quinta-feira, 1 de julho de 2010

Ion Telleria: «A repressão tem diversos níveis de intensidade»


Entrevista a Ion TELLERIA / Militante independentista

O Tribunal de Apelação de Pau aceitou, na terça-feira, o mandado de detenção europeu formulado pelo Estado espanhol contra Ion Telleria. Gipuzkoarra, a viver e a trabalhar em Urruña (Lapurdi), a Audiência Nacional acusa-o de ter sido o porta-voz do movimento juvenil independentista Segi, ilegal no Estado espanhol, legal em território sob administração francesa. Agora, encara a possibilidade de recorrer desta decisão.

Desde a sua detenção, no dia 9 de Junho, vive sob medidas de controlo judicial. Quais são?
Não posso sair do departamento, também não posso sair de casa, excepto para ir trabalhar ou para atender às minhas necessidades do dia-a-dia. Estou proibido de participar em manifestações, de entrar em bares e de possuir armas.

Como é que vive esta situação?
Eu comparo-a com a dos meus companheiros que foram encarcerados, e então posso dizer que estou bem. As pessoas que me são chegadas puderam transmitir-me muita solidariedade e apoio. E isso dá força. Do ponto vista político, é uma situação inadmissível, porque se aproxima de uma privação das liberdades.

De que é que o acusam?
Nos mandados de detenção europeus os juízes não entram no conteúdo do dossiê, mas o juiz Grande-Marlaska acusa-me de ter sido o porta-voz da Segi.

Ainda lhe resta a possibilidade de recorrer da decisão do tribunal. O seu futuro está pendente dessa decisão...
A repressão tem diversos níveis de intensidade, mas todos eles geram o medo ou a raiva. Neste momento, não sei qual é o meu sentimento, a única coisa de que tenho a certeza é que não me arrependo de nada. Sei o que fiz e por que o fiz, e, se fosse para começar outra vez, fá-lo-ia.

Inúmeros mandados de detenção europeus contra cidadãos do País Basco Sul foram validados. Mas, no que diz respeito aos cidadãos do País Basco Norte, foram rejeitados. Qual é a sua explicação?
No que diz respeito aos assuntos bascos, sabemos bem que as coisas não se decidem nos tribunais de acordo com o código penal, mas nos gabinetes políticos. Para responder a esta questão, seria preciso analisar a acção desses gabinetes políticos. Seria tão mais simples se isto dependesse de uma decisão judicial.
O que eu vejo é que o Estado francês e o Estado espanhol têm uma coisa em comum: a luta contra as pessoas que desejam um País Basco livre. Cada qual tem os seus meios, e, neste momento, parece que a França estabelece uma diferença entre um mandado de detenção europeu contra um cidadão do Sul e um contra um cidadão do Norte. O que não diminui em nada a repressão exercida pelo Estado francês nestes últimos anos, e podemos esperar tudo da sua parte, de agora em diante.

Goizeder TABERNA
Fonte: Lejpb - EHko kazeta