O empenho do Estado espanhol em deixar de fora das próximas eleições a esquerda abertzale irá deparar no 1 de Março com a determinação de dezenas de milhares de boletins nas urnas, que levarão até Gasteiz e Madrid uma mensagem que em Euskal Herria toda a gente conhece, muito para lá do sentido do voto: que a resolução do conflito basco advirá da aceitação da realidade basca, não da sua negação. Dando continuidade ao convicção que levou a D3M e o Askatasuna a apresentar candidaturas para o Parlamento de Gasteiz, a opção independentista e de esquerda estará presente na campanha eleitoral, pedindo à cidadania que apoie com seus votos – “votos válidos, votos de ouro”, nas palavras da D3M – uma verdadeira mudança que coloque Euskal Herria no caminho para o final de uma longa etapa de negação da identidade e de privação de direitos fundamentais.
Evidentemente, a estratégia que a D3M ontem tornou pública conduz a esquerda abertzale a uma luta eleitoral em franca inferioridade de condições e a enfrentar a mais que previsível repressão por parte do Estado espanhol, que porá todos os meios ao seu alcance ao serviço do seu objectivo-obsessão: apagar qualquer rasto da esquerda abertzale do âmbito político. Esta estratégia, cuja única incógnita será a dureza com que se vai manifestar ao longo dos próximos dias, multiplicará o valor qualitativo dos votos que se hão-de contar na noite de 1 de Março.
E, logo nos primeiros compassos da campanha, é revelador que aqueles que até ontem mesmo garantiam que a esquerda abertzale optaria pela abstenção, como sinal de debilidade, deixam à mostra o nervosismo que destila a sua própria, mandando a Ertzaintza bater em quem colava cartazes da D3M em localidades como Sestao. Eloquente resposta de quem diz condenar a Lei de Partidos, mas se apressa a fazê-la cumprir por meio da violência – inclusive para lá das letras pequenas – em virtude, hoje mais que nunca, de inconfessáveis cálculos eleitorais.
Fonte: Gara