sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

O Tribunal Constitucional cola o primeiro cartaz

(Tasio-Gara)

A cidadania de Araba, Bizkaia e Gipuzkoa viveu as horas que antecederam o início oficial da campanha eleitoral com a atenção presa à decisão do Tribunal Constitucional sobre os recursos apresentados pela plataforma eleitoral Demokrazia 3.000.000 (D3M) e pelo partido Askatasuna. Quanto à decisão, já não restavam muitas dúvidas, e por isso tem ainda mais significado que se tornasse pública exactamente às 23h59, um minuto antes do prazo limite estipulado. Desta maneira, embora não seja algo de novo em Euskal Herria, a classe judicial arrogou-se um papel central num capítulo da vida pública em que, de acordo com a mais elementar teoria democrática, se deveria manter à margem, deixando o protagonismo exclusivamente para a voz do povo. De mãos dadas com Executivo espanhol, com o aplauso incondicional de uns quantos meios de comunicação afectos ao discurso unionista do PSOE e do PP, e ante a passividade de quem, a começar pelo próprio lehendakari, tem nas suas mãos não poucos mecanismos do processo eleitoral, foram os magistrados do Tribunal Constitucional os encarregados de colar o primeiro cartaz da campanha.

Um cartaz desenhado com o único propósito de deixar um amplo sector da população basca fora do processo eleitoral e, como tal, da vida política em Araba, na Bizkaia e em Gipuzkoa. E um propósito para cuja consecução se apontaram todas as baterias, com uma estratégia judicial concebida ao milímetro para não deixar resquícios e com uma passividade política que dá cobertura à manobra, mesmo que o seu resultado final seja a manipulação da composição das instituições, que de forma alguma se poderão chamar democráticas.

Não foram os partidos bascos, mas sim o Tribunal Constitucional espanhol a abrir a campanha para o Parlamento de Gasteiz. Trata-se de uma instância que representa o ponto mais elevado da lei espanhola, mas que carece de legitimidade para definir o futuro político de Euskal Herria. Um futuro que só os cidadãos bascos devem decidir, de uma forma ou de outra, com o seu voto. Este assunto estava por resolver antes, e ainda o está mais desde as 23h59 de ontem.

Fonte: Gara