a caminho a Madrid os agentes pararam o veículo e disseram que iam ver o local em que se encontra o militante político desaparecido Jon Anza. Outro testemunho afirma-se que um jovem foi «obrigado a pegar numa arma em jeito de chantagem», e outros garantem que lhes apontaram armas durante os interrogatórios.

O Movimento pró-Amnistia também relata que «um jovem foi forçado a deitar-se numa cama, onde os agentes lhe caíram em cima».

Em Andoain 120 personas denunciaram esta operação ontem e hoje realizarão outra marcha, tal como em Sestao.
Notícia completa: Gara
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ERREPRESIORIK EZ! TORTURARIK EZ!

Apoios internacionais à iniciativa da esquerda 'abertzale'


O partido alemão Die Linke aplaude a vontade da esquerda abertzale
O partido alemão Die Linke saudou a declaração apresentada pela esquerda abertzale há duas semanas em Altsasu e considera que com esta iniciativa «se situou correctamente o ponto fraco do Estado espanhol: o terreno da política».

Na nota, subscrita pela sua porta-voz de Política Interna no Bundestag, Ulla Jelpke, a formação alemã aplaude a aposta da esquerda abertzale para confrontar politicamente o Estado espanhol, sobre o qual afirma que «teme muito mais uma esquerda abertzale democraticamente legitimada e enraizada na população que a resistência armada».

Por isso, vaticina que o Estado espanhol continuará com a repressão exercida sobre o independentismo basco e augura que a intensificará. E é precisamente nesse contexto que enquadra a operação da semana passada contra a juventude de esquerda e abertzale.
Notícia completa: Gara

A Rede Gernika apoia a iniciativa da Esquerda Abertzale

Declaração da Rede Gernika pela Autodeterminação
Statement of the Gernika Network for Self-Determination

More than two years ago, and exactly 70 years after the bombing of Gernika, we, elected representatives from different European countries, created the Gernika Network for Self-Determination of the Basque Country. The objectives of this network are: To promote at international and Institutional level the acknowledgement of the right to self-determination of the Basque Country. And to lobby in favour of a dialogued solution to the existing political conflict.

Political situation in the Basque Country has not improved in the last two years. Massive detentions of political leaders, long jail sentences against political activists, the use of torture, armed actions by ETA, police occupation, several sabotage actions against property and people, illegalisation of political parties... are the tragic consequences of the conflict after the failure of the negotiating process.

On this current scenario the Abertzale Left has shown again its commitment to overcome blockades and find solutions to this tragic conflict. Fortunately today, we are in a position to acknowledge positive steps towards a resolution of the conflict. Last Saturday, 14th of November, the Abertzale Left presented what they called "A first step for the Democratic Process: principles and will of the Abertzale Left". In this document the Abertzale Left commits itself to a "democratic process" that "must be developed in a complete absence of violence and without interference, by the use of exclusively political and democratic means". It also considers that multiparty talks process "has to be conducted in accordance with the Mitchell principles".

The document continues stating that "The resulting agreement should guarantee that all political projects could not only be defended with equal opportunities and without any pressure or external interference but they could also be implemented if that was the desire of the majority of the Basque citizenship, expressed though the available legal
procedures."

We, members of the Gernika Network would like to welcome and applaud the initiative of the Abertzale Left. We believe that this statement facilitates a positive scenario for dialogue and agreement.

All parties involved in the conflict, and specially the Spanish State, should react positively to the initiative and should engage themselves in a multilateral agreement that is based on dialogue, peaceful and democratic means and entitles the Basques to decide upon their future freely.

We demand the immediate release of Arnaldo Otegi and all members of the Abertzale Left arrested last years because of their political activities, including former MPs, local elected representatives and former MEP Karmelo Landa whose release has been urged by the UN Working Group on Arbitrary Detention.

We regret the new police operation against dozens of Basque youth activists. A peaceful and lasting settlement within the Basque Country will only be achieved when all citizens' civil and political rights are accorded full and proper respect.

Finally, we, MPs and elected representatives all over Europe, renew our compromise to work nationally and internationally for a peaceful and democratic solution to the conflict in the Basque Country. Therefore we call for all our colleagues around Europe and America, MPs and elected representatives, to promote a democratic peace process that will solve the ongoing conflict in the Basque Country based on the Basques rights to decide about their future.
26th November 2009

Members of the Elected Representative’s Network in favour of the Basque Country’s right to Self determination.
EUROPE
Ulla Jelpke, Michael Leutert (Germany)
Otger Amatller, Laia Jurado, Ana Maria Guijarro, Anna Gabriel (Catalan Countries)
Walter Luyten, Kris Van Dijck (Flanders)
Jeannette Escanilla (Sweden)
Jespel Kiel (Denmark)
Ingrid Baltzersen (Norway)
Sandro Medici, Cristiana Cortesi (Italia)
Jean Guy Talamoni (Corsica)
Francie Brolly, Aengus O'Snodaigh, Alex Maskey (Ireland)
Bill Kidd, Bill Wilson, Jamie Hepburn, John Wilson, Bob Dorris (Scotland)
Pascal Prince (Switzerland)
Juan Manuel Sánchez Gordillo (Andalusia)
Mariano Abalo (Galicia)
AMERICA
Wilmer Iglesias, Edgar Lucena, Manuel Briceño, Gustavo Hernández, Oscar Figuera, Carolus Wimmer, Youl Jabour, Amilcar Figueroa, (Venezuela)
Rosario Ibarra, Humberto Zazueta, José Jacques, Daniel Ordonez, Eliana García, Eduardo Espinosa, Jorge Martinez Ramos (Mexico)
http://gernikanetwork.blogspot.com/2009/11/statment-of-self-determination-gernika.html

Fonte: lahaine.org

Dois lançamentos da Ahaztuak 1936-1977: para a recuperação da memória histórica


La Historia Olvidada. EGI Batasuna en Nafarroa en la década de los 60 é o título do segundo livro que a Ahaztuak 1936-1977 irá editar - depois de República y Guerra Civil en Arrigorriaga. 1931-1939, publicado há uma semana atrás - e que estará à venda no stand que a associação terá na próxima edição da Feira do Livro e do Disco Basco, que decorrerá em Durango (Bizkaia) entre os dias 4 e 8 de Dezembro.

A obra é fruto de um trabalho meticuloso de entrevistas e recolha de documentação e fotografias realizado por Jose Luis Diaz Monreal, membro navarro da Ahaztuak 1936-1977, cuja paixão pela história e pela memória - democrática e antifascista - é uma constante.

Para além disso, a Ahaztuak 1936-1977 edita o seu terceiro volume de Oroitzopenerako Kantak [Canções para a Memória], CD que se enquadra no seu trabalho de divulgação da Memória, não como mero termo historicista, mas como um elemento de afirmação e confirmação de valores e ideais democráticos.
http://ahaztuak1936-1977.blogspot.com/2009/11/ahaztuak-edita-su-tercer-volumen-de.html

Fontes: kaosenlared.net e SareAntifaxista

Na imagem, capa de La Historia Olvidada. EGI Batasuna en Nafarroa en la década de los 60, que será o primeiro livro da colecção Izarren Hautsa.

domingo, 29 de novembro de 2009

20 000 pessoas apoiam o Movimento Juvenil em Bilbau

Poucas horas depois de ter lugar a operação policial contra a juventude independentista basca, o Ministério do Interior espanhol veio apregoar que tinham «decapitado» o sector mais dinâmico e comprometido desta sociedade. No entanto, ontem, em Bilbau, Rubalcaba ganhou mais de 20 mil novas cabeças para cortar. A mensagem dos jovens aos políticos, juízes e polícias espanhóis foi muito clara: «Ez gaituzue geldituko» [Não nos vão parar].

«Proiektu guztiak, eskubide guztiak» [Todos os projectos, todos os direitos]. Com este lema, vieram ontem para a rua milhares e milhares de pessoas em resposta à grande operação policial contra a juventude basca dirigida na terça-feira de madrugada pelo juiz Grande-Marlaska. Sendo muito grande, a mobilização não foi tão massiva como a de Outubro em Donostia, mas a força que transmitiram aqueles que se juntaram em Bilbau havia muito que não se via em Euskal Herria. Foi realmente uma demonstração de força por parte de uma juventude que avisou os que insistem em fazer dela o alvo que se metem em apuros, que não vão ter mão nela.

Na longa hora que a marcha demorou a fazer o percurso entre a Praça Aita Donostia e a Câmara Municipal, as palavras de ordem e os aplausos não cessaram nem um minuto entre os manifestantes, à frente dos quais avançavam centenas de jovens sem faixa - esta ia alguns metros atrás -, e abriam caminho só com as suas vozes.

Atrás destes, mais de 20 mil jovens chegados de todos os pontos de Euskal Herria. Jovens de 17, 19 ou 25 anos, mas também muitos de 42, 54 ou 67. «Mais que nunca, agora é o momento de avançarmos unidos. Porque, se estivermos unidos, não nos vão poder parar, porque juntos somos imparáveis». Estas palavras aqueceram a intervenção que dois jovens fizeram a partir da CM de Bilbau, e a mobilização de ontem também teve muito disso, de mostra de unidade, de aconchego a uma juventude que foi atingida mas sobre a qual se deve erigir o futuro deste povo. Porque, como referiram duas familiares que também tomaram a palavra após a marcha, «que futuro tem um povo cuja juventude vê recusada os direitos mais básicos?».

«Enchem-nos de orgulho»
Estas duas familiares transmitiram essa reflexão aos agentes políticos e sociais de Euskal Herria depois de agradecerem os numerosos apoios recebidos após a operação policial e depois de recordarem que os seus familiares, que os seus filhos e filhas, «não são delinquentes, não são ladrões; são estudantes, trabalhadores, sonhadores, generosos e lutadores». E, por isso, deixaram claro que gostam muito deles e «nos enchem de orgulho», porque «trabalham pelo que querem e expressam os seus pensamentos». «A independência é para eles, mais do que um sonho, uma maneira de pensar e agir», afirmaram, sublinhando também que «é por essa razão, e não outra, que os detiveram». Nesse momento, o grito de «Independentzia!» fez-se ouvir ainda mais alto.

As familiares afirmaram que, depois de a Polícia espanhola e a Guarda Civil terem levado os seus seres queridos, estes foram submetidos ao regime de incomunicação. E referiram que «neste povo conhecemos muito bem o que é o regime de incomunicação» porque são muitos aqueles que o padeceram anteriormente, apesar de organizações internacionais como a ONU insistirem em reclamar a sua derrogação. Acabaram a intervenção fazendo chegar o seu carinho aos jovens que foram detidos e encarcerados e um abraço a toda a juventude independentista.

Comprometidos e organizados
Depois da intervenção de dois bertsolaris, dezenas de representantes do Movimento Juvenil subiram à varanda da Câmara Municipal, e dois deles dirigiram-se aos presentes para explicar que responderão a esta operação, «que não foi a primeira e que seguramente não será a última», trabalhando e construindo, «mais que nunca». Como está a acontecer nestes dias nos encontros do movimento juvenil em Zestoa (Gipuzkoa), para os quais convidaram os presentes.

Afirmaram que os detidos são jovens «comprometidos com Euskal Herria, organizados em prol deste povo». Para eles, e para quem escapou à operação, houve uma evocação emocionada. E lançaram um aviso aos seus agressores: «têm pela frente um povo inteiro».

Iker BIZKARGUENAGA
Fonte: Gara
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Mais fotos: Reportagem fotográfica da GEHEpress-Boltxe.info
http://www.lahaine.org/index.php?p=41737

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EUSKAL GAZTERIA AURRERA!



Vídeos da manifestação que ontem decorreu em Bilbau, com o lema «Todos os projectos, todos os direitos», e em que participaram mais de 20 mil pessoas.
Se algum dos leitores por acaso deparar com estas imagens ou coisa que se pareça na comunicação social portuguesa, agradecemos a fineza. É que nos lava a desconfiança de pró-espanholismo guerreiro e outras mais atrozes ainda. Agradecidos e ao dispor de vossas excelências.

Gora Euskal Herria askatuta! Viva a Juventude Independentista Basca!

Marlaska manda 31 jovens para a prisão entre denúncias crescentes de tortura


O maior ataque à juventude independentista salda-se com 31 presos políticos e umas quantas denúncias de tortura, que se agravam com o número de dias passados sob regime de incomunicação em poder das FSE.

Só o galdakaoarra Joseba Dalmau foi posto em liberdade após cinco dias sob regime de incomunicação, pois os gasteiztarras Aitor Liguerzana, Unai Ruiz e Jagoba Apaolaza, as donostiarras Maialen Eldua e Garazi Rodríguez, o sestaoarra Mikel Totorika, o tolosarra Haritz López, o andoaindarra Euken Villasante, e o elorriotarra Ibai Esteibarlanda passaram a engrossar a longa lista de jovens encarcerados por ordem do juiz da Audiência Nacional espanhola, ex-TOP, Fernando Grande Marlaska.

35 detenções ao todo
Além destes dez, que ontem ficaram a conhecer a sua sorte, o jovem barañaindarra Iker Martínez compareceu no tribunal de excepção horas depois de ter sido detido por agentes da Guarda Civil nas imediações do dito tribunal. Este navarro encontrava-se, segundo parece, entre os jovens que a Polícia espanhola e a Guarda Civil queriam prender na noite das facas longas, a de segunda para terça, pelo que ontem tentou apresentar-se na AN espanhola, acompanhado pelo seu advogado, para prestar declarações na presença do juiz que tinha decretado a sua detenção. No entanto, Martínez foi interceptado antes por agentes da instituição armada e já só entrou no tribunal de excepção algemado. Finalmente, depois de ser presente ao juiz, deixou o tribunal madrileno para trás, em liberdade.

Além de um terceiro dia de longa espera, os familiares dos dez últimos jovens a comparecerem em tribunal ficaram a saber, angustiados, da forma «dura e violenta» como os jovens encarcerados na véspera tinham sido tratados, de acordo com as denúncias que fizeram.

Os jovens que tiveram possibilidade de ver os seus familiares relataram os maus tratos a que foram submetidos tanto por parte da Polícia espanhola como por parte da Guarda Civil, precisando ter sofrido, além das pressões psicológicas denunciadas pelos encarcerados na quinta-feira, empurrões e agressões físicas contínuas. Um jovem referiu com maior detalhe «ter sido levantado pelos agentes que o tinham à sua guarda, agarrando-o pelo pescoço e ameaçando-o enfiar-lhe a cabeça num balde de água».

Notícia completa: Gara

SEGI: «Agora, é necessário juntar todas as reflexões»


As 34 detenções ocorridas no princípio desta semana no País Basco Sul visaram o movimento de jovens independentistas Segi. Amaia Elixiri e Eneko Aldana abordam novamente essa questão e apresentam a nova campanha, que se baseará num trabalho realizado com o conjunto da juventude do País Basco Norte.

Entrevista a Amaia Elixiri e Eneko Aldana, membros do movimento juvenil SEGI.

Antes de mais, que leitura fazem das detenções no País Basco Sul?
Para nós, estas detenções são uma resposta à iniciativa do processo democrático apresentada recentemente pela esquerda abertzale. São um sinal de que o Governo espanhol não quer dialogar de forma alguma e responde com uma repressão selvagem.
O seu objectivo é fazer desaparecer a esquerda abertzale e não caminhar em direcção à resolução do conflito. O que só vem confirmar o que as detenções de membros da esquerda abertzale ocorridas há um mês atrás pressagiavam, quando foram presos, entre outros, Arnaldo Otegi e Rafa Diez.

Estas detenções inscrevem-se num processo de criminalização de toda uma juventude que se organiza e propõe alternativas para o conflito que o País Basco vive. Com a concentração que convocámos na sexta-feira, quisemos mostrar que este acto se destina ao conjunto da população e que a nossa resposta visa naturalmente apoiar as pessoas detidas mas também continuar a trabalhar da mesma maneira e encontrar soluções.

A imprensa espanhola fala de golpe contra a direcção do movimento. O que é que vocês pensam?
É evidente que não prenderam ao acaso. Trata-se de jovens que lutam e trabalham todos os dias. O Governo espanhol teme estas pessoas e entende que desta forma está a mostrar o destino reservado a todos os jovens ou pessoas que desejem lutar por todos os meios contra ele.

Por outro lado, vocês anunciaram o início de uma nova campanha. Em que consiste?
Esta nova campanha vai durar quatro meses e terminará em Fevereiro. Estrutura-se à volta do slogan «Pour l'avenir du Pays Basque, Euskal Gazteria Aintzina» e tem como meta encontrarmos pelo menos 300 jovens em todo o País Basco Norte. Jovens que estão em associações como o EHZ Festibala, do domínio cultural, desportivo, dos gaztetxes, etc. Convém deixar claro que nós não vamos até eles com o propósito de os convencer, mas para discutir com eles a situação que a juventude vive no País Basco. Nos últimos meses, fomos confrontados com algumas acções que visam criminalizar uma juventude que se organiza e vimos como Junho quatro jovens foram encarcerados: Xan, Gilen, Ibai e Eneko.

Desejamos estar com jovens que trabalham em diferentes áreas porque todos, à sua maneira, contribuem para a construção de uma identidade abertzale. Consideramos que hoje é necessário unir toda esta juventude de forma a responder ao Estado francês. Para além da repressão, o Estado francês pôs em prática dispositivos que conduzem ao esmagamento da nossa identidade. É o caso, por exemplo, das federações francesas para o desporto, mas também para os grupos de dança, que se encontram numa situação de impasse face ao folclore.

Assim, em Fevereiro vamos organizar, para marcar o final da campanha, um Gazte Eguna que tem por fito reunir o conjunto de pessoas que tivermos encontrado. Será um dia da juventude, com diversas actividades e concertos à noite. Mas, antes disso, vamos organizar dois encontros: este sábado [ontem] no gaztetxe de Donaixti, em que participarão as bandas musicais Moho, Vicepresidentes e Naizroxa, e a 5 de Dezembro, em Ustaritze, haverá uma reunião pública em que a Askatasuna fará um balanço da repressão, dos ataques contra a juventude, seguido de um debate, em que a Segi intervirá, para analisar estas últimas detenções.

Por outro lado, não acham que existe um desfasamento em relação a uma parte da juventude no País Basco Norte?
É evidente que os problemas dos jovens no País Basco Norte são os mesmos para todos, seja a nível social, económico, escolar, de emprego e, claro está, de habitação. Actualmente, só uma parte dos jovens é que se mobiliza e nós queremos dar as ferramentas, reflectir em conjunto sobre estes problemas, e por isso fazemos um apelo a todos os jovens no sentido de participarem nos encontros.

F.O.
Fonte: lejournalPaysBasque - EHko Kazeta

Euskal Memoria, um antídoto contra o silêncio e a falsificação histórica

Uma dezena de pessoas conhecidas em diversas áreas e de vários herrialdes apresentaram no sábado em Iruñea a Fundación Euskal Memoria, cujo objectivo é estruturar o trabalho de recolha da memória histórica para fazer frente ao «silêncio e à falsificação» dos estados francês e espanhol. O seu primeiro grande trabalho será editar o livro No les bastó Gernika.


O presidente da Euskal Memoria é o historiador Iñaki Egaña, mas não pôde estar presente na sessão de apresentação desta fundação, em Iruñea, porque teve de se deslocar até Madrid, em virtude de o seu filho Eihar ter sido detido na recente operação da Polícia espanhola contra jovens independentistas bascos. Este facto fez com que Joxean Agirre, apresentador do acto em que se deu a conhecer a Euskal Memoria, afirmasse que o caso reflecte claramente a situação que se vive em Euskal Herria, onde a repressão não é apenas uma coisa do passado, mas que prossegue até aos nossos dias.

No acto também não pôde estar presente o primeiro fundador da Euskal Memoria, o teólogo Jesús Lezaun, devido a questões de saúde. Na sua ausência, o cantautor Fermin Balentzia e Grazi Etxebehere, habitante de Baigorri envolvida em variadíssimas actividades a favor da cultura basca, explicaram, em castelhano e euskara, que a fundação aspira à recuperação da memória colectiva de Euskal Herria e à sua ligação «com a construção da nação basca e com as garantias históricas de um processo democrático ainda pendente».

«As pessoas que aqui estão pertencem a diversas gerações e provêm de diversos territórios e culturas políticas, mas une-nos uma mesma preocupação vincada com falsificação histórica a que os estados sujeitam a abordagem do passado e do presente de Euskal Herria. Mais ainda - precisaram Balentzia e Etxebehere -, abraçamos uma causa comum que ultrapassa o domínio histórico: o repúdio à negação que os estados fazem da realidade de Euskal Herria, da sua existência e razão de ser. Para nós, é evidente que Espanha e França mentem sobre o nosso passado, para que temamos o presente e percamos o futuro».

Face a esta situação, salientaram a importância da Euskal Memoria para tecer uma rede de pessoas que recolham terra a terra a história de Euskal Herria nas últimas décadas e a divulguem na sociedade de forma sistematizada.

Recolha pormenorizada
A este respeito, informaram que a fundação editará todos os anos uma obra temática relacionada com algum dos aspectos da história basca recente «que mais importa retomar, pela sua urgência, com critérios próprios».

A elaboração da primeira obra já está em marcha, e terá como título No les bastó Gernika - Gernikako seme-alabak. Este enunciado procura mostrar como, após o bombardeamento massivo da localidade biscainha, em 1937, a repressão sobre o povo basco prosseguiu durante a ditadura franquista e se prolongou durante a chamada «transição democrática».

Sob a coordenação do próprio Joxean Agirre, um grupo vasto de pessoas dos quatro herrialdes de Hego Euskal Herria [País Basco Sul] encontra-se já a trabalhar na recolha pormenorizada dos efeitos dessa repressão ao longo das últimas cinco décadas.

Este trabalho será publicado dentro de um ano, e o seu objectivo, como o dos livros que a Euskal Memoria continuar a editar nos anos seguintes, será o de «fazer luz sobre alguns dos episódios mais silenciados ou falsificados da nossa história», segundo as palavras de Joxean Agirre, que destacou o «importante esforço documental e testemunhal» que implica uma obra desta magnitude.

São necessárias 6000 pessoas
Para tornar realidade este ambicioso projecto e garantir a sua continuidade, os impulsores da Euskal Memoria acham necessário conseguir o envolvimento de 6000 pessoas na aquisição dos livros e das revistas que se forem editando em anos sucessivos em torno de diversos aspectos da história basca recente.

Em qualquer caso, deixaram claro que não pretendem desenvolver uma «actividade social específica», porque para essa tarefa já existe em Euskal Herria «uma rede comprometida de organizações e entidades de todo o género dedicadas a fazer luz sobre esse passado que nos negam e ocultam». Neste sentido, disseram que a Fundación Euskal Memoria tentará complementar o trabalho destes colectivos «com honestidade, rigor histórico e um compromisso permanente com essa dimensão da nossa história ainda por desenterrar».

«Em 1936, não se pôde derrotar o fascismo espanhol pelas armas, mas humilhámo-lo com a memória. Foi preciso abrir as valetas de Navarra para que todos abrissem os olhos - recordou o cantautor Fermin Balentzia. Foi preciso publicar livros que exprimissem para sempre o que aconteceu. Mas ainda há muito que fazer para pôr a descoberto o que nos fizeram durante os quarenta anos de franquismo e os anos da transição, até aos nossos dias».

Grazi Etxebehere concluiu a apresentação da nova fundação anunciando que a Euskal Memoria irá elaborar uma vastíssima base de dados sobre a repressão franco-espanhola em território basco, base que se irá aumentando cada vez mais com o propósito de «fazer frente às mentiras dos estados».

«Dessa forma - explicou esta mulher baixo-navarra -, a nossa verdade será tão visível como a dos demais, e, embora se trate de um desafio difícil, dessa forma teremos a possibilidade de ser donos do nosso futuro».

Além de Fermin Balentzia, Grazi Etxebehere e Joxean Agirre, estiveram na apresentação da Euskal Memoria alguns dos dinamizadores desta fundação e representantes de associações que se comprometeram a apoiar o seu trabalho.

Entre muitos outros, assistiram a este acto o histórico sacerdote e sindicalista Periko Solabarria, Iñaki O' Shea, Jose Mari Esparza, Floren Aoiz, Sabino Cuadra, Andoni Txasko, Koldo Amezketa, Patxi Erdozain e Juan del Barrio.

O editor Jose Mari Esparza, que já foi responsável em Nafarroa pela elaboração de uma obra tão destacada como Navarra 1936. De la esperanza al terror, tenta transmitir à nova fundação aquele mesmo espírito de trabalho em auzolan.

«Na medida em entendamos a evidência de que a guerra de 1936, o franquismo, a reforma, o centralismo francês e o constitucionalismo espanhol são os elos de uma mesma corrente, a perspectiva global sobre o conflito, a sua origem, efeitos e resolução mudará. Só então começaremos a vencer também na redacção da nossa própria percepção da verdade», considerou.

Dada a magnitude da obra que se propuseram levar a cabo, Esparza salientou a importância de envolver o maior número de pessoas na recolha de dados para engrossar a base com que já contam. «Todos os esforços serão necessários - realçou - para revelar a envergadura da repressão sofrida nestes anos».

Iñaki VIGOR
Fonte: Gara

Reportagem: apresentação da Fundación Euskal Memoria

Fonte: apurtu.org. «Para nós, é evidente que Espanha e França mentem sobre o nosso passado para que temamos o presente e percamos o futuro.»

Operação policial: o Movimento Popular de Iruñerria rebela-se contra a sua criminalização

Dezenas de pessoas representando um vasto espectro do Movimento Popular de Iruñerria [comarca de Pamplona] denunciaram as detenções e as inspecções efectuadas nas associações de moradores e sedes de grupos sociais.



Anunciando uma profunda reflexão, a ter lugar nas próximas semanas, sobre a situação que se está a viver em Iruñea e Iruñerria, o Movimento Popular veio a público para denunciar a operação policial de terça-feira passada, que em Nafarroa se saldou com sete detenções e numerosas inspecções. O comunicado lido recebeu o apoio das Comissões de Festas dos bairros de Iruñea, da Federação de Peñas de Iruñea, de gaztetxes, de associações de moradores, de colectivos culturais e grupos de dança, da plataforma Gora Iruñea e de inúmeras pessoas que a título individual estiveram presentes na conferência de imprensa. Depois de manifestarem o seu apoio aos detidos e aos seus familiares e denunciarem o regime de incomunicação, exigiram respeito pelos seus direitos. Afirmaram que a juventude é criminalizada porque trabalha por um outro «modelo social».

Também fizeram saber que levaram das peñas e das associações de moradores inspeccionadas numerosas bases de dados de sócios e colaboradores. Em seu entender, a criminalização do Movimento Popular não constitui um elemento novo, tendo em conta que se colocam entraves ao seu trabalho há já algum tempo. Assim, exortaram os cidadãos a manifestarem-se contra esta «repressão sem sentido», e garantiram que vão continuar a trabalhar nas suas respectivas áreas, se possível for, «ainda com maior empenho». Exigiram também que «todos os projectos políticos, sociais e culturais possam ser defendidos em igualdade de circunstâncias». E terminaram afirmando: «Agora mais que nunca, movimento popular e de bairro!».
Fonte: apurtu.org

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Manifesto: «Gazteak libre! Todos os projectos, todos os direitos»

LÊ E ASSINA O MANIFESTO

«Proiektu guztiak, eskubide gustiak / Todos los projectos, todos los derechos»
http://www.mundurat.net/gazteaklibre/todos-los-proyectos-todos-los-derechos/


http://www.irishbasquecommittees.blogspot.com/

A esquerda abertzale apoia a manifestação de Bilbau

Comunicado na íntegra: «A Esquerda Abertzale pede aos agentes políticos, sociais e sindicais que se dê uma resposta como povo»
http://www.ezkerabertzalea.info/irakurri.php?id=2729

Onze jovens vão parar à prisão e 21 continuam nos calabouços

Tasio (Gara)

As famílias dos detidos na grande operação policial de terça-feira aglomeravam-se ontem à noite em frente à Audiência Nacional espanhola à espera de notícias. As agências noticiosas informavam que treze dos jovens já tinham prestado declarações, e esse simples dado era muito mais do que os familiares sabiam, uma vez que se ocultou a identidade dos jovens. A primeira notícia certa foi ver que o juiz instrutor da operação, Fernando Grande-Marlaska, saía do edifício. Pouco depois confirmavam-se onze ordens de prisão.

De acordo com o Movimento pró-Amnistia, foram encarcerados sob a acusação de «integração em organização terrorista» - etiqueta atribuída à Segi - Jon Liguerzana, Bittor González e Goizane Pinedo, de Gasteiz; Mikel Eskiroz, donostiarra capturado em Iruñea; Amaia Elkano, também detida na capital navarra; Jon Ziriza, de Barañain; Itsaso Torregrosa, de Burlata; Haritz Petralanda, de Zamudio; Mikel Ayestaran, de Villabona; Oier Ibarguren, donostiarra; e Eñaut Aiartzaguena, de Iurreta.

Ao que parece, todos eles passaram a estar comunicáveis depois de ser presentes ao juiz e os seus advogados estavam a tentar falar com eles. Os dois restantes saíram em liberdade: são Raúl Iriarte, de Barañain, e Oihana Fernández, habitante de Iruñea que tinha recebido durante o dia o apoio dos seus companheiros de trabalho do bar Onki Xin, em Donibane.

Os treze jovens prestaram declarações sob regime de absoluta incomunicação, situação em que continuam os 21 jovens ainda em poder da Polícia espanhola e da Guarda Civil, para quem este será o quarto dia sem qualquer contacto com o exterior.

Antes do início do procedimento, os advogados solicitaram a Grande-Marlaska, com toda a pertinência, que fosse pelo menos divulgada a informação relativa a quem iria passar pelo seu gabinete, de forma a que os respectivos familiares e amigos pudessem programar a deslocação a Madrid, mas o juiz não atendeu ao pedido, segundo fez saber o Movimento pró-Amnistia.

[Ver na sequência:] «As famílias, sem informações» e «Denúncia em Gasteiz»

«UPN, PSN e CDN rejeitam uma moção para investigar denúncias de mau tratos [no Parlamento navarro]»

Ramón SOLA
Fonte: Gara
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ADENDA (27/11/2009): Depois de mais um dia de intensa espera em frente ao tribunal de excepção espanhol, por volta das 22h ficou-se a saber que todos os jovens que hoje prestaram declarações tinham o mesmo destino que os de ontem: a prisão.

O juiz Grande-Marlaska manda para a prisão Néstor Silva, Zumai Olalde e Jon Anda (Gasteiz); Eihar Egaña e Aitziber Arrieta (Donostia); Idoia Iragorri e Nahaia Aguado (Sestao); Garbiñe Urra (Barañain); Irati Mujika (Amezketa); Xumai Matxain (Zaldibia); e Oier Zuñiga (Bilbau). Ou seja, aos onze encarcerados de ontem (26/11/2009) juntam-se mais onze (22). Dois foram postos em liberdade, mas sujeitos a diversas medidas restrictivas (24). Ainda restam dez nos calabouços, que amanhã devem ficar a conhecer a decisão ditada pelo tribunal de excepção (34).

Depois dos encarceramentos consumados na quinta-feira à noite, alguns dos jovens puderam falar com os seus advogados de confiança e, com isso, chegaram os primeiros relatos de ameaças, insultos, pressões psicológicas e, nalguns casos, de agressões físicas verificados nas quase 72h que os jovens passaram em poder das forças de segurança, segundo divulgou o Movimento pró-Amnistia.
Ao verificar a existência de maus tratos, o Movimento pró-Amnistia salientou que o regime de «incomunicação é utilizado pelo Governo espanhol para alcançar objectivos políticos: recolher informação política, conseguir declarações de culpa e propagar o medo entre os cidadãos».
Em: Gara
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Na foto, concentração realizada em Sestao (Bizkaia) para exigir a libertação dos 34 jovens bascos detidos na terça-feira de madrugada.

A Ertzaintza tenta silenciar protestos em Tolosa e Sestao


As mobilizações contra as detenções repetiram-se ontem pelo terceiro dia consecutivo. A Ertzaintza procurou silenciar os protestos em dois locais: a ikastola Laskorain, em Tolosa (Gipuzkoa), onde identificou três alunos que participavam numa concentração, e Sestao (Bizkaia), onde entrou na herriko taberna por causa de um cartaz em que se aludia ao risco de tortura.

Segundo relatou ao Gara um dos estudantes da ikastola Laskorain, os alunos tinham-se concentrado «de forma legal, em grupos de 19 pessoas» na hora do recreio. «No final, a Ertzaintza carregou e alguns agentes entraram na ikastola e apanharam três jovens. No início, queriam-nos levar para a esquadra, mas, graças à acção de vários irakasles [professores], no final só os identificaram», narrou. Este aluno disse ainda que «não tiveram qualquer problema em passar de forma violenta em frente a crianças de 10 anos». Deste modo, os estudantes decidiram convocar mais protestos: na próxima terça-feira vão parar às 12h e manifestar-se às 12h30 a partir da Praça do Triângulo. E a mesma coisa acontecerá na sexta-feira, nessa altura meia hora antes.

Entretanto, de Sestao fizeram saber que duas patrulhas da Ertzaintza entraram na herriko depois de agentes à paisana terem visto tirar dali um painel alusivo aos detidos. Identificaram uma pessoa, que acusam de levar a mensagem contra os riscos de maus tratos e torturas, e depois mais duas, acusadas de colar cartazes. [A España felix na Euskaria. Cheira a podre.]

Houve ainda concentrações na Udaletxe Plaza de Iruñea (500 pessoas), Sestao (300), Zaldibia (315), Iurreta (200), Zamudio (150), Elorrio (120), Burlata (100), Leioa (80), Urretxu-Zumarraga (60), Algorta (58), Amezketa (50), Erremo (40), Arbizu (20) ou no instituto Solokoetxe de Bilbau (50). Em Barañain foram 165 pessoas e a Guarda Civil arrancou cartazes das ruas.

Gaztetxes com a SEGI
Gaztetxes como os de Baiona, Itsasu, Kanbo, Uztaritze, Ezpeleta, Ziburu ou Makea expressaram o seu apoio à Segi na sequência deste último ataque. À concentração de hoje vão-se associar também gazte asanbladak [assembleias juvenis] e outros colectivos juvenis de Ipar Euskal Herria [País Basco Norte].

O AB acusa Madrid de «provocação»
O Abertzaleen Batasuna anunciou que secundará a concentração convocada hoje pela Segi em frente ao Consulado espanhol em Baiona. Numa nota emitida, critica duramente esta operação, que, tal como outros partidos, encara politicamente como uma tentativa de interferência no debate da esquerda abertzale. Fala mesmo de «provocação». Para o AB, «todos os cidadãos bascos têm de ser donos de direitos civis e políticos. Há que deixar o caminho aberto à política e assegurar a presença de todas as ideias no debate político, pelo que exigimos a libertação imediata dos detidos».
Fonte: Gara

Ruper Ordorika - «Hiriak»

«Hiriak» [As Cidades] é um dos onze temas que compõem o disco Memoriaren Mapa (2006). As letras são todas da autoria de Joseba Sarrionandia. A voz e a guitarra acústica, do Ruper (Oñati, Gipuzkoa, EH).

Zeure gorputza da orain nire hiria, / zeu zara orain nahi dudan aberria. // Bizitzeko ez zait horrenbeste ardura: // Paris, Tombuctu, / New York, Bombay, Segura, / Berlin, Katmandu, / Sidney, Addis Abeba, / Aljer, Lisboa, / Buda, Pest, Kiev, Ottawa. // Baina orain zeu zara nire hiriburua, / aberri, hilobi, neure sorlekua. // Hiltzeko ere berdintsu zait herria: // Lome, Friburgo, / Quito, Tallinn, Luanda, / Tashkent, Mutriku, / Shangai, Istanbul, Praia, / Praga, Kigali, / Bangkok, Amsterdam, Basora. / Baina orain zeu zara nire hiriburua, / aberri, hilobi, neure sorlekua.
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Es tu cuerpo ahora mi ciudad, eres tu ahora / la patria que quiero. // Para vivir, el lugar no me importa demasiado: / Paris, Tombuctu / New York, Bombay, Segura / Berlin, Katmandu / Sidney, Addis Abeba / Aljer, Lisboa / Buda, Pest, Kiev, Ottawa. // Pero ahora, tú eres mi ciudad / mi patria, mi tumba, y el lugar donde nazco. // Para morir, tampoco me importa el lugar: / Lome, Friburgo / Quito, Tallinn, Luanda / Tashkent, Mutriku / Shangai, Istanbul, Praia / Praga, Kigali / Bangkok, Amsterdam, Basora. // Porque ahora, eres tú mi ciudad / mi patria, mi tumba, y el lugar donde nazco.

Versão em euskara e tradução para castelhano em:
http://www.musikametak.com/sites/ordorika/hitzak/MEMOesp.htm

O arcebispado apropriou-se de 1087 bens em Nafarroa


Entre 1998 e 2008 o arcebispado apropriou-se de 1087 bens em Nafarroa, dos quais 651 são templos paroquiais, 191 ermidas e 9 basílicas. Além dos locais de culto, inscreveu em seu nome 42 casas e vivendas, 26 estabelecimentos comerciais, armazéns e garagens, 2 átrios, 8 cemitérios, 107 propriedades, 38 prados, 12 vinhas, pinhais e olivais e 1 frontão.

O «escândalo monumental» que o colectivo Altaffaylla descobriu por acaso no princípio de 2007 deu finalmente título a um livro de 320 páginas que recolhe de forma pormenorizada todos os bens que a Diocese de Iruñea registou entre 1998 e 2008. Esta obra foi apresentada na terça-feira na capital navarra por alguns dos seus autores, entre os quais se encontram historiadores, juristas especialistas na matéria e até sacerdotes e ex-sacerdotes.

Pedro Cabodevilla, presidente da Plataforma de Defensa del Patrimonio Navarro, explicou que esta obra aborda a privatização do património navarro desde os pontos de vista histórico, jurídico e moral. Também constatou que o arcebispado se limitou a dizer que esses bens são seus «desde tempos imemoriais», argumento que foi rebatido e amplamente documentado por historiadores e advogados navarros.

José Mari Esparza, coordenador da obra, salientou o facto de 117 municípios e freguesias de Nafarroa terem aderido «até ao momento» à Plataforma, algo insólito na história recente deste herrialde, e acrescentou que algumas localidades ainda não o fizeram porque não abordaram a questão em sessão plenária municipal ou porque «ainda não acreditam».

Face à situação que se verifica actualmente em Nafarroa Beherea, onde as igrejas «pertencem à sociedade», Esparza recordou que em Nafarroa Garaia a maior parte dos locais de culto foram privatizados quando Fernando Sebastián era bispo de Iruñea, e constatou que «esses bens foram utilizados historicamente para múltiplos fins».

Referiu que existe ainda uma terceira via, a de quem defende que esses bens pertencem às paróquias. «Nós não partilhamos dessa ideia, mas é sintomático que muitos párocos não estejam de acordo com os seus chefes», comentou Esparza.

A advogada Isabel Urzainki alertou para a possível inconstitucionalidade da legislação que permite à Igreja católica registar estes bens, em concreto o artigo 206 da Lei Hipotecária. O historiador Mikel Sorauren acrescentou que «a Igreja não pode reclamar o que não é seu na origem» e defendeu que os ditos bens «deveriam ser devolvidos aos seus verdadeiros proprietários».

Em nome dos doze primeiros autarcas que dinamizaram a Plataforma, o presidente da Câmara de Uharte, Javier Basterra, acusou o arcebispado de «apropriação indevida» e criticou a «conivência» entre a hierarquia da Igreja e «certos estratos». Pediu ainda aos partidos políticos que «se mexam» face ao que qualificou como «crime ou delito económico», porque «muitas apropriações foram executadas com a noção de se estar a praticar um crime».

Os títulos dos capítulos da obra são peculiares, com parábolas e referências bíblicas, e termina recordando que existem dois mandamentos que dizem «não roubarás» e «não mentirás».
Iñaki VIGOR

Jesús Lezaun: «Os bispos são verdadeiros assaltantes. Vão-se embora»
A intervenção que mais chamou a atenção durante a apresentação deste livro foi a do teólogo Jesús Lezaun. «Fico aterrado ao pensar que a Igreja se tornou na maior imobiliária de Navarra. Aquilo que fez foi uma enorme atrocidade, e os bispos transformaram-se em verdadeiros assaltantes. Vão-se embora!», exclamou Lezaun.
Na sua perspectiva, é «arrepiante» que os máximos dirigentes da Igreja em Nafarroa tenham realizado esta operação «sem dizer nada a ninguém da cúria» e ainda por cima «contra o que diz o Evangelho e Jesus Cristo», embora tenha dito também que, «quando se trata de dinheiro, são capazes de tudo».
«Do ponto de vista religioso, é uma monstruosidade», resumiu Lezaun.
Fonte: Gara

Começam as jornadas a favor dos presos e das presas políticas bascas organizadas pela Etxerat


As jornadas em prol dos presos e presas políticas bascas organizadas pela Etxerat arrancaram anteontem no Palácio Miramar, em Donostia, e prolongar-se-ão até ao próximo sábado, dia 28. Com a abertura dos trabalhos, chegaram os primeiros agentes sociais e sindicais, bem como diversas personalidades da sociedade basca. Entre outros, destaque para a presença dos sindicatos LAB e ELA, do Movimento pró-Amnistia, do Behatokia, da ESAIT, de Jesús Valencia e de diversos ex-presos e familiares.

No início das Jornadas, Natxi Aranburu fez uma abordagem das diferentes etapas da política penitenciária vigente, recordando também as numerosas mobilizações e dinâmicas de resposta empreendidas em Euskal Herria. Oihana Lizaso, por seu lado, abordou com detalhe as medidas repressivas especiais que são implementadas contra os direitos dos presos e das presas políticas bascas e dos seus familiares, amigos e amigas. A dispersão, a Pena Perpétua, a «pena de morte» aplicada aos presos e às presas com doenças graves e incuráveis ou as humilhações a que têm pretendido sujeitar os familiares nas últimas semanas.

Declarações

Jabi Garnika – LAB
«As jornadas devem ser um ponto de inflexão para conhecer e partilhar a realidade que os presos e as presas políticas bascas sofrem e, a partir daí, retirar conclusões e reiterar compromissos».
«Com os últimos ataques, o Estado espanhol deu mais um apertão àqueles que considera serem o elo mais fraco da corrente, embora assim não seja, e pretende isolar os presos e as presas políticas da realidade cá de fora.»

Xabier Irastorza – ELA
«No ELA estamos bastante preocupados com as dinâmicas repressivas que estão a ser postas em marcha e com a violação de direitos. Assim, estamos dispostos a ser parte activa da denúncia e a participar em diferentes iniciativas. A situação é muito grave, querem esconder a realidade que os presos, as presas e os seus familiares padecem.»

Iratxe Urizar – Behatokia
«Através destas jornadas, devemos procurar, cada qual na sua área, congregar forças e dessa forma activar os compromissos mais eficazes possíveis.»

Pepe Turillas – Esait
«As Jornadas constituem um ponto de partida interessante para partilhar ideias e pôr iniciativas em marcha. A repressão é tremenda, mais dura a cada ano que passa, e pensamos que as Jornadas podem ser uma boa ocasião para deitar abaixo esse muro.»
Fonte: kaosenlared.net

Acosso ao Movimento Popular e às mostras de solidariedade


Em Bilbau, a Txori Barrote e a Kaskagorri sem «txosna» em 2010 e 2011
Bilbo * E.H.
O Município de Bilbau não atendeu às alegações apresentadas pelas duas comparsas e pela respectiva federação, proibindo-as de instalar uma txosna [barraca de festa] nas edições de 2010 e 2011 da Aste Nagusia [Semana Grande] bilbaína. Na origem da penalização está um relatório policial no qual se acusa ambas as konpartsak de exibir fotos de presos políticos bascos. Em 2012, já podem voltar à festa, mas só se forem bonzinhos, domesticados, pacatos e pouco solidários com os presos políticos bascos, pois, para participarem de novo no arraial, têm de se comprometer primeiro a respeitar a badalada Lei das «Vítimas» e o Regulamento das Festas.
A Bilboko Konpartsak (http://www.bilbokokonpartsak.com/) mantém a convicção de não ter cometido «qualquer infracção». Afirmaram, inclusive, que em 2008 perguntaram aos responsáveis municipais se era proibido colocar fotos nas txosnas e que receberam como resposta «que não, que com as fotos» não havia problema, e que na edição deste ano da Aste Nagusia «ninguém» os alertou para o facto de que estarem a cometer qualquer irregularidade. A federação das konpartsak já avisou que a Aste Nagusia de 2010 corre perigo.

Sare Info:
http://www.berria.info/albisteak/37600/Txori_Barrote_eta_Kaska_Gorri_konpartsek_ezingo_dute_jaietan_parte_hartu_Bilboko_Udalaren_erabakiz.htm
http://www.gara.net/paperezkoa/20091126/168818/es/Azkuna-exige-comparsas-castigadas-que-cumplan-Ley-Victimas-2012
http://sareantifaxista.blogspot.com/2009/11/azkuna-mantiene-su-duro-castigo-para.html
http://sareantifaxista.blogspot.com/2009/11/bilboko-konpartsak-considera-el.html
http://sareantifaxista.blogspot.com/2009/11/aste-nagusia-nacio-en-1978-frente-las.html

Fonte: SareAntifaxista

Membros das peñas Armonía Txantreana e San Fermín pela segunda vez em tribunal
Iruñea * E.H.
Para apoiar os sócios de ambas as colectividades, mais de uma centena de pessoas concentrou-se, na última quarta-feira, em frente ao Palácio da Justiça da capital navarra.
Trata-se da segunda vez que membros das peñas Armonía Txantreana e da San Fermín têm de prestar declarações no tribunal de excepção espanhol pela alegada prática de «enaltecimento do terrorismo» nos cartazes das Festas de San Fermin, embora o processo esteja a decorrer em Iruñea [Pamplona].
Stop kriminalizazioa!
Fonte: SareAntifaxista

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Alde hemendik! Vão-se embora!

Alde hemendik! Zuena da biolentzia, FAXISTAK!

Vão-se embora! A violência é vossa, FASCISTAS!

Culpados de tentar mudar o mundo


«Que futuro tem um povo com uma juventude que vê recusada os direitos mais básicos?». Essa é a pergunta que colocam a si mesmos os pais e muitíssimos cidadãos depois de ver como mais uma geração é condenada à prisão e ao exílio.

Trinta e quatro jovens estão a viver neste mesmo instante um tormento, que já tiveram de padecer demasiados jovens. E durante cinco dias os agentes da Polícia espanhola e da Guarda Civil vão tentar arrancar-lhes confissões de culpa que servirão como prova para que um juiz decida quanto devem pagar pelo seu compromisso.

Porque, não nos deixemos enganar, todos os detidos são culpados. Culpados de perder aulas, e mesmo de anular uma ou outra matrícula, por dedicar o seu tempo a tentar travar um processo que irá mercantilizar a educação e fechar as suas portas aos que menos têm. Culpados de passar o tempo a arrumar espaços devastados para abrir as suas portas e os encher de cor, em vez de passar a vida no chat e a jogar videojogos numa loja. Culpados de dedicar a sua juventude em reuniões intermináveis para se formar, debater e sonhar com uma sociedade mais justa. Culpados de viajar até Roma para, longe de desfrutar uns dias de ócio, se acorrentarem à embaixada espanhola para reivindicar a independência de Euskal Herria e denunciar o desaparecimento do militante Jon Anza. Culpados ao fim e ao cabo de tentar mudar um mundo injusto.

Estas razias contra a juventude não são novas e aí reside precisamente a sua ineficácia e o valor do compromisso destes jovens independentistas. Este ano cumprem-se 30 anos desde que a Jarrai começou a andar e desde então os seus militantes tiveram de enfrentar a repressão e a prisão. Mais, a maioria destes jovens são o testemunho de uma geração anterior que teve de pagar o compromisso com a mesma moeda. Apesar de conviverem com a sombra da repressão, optaram por seguir o que a sua consciência lhes ditava, para que o testemunho da independência tivesse continuidade. Podem cortar as flores, mas jamais conseguirão deter a Primavera.

Oihana LLORENTE
jornalista
Fonte: Gara

Comentário político na Infozazpi Irratia


Floren Aoiz (25/11/2009)
O analista político comenta as informações relacionadas contra a última grande operação policial contra a juventude independentista.
http://www.info7.com/wp-content/uploads/2009/11/20091125_4584.mp3

Iñaki Soto (26/11/2009)
O jornalista do Gara analisa as consequências da última operação policial contra a juventude independentista.
http://www.info7.com/wp-content/uploads/2009/11/20091126_4598.mp3

O julgamento do «caso 'Egunkaria'» vai começar no dia 14 de Dezembro


No próximo dia 14 de Dezembro, quase sete anos depois da operação urdida em Madrid para encerrar o Euskaldunon Egunkaria, começará na Audiência Nacional espanhola o julgamento de Martxelo Otamendi, Iñaki Uria, Joan Mari Torrealdai, Txema Auzmendi e Xabier Oleaga.

Miguel Angel Carballo, magistrado da Audiência Nacional, tinha solicitado o arquivamento do processo, mas o tribunal de excepção espanhol não atendeu a esse pedido e decidiu proceder a uma audiência oral tomando como base apenas as acusações formuladas pelas associações de extrema-direita AVT e Dignidad y Justicia. A acusação particular pede 12 anos de prisão para Xabier Oleaga, e 14 para cada um dos outros quatro imputados.

O Euskaldunon Egunkaria foi encerrado pela Guarda Civil a 20 de Fevereiro de 2003, cumprindo ordens decretadas pelo juiz Juan del Olmo numa altura em que o Governo espanhol estava nas mãos do PP de José María Aznar.

Os cinco acusados denunciaram ter sido torturados durante o tempo que permaneceram sob incomunicação nas instalações da Guarda Civil, mas os seus testemunhos foram arquivados pelos tribunais espanhóis.

Para além do processo por movido contra essas cinco pessoas por «pertenencia» à ETA, existe ainda um processo por «crimes económicos» contra oito imputados, para quem o magistrado da acusação solicita penas de prisão maiores do que as que são pedidas neste processo.
A audiência oral continuará no dia 15 de Dezembro e depois será suspensa até Janeiro.
Fonte: Gara

Inpernuko hauspoa herri denda - é mais que uma loja!


Se fores a Bilbau, não deixes de dar um salto à Inpernuko hauspoa herri denda. Já verás porquê! Fica no bairro de Indautxu, na Rua Mª Díaz de Haro, 13. Antifaxistak garelako!

Presoak, elkartasuna, Ipar Euskal Herrian

Iker Elizalde saiu em liberdade
O eleito independentista de Hendaia Iker Elizalde foi posto em liberdade.
Iker Elizalde tinha sido detido anteontem de manhã pela Polícia francesa em sua casa, em Hendaia, por ordem da juíza Laurence Le Vert.
Levaram-no para a esquadra de Baiona, onde passou a noite. Ontem, foi posto em liberdade.
Na terça-feira à noite, para protestar contra a detenção de Elizalde e dos jovens independentistas, cerca de 100 pessoas participaram numa concentração no cruzamento de Gazteluzaharra (Hendaia, Lapurdi).
Fonte: Gara

Actividades solidárias com os presos e debates em Kanbo
Acampamento em frente à Câmara Municipal de Kanbo (Lapurdi) a favor dos jovens Gilen, Xan, Ibai e Eneko (27, 28 e 29 de Novembro)

Sexta-feira, dia 27
18h30: concentração da última sexta-feira do mês no centro da localidade. Montagem do acampamento. Projecção de vídeos.
Sábado, dia 28
15h: debate sobre as amostras de ADN, entre outros temas.
19h: concerto com os G8 e a txaranga Space Mukaki.
Domingo, dia 29
10h30: debate com Mathieu Rigouste (a concepção dos inimigos internos pelo Estado francês e a aplicação de procedimentos antiterroristas)
Fonte: baionaaskatu

«Diaspora bidean», um percurso repleto de euskara


Ao associar vários textos de três grandes autores bascos - Bernardo Atxaga, Pier Pol Bertzaitz e Joseba Sarrionandia -, a peça de teatro Diaspora Bidean era aguardada pelo público. Reconstituindo alternadamente diferentes trajectórias de vida ligadas pelo exílio, a peça, cuja apresentação teve lugar no dia 13 de Novembro em Bordéus, foi encenada pela primeira vez em Ipar Euskal Herria [País Basco Norte] na sexta-feira passada no Grand Théâtre de Baiona.

Através do Jogo da Glória, jogo metafórico que representa a vida, os artistas das quatro companhias - para além da Théâtre du Versant, a companhia ContraJuego (Venezuela), Le Cochon SouRiant (Québec) e a companhia Ayizan (Haiti) - reconstituem, em frente aos espectadores surpreendidos pela simultaneidade das duas línguas (euskara e francês), diversas formas de exílio. Diferentes histórias, com as transições a serem alinhavadas pelo Théâtre du Versant. O exílio económico dos irmãos Ithurburu, escrito por Pier Pol Bertzaitz, serve então de fio condutor a esta solidão vista sob a perspectiva da diáspora basca.

De um exílio a outro
A peça inicia-se com a história de um exílio interior da autoria de Bernardo Atxaga. Prossegue com o exílio político de Goio e Maribel «a empregada dos Correios», personagens saídas da obra de Joseba Sarrionandia Lagun izoztua. O livro que recebeu o prémio Beterriko Liburua em 2001 aborda o exílio político e a solidão. Refugiado na Nicarágua, fechado numa espécie de autismo, o olhar vazio e sem comunicação, Goio está como que paralisado.

Sensacional Sarrionandia, vivo, incisivo, narrando com grande detalhes uma realidade que ele conhece muito bem. O texto foi escrito num euskara muito belo e a sua leitura na versão original teria porventura conferido ainda mais força a esta peça sobre o exílio basco. Gael Rabas, director do Théâtre du Versant, defende-se: «trabalhamos a coexistência das línguas em palco. Esta peça possui vocação para ser representada noutro local, mas o principal é em euskara».

Esta não é a opinião de Miren, que assistiu ao espectáculo na sexta-feira passada em Baiona e que lamenta que seja «sempre a mesma coisa. Quando se aborda autores contemporâneos bascos, a prioridade é dada sempre ao francês». Apesar da tradução simultânea, os espectadores bascófonos tiveram por vezes a sensação de assistir a uma ópera em italiano traduzida para francês. Os espectadores poderão talvez ter uma ideia no dia 6 Dezembro em Senpere (Lapurdi).
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Clémence LABROUCHE
Fonte: lejournalPaysBasque - EHko kazeta

Foto: Théâtre du Versant

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Familiares e amigos dos 34 jovens bascos detidos apelam à participação numa manifestação no sábado, em Bilbau

Cerca de uma centena de familiares e amigos dos 34 jovens independentistas ontem detidos lançaram um apelo a diversos agentes e às pessoas de Euskal Herria no sentido de participarem na manifestação que convocaram para este sábado em Bilbau em defesa de «todos os projectos e do direito ao exercício de todos os direitos». Sublinharam que os seus familiares se encontram detidos por serem independentistas.

«Que futuro tem um povo cujos jovens são detidos e encarcerados pela exclusiva razão de trabalharem pelos seus direitos e pelos projectos com que sonham? Que futuro têm as novas gerações de Euskal Herria? Que futuro tem Euskal Herria com uma juventude que vê recusada os direitos mais básicos?», perguntaram os familiares e amigos dos 34 jovens independentistas ontem detidos em Hego Euskal Herria [País Basco Sul] e que hoje permanecem sob regime de incomunicação em Madrid.

Numa conferência bastante participada, que decorreu em Usurbil (Gipuzkoa), realçaram que os seus familiares e amigos se encontram detidos por serem independentistas, «essa é a única razão para que a Polícia e a Guarda Civil os tenha detido e submetido ao regime de incomunicação».

«Divulgar o pensamento independentista entre os jovens, criar projectos a favor da independência e realizar um trabalho social e político sonhando com um futuro em liberdade, essa é a única razão para que a Polícia e a Guarda Civil os tenha detido e submetido ao regime de incomunicação», reiteraram.

Afirmaram que a liberdade de expressão e de pensamento, o direito a realizar assembleias e à participação política – direitos incluídos no Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos das Nações Unidas – aqui constituem um crime quando se trata do seu exercício pelos jovens independentistas, algo que não sucede no resto da Europa».

«Não sabemos como ou onde se encontram»
Mostraram-se preocupados pela situação de incomunicação em que se encontram. «Não sabemos como ou onde se encontram; sabemos, isso sim, que o regime de incomunicação e a tortura costumam ser sinónimos». Alicerçam as suas palavras nas comunicações e nos textos dos relatores dos direitos humanos da ONU, da Amnistia Internacional e da Comissão para a Prevenção da Tortura, organismos que pediram «por diversas vezes» ao Governo espanhol que «ponha fim ao regime de incomunicação e abandone a prática da tortura».

Perante o «maior e o mais grave ataque sofrido pela juventude independentista basca nos últimos trinta anos», pedem que se reflicta sobre o direito dos jovens a trabalhar pelas suas ideias. «Os jovens e as jovens que sonham com a independência não têm qualquer possibilidade de defender um projecto político e social?», perguntam.

Por tudo isto, apelam à participação na manifestação convocada para este sábado em Bilbau. A marcha partirá às 17h da Aita Donostia.
Fonte: Gara

Operação contra a dissidência política


A operação policial dirigida ontem de madrugada pelo juiz da Audiência Nacional espanhola Grande Marlaska, coordenada pela cúpula policial e executada por mais de 650 polícias, deixou em Hego Euskal Herria [País Basco Sul] um enxurrada de detenções de jovens bascos cujo único delito é «exercer alegadamente funções de responsabilidade na Segi», segundo as explicações do Ministério do Interior. Como extraído de algum manual com as folhas gastas pelo uso, o discurso oficial continuava a felicitar-se «pela decapitação» da organização juvenil e, mais uma vez, pelo golpe infligido «ao alfobre da ETA».

Os slogans são os mesmos, o método nocturno e mediático, idêntico. Só muda a roupagem jurídica, cada vez mais ligeira, mais alinhavada às exigências do guião desenhado pelo Ministério do Interior. Já não é imprescindível que aos detidos seja atribuída uma acção criminosa concreta, datada num tempo e lugar concretos, basta simplesmente relacioná-lo com a hipotética militância numa organização política que trataram de ilegalizar previamente. Há algum tempo que o Estado decidiu perseguir sem tréguas a dissidência política, criminalizar o independentismo e livrar esse caminho de qualquer obstáculo judicial que o faça travar ou o retarde. É esse o manual e, depois de cada operação, repetem até à saciedade os seus slogans com a esperança de que, dita mil vezes, a mentira acabe por parecer verdade.

Em Euskal Herria, essa estratégia não funciona. E no âmbito internacional também se questionam elementos de uma política impermeável aos direitos humanos. «A militância ou a liderança de um partido político, legal ou ilegal, são condutas legítimas e manifestações indiscutíveis da liberdade de expressão e opinião, bem como do direito de associação», afirmava há não muito tempo o Grupo de Trabalho sobre a Detenção Arbitrária da ONU. Com as detenções de ontem essa lista de injustiças cresce. Mas o mais grave é que se pretende, para além disso, condenar uma outra geração de bascos a essa opressão estrutural. Jogam assim com o futuro de todo um povo.
Fonte: Gara

Juventude perseguida, povo em marcha


Procuravam um grande golpe policial, como anunciou na semana passada o Movimento pró-Amnistia: 34 detenções e 92 inspecções, dizem que a maior operação em muito tempo.

Estamos perante um nova demonstração de força bruta policial, ainda que, naturalmente, para o pensamento único isto não seja violência. Vamos ver como são tratadas as pessoas detidas, mas as detenções e as inspecções dão-nos a dimensão da nova patada repressiva. Uma operação de tamanho XXXXL, tão exagerada quanto a podridão moral de quem a lançou e apoia, tão grande quanto o medo que o estado espanhol tem da sociedade basca.

Desta vez atingiram a juventude. Já começou o trabalho sujo dos jornalistas parapoliciais. Gaztetxes, sociedades gastronómicas, peñas, todos fazem parte, como não!, do Eixo do Mal. Alguns já lançam novas rações de veneno: actuaram contra os «duros». O argumento que utilizaram para justificar as últimas detenções, mas ao contrário. Duros ou brandos, todos para a prisão. Anunciou-o Aznar, mas quem o está a pôr em prática é Rodríguez Zapatero, o do carácter dialogante [el talante].

Nesta altura, não nos surpreende que recorram à repressão. A gestão do caso Alakrana mostrou-nos, se é que havia alguma dúvida, a inépcia de Rodríguez Zapatero, do seu governo e dos juízes da Audiência Nacional. Inépcia que pretendem ocultar com novas operações que apenas demonstram que têm polícias, juízes e leis que dão amparo a qualquer atrocidade.

Esta é a resposta espanhola às esperanças que renascem na sociedade basca. Bordoadas vs. rebentos verdes. Uma provocação de manual para tentar sabotar os passos que a esquerda abertzale e outros agentes políticos, sindicais e sociais estão a dar. Coices vs. esforços para criar novos cenários.

Um burro pode dar muitos coices e pode dá-los com muita força mas não deixam de ser coices e aquele que os dá só mostra o quanto é burro. Coices dolorosos, sabemo-lo bem, mas incapazes de arredar este povo do caminho que empreendeu.

Floren AOIZ
Fonte: nafarroan.com