segunda-feira, 8 de março de 2010

Seis anos depois, os assassinos de Berrueta já andam na rua


No sábado, dia 13, passam seis anos desde a morte de Angel Berrueta, e os habitantes do bairro de Donibane (Iruñea) voltarão a apoiar a família. Na véspera do aniversário, ficaram a saber que aqueles que lhe tiraram a vida com uma pistola e uma faca - o polícia Valeriano de la Peña e o seu filho José Miguel - já gozam de licenças de saída. Mari Carmen Mañas, a viúva, confirma que não os informaram disso, apesar de a terem obrigado a ir a tribunal em Fevereiro por causa de um pedido de indulto.

Os dias que se aproximam são especialmente duros para a família Berrueta Mañas, e desta vez com um sofrimento extra. Segundo revelaram no sábado os moradores de Donibane numa conferência de imprensa em que estiveram a viúva e os filhos do padeiro e membro da Gurasoak, os dois autores materiais da sua morte já gozam de licenças de saída da prisão.

O polícia Valeriano de la Peña, autor do disparo que matou Angel Berrueta, foi condenado a 20 anos de prisão. O seu filho José Miguel, que o esfaqueou, foi condenado a 15. Ainda não passaram seis anos desde o fatídico 13 de Março de 2004 e já andam ambos na rua. Segundo fizeram saber em Iruñea, o filho goza de licenças desde Dezembro último e o pai, desde Março. No que diz respeito à mulher do polícia, Pilar Rubio, promotora do incidente ao tentar colocar um cartaz contra a ETA na padaria, nem sequer entrou na prisão. O Supremo Tribunal anulou a pena de dez anos a que fora condenada inicialmente em Iruñea.

A viúva, Mari Carmen Mañas, confirmou que ambos foram vistos na rua e manifestou o seu mal-estar, embora nesta altura já poucas coisas possam surpreender a família. Salientou o facto de não terem sido avisados desta libertação, apesar de o poderem ter feito em Fevereiro, quando foram obrigados a ir à Audiência de Iruñea para dar a sua opinião sobre um pedido de indulto, cujo processo foi admitido. Os moradores também se declararam «espantados e perplexos», além de preocupados.

Ao longo destes seis anos a família não deixou de receber ameaças e insultos, como fez saber em diversas ocasiões. «Quem garante a segurança dos familiares no caso de depararem com estes na rua?», perguntam os vizinhos. Na sequência disso, lembram que «já por diversas vezes Mari Carmen Mañas teve de suportar a presença intimidatória de Pilar Rubio à porta da casa da sua mãe».

Assim sendo, os moradores de Donibane e os muitos amigos de Angel Berrueta e seus familiares reiteram que não pensam ficar calados perante a sucessão de injustiças e que vão continuar a dar o seu apoio à família. Assim voltará a acontecer novamente no próximo 13 de Março, que calha a um sábado, tal como no ano - 2004 - em que ocorreu o ataque mortal contra o padeiro, apenas dois dias depois dos atentados de 11 de Março em Madrid e na véspera das eleições estatais.

Foi convocada uma concentração para as 18h na Martín Azpilikueta kalea, em frente à antiga padaria de Angel Berrueta. Para além disso, a Gurasoak ultima a edição de uma obra que dará testemunho deste caso que ainda dói muito em Iruñea e em toda Euskal Herria.

Ramón SOLA

Imanol Berrueta, agredido e imputado pelas FSE
Outra constante destes seis anos foi a pressão policial sobre a família Berrueta, que se traduziu em provocações na rua, insultos e ameaças pelo telefone e mesmo em agressões episódicas. A certa altura, um filho do padeiro foi agredido numa intervenção da Polícia Foral e da Polícia espanhola na herriko taberna da Alde Zaharra de Iruñea. Depois, durante uma jornada de greve, verificou-se um confronto verbal. E agora Imanol Berrueta Mañas vai ser julgado após uma confusa operação policial em Donibane que os moradores enquadram na realidade desta campanha de acosso.

Segundo afirmaram, «a Polícia Nacional efectuou uma operação num bar que muitos dos presentes puderam observar que não era anti-droga, como diziam. Foi uma crueldade permanente dirigida à a pessoa de Mari Carmen Mañas e ao seu filho Imanol. Não pararam de incomodar a viúva de Angel, com provocações contínuas e piadas sobre o seu marido, e agredindo fisicamente Imanol».
Agora, alguns meses depois, o jovem ficou a saber que existe uma acusação contra ele, de forma que, «para além de ser atacado e agredido, torna-se o culpado, porque no final a única coisa que conta é o testemunho policial». R.S.

Fonte: Gara

Entrevista a Mari Carmen Mañas e Imanol Berrueta


Fonte: apurtu.org