segunda-feira, 15 de junho de 2020

«Da destruição de símbolos»

[De Irene Sá] Estátuas e monumentos fazem-se e erguem-se como homenagens. E homenagens são promessas de fidelidade, etimologicamente, compromissos de vassalagem e, numa interpretação de significado actual, reconhecimento sobre ascendência de valores e qualidades. E é por isso que a escolha das figuras ou dos acontecimentos a que colectivamente prestamos homenagem se inscreve na batalha das ideias.

Em tempos de convulsões políticas os símbolos do status quo são sempre objecto de atenção. Da luta pela mudança política faz parte a luta pela mudança do paradigma ideológico e desta a luta pela mudança imagética (entendendo-se por imagética a manifestação visual da ideologia, tal como definiu o Nicos Hadjinicolaou na sua História da Arte e Movimentos Sociais) e, naturalmente, pela simbologia associada. Aquilo que vemos a acontecer nos Estados Unidos com estátuas de esclavagistas e figuras associadas à opressão de negros e ao racismo é disto exemplo. (manifesto74)