quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Pedem dez anos de prisão para oito promotores da mudança estratégica


Arnaldo Otegi, Rafa Díez Usabiaga, Arkaitz Rodríguez, Sonia Jacinto, Miren Zabaleta, Txelui Moreno, Amaia Esnal e Mañel Serra correm o risco de apanhar dez anos de prisão, solicitados pela Procuradoria da Audiência Nacional. Acusa-os, de acordo com o que se lia ontem nos teletipos, do crime de integração em organização terrorista por impulsionar uma «aliança independentista», cuja finalidade era a de «cativar forças políticas como Eusko Alkartasuna (EA), Aralar, Abertzaleen Batasuna (AB) e ELA apara o espaço de luta na confrontação entre Euskal Herria e o Estado».

Os oito, juntamente com Rufi Etxeberria, foram detidos no dia 13 de Outubro de 2009 numa operação contra os promotores da mudança estratégica que se deu na esquerda abertzale. Os processados e outras pessoas mais trabalhavam no documento que o Batasuna lançou a debate entre as bases da esquerda abertzale e cujo resultado foi a resolução «Zutik Euskal Herria». A maioria dos partidos e meios de comunicação reconhece actualmente que esse debate e as suas conclusões foram o germe da esperança que nestes momentos se vive no país face à possibilidade de importantes mudanças no panorama político.

«Sob a direcção da ETA»
Para o Ministério Público, os oito processados constituíam a «Comissão Permanente» do Bateragune e reuniram-se pelo menos dez vezes entre 17 de Abril de 2009 e 13 de Outubro, data das detenções. Desde então, há já catorze meses e meio, Otegi, Zabaleta, Rodríguez e Jacinto permanecem na prisão. Rafa Díez saiu mas com a actividade política sujeita a restrições.

O texto da Procuradoria defende nas suas 21 páginas que a ETA dirigiu todas as actividades do Bateragune, que se encarregava de «coordenar» e assumir a «direcção política» da denominada «frente institucional», levar o confronto político «até ao ponto culminante», apresentando a violência como «consequência do conflito existente entre Euskal Herria e o Estado espanhol», e procurar alcançar uma «maioria social e política que tornasse possível a convergência soberanista».

Apesar de sustentar que a ETA dirigia todas as acções dos arguidos, o texto da Procuradoria - da mesma forma que os autos de Baltasar Garzón - inclui documentação que contradiz essa afirmação. Na verdade, num escrito que dizem intitular-se «Komunikazio Orokorra», a organização armada viria a manifestar o seu mal-estar por não se fazer caso das suas orientações, dando como exemplo a aposta eleitoral na Iniciativa Internacionalista. De acordo com a tradução apresentada pelas forças policiais, a ETA também teria feito constar no documento que «los diseños profundos y concretos del proceso democrático los concreta ETA (...). Todos los demás pueden ser diseños de los procesos democráticos sin ETA, no los de ETA».

A detenção dos dirigentes independentistas provocou a reacção imediata dos partidos e sindicatos, que convocaram uma manifestação em Donostia exigindo a liberdade dos detidos que foi uma das maiores de que há memória na capital guipuscoana. Apesar da operação, o debate na esquerda abertzale seguiu o seu curso.

Aumentam os apoios a Aurore Martin e as críticas ao mandado europeu
Os comunistas da comarca de Uztaritze manifestaram o seu apoio a Aurore Martin, pediram às autoridades que não executem a entrega da militante do Batasuna à Justiça espanhola e apelaram à mobilização para evitar a aplicação do mandado europeu.
Por seu lado, os eleitos do grupo municipal Ensemble pour Ciboure (Unidos por Ziburu, composto por socialistas, abertzales e independentes de esquerda) recordaram que «a liberdade de expressão deve continuar a ser um dos fundamentos da democracia» e desafiaram o autarca, Guy Poulou (UMP), a tomar uma posição a este respeito. A. MANTEROLA
Fonte: Gara

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