domingo, 4 de abril de 2010

Lakua pretende que os alunos participem nas homenagens a vítimas da ETA


O Governo de Lakua quer que os alunos participem nos actos de homenagem às vítimas da ETA tanto realizando celebrações de homenagem nas próprias escolas como colaborando com os municípios na elaboração do denominado «mapa da memória». Estas iniciativas figuram na proposta provisória do plano de «convivência democrática e deslegitimação da violência» apresentado aos grupos parlamentares na semana passada.

O propósito de fazer «assumir a centralidade e presença das vítimas na deslegitimação da violência» será levado até às últimas consequências pelo Governo de Lakua, que pretende que as crianças se envolvam e participem directamente nas homenagens às vítimas da ETA.

Na sequência, as secções:
O «mapa da memória» / O «Dia da Memória» / O plano anterior, «tímido»

«Subsídios»
Nos subsídios às associações de pais dar-se-á prioridade às actividades de «reconhecimento das vítimas».

«A lei navarra não aceita nenhuma emenda do NaBai»
O texto que será votado e aprovado agora em sessão plenária só menciona a ETA. Diz que a Lei prestará «especial atenção» aos afectados pelos seus atentados, «sempre que esses actos sejam reivindicados ou que de uma interpretação harmónica dos factos antecedentes, coetâneos ou posteriores se poda deduzir que os danos foram causados por tal actividade terrorista». Em função desse critério, estabelece-se desde já que a primeira vítima da ETA foi a menina Begoña Urroz em 1960, embora o atentado tenha sido cometido por outra organização.
A Lei introduz ajudas económicas importantes para familiares até ao segundo grau de consanguinidade. E ameaça retirar subsídios às escolas que não divulguem os programas estabelecidos.

«Começam a surgir atitudes espontâneas de insubmissão»
Poucas horas depois de ser conhecida a aprovação deste novo decreto curricular, na terça-feira, começaram a surgir vozes de insubmissão entre alguns pais e mães de alunos. No informativo nocturno da Radio Euskadi, «Ganbara», as quatro chamadas dos ouvintes mostraram-se contrárias a este ponto dos planos governamentais.
A título de exemplo, uma mulher afirmou que não deixará o seu filho ir à escola no dia em que familiares de vítimas forem às aulas, porque «tentou educar os filhos com base em valores e no respeito, e não no ódio e no revanchismo».
Um homem disse que também não deixará o filho ir à escola, «já que se trata de uma jogada do PSE e do PP para introduzir o anti-basquismo nas escola», mostrando-se ainda temeroso quanto às consequências de tudo isto - a separação entre «pais bons e pais maus», o bom ambiente reinante no pátio transformado em «disputas e ódio».
Uma outra mulher chamava a atenção para a parcialidade destas medidas, tendo em conta que algumas vítimas do conflito não são encaradas enquanto tal. «Edurne Brouard, a filha de Santi Brouard, também é vítima do terrorismo. Esta também vai [às escolas] falar do seu caso?».

Iñaki IRIONDO
Fonte: Gara

Ver também:
Editorial do Gara: «Dogmas infantis»