Arnaldo Otegi, Rafa Díez Usabiaga, Arkaitz Rodríguez, Sonia Jacinto, Miren Zabaleta, Txelui Moreno, Amaia Esnal e Mañel Serra correm o risco de apanhar dez anos de prisão, solicitados pela Procuradoria da Audiência Nacional. Acusa-os, de acordo com o que se lia ontem nos teletipos, do crime de integração em organização terrorista por impulsionar uma «aliança independentista», cuja finalidade era a de «cativar forças políticas como Eusko Alkartasuna (EA), Aralar, Abertzaleen Batasuna (AB) e ELA apara o espaço de luta na confrontação entre Euskal Herria e o Estado».
Os oito, juntamente com Rufi Etxeberria, foram detidos no dia 13 de Outubro de 2009 numa operação contra os promotores da mudança estratégica que se deu na esquerda abertzale. Os processados e outras pessoas mais trabalhavam no documento que o Batasuna lançou a debate entre as bases da esquerda abertzale e cujo resultado foi a resolução «Zutik Euskal Herria». A maioria dos partidos e meios de comunicação reconhece actualmente que esse debate e as suas conclusões foram o germe da esperança que nestes momentos se vive no país face à possibilidade de importantes mudanças no panorama político.
«Sob a direcção da ETA»
Para o Ministério Público, os oito processados constituíam a «Comissão Permanente» do Bateragune e reuniram-se pelo menos dez vezes entre 17 de Abril de 2009 e 13 de Outubro, data das detenções. Desde então, há já catorze meses e meio, Otegi, Zabaleta, Rodríguez e Jacinto permanecem na prisão. Rafa Díez saiu mas com a actividade política sujeita a restrições.
O texto da Procuradoria defende nas suas 21 páginas que a ETA dirigiu todas as actividades do Bateragune, que se encarregava de «coordenar» e assumir a «direcção política» da denominada «frente institucional», levar o confronto político «até ao ponto culminante», apresentando a violência como «consequência do conflito existente entre Euskal Herria e o Estado espanhol», e procurar alcançar uma «maioria social e política que tornasse possível a convergência soberanista».
Apesar de sustentar que a ETA dirigia todas as acções dos arguidos, o texto da Procuradoria - da mesma forma que os autos de Baltasar Garzón - inclui documentação que contradiz essa afirmação. Na verdade, num escrito que dizem intitular-se «Komunikazio Orokorra», a organização armada viria a manifestar o seu mal-estar por não se fazer caso das suas orientações, dando como exemplo a aposta eleitoral na Iniciativa Internacionalista. De acordo com a tradução apresentada pelas forças policiais, a ETA também teria feito constar no documento que «los diseños profundos y concretos del proceso democrático los concreta ETA (...). Todos los demás pueden ser diseños de los procesos democráticos sin ETA, no los de ETA».
A detenção dos dirigentes independentistas provocou a reacção imediata dos partidos e sindicatos, que convocaram uma manifestação em Donostia exigindo a liberdade dos detidos que foi uma das maiores de que há memória na capital guipuscoana. Apesar da operação, o debate na esquerda abertzale seguiu o seu curso.
Aumentam os apoios a Aurore Martin e as críticas ao mandado europeu
Os comunistas da comarca de Uztaritze manifestaram o seu apoio a Aurore Martin, pediram às autoridades que não executem a entrega da militante do Batasuna à Justiça espanhola e apelaram à mobilização para evitar a aplicação do mandado europeu.
Por seu lado, os eleitos do grupo municipal Ensemble pour Ciboure (Unidos por Ziburu, composto por socialistas, abertzales e independentes de esquerda) recordaram que «a liberdade de expressão deve continuar a ser um dos fundamentos da democracia» e desafiaram o autarca, Guy Poulou (UMP), a tomar uma posição a este respeito. A. MANTEROLA
Fonte: Gara
Ver também:
«Lo sabían desde el principio», de Iñaki IRIONDO
Os oito, juntamente com Rufi Etxeberria, foram detidos no dia 13 de Outubro de 2009 numa operação contra os promotores da mudança estratégica que se deu na esquerda abertzale. Os processados e outras pessoas mais trabalhavam no documento que o Batasuna lançou a debate entre as bases da esquerda abertzale e cujo resultado foi a resolução «Zutik Euskal Herria». A maioria dos partidos e meios de comunicação reconhece actualmente que esse debate e as suas conclusões foram o germe da esperança que nestes momentos se vive no país face à possibilidade de importantes mudanças no panorama político.
«Sob a direcção da ETA»
Para o Ministério Público, os oito processados constituíam a «Comissão Permanente» do Bateragune e reuniram-se pelo menos dez vezes entre 17 de Abril de 2009 e 13 de Outubro, data das detenções. Desde então, há já catorze meses e meio, Otegi, Zabaleta, Rodríguez e Jacinto permanecem na prisão. Rafa Díez saiu mas com a actividade política sujeita a restrições.
O texto da Procuradoria defende nas suas 21 páginas que a ETA dirigiu todas as actividades do Bateragune, que se encarregava de «coordenar» e assumir a «direcção política» da denominada «frente institucional», levar o confronto político «até ao ponto culminante», apresentando a violência como «consequência do conflito existente entre Euskal Herria e o Estado espanhol», e procurar alcançar uma «maioria social e política que tornasse possível a convergência soberanista».
Apesar de sustentar que a ETA dirigia todas as acções dos arguidos, o texto da Procuradoria - da mesma forma que os autos de Baltasar Garzón - inclui documentação que contradiz essa afirmação. Na verdade, num escrito que dizem intitular-se «Komunikazio Orokorra», a organização armada viria a manifestar o seu mal-estar por não se fazer caso das suas orientações, dando como exemplo a aposta eleitoral na Iniciativa Internacionalista. De acordo com a tradução apresentada pelas forças policiais, a ETA também teria feito constar no documento que «los diseños profundos y concretos del proceso democrático los concreta ETA (...). Todos los demás pueden ser diseños de los procesos democráticos sin ETA, no los de ETA».
A detenção dos dirigentes independentistas provocou a reacção imediata dos partidos e sindicatos, que convocaram uma manifestação em Donostia exigindo a liberdade dos detidos que foi uma das maiores de que há memória na capital guipuscoana. Apesar da operação, o debate na esquerda abertzale seguiu o seu curso.
Aumentam os apoios a Aurore Martin e as críticas ao mandado europeu
Os comunistas da comarca de Uztaritze manifestaram o seu apoio a Aurore Martin, pediram às autoridades que não executem a entrega da militante do Batasuna à Justiça espanhola e apelaram à mobilização para evitar a aplicação do mandado europeu.
Por seu lado, os eleitos do grupo municipal Ensemble pour Ciboure (Unidos por Ziburu, composto por socialistas, abertzales e independentes de esquerda) recordaram que «a liberdade de expressão deve continuar a ser um dos fundamentos da democracia» e desafiaram o autarca, Guy Poulou (UMP), a tomar uma posição a este respeito. A. MANTEROLA
Fonte: Gara
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