segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Marlaska prolonga por mais cinco dias período de incomunicação dos três jovens navarros


Os três habitantes de Iruñea [Pamplona] que foram encarcerados na noite de sábado por ordem do juiz Grande-Marlaska irão permanecer sob regime de incomunicação em Soto del Real em princípio até quinta à noite, altura em que se esgota o período máximo de incomunicação, que é de cinco dias. Estes dias vêm juntar-se aos quatro que já passaram sob incomunicação nas mãos da polícia espanhola. E, quando passaram pela Audiência Nacional, também tiveram que comparecer nessa condição.

Depois de Grande-Marlaska ter decretado que o jovem de Barañain Mikel Flamarike saísse em liberdade condicional, os iruindarras Gorka Sueskun, Ibai Azkona e Iker Araguas deram entrada no estabelecimento prisional de Soto del Real. Também ordenou que seja aplicado a estes três jovens “o período máximo” de incomunicação na prisão permitido por lei, o que se traduz em mais cinco dias. Um estado que, salvo decisão do próprio juiz, se irá prolongar até à noite de quinta-feira. Até lá, nem familiares nem advogados nem nenhum outro basco preso em Soto del Real poderá manter qualquer contacto com os três jovens.

Notícia completa: Gara

Obrigado a declarar-se culpado

Para além das acusações genéricas avançadas pelo juiz, ainda não se sabe de que actos concretos são acusados. No entanto, já se sabe algo mais das incidências processuais, pelo menos no caso do jovem Mikel Flamarike, que foi posto em liberdade e deu a conhecer a sua experiência durante o período de cativeiro nas mãos da polícia espanhola.
Assim, revelou que os agentes procuraram por todos os meios que ele se desse como culpado de uma acção de sabotagem num transformador eléctrico, que ocorreu durante as festas de Barañain deste ano. Em virtude das pressões e dos maus tratos que recebeu por parte dos seus captores, Flamarike acabou por se declarar culpado desses actos nas instalações policiais, mas, quando compareceu na Audiência Nacional espanhola, rectificou a sua declaração e denunciou o que se tinha passado.

O jovem argumentou ainda que, no momento em que se esse acto de sabotagem se deu, ele estava a trabalhar num bar, pelo que a sua participação em tal acção é impossível – por mais que a polícia o tenha tentado incriminar durante o período de incomunicação.

Maus tratos e ameaças

Após quatro dias em regime de incomunicação sob a alçada da polícia espanhola, o jovem barañaindarra Mikel Flamarike pôde relatar os episódios de maus tratos, tanto físicos como psíquicos, de que foi alvo.

Segundo fez saber a Askatasuna, desde que foi detido, na terça-feira à noite, os agentes bateram-lhe e obrigaram-no a fazer exercício físico, além de o terem impedido de conciliar o sono. Ameaçaram-no com o uso do “saco”, tendo-o mesmo obrigado a cheirá-lo e tocá-lo, embora nunca o tenham aplicado na cabeça.

Flamarike afirmou também que os seus captores o maltrataram psiquicamente, utilizando para tal a figura da sua mãe. E assim o obrigaram a declarar-se culpado de um acto de sabotagem.

Fonte: Gara