Igor Portu e Mattin Sarasola serão julgados na próxima segunda-feira em Madrid, acusados da autoria do atentado contra a T4 em Barajas, acusação que se fundamenta nas declarações que proferiram durante o período de incomunicação. Familiares, amigos e eleitos de Bortziriak [comarca no Norte de Nafarroa] denunciaram na sexta-feira a tortura a que foram submetidos e negaram legitimidade à Audiência Nacional.
«A Audiência Nacional não é um tribunal legítimo para julgar cidadãos bascos», afirmou-o o autarca de Bera, Josu Irazoki, durante uma conferência de imprensa que deu em Iruñea juntamente com outros eleitos de Bortziriak e familiares e amigos de Igor Portu e Mattin Sarasola.
Todos eles afirmaram que estes dois naturais de Lesaka foram torturados e que isso foi possível «graças ao espaço de impunidade criado pelo período de incomunicação», pelo que pediram que se acabe com esta prática.
No que diz respeito à Audiência Nacional espanhola, recordaram que mandou fechar meios de comunicação, ilegalizou partidos políticos e organizações sociais e que por ele passaram «milhares de bascos com sinais evidentes de terem sido submetidos a tortura, mas não fez nada».
«Que justiça se pode esperar deste tribunal, que não é senão a continuação do Tribunal del Orden Público franquista?», questionaram.
No respeitante à detenção de Portu e Sarasola e à hospitalização do primeiro na UCI para receber tratamento, na sequência do período de incomunicação nas instalações da Guarda Civil, lembraram que isso criou «um grande alarme social» na comarca de Bortziriak e que este caso «fez abrir os olhos a muita gente, tanto em Euskal Herria como a nível internacional».
«Infelizmente - acrescentaram -, o Estado espanhol já tinha apostado claramente na repressão, e na continuação e no endurecimento da máquina repressiva, aposta que hoje se mantém».
Em jeito de conclusão, disseram que «o caminho da repressão não nos leva a lado nenhum» e que «a desactivação de toda a máquina repressiva do Estado e o reconhecimento e respeito pelos direitos dos cidadãos e dos povos é que nos conduzirão à solução».
Mobilizações
Para repudiar o julgamento de Igor Portu e Mattin Sarasola e manifestar o seu apoio a estes dois habitantes de Lesaka, familiares, amigos e eleitos de Bortziriak convocaram diversas mobilizações para a esta semana.
Em concreto, na segunda-feira, dia 3, haverá uma assembleia popular em Lesaka às 20h, no dia 4, haverá uma concentração às 19h, e no dia 8, sábado, haverá uma manifestação pelas ruas de Lesaka a partir das 19h. Todas estas mobilizações são apoiadas pelo Movimento pró-Amnistia.
«Não utilizamos nenhum manual, sofremo-lo na pele»
Na conferência de imprensa de eleitos e familiares e amigos de Portu e Sarasola também esteve presente Zaine Rekondo, moradora de Lesaka que apresentou o testemunho da tortura que ela mesma padeceu nas instalações da Guarda Civil, depois de ter sido detida, em Março de 2004, em Bera.
Rekondo afirmou que em Euskal Herria a tortura é aplicada «de forma sistemática», deu como exemplos os casos de Joxe Arregi, Josu Unsion, Xotero Etxandi ou o do iturendarra Enrike Erregerena, e acusou o Estado espanhol de «querer converter os torturados em culpados».
«Queremo-lo dizer com veemência: nós não utilizamos nenhum manual. Infelizmente, estamos a contar o que sofremos na própria pele», afirmou Zaine Rekondo, cuja intervenção foi totalmente em euskara.
Também lembrou que organismos como a ONU ou a Amnistia Internacional pediram por diversas vezes que se ponha fim ao regime de incomunicação e à tortura, e afirmou que o Estado espanhol não faz caso, continuando a retirar «benefícios» desta prática.
Iñaki VIGOR
Fonte: Gara
«A Audiência Nacional não é um tribunal legítimo para julgar cidadãos bascos», afirmou-o o autarca de Bera, Josu Irazoki, durante uma conferência de imprensa que deu em Iruñea juntamente com outros eleitos de Bortziriak e familiares e amigos de Igor Portu e Mattin Sarasola.
Todos eles afirmaram que estes dois naturais de Lesaka foram torturados e que isso foi possível «graças ao espaço de impunidade criado pelo período de incomunicação», pelo que pediram que se acabe com esta prática.
No que diz respeito à Audiência Nacional espanhola, recordaram que mandou fechar meios de comunicação, ilegalizou partidos políticos e organizações sociais e que por ele passaram «milhares de bascos com sinais evidentes de terem sido submetidos a tortura, mas não fez nada».
«Que justiça se pode esperar deste tribunal, que não é senão a continuação do Tribunal del Orden Público franquista?», questionaram.
No respeitante à detenção de Portu e Sarasola e à hospitalização do primeiro na UCI para receber tratamento, na sequência do período de incomunicação nas instalações da Guarda Civil, lembraram que isso criou «um grande alarme social» na comarca de Bortziriak e que este caso «fez abrir os olhos a muita gente, tanto em Euskal Herria como a nível internacional».
«Infelizmente - acrescentaram -, o Estado espanhol já tinha apostado claramente na repressão, e na continuação e no endurecimento da máquina repressiva, aposta que hoje se mantém».
Em jeito de conclusão, disseram que «o caminho da repressão não nos leva a lado nenhum» e que «a desactivação de toda a máquina repressiva do Estado e o reconhecimento e respeito pelos direitos dos cidadãos e dos povos é que nos conduzirão à solução».
Mobilizações
Para repudiar o julgamento de Igor Portu e Mattin Sarasola e manifestar o seu apoio a estes dois habitantes de Lesaka, familiares, amigos e eleitos de Bortziriak convocaram diversas mobilizações para a esta semana.
Em concreto, na segunda-feira, dia 3, haverá uma assembleia popular em Lesaka às 20h, no dia 4, haverá uma concentração às 19h, e no dia 8, sábado, haverá uma manifestação pelas ruas de Lesaka a partir das 19h. Todas estas mobilizações são apoiadas pelo Movimento pró-Amnistia.
«Não utilizamos nenhum manual, sofremo-lo na pele»
Na conferência de imprensa de eleitos e familiares e amigos de Portu e Sarasola também esteve presente Zaine Rekondo, moradora de Lesaka que apresentou o testemunho da tortura que ela mesma padeceu nas instalações da Guarda Civil, depois de ter sido detida, em Março de 2004, em Bera.
Rekondo afirmou que em Euskal Herria a tortura é aplicada «de forma sistemática», deu como exemplos os casos de Joxe Arregi, Josu Unsion, Xotero Etxandi ou o do iturendarra Enrike Erregerena, e acusou o Estado espanhol de «querer converter os torturados em culpados».
«Queremo-lo dizer com veemência: nós não utilizamos nenhum manual. Infelizmente, estamos a contar o que sofremos na própria pele», afirmou Zaine Rekondo, cuja intervenção foi totalmente em euskara.
Também lembrou que organismos como a ONU ou a Amnistia Internacional pediram por diversas vezes que se ponha fim ao regime de incomunicação e à tortura, e afirmou que o Estado espanhol não faz caso, continuando a retirar «benefícios» desta prática.
Iñaki VIGOR
Fonte: Gara