quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Contra o “estado de excepção”, eleitos independentistas vão encerrar-se nos Municípios

De hoje até sábado, representantes eleitos independentistas vão encerrar-se em diversos Municípios de Hego Euskal Herria [País Basco Sul], para além de levarem a cabo outros actos de protesto contra as ilegalizações do EHAK [Partido Comunista das Terras Bascas], da ANV [Acção Nacionalista Basca], das Gestoras Pró-Amnistia e da Askatasuna e contra as últimas detenções.

Representantes da esquerda independentista compareceram em Donostia para dar conta das acções de protesto previstas para os próximos três dias, em denúncia das ilegalizações e das últimas detenções.

O autarca de Elorrio, Niko Moreno, e o de Oiartzun, Aitor Etxebarria, explicaram que, enquanto estiverem encerrados nos municípios, irão manter reuniões com diversos agentes para analisar a situação política.
Adiantaram que essas acções de “fechamento” terão lugar nas Câmaras Municipais de Arbizu, Leitza, Lesaka, Baztan, Usurbil, Elorrio, Lezo, Tolosa, Segura, Mutriku, Aduna, Bergara, Pasaia, Hernani e Legorreta, e que esperam que mais de 40 municípios acabem por se juntar a esta iniciativa, impulsionada por representantes municipais eleitos.

Moreno e Etxebarria criticaram esta “febre repressiva que Euskal Herria está a sofrer” e responsabilizaram o Governo espanhol pelas ilegalizações da ANV e do EHAK, bem como pelo “estado de excepção” que o país vive.
Lamentaram ainda o “caminho empreendido pelo Governo francês, detendo membros do Batasuna com a intenção de o deixar fora da lei”.
Para os representantes independentistas, “a gravidade desta situação é única na Europa”.

Silêncio e cumplicidade de outros partidos

A isto juntaram a sua “preocupação” com o “silêncio e a cumplicidade” de outros partidos, como o PNV, o EA e o Nafarroa Bai, que “se abstiveram ou nem sequer apareceram para votar”, na altura em que “em muitas localidades se apresentaram moções contra a ilegalização”.
Na sua opinião, os responsáveis dessas formações “estão-se a acomodar, e a preparar-se para o prolongamento desta situação antidemocrática”, pois, “para além de denunciarem as ilegalizações, não fizeram mais nada”.
Moreno e Etxebarria lembraram ao presidente do PNV, Iñigo Urkullu, que “a ilegalização não é um problema da esquerda abertzale”, e que “a falta de democracia que lhe subjaz demonstra que este país tem ainda um assunto pendente”.

“Parece-nos escandaloso – referiram – que num novo cenário de eleições antidemocráticas haja quem se dedique a apresentar candidatos”.
Nesse sentido, criticaram o PNV por se mostrar disponível para “negociar os orçamentos de Madrid e Gasteiz com os responsáveis” da “escandalosa” proibição da consulta impulsionada por Juan José Ibarretxe.
“Até quando vão deixar que o Estado mande no nosso povo a seu bel-prazer? Até quando lhes vão estender o tapete vermelho?”, perguntaram.

Os representantes abertzales apelaram ainda à participação dos cidadãos na manifestação que terá lugar no sábado em Bilbau. Partirá da Aita Donostia plaza às 17h30.

Fonte: Gara