sexta-feira, 31 de julho de 2009

Homenagem especial à figura política, profissional e humana de Santi Brouard


Por ocasião do 25.º aniversário da morte do dirigente abertzale Santi Brouard num atentado dos GAL, uma iniciativa popular pretende recordar a sua trajectória política, profissional e humana realizando vários actos de homenagem, entre os quais se destaca a colocação de uma escultura em Lekeitio (Bizkaia). A ideia da campanha apresentada na terça-feira é a de juntar todo o tipo de organizações e pessoas «sem olhar a siglas» em torno da figura de Brouard.

Um grupo de lekeitiarras está a preparar a organização de vários actos de homenagem à figura de Santi Brouard. No dia 20 de Novembro passam 25 anos sobre o dia em que o dirigente da esquerda abertzale foi abatido a tiro no seu consultório médico por mercenários a soldo dos GAL, e os promotores da iniciativa pretendem reconhecer a sua trajectória política, profissional e humana.

Uma das ideias que contemplam como parte destes actos evocativos é a colocação de uma escultura em Lekeitio, a sua terra natal, à qual Brouard estava bastante ligado.
A obra foi realizada por Ibon Basañez, que disse que a ideia é colocar a escultura «na linha que separa Lekeitio do mar», e que os materiais utilizados para dar forma à obra são «peças com cores que pertencem à arquitectura da zona ribeirinha e do porto». Segundo indicaram, serão postas à venda rifas de 20 euros para financiar os custos.

O lema escolhido para a campanha é «Euskal Herria osagai»*. Edurne Brouard, filha do histórico dirigente abertzale, comentou que estas palavras servem para resumir a «trajectória, o pensamento e a forma de ser» do seu pai. O slogan procura unir o compromisso de Brouard com Euskal Herria, o seu trabalho como médico e o seu lado mais humano.
Edurne Brouard disse estar muito agradecida por esta iniciativa, já que parte dos «habitantes de Lekeitio, que era uma parte fundamental da sua vida».

«Um homem extraordinário»
Brouard quis destacar que se trata de uma iniciativa «aberta e sem olhar a siglas», o que, em seu entender, é algo de «especial», pois representará uma homenagem «ampla e participativa». Ao mesmo tempo, referiu que a organização destes actos não implica que não se vá realizar a homenagem que a esquerda abertzale lhe presta todos os anos, e não deixou de recordar que cinco anos depois da morte do seu pai, também a 20 de Novembro, Josu Muguruza faleceu em Madrid, vítima de outro atentado.

Entre as pessoas que promoveram a iniciativa encontram-se vários amigos de Santi Brouard, que participaram na terça-feira na conferência de imprensa que decorreu em Bilbau e na qual fizeram uso da palavra para dizer como recordam o dirigente abertzale.

Joxe Eskuola afimou que era «um grande homem, muito bom como pessoa e como médico». Por seu lado, Ander Garamendi disse que o conheceu desde jovem e que foi um «homem extraordinário, com as ideias muito claras». Garamendi acrescentou que «sempre se posicionou a favor dos mais fracos, dos jovens... era médico e gostava de viver de maneira pacífica, mas enfrentava o que fosse preciso».

Durante estas intervenções, abordou-se de forma intensa a figura de Santi Brouard, que, nas palavras daqueles que o conheceram, «representa a figura de um lekeitiarra que amava a sua terra e cuja vida de compromisso com Euskal Herria o levou a tornar-se numa referência política». Como dados biográficos, lembraram que foi dirigente da esquerda abertzale, presidente do partido HASI, membro da Mesa Nacional do HB, vice-presidente do Município de Bilbau, assim como deputado na Câmara de Gasteiz e membro das Juntas Gerais da Bizkaia.

Chegar aos jovens
A ideia do grupo responsável pela campanha é que nas homenagens e actos que se venham a organizar participem todas as organizações, associações e pessoas que encarem Santi Brouard como uma «referência no campo das ideias abertzales e que, como tal, queiram prestar-lhe uma homenagem, sem fazer qualquer distinção».

Patxi Enziondo, um dos membros do grupo de onde partiu a iniciativa, realçou que o histórico militante abertzale era uma «pessoa próxima do povo» e aludiu ao seu trabalho como médico pediatra. Realçou o facto de, com esta iniciativa, pretenderem que a cidadania basca conheça toda a sua vida, mas que a sua intenção é sobretudo chegar às gerações mais jovens.
Enziondo afirmou que «a situação política e social» em Euskal Herria continua por resolver, pelo que recordar pessoas como Brouard é importante para encontrar soluções para o conflito que se vive no país.

No final da conferência, anunciaram que em Setembro vão dar a conhecer mais actos de homenagem relacionados com o 25.º aniversário da morte de Brouard. Salientaram que se destinam sobretudo às crianças, a quem o homenageado se dedicou especialmente, enquanto pediatra, mas não quiseram adiantar mais nenhum dado.

Manex ALTUNA

Fonte: Gara

* diz-nos o dicionário que osagai pode ser «elemento», «componente», «ingrediente» «remédio», «medicina»

Grande mobilização pela liberdade dos detidos na operação contra a Gaztesarea


Cerca de 700 pessoas participaram ontem numa concentração no passeio de Telletxe, em Algorta (Bizkaia), respondendo assim à convocatória feita pelo Movimento pró-Amnistia e reivindicando a libertação de Alberto Martínez, Arkaitz Artola e Iker Acero (este último morador de Getxo), que tinham sido detidos na quarta-feira pela Guarda Civil no âmbito de uma operação contra a agência noticiosa juvenil Gaztesarea.

Muitos dos participantes levavam papéis em que se lia «Gaztesarea aurrera» e denunciaram a falsidade e a intoxicação prevalecente em certa comunicação social, que veiculou preciosidades como “a Gaztesarea vende rifas de apoio à ETA”; denunciaram ainda a proibição da manifestação por parte da Polícia Autonómica, bem como o atraso de uma hora a que a concentração de protesto foi forçada, de forma a não coincidir com o início das festas de Algorta.

As concentrações vão repetir-se todos os dias – às nove, em Algorta – enquanto os detidos assim permanecerem e até que sejam postos em liberdade ou presentes a um juiz.

Notícia original (euskaraz) e fotos: ukberri.net

Fonte: kaosenlared.net


Tasio (Gara)
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Já hoje: Iker Acero, Arkaitz Artola e Alberto Martínez em liberdade... para já

O juiz da Audiência Nacional espanhola Fernando Andreu deixou sair em liberdade os três detidos na quarta-feira pela sua ligação à Gaztesarea - Iker Acero, Alberto Martínez e Arkaitz Artola -, com a obrigatoriedade de comparecerem em tribunal quinzenalmente, acusados de «colaboração com organização terrorista». [sic]

Andreu tomou esta decisão contra o critério da Magistratura do Estado, que tinha pedido prisão incondicional para Iker Acero e Alberto Martínez, e liberdade sob fiança de 5000 euros para Arkaitz Artola.

O Ministério Público acusa-os de financiar a Segi através de sorteios e vendas de rifas.

Notícia completa: Gara

O Município de Arbizu apoia Alain Berastegi e exige responsabilidades


O Município de Arbizu (Nafarroa) manifestou o seu total apoio a Alain Berastegi e solicitou uma comparência no Parlamento de Nafarroa para prestar informações sobre o sequestro e a tortura que este habitante da localidade sofreu, bem como exigir responsabilidades «a quem de direito».

O autarca de Arbizu, Jesús Mari Mendinueta, acompanhado por quatro vereadores e por Xanti Kiroga, deu ontem a conhecer em conferência de imprensa o conteúdo da moção aprovada pela Câmara Municipal desta localidade de Sakana, na qual manifesta o seu apoio a Alain Berastegi e denuncia a utilização da repressão em todas as suas formas, como detenções, sequestros, ameaças, agressões, controlos, tareias e tortura.

No mesmo texto, o Município pede para comparecer no Parlamento de Nafarroa, na pessoa do seu presidente, para expor a agressão sofrida por Alain Berastegi e exigir responsabilidades «a quem de direito».

Por outro lado, solicita aos municípios e habitantes de Irunberri e Oibar que forneçam todos os dados e elementos que possam sobre o sequestro do jovem arbizuarra, uma vez que os factos que denunciou ocorreram na fronteira entre ambos os municípios.

Por último, decidiu-se convocar uma manifestação para Arbizu, no dia 8 de Agosto, às 19h, com o lema «Errepresioari stop! Gerra zikinik ez!» [Stop à repressão! Não à guerra suja!], e pedir apoio a outros municípios e vereadores de Sakana.

«Para além da legalidade»
Xanti Kiroga, por seu lado, fez uma leitura política das actuações contra a esquerda abertzale e da situação política em Euskal Herria. «Neste momento, em que o conflito está em lume brando, vemos como se sucedem as acções armadas, as detenções e se acelera a dinâmica da repressão e da resposta. A esquerda abertzale – acrescentou – gostaria que essa dinâmica fosse superada, que a actual situação fosse substituída por uma situação democrática na qual os direitos de Euskal Herria e dos cidadãos bascos fossem garantidos, e em que houvesse ainda a possibilidade real de poder exercer esses direitos».

Também criticou a atitude de «ir a todas» por parte do Estado espanhol. «No plano legal, estão a recorrer a todos os instrumentos ao seu alcance e a usá-los até ao limite, impondo de facto uma situação de excepção. Mas parece que isso não basta, e agora estão a pôr em prática outro tipo de acções que vão para lá da legalidade. De outra forma, é impossível a impunidade com que actuam em Nafarroa», concluiu, ao mesmo tempo que criticou aqueles que silenciam este tipo de acontecimentos.

Iñaki VIGOR

Fonte: Gara

Os jovens de Barañain vão defender o 'gaztetxe'


«O gaztetxe fica». Sem papas na língua e com esta assertividade, os representantes da gazte asanblada de Barañain (Nafarroa) responderam ontem à ordem de despejo que receberam do autarca José Antonio Mendive (UPN), durante uma conferência de imprensa em que também anunciaram o início de campanha para lhe fazer frente.

No dia 21 deste mês, a gazte asanblada de Barañain recebeu uma carta do autarca, José Antonio Mendive, em que lhes foi comunicado que têm até 5 de Agosto para sair do local em que o o centro juvenil se encontra e devolver as chaves ao Município. Os jovens responderam com veemência e deram a conhecer uma campanha em defesa do gaztetxe.

Os jovens dizem não entender porque é que, de todos os espaços municipais cedidos de forma provisória, só um deles é que vai ter de desaparecer - o gaztetxe.

Ao mesmo tempo, os jovens não se mostram surpreendidos com a decisão da Câmara, porque «já por várias vezes mostrou que não tem qualquer problema em colocar entraves a quem não concorda com o seu modelo». Lembraram, especificamente, as imposições nas festas de 2008 e a censura aos diários Gara e Berria na biblioteca pública.

Depois de lembrarem as «inúmeras» actividades organizadas por e para a localidade, «sem qualquer custo para as arcas municipais», os jovens responderam a Mendive que a gazte asanblada existe há mais anos em Barañain do que o autarca e perguntaram-lhe se também vai desalojar o Baragazte com o argumento de que nem todos os jovens vão a esse local municipal.

Para os jovens, é claro que Mendive não cede espaços aos colectivos populares, que cria obstáculos ao programa popular das festas e impede a liberdade de expressão em Baranãin.

Iñaki VIGOR

Notícia completa: Gara

Algo cheira mal no caso do refugiado basco Iñaki Etxebarria


O caso de Iñaki Etxebarria leva já um longo atraso, o que confirma as suspeitas de que existem coisas que se estão a passar à margem do plano «estritamente judicial». Deixamos-vos aqui quatro documentos para dar uma ideia da situação: o primeiro é um artigo dos Amig@s de EH da Venezuela, o segundo do Comité pela libertação de Iñaki Etxebarria, o terceiro é uma carta escrita por Marco Antonio Rodríguez-Acosta, advogado de defesa de Iñaki, e, por fim, uma notícia publicada pela Telesur que nos fala da aproximação suspeita de Espanha à Venezuela (agora, Espanha apoia o processo de mudanças na Venezuela!...), através do seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Moratinos.

Barakaldo coloca os quadros dos autarcas franquistas à parte


Ao contrário do que o filho de um falangista, actual presidente do Congresso de Deputados espanhol, José Bono, faz em Madrid - reafirmou ainda há poucos dias a sua recusa em retirar os quadros dos presidentes franquistas das Cortes espanholas -, o Município de Barakaldo (Bizkaia, EH) mudou os quadros que representam os quatro autarcas da localidade durante a ditadura franquista para um lugar à parte no salão plenário, de forma a diferenciá-los dos restantes mandatários municipais também representados nessa sala.
Em Maio, o Município tinha aprovado uma moção da associação Ahaztuak 1936-1977 em que se pedia a retirada dos símbolos franquistas das ruas da localidade biscainha, mas recusara retirar os quadros dos autarcas franquistas do salão plenário. Agora, para além deste passo em frente, o município da Ezkerraldea está ainda elaborar uma listagem de todos os símbolos franquistas que resistem teimosamente nas ruas da localidade.
Sobre José Bono, o Sr. "nem os tirou nem os pensa tirar" - um dos figurados nos quadros é Esteban de Bilbao y Eguía, presidente da Cortes franquistas durante duas dezenas de anos e responsável pela assinatura de inúmeras sentenças de morte no regime franquista -, e dono de uma colecção de ditos que é de se lhe tirar o chapéu (lembrar Azpeitia e a psicologia, por exemplo), ver SareAntifaxista. Não é figura única; na "democracia à espanhola", há mais uns quantos com ditos democráticos curiosos - e a lista não é pequena!

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Repressão II


O movimento juvenil convoca uma manifestação nacional para 7 de Agosto em Donostia
Iker Acero, Alberto Martínez e Arkaitz Artola, detidos na operação contra a Gaztesarea, continuam em poder da da Guarda Civil. O movimento juvenil convocou uma manifestação nacional para o próximo dia 7 e Agosto em Donostia e criou um blog para conseguir apoios.

Prevê-se que Iker Acero, Alberto Martínez e Arkaitz Artola, detidos ontem pela Guarda Civil no âmbito da operação contra a Gaztesarea, sejam presentes amanhã a um juiz, segundo informou o Movimento pró-Amnistia.
O portal juvenil, que continua a funcionar, criou um blog para arrecadar mostras de solidariedade, que foram imediatas logo após o início da operação.

Para além disso, o movimento juvenil convocou para dia 7 de Agosto uma manifestação nacional em Donostia, às 18h, a partir do Boulevard, com o lema "Sistema eta errepresioaren aurrean... Ekin dezagun batera!" [Face ao sistema e à repressão... Trabalhemos juntos!].
O movimento juvenil prevê realizar amanhã em Bilbau uma conferência de imprensa para fazer uma avaliação dos acontecimentos.

Fonte: Gara

A Audiência Nacional recusa o arquivamento do processo contra o Egunkaria
A Audiência Nacional espanhola recusou arquivar o processo contra o Euskaldunon Egunkaria, como tinha sido pedido pela defesa e pela Procuradoria, pelo que cinco pessoas se vão sentar no banco dos réus acusadas de "integração" na ETA. Das sete inicialmente acusadas após o encerramento do diário, em Fevereiro de 2003 - Martxelo Otamendi, Iñaki Uria, Txema Auzmendi, Joan Mari Torrealdai, Xabier Oleaga, Pello Zubiria e Xabier Alegria -, o tribunal de excepção já tinha afastado do processo Xabier Alegria e declarado prescrita a acusação no caso de Pello Zubiria.

Auto integral

Notícia completa: Gara

Repressão I


O Município de Oiartzun retira as fotos dos presos provisoriamente
Na sequência da ordem dada pelo Departamento do Interior de Lakua, o Município de Oiartzun (Gipuzkoa) decidiu ontem retirar "provisoriamente" oito fotografias de presos colocadas na fachada da Câmara Municipal. Não descartam a hipótese de voltar a colocar estas imagens "quando houver oportunidade".

No âmbito da campanha iniciada por Lakua para eliminar qualquer manifestação de apoio aos presos, o Executivo tinha ordenado a este Município que retirasse as fotografias ou os cartazes da fachada num prazo de 24 horas.

Um mural no frontão
Em sessão plenária, os sete edis da esquerda abertzale aprovaram uma moção em que se decide proceder à retirada destas imagens. No texto aprovado nessa sessão, a que não assistiram os cinco vereadores da Oiartzun Bai, precisa-se que "não é um crime reivindicar os direitos dos presos". E, assim, a moção também inclui a intenção de colocar um mural a favor dos presos no novo frontão da localidade.

Fonte: Gara

A Audiência Nacional proíbe dois actos em defesa dos presos em Villabona

Auto

Anteriormente, o juiz Santiago Pedraz tinha adoptado a resolução de não vetar os actos convocados para o próximo sábado em Villabona e Ordizia (Gipuzkoa) em defesa dos presos, por entender que denunciar a dispersão dos prisioneiros não constitui um delito e que proibir ambos os actos seria violar o direito de reunião e informação. A Procuradoria recorreu, mas o magistrado indeferiu o recurso.

Então, a associação de extrema-direita Dignidad y Justicia voltou a recorrer da resolução do magistrado e o tribunal de excepção acabou proibir ambos os actos, ao ver neles "claros indícios da prática de um crime de enaltecimento ou justificação do terrorismo, ou da realização de actos que impliquem descrédito, menosprezo ou humilhação das vítimas dos crimes terroristas ou dos seus familiares".

Para que a sua resolução se cumpra, o tribunal pede "com urgência" a Pedraz que ordene ao Departamento do Interior de Lakua e às FSE que adoptem "as medidas necessárias" para evitar que os actos se levem a cabo e para "prevenir a possível prática de actos delictivos".

Fonte: Gara

Nota: perene visão enferma do conflito; o sofrimento é exclusivo a uma das partes; liberdade de reunião e de informação foi para o galheiro que foi uma beleza.

Morrem dois agentes da Guarda Civil numa explosão em frente a um quartel de Maiorca


Editorial: Discursos irreais face ao conflito real (cast.)

Na sequência de uma explosão em frente ao quartel da instituição militar em Palmanova, município maiorquino de Calvià, dois guardas civis faleceram. Os agentes encontravam-se no interior de um carro patrulha e a explosão ocorreu às 13h50.

De acordo com a informação veiculada pelas agências noticiosas, na origem da explosão poderia estar uma bomba-lapa colocada na parte inferior da viatura, estacionada no local desde as 10h da manhã, e que terá sido activada à distância.

Apesar de inicialmente as agências terem divulgado a informação segundo a qual existiriam várias pessoas feridas com gravidade, o delegado do Governo espanhol nas ilhas Baleares, Ramón Socías, já veio dizer que não houve feridos.

A confirmar-se a autoria da ETA, seria o segundo atentado cometido em pouco mais de 24 horas contra a instituição militar.

Fonte: Gara

quarta-feira, 29 de julho de 2009

A Guarda Civil deteve três pessoas no âmbito de uma operação contra a GAZTESAREA


Acusam a página de Internet gaztesarea.net [Rede Jovem] de financiar a organização juvenil Segi e duas pessoas foram detidas hoje de manhã pela Guarda Civil. A primeira detenção ocorreu em Artziniega (Araba), onde reside Alberto Martínez Gutiérrez, o responsável pela página.
Na Bizkaia, agentes da Guarda Civil à paisana detiveram o surfista Iker Acero (em Barrika), que, enquanto responsável pela sede, foi posteriormente levado até ao parque Martin Ugalde, em Andoain (Gipuzkoa), onde se situa precisamente a sede da gaztesarea.net.
Aí, seria detida uma terceira pessoa, Arkaitz Artola.
A Guardia Civil procedeu ainda a várias inspecções, tanto nas casas dos detidos como na sede da página de Internet.
Para além disso, a gaztesarea.net foi bloqueada pelo corpo repressivo!

Há manifestações convocadas para hoje em Algorta e Artziniega.

Fonte: SareAntifaxista

Ver: Galeria de fotos do Berria via askatu.org
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Expressamos total solidariedade com os detidos e exigimos a sua imediata libertação! E ponham a gaztesarea.net a funcionar novamente - ou temos aqui um novo Egin, um novo Egunkaria, uma nova Egin Irratia!? Atxilotuak askatu!

Em Euskal Herria, prosseguem as festas




Tuterako Bestak: «Xalbadorren heriotzean» (Gaitariak Beterri Peñan)

Os gaiteiros da Peña Beterri nas festas de Tutera (Nafarroa) tocam o tema «Xalbadorren heriotzean» [«Na morte de Xalbador»] - composto por Xabier Lete em homenagem ao escritor e bertsolari Ferdinand Aire Etxart, Xalbador (Urepele, Nafarroa Beherea, 1920-1976). Fonte: nafarroan.com

Para acompanhar as magníficas festas de Euskal Herria, sem perder pitada: martxataborroka.info

Na imagem: Algorta (Bizkaia, EH)

A esquerda 'abertzale' reitera que «o conflito político não tem solução a partir da lógica da derrota policial»


A esquerda abertzale afirmou que «estes acontecimentos evidenciam «a absoluta irresponsabilidade de todos os sectores políticos e mediáticos que continuam a insistir na possibilidade de derrotar policialmente a ETA».

Perante os acontecimentos desta madrugada em Burgos, a esquerda abertzale afirmou que «estes acontecimentos evidenciam a absoluta irresponsabilidade de todos os sectores políticos e mediáticos que continuam a insistir na possibilidade de derrotar policialmente a ETA».

No comunicado que difundiu, a esquerda abertzale reiterou que «o conflito político que o Povo Basco mantém com Estado não tem uma solução a partir da lógica da derrota policial ou militar da ETA». Acrescenta que, «depois de tantos anos passados desde as suas origens, o sofrimento acumulado por todas as partes… obriga, com base na responsabilidade política, a retirar uma conclusão clara: a derrota policial da ETA é simplesmente uma quimera».

Assegura que a única solução possível passa por dar uma resposta democrática ao centro do conflito, «que não é outro senão a existência em Euskal Herria de uma maioria popular que reclama a possibilidade de decidir livremente o seu futuro».
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Em relação a este último ponto, a esquerda abertzale manifestou que é um ponto assente «que a ETA jamais propôs uma solução para o conflito em termos de vitória militar; bem pelo contrário, sempre manifestou a sua aposta firme numa solução negociada para o conflito, atribuindo o protagonismo da mesma às forças políticas, sociais e sindicais de Euskal Herria».
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Critica «a actual dinâmica de repressão e resposta a que o Estado espanhol quer condenar o Povo Basco» e afirma que isso deve dar lugar a «uma dinâmica de diálogo, negociação e acordo para alcançar uma solução negociada sobre as raízes do conflito político».
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Para tal exige ao conjunto da classe política e ao conjunto das forças políticas, sociais e sindicais «um acto de responsabilidade política», «um esforço suplementar nessa direcção».

Afirma que quem «aspira à construção de um cenário que torne possível a materialização de todos os projectos políticos sem limites nem exclusão alguma e que leve a confrontação com o Estado para parâmetros de confrontação democrática» deve ser agente activo na construção de uma estratégia eficaz que contribua para alcançar o objectivo mencionado.
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A esquerda abertzale expressou por último que «esse é o desafio e não outro» e que a sua disposição é absoluta «para abrir as vias de relacionamento e diálogo político necessárias com todos os agentes políticos, sociais e sindicais, sem excepção nem exclusão alguma, para alcançar esse objectivo».
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Fonte: Gara

Presos e repressão


O Município de Iruñea retira os subsídios a duas peñas, por "manifestarem apoio aos presos" nos seus cartazes
As peñas Armonia Txantreana e San Fermin vão ficar sem o subsídio municipal "por manifestarem carinho pelos presos políticos bascos e lhes darem as boas-vindas" nos cartazes das festas de San Fermin. O Município já anunciou que vai apresentar queixa.

De acordo com o autarca em funções Juan Luis Sánchez de Muniáin, os cartazes realizados pelas duas peñas sanfermineras serão postos à disposição do tribunal pela Udaltzaingoa [Polícia Municipal], "por manifestarem carinho pelos presos políticos bascos e lhes darem as boas-vindas". Pelo menos até o tribunal emitir um parecer, o Município de Iruñea cancela a atribuição de subsídios às duas agremiações.

No caso da peña Armonia Txantreana, a perda de subsídio municipal fica-se a dever à manifestação de carinho pelo preso político Mikel Gil; o da San Fermin, por seu lado, tem a ver com uma caricatura de Iñaki Marin. O Município condenou o facto de "se divulgarem mensagens a favor dos terroristas [sic] nas festas" e manifestou o propósito de rever o plano de atribuição de subsídios.

Fonte: Gara

Ver: «Nota de imprensa das peñas Armonia Txantreana e San Fermin face às declarações do autarca em funções Sánchez de Muniain» em nafarroan.com

Agentes da Ertzaintza agridem um jovem em Soraluze quando se preparavam para eliminar um mural
Ontem de manhã, três furgonetas da Polícia autonómica apareceram em Soraluze (Gipuzkoa) e os acontecimentos deram-se por volta das 10h da manhã, quando os agentes entraram na praça da localidade com o propósito de eliminar um mural a favor dos presos políticos bascos. Ao identificar um dos jovens que se encontravam nas imediações, recorreram a grande violência, socos e joelhadas incluídos.
Nas últimas semanas, a presença da Ertzaintza em Soraluze tem sido verdadeiramente asfixiante e na sexta-feira passada andaram pela terra a retirar cartazes em que se perguntava pela situação de Jon Anza e outros da Segi. O Movimento pró-Amnistia denunciou duramente estes factos.

Fontes: askatu.org e askatu.org

A refugiada Ekai Alkorta encarcerada em Fleury-Mérogis
Ekai Alkorta, detida no dia 23 de Julho pela Polícia francesa em Baiona quando ia para o trabalho, foi encarcerada no domingo em Fleury-Mérogis, segundo confirmaram fontes ligadas à sua defesa.

A agência EFE afirmava anteontem que Alkorta ainda não tinha sido encarcerada, enquanto a AFP garantia que tinha sido levada no domingo para uma prisão parisiense. A refugiada de Zumarraga (Gipuzkoa) foi condenada à revelia a cinco anos de prisão em Outubro de 2008 mas, como não esteve presente durante o julgamento, tem direito a pedir um novo processo.
Fonte: Gara

Fernando Savater (UPyD) e a extrema-direita não querem que Euskal Herria exista... nem no papel


Fernando Savater, um dos promotores do partido de extrema-direita unionista UPyD, diz que o termo «Euskal Herria» é uma das «idiotices» que os nacionalistas bascos promoveram.

Esta foi a apreciação que Savater fez do facto de a conselheira basca da Educação, Isabel Celaá, ter garantido que o PSE não irá eliminar o conceito «Euskal Herria» do currículo educativo basco.
Esta denominação incluiria a Comunidade Autónoma Basca, Nafarroa e Ipar Euskal Herria, mas Celaá deixou bem claro que o seu partido entende que este conceito não corresponde a uma «entidade jurídica», mas sim ao «país do euskara, que é um território de cultura e língua comum que os bascos partilham».

Esta tese [com um alcance meramente linguístico e cultural...] não é partilhada pelo Governo de direita de Nafarroa, cujo porta-voz, Alberto Catalán, disse na segunda-feira que irão manter o recurso judicial pelo facto de no currículo educativo da CAB o conceito de «Euskal Herria» incluir referências à comunidade foral.

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Na imagem: um mapa de Euskal Herria

Uma furgoneta-bomba destrói o quartel da Guarda Civil de Burgos e provoca 47 feridos ligeiros

Uma furgoneta-bomba, carregada com cerca de 200 kg de explosivo, rebentou por volta das 4h da madrugada, sem aviso prévio, na parte traseira do quartel da Guarda Civil em Burgos, situado nos arredores da cidade, mais concretamente, entre a Rua Jerez e a Avenida Cantabria. A explosão abriu uma enorme cratera no solo e provocou danos em sete dos catorze pisos do imóvel.
Os serviços de atendimento médico prestaram assistência a 47 pessoas feridas no local dos acontecimentos, tendo sido algumas delas transferidas mais tarde para diversos hospitais. Não há casos graves a registar.

Notícia completa: Gara

terça-feira, 28 de julho de 2009

Homenagens e violadores


Na Idade Média, entendia-se por homenagem a cerimónia em que o vassalo se ajoelhava, colocava as suas mãos entre as do senhor (a chamada inmixtio manum) e declarava: «Senhor, faço-me vosso homem». O senhor fechava as mãos sobre as do vassalo em sinal de aceitação, e davam um beijo. Presumo que algo terá mudado e que os vassalos espanhóis do rei Borbón não o beijem. Embora seja apenas pela altura. Mas homenageiam-no sempre que podem.

Na última fotografia do genocida Franco, homenageado por uma turba fascista em Madrid, naquele execrável dia 1 de Outubro de 1975, com o sangue de Txiki, Otaegi, Baena, Sánchez Bravo e García Sanz ainda quente, não terão dificuldade em reconhecer aquele a quem homenageiam agora todos os dias em Espanha. É o homenageado que está à direita do ditador. O seu herdeiro.

Mais recentemente, nos salões do Kursaal, num acto organizado pelo Governo Basco (então do PNV), foi homenageado o torturador Melitón Manzanas ou o mais próximo colaborador do genocida, Luis Carrero Blanco. Agora, Rubén Múgica eleva a voz contra os actos em defesa dos direitos dos presos com um argumento impecável: «Ninguém entenderia homenagens a violadores». Terá seguramente razão. Nas ruas de Euskal Herria, pelo menos, isso não acontece.

Em Euskal Herria, apesar dos espancamentos, das detenções, onerosas sanções, processamentos, ameaças, reclama-se o respeito escrupuloso pelos direitos de setecentos cidadãos e cidadãs presos, exige-se o seu direito a estar nas prisões localizadas na sua terra. E pede-se, inclusive, a sua liberdade. Tudo isso, legítimo, além de legal. Também se denuncia a tortura, os julgamentos sem garantias, o isolamento e a impunidade nas esquadras. Há mais: exige-se saber o paradeiro de Jon Anza e dos desaparecidos que o precederam. Mas não se presta homenagem a violadores.

Nas ruas de Euskal Herria há muita gente que leva fotografias dos seus familiares e amigos, encarcerados por diferentes razões. Pedem que a sua situação não caia no esquecimento e que se resolvam as causas pelas quais foram parar à prisão. Entre outras coisas, para que as homenagens sejam reservadas a grandes artistas, a benfeitores, às pessoas que contribuem para o progresso da sociedade... Haverá quem tenha uma opinião diferente sobre o anteriormente exposto, também legítima, mas que Múgica fique a saber que nas ruas de Euskal Herria não se homenageiam violadores.

Martin GARITANO
jornalista
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Fonte: Gara

Uma fotografia e mil palavras


Na excepcionalidade política que nos calhou viver em Euskal Herria no começo do século XXI, as fotografias dos prisioneiros bascos são perseguidas pela coligação PP-PSE-PSOE, empenhada em que não recordemos os ausentes nas festas das nossas terras e processando os detidos por «enaltecimento do terrorismo». Esta excepcionalidade, que marca uma clara tendência para o pseudofascismo, é o resultado de uma transição democrática realizada pelos vencedores, que, de forma diversa do que ocorreu noutros países, perdoaram as suas próprias responsabilidades nos crimes cometidos. Aquele ideário baseado na conservação e na defesa da sagrada integridade territorial do Estado encarregou-se de o aglutinar de novo, perseguindo as ideias, os periódicos, as organizações civis e culturais bascas que ofendem o seu sagrado espaço vital. E nestas semanas, com festas em tantas terras de Euskal Herria, o Governo basco já considera uma ofensa inclusive as fotografias dos presos políticos bascos e justificada a correspondente agressão.

No entanto, os ministros espanhóis Chacón e Rubalcaba não explicam por que permitem aos seus subordinados manter a sinistra foto do genocida Franco nos quartéis e nas residências militares.

Nas nossas festas são muitos os que vão estar ausentes. Sabemos dos encerrados em terra de ninguém, de outros isolados com um oceano pelo meio e de outros entregues a quem mais paga, como nos tempos da escravatura. Também sabemos dos que não sabemos, todos e todas muito longe de casa. E é precisamente nestes dias de kalejiras e fanfarras que queremos recordar, e partilhar a lembrança nas praças e txoznas, o que acontece perto e longe deles, porque fazem parte da linguagem de Euskal Herria, ainda que agora seja um delito mostrar as suas fotos. Estas fotografias são uma imagem latente, visível, que contém em si um discurso manifesto com mais de mil palavras, e que revela a perseguição a que Euskal Herria está submetida pelo pacto de Estado. Ora, é o mesmo Rodolfo Ares que deixa bem claro aquilo que pretende dissipar, desmentindo e contradizendo o discurso de López ao apregoar que o Governo basco está totalmente empenhado em solucionar a crise económica e noutras questões públicas mais importantes, como eliminar o direito a decidir. Esta hierarquia de tarefas não se ajusta ao jogo do gato e do rato que iniciaram, com os seus efectivos e dinheiros, para retirar umas fotos e enjaular as inscrições pintadas, embora se procure disfarçar a coisa com algo tão vago como impedir que os presos encontrem substitutos tão jovens. A estas profundas teorias para uma justificação injustificada contrapõe-se a simplicidade explicativa da realidade. Quando perguntaram a Kierkegaard por que acreditava, respondeu: «Porque o meu pai mo disse».

Começaram pelo simbolismo da imagem, mas um especialista em filosofia deveria explicar ao galego Ares que o simbolismo que reúne e liga um grupo é susceptível de ser transportado ou transferido, ou seja, que a carga afectiva pode muito bem mudar de objecto, pelo que tudo se converte numa guerrazita diabólica (antónimo de simbólico) que com o tempo acabarão por perder porque jogam em território não amigo. Existirá sempre um simbolismo hostil para acreditar o direito à própria existência e, portanto, a miragem de Ares e López de acabar com a realidade, velando as fotografias dos presos, é uma ilusão. Por um lado, caminha o discurso propagandístico e ideologicamente erróneo que pretende provocar uma cegueira funcional no povo, escondendo as fotos das praças e das tabernas, e, por outro lado, corre a realidade teimosa, que também descobriram 61% dos cidadãos.

Nas últimas semanas, desorientados políticos anunciaram um curso de segurança com lições milimétricas que aprenderam na sua infância. É que dizer em coro e copiar é mais fácil que ser observador, criativo, original e autor. E com este plágio do modelo de segurança transformam-se naqueles fascistas que utilizam as fotos de Franco em jeito de treino e hábito para construir ainda hoje verdadeiros bunkers ideológicos onde se aprende e se pratica a tortura.

Embruteceram no dia-a-dia com a justificação da sua violência injustificada. Ambicionam um apartheid total, porque a raiva e o ódio não admitem demora. A simplificação das fotografias fala por si mesma. Quanto mais clara for a realidade, maior será a simplificação e, portanto, a barbárie. O tempo o mostrará!

Francisco LARRAURI
psicólogo
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Fonte: Gara

Presos e desaparecidos


Concentração em Donostia, porque o militante basco Jon Anza desapareceu há 100 dias
No domingo, houve uma concentração em Donostia, em frente à Câmara Municipal, para denunciar o desaparecimento do Jon e exigir respostas, tendo para tal os presentes perguntado ao autarca Odon Elorza e ao PSOE o que é que aconteceu ao Jon. A Ertzaintza também esteve presente nesta iniciativa e identificou uma pessoa. Argazki galeria / Fotos

Fonte: askatu.org

Ertzainas à paisana retiraram fotos do recinto de txosnas nas festas de Mutriku
O Movimento pró-Aministia de Mutriku (Gipuzkoa) veio denunciar os acontecimentos e fez saber que vão reforçar a solidariedade e o apoio. Mais, nas festas a presença dos presos políticos será diária.

Fonte: Abantian via askatu.org

Acto em memória de Fernando Ros, Naparra, em Hernani
Os habitantes de Hernani (Gipuzkoa) prestaram homenagem no sábado passado a Fernando Ros, Naparra, no aniversário da sua morte. Ros faleceu no dia 28 de Julho de 1986, em Hernani, ao sofrer uma descarga eléctrica enquanto colocava barricadas para denunciar as extradições de refugiados. Esta homenagem em Hernani, localidade em que residia, foi organizada na sequência de uma outra que tentaram prestar-lhe em Abartzuza (Nafarroa), a sua terra natal, mas que não se realizou em virtude da proibição imposta pela Audiência Nacional espanhola e da actuação da Guarda Civil.
Fonte: Gara

A ESAIT reitera o seu compromisso no «Selekzioaren Eguna»


«Euskal Herria, uma nação, uma selecção, uma federação». Foi o que a Esait e o seu comité de apoio reivindicaram este domingo em Behobia. Dezenas de pessoas juntaram-se nesta jornada festiva na defesa de uma selecção desportiva basca.

Fonte: Le Journal du Pays Basque - Euskal Herriko Kazeta

Ver também: esait.org
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O Dia da Selecção Basca contou com múltiplos apoios de formações partidárias e sindicais, de agentes sociais e culturais, como o Aralar, o Batasuna, o EA, a Euskal Herriaren Alde, o sindicato LAB, a plataforma Euskal Herriari Bai e a Hiru. Ao longo da jornada festiva e reivindicativa, houve, entre outras actividades, desportos tradicionais, jogos de pelota basca, um almoço de convívio e um concerto.

domingo, 26 de julho de 2009

Negu Gorriak - «Gora Herria»


«Gora Herria», dos Negu Gorriak. Viva e viva sempre, o Povo! E o Povo Basco!

Ressurgem as actividades parapoliciais e perduram o silêncio e a hipocrisia de sempre


O Governo espanhol adoptou em relação em a Euskal Herria uma estratégia basicamente militar, que se fundamenta na ideia de que estamos perante uma «ofensiva final» contra o independentismo basco. Não é a primeira vez que aqueles que em Madrid defendem uma saída militar para o conflito basco impõem o seu critério. Essa «ofensiva final» requer uma política de terra queimada. Exige que se instaure o medo e derrote a esperança de qualquer mudança para melhor, para mais democracia, para mais justiça, para qualquer paz que não seja a que impõe a derrota e a humilhação. Este esquema força o Estado a abrir todas as frentes e a atravessar todos os limites. Se até agora, sobretudo na última década, o Estado espanhol teve que retorcer as suas próprias leis para levar a cabo a sua estratégia de acosso ao independentismo, agora deve ir inclusive mais além, voltando a activar mecanismos ilegais. Nesse terreno, inscrevem-se os recentes interrogatórios ilegais a Juan Mari Mujika e Lander Fernández e o sequestro denunciado esta semana por Alain Berastegi. Ao mesmo âmbito pertence o desaparecimento do militante da ETA Jon Anza há quase cem dias. Algo que não é novo; algo que é cíclico na história contemporânea de Euskal Herria.

Paradoxalmente, os ataques parapoliciais, o acosso de incontrolados a jovens militantes abertzales e a guerra suja no seu grau máximo ressurgem num momento em que, se se tiver em conta os porta-vozes do Governo espanhol e a suposta força do Estado e a debilidade do Movimento de Libertação Nacional Basco, o PSOE não precisaria de dar ou de permitir um salto qualitativo nesta direcção. Poderia pensar-se ser esse triunfalismo o que deu impulso aos elementos mais retrógrados das Forças de Segurança do Estado, que estariam a actuar de maneira autónoma por crerem que são tempos de impunidade. Se assim fosse, o silêncio e o cinismo com que os responsáveis políticos estão a enfrentar esta questão dar-lhes-iam razão. Mas a experiência histórica e os factos concretos que foram denunciados nestes últimos meses mostram que tal não é o caso.

Um novo episódio de uma actividade antiga
O desaparecimento de Anza lembra os fatídicos tempos dos GAL, a morte de Joxean Lasa e Joxi Zabala, e também os desaparecimentos de José Miguel Etxeberria Naparra, Eduardo Moreno Bergaretxe Pertur e Popo Larre. Mas também lembra os casos de Josu Zabala Basajaun e José Luis Geresta Mujika Ttoto, mortes não resolvidas nas quais a advertência ao inimigo e a vingança parecem jogar um papel-chave. A resposta de Alfredo Pérez Rubalcaba perante a denúncia dos familiares e companheiros de Anza é que se trata de um «embuste». Continua a não assumir a sua responsabilidade na matéria e a não responder às questões-chave: é verdade, tal como denunciou a ETA, que as FSE conheciam a sua militância na organização? Se assim é, que tipo de vigilância tinha no momento do seu desaparecimento? Quem eram os encarregados da mesma? Os seus homólogos franceses deveriam responder às mesmas questões.

O sequestro de Alain Berastegi, por seu lado, lembra os ataques de incontrolados dos finais dos anos 80 do século passado, quando grupos parapoliciais aterrorizavam jovens bascos sequestrando-os, espancando-os, chantageando-os e marcando-os com queimaduras e símbolos fascistas. Mas também lembra a prática habitual dos serviços de espionagem, serviços financiados com os mesmos fundos secretos que pagaram os membros dos GAL. Para além dessa, a mala com dinheiro que mostraram a Berastegi não pode ter muitas outras procedências.

Guerra suja vs. política
Dizia Carl von Clausewitz, militar prussiano e um dos primeiros teóricos da guerra moderna, que «a guerra é um acto de violência em que tentamos forçar o inimigo a sujeitar-se à nossa vontade». Se isto assim é, a guerra suja vem a ser o último recurso de quem, a partir do poder, e tendo utilizado todos os mecanismos ao seu alcance para dobrar a vontade dos seus inimigos - dobrando para além disso o pouco ou muito de democrático que pudessem ter as suas normas políticas e jurídicas -, salta essa barreira face à impossibilidade de submeter essa vontade popular aos seus desejos de dominação. Quando a ordem e a lei, nem sequer retorcida até abandonar a sua essência de Direito, são suficientes para eliminar a dissidência, o Estado recorre à «guerra por outros meios». O mesmo von Clausewitz dizia que «a guerra não é mais que a continuação da política por outros meios». Neste caso, a guerra suja é, muito simplesmente, a negação da política. E não é uma mostra de força, nem de inteligência militar, antes de uma profunda debilidade política.

Aqueles que em Euskal Herria se acostumaram a utilizar os casos de guerra suja para potenciar os seus discursos, apesar de na altura terem mantido um silêncio cúmplice, têm agora uma oportunidade para emendar a sua cobardia e denunciar estes novos casos. O mesmo se pode dizer da comunicação social, que prefere atender à propaganda militar dos ideólogos da «ofensiva final» a informar sobre estes acontecimentos e a dimensionar a sua evidente gravidade.
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Fonte: Gara

Tasio (Gara)

Querem-nos atados e bem atados


Leio um dos Princípios do Movimento na reportagem da www.nafarroan.com sobre os 40 anos da nomeação de Juan Carlos Borbón como sucessor de Franco. Isto é, uma das bases ideológicas do fascismo espanhol vencedor do golpe de estado de Julho de 1936. É o oitavo princípio, e diz assim: «A participação do povo nos trabalhos legislativos e nas demais funções de interesse geral levar-se-á a cabo através da família, do município, do sindicato e restantes entidades com representação orgânica que para este fim reconheçam as leis. Toda a organização política de qualquer índole, à margem deste sistema representativo, será considerada ilegal». A Lei de Princípios do Movimento é de 1958 mas, se alguém quiser encontrar a base da Lei de Partidos, aí a tem. Mais claro é impossível. Agora, claro está, não se fala de família, município e sindicato. Actualmente são certos partidos e sindicatos que desempenham o papel de instituições do regime. Isso é o regime, o sistema, e os outros, os que estão à margem, são considerados ilegais. A consideração de que quem não está com o regime deve ser ilegalizado é uma das heranças do franquismo.

Passam agora 40 anos sobre a nomeação do Borbón como sucessor de Franco no mais alto cargo do Estado espanhol. Ninguém é capaz de imaginar o aniversário da nomeação por Hitler do presidente de Alemanha. Aqui, no entanto, é só louvores ao indivíduo que aceitou suceder ao ditador e se fartou de jurar fidelidade aos princípios do fascismo. Um senhor que proclamava aos quatro ventos que reconhecia que o seu cargo se ficava a dever ao golpe de 18 de Julho. Este é o emblema da transição, a imagem do Estado espanhol perante o mundo, a representação da «democracia espanhola». Esta é a pessoa que, com base na legitimidade que lhe dá o facto de ter sido o delfim de Franco, fustiga os independentistas bascos em nome da democracia e da dignidade. Um democrata. Um pacifista.

Neste momento, lembrar que foi Franco quem nomeou o Borbón não é nenhuma descoberta. Mas fazê-lo ajuda a situar o debate político no seu preciso lugar. Democracia e Princípios do Movimento são incompatíveis. Ou se é fascista ou se é democrata. Ou se está com Franco e a sua herança política ou se está com a democracia. E o que não se pode aceitar é que os defensores do legado de Franco nos dêem lições de democracia. E em Julho de 1969 Franco disse aquilo do atado e bem atado. Referia-se à conveniência de designar o Borbón como sucessor. 40 anos depois, sabemos que não se tratava apenas de assegurar a continuidade do Estado Espanhol tal como o entendiam os franquistas. O objectivo era manter-nos atados e bem atados, pôr fora da lei aqueles que não partilham esse modelo e afirmam o direito dos povos a decidir livremente o seu futuro. 40 anos depois, apesar de tudo, podemos dizer com orgulho que, enquanto alguns andam há 40 anos atados pelo cordão umbilical que os une ao franquismo, outros continuam a exigir uma verdadeira democracia. Porque temos memória. Porque jamais esqueceremos as imagens de Franco com o Borbón nem a relação de continuidade entre eles e os regimes que representam.

Floren AOIZ
www.elomendia.com

Fonte: Gara

A Etxerat pede a demissão de Ares por ser «um perigo político e policial»

A Etxerat pediu na sexta-feira a demissão de Rodolfo Ares – que expressou publicamente o seu «desprezo e repúdio» para com os actos legais organizados por familiares de presos políticos – para que a cidadania «tome consciência de que o conselheiro do Interior actua a partir do ódio contra uma parte importante da sociedade». Também asseguraram que as fotografias das presas e dos presos «vão continuar na rua», e salientaram que Lakua sabe que «está perante uma batalha perdida».

«As fotografias vão continuar na rua e em todos os lugares que o determinação solidária da sociedade basca julgue conveniente. O Departamento do Interior sabe que está perante uma batalha perdida». Foi assim que a Etxerat respondeu na sexta-feira, numa conferência de imprensa que decorreu em Bilbau, às últimas iniciativas do Executivo de Lakua nesta área.

Junto a Natxi Aranburu e Oihane Ozamiz, que intervieram como porta-vozes, encontravam-se os pais de Arkaitz e Zigor Goikoetxea Basabe – cuja casa, em Getxo, foi atacada no dia 20 por um grupo de incontrolados –, o pai de Joxe Mari Sagardui, Gatza, – que já passou 29 anos na prisão – e a companheira de Sebas Lasa – em greve de fome para denunciar a agressão de que foi vítima no estabelecimento prisional de Puerto de Santa María. Três exemplos que, na sua perspectiva, reflectem «um contexto em que a dispersão continua vigente, se aplica a pena perpétua, sete presos e presas com doenças graves e incuráveis permanecem na prisão, e no qual também se inclui a morte recente de dois iheslaris [refugiados]».

Por isso, os representantes da Etxerat afirmaram que «as palavras do Sr. Rodolfo Ares Taboada proferidas na última terça-feira no Parlamento de Gasteiz são um claro exemplo» do «fracasso e da frustração» que a solidariedade recebida pelos presos políticos e pelos seus familiares provoca nos dirigentes do PSOE e do PP. Ao referir-se no Parlamento à concentração levada a cabo no Haize Orrazia [Pente do Vento], em Donostia, o conselheiro do Interior comentou: «Merece todo o meu desprezo e repúdio». Precisamente, a imagem desse acto, no qual participaram centenas de familiares e amigos de presos políticos, era o pano de fundo da conferência de imprensa.

E, neste contexto, a Etxerat pediu a «demissão imediata» do conselheiro do Interior, por considerar que «uma pessoa assim não é digna de ocupar qualquer cargo, e muito menos de velar pela segurança dos cidadãos de Araba, Bizkaia e Gipuzkoa, uma vez que a sua vontade de actuar contra grande parte da sociedade o tornam um perigo político e policial».

Conscientes de que Ares não se demitirá, consideram necessário comunicar aos cidadãos denúncia de uma atitude «autoritária, ignorante e grosseira». Mais ainda, afirmaram que tal não os surpreende, «vindo de alguém que cresceu politicamente ao lado de Ricardo García Damborenea ou Julián Sancristóbal», dois dirigentes do PSE implicados na guerra suja durante o governo de Felipe González.

Referiram ainda que, apesar das pretensões do Governo de Patxi López, «a solidariedade com os presos políticos bascos não vai desaparecer até que os seus direitos sejam respeitados». «Para a Etxerat – acrescentaram – é óbvio que a solidariedade e o carinho manifestados aos nossos familiares reclusos não é nenhum crime».

As mobilizações reúnem centenas de pessoas
Apesar dos entraves colocados pelas instituições, as mobilizações a favor dos direitos dos presos políticos sucedem-se, e isso é particularmente evidente todas as sextas-feiras.

Em Gipuzkoa, 230 pessoas juntaram-se em Donostia; 200 em Hernani; 31 em Urnieta; 20 em Antzuola; 140 em Zarautz; 128 em Lazkao, onde foi lembrada a situação de Artiz Eskisabel, condenado a 6 anos; 45 em Deba, onde se exigiu o esclarecimento sobre o paradeiro de Jon Anza; 53 em Lizartza, onde haverá uma concentração, na próxima quarta-feira, às 20h, para denunciar as condenações contra aqueles que protestam contra «a ocupação da Autarquia», pela dirigente do PP Regina Otaola; 32 em Lezo; 50 em Oñati; 28 em Getaria; 56 em Bergara e 125 em Oiartzun.

Em Nafarroa, 81 pessoas concentram-se em Etxarri-Aranatz; 30 em Berriozar; 16 em Bera; 60 em Elizondo; 36 em Lizarra e 35 em Tafalla. Em Arbizu, 146 denunciaram o sequestro do seu conterrâneo Alain Berastegi.

Em Araba, houve uma das maiores mobilizações, mais precisamente em Gasteiz, onde se juntaram 370 pessoas; em Amurrio foram 30.

Na Bizkaia, 100 pessoas concentraram-se em frente à Sabin Etxea, em Bilbau; 103 em Lekeitio; 135 em Ondarru; 7 em Gatika; 25 em Mundaka; 80 em Algorta; 45 em Galdakao; 31 em Ugao e 15 em Berriz.

Fonte: Gara

Emotiva homenagem da Ahaztuak aos fuzilados na «Ponte de Ferro»

A associação pela recuperação da memória histórica Ahaztuak 1936-1977 levou ontem a cabo em Donostia um acto em memória e homenagem às milhares de pessoas que foram fuziladas em Euskal Herria e em todo o Estado após o golpe fascista de 1936. O lugar escolhido para a cerimónia foi a denominada «Ponte de Ferro» sobre o rio Urumea, onde há três semanas, no decorrer de umas obras, foram encontradas duas valas comuns que albergavam os restos mortais de sete pessoas desaparecidas após a entrada das tropas franquistas em Donostia, em Setembro de 1936.

Sob a presença de várias patrulhas da Ertzaintza, o acto juntou cerca de cem pessoas no local onde foram encontrados os corpos. No acto intervieram o historiador Iñaki Egaña e um representante da Ahaztuak 1936-1977. Os participantes depositaram flores no local em que foi descoberta a vala comum.
Depois de lamentar «a tragédia que constitui continuar a encontrar ainda hoje corpos de vítimas da repressão franquista», o historiador desejou que, uma vez concluídos os trabalhos de identificação dos corpos, alguém «possa por fim encontrar nestes ossos o seu familiar tão procurado e a cruel mas porventura libertadora resposta a uma pergunta que se arrasta há tantos anos».

Canto em sua memória
Em seguida, um jovem bertsolari cantou à memória dos milhares de desaparecidos após o levantamento franquista de 1936 e mais tarde foi a vez do representante da Ahaztuak. Com sete silhuetas a representar os sete corpos encontrados, junto à ikurriña e às bandeiras republicana, anarquista e comunista em fundo, o porta-voz exigiu «o fim do modelo espanhol de impunidade em relação aos crimes dos franquistas».

Fonte: Gara

Crónica da Ahaztuak 1936-1977 em kaosenlared.net

Situação preocupante em vários ‘gaztetxes’


Depois da acção de despejo levada a cabo no gaztetxe [centro juvenil] de Olabeaga (Bilbau), as Forças de Segurança da CAB irromperam na sexta-feira de manhã no gaztetxe de Zumaia (Gipuzkoa) e deram ordem de expulsão a todas as pessoas que permaneciam no interior no edifício, identificando ainda três jovens que se encontravam nas imediações com faixas contra o encerramento do espaço.
Na parte da tarde, mais de 100 pessoas participaram numa manifestação de protesto, nas ruas da localidade guipuscoana.

Fonte: SareAntifaxista

Por outro lado, existe uma preocupação crescente entre os jovens de Barañain e Hendaia, já que em ambas as localidades os gaztetxes correm o perigo de despejo iminente. O contexto político que envolve ambos os casos é diferente, mas a preocupação é idêntica.

Em Barañain (Iruñerria, Nafarroa), a equipa governativa da UPN aproveitou a circunstância de o acordo assinado entre o Município e os jovens expirar a 4 de Agosto para lhes exigir que abandonem o local ocupam actualmente.

Em relação a Hendaia (Lapurdi), apesar de divergências de posicionamento, parece haver diálogo entre os jovens e o presidente da Câmara, J.-B. Sallaberry, uma vez que já houve conversações com os jovens para tentar desbloquear a situação; acontece que a casa ocupada é de um particular e que este exige agora que o edifício seja desocupado – a bem ou a mal.

Fonte: SareAntifaxista

Em Hendaia dizem que, «quando ter uma casa é um luxo, ocupar é um direito», e um dos jovens afirmou ao lejournalPaysBasque – EhkoKazeta que, apesar de saberem que a sua situação é ilegal, nem por isso deixa de ser menos legítima.

sábado, 25 de julho de 2009

Mural português em solidariedade com o País Basco

Homenagem ao combatente Argala. Foi um histórico militante da organização armada ETA e participou na acção armada que eliminou o presidente do governo espanhol fascista Carrero Blanco. Nasceu em Arrigorriaga (Bizkaia, EH) em 1949 e faleceu em Angelu (Lapurdi, EH), assassinado pelo BVV, em 1978. Na parte inferior do grafitto lê-se «Argala / Honra ao gudari».
Pintado em Olhão, Portugal, em 2009.

Guerra suja: «Disseram-me que, se não colaborasse com eles, me iam dar cabo da vida»


Alain Berastegi, habitante de Arbizu (Nafarroa), conseguiu juntar forças para contar aquilo que um grupo de homens armados lhe fez durante 7 horas, no dia 17 deste mês. O seu testemunho alarmante contrastou com a escassa presença da comunicação social. Nem sequer a ETB se dignou a enviar uma equipa ao hotel de Iruñea [Pamplona] onde decorreu a conferência de imprensa. [Na verdade, só lá esteve a Apurtu Telebista.]

Berastegi contou como caiu num logro, julgando que ia a Irunberri (Nafarroa) em trabalho, pois tinham-lhe pedido um orçamento para arranjar umas casotas num monte. Quando já se encontrava no bosque, Alain viu-se rodeado por várias pessoas armadas e encapuzadas, que o obrigaram a deitar-se no chão. E então começou aquilo a que ele chamou um inferno. Depois desse primeiro momento, foi agredido por diversas vezes e ainda lhe aplicaram o "saco" (pelo menos 4 vezes), o que levava à asfixia. Um indivíduo de cara destapada oferecia-lhe dinheiro em troca de colaboração. Se não aceitasse ou se fosse contar o que ali se estava a passar, iam-lhe "dar cabo da vida", a ele e à sua família. Perante a recusa de Alain e após 7 horas de ameaças contínuas, deixaram-no ir, não sem antes marcarem novo encontro para a quarta-feira seguinte, em Valtierra. Alain esclareceu que não compareceu e que, ao invés, apresentou uma queixa no tribunal com o objectivo de que isto "não volte a acontecer a nenhum outro cidadão basco" e para acabar com a "impunidade" que estes tipos possuem.

Guerra suja do século XXI

O Movimento pró-Amnistia enquadrou este sequestro na "guerra suja do século XXI" que está a ocorrer com um novo governo socialista, o de Rubalcaba e Zapatero. A este respeito, recordaram que "nos tempos dos GAL e restantes grupos parapoliciais, os dirigentes do PSOE, entre os quais se encontrava o actual ministro do Interior Alfredo Pérez Rubalcaba, condenavam as acções dos GAL, e sempre negaram que as forças de segurança ou o próprio governo estivessem por detrás dos assassínios e dos sequestros.

"Hoje, sabemos que o governo socialista de então estava metido até ao pescoço numa estratégia de terrorismo de Estado, e suspeitamos que actualmente algo de semelhante se está a passar". Exigiram aos partidos políticos e à comunicação social que reajam perante este tipo de acontecimentos, sobre os quais, afirmaram, "mantêm um silêncio preocupante". "Até quando? O que é que tem de acontecer para que os possamos ouvir a denunciar a guerra suja?", questionaram.

Pedem explicações a Elma Saiz e Rodolfo Ares

Também interpelaram a delegada do Governo espanhol, Elma Sáiz, e o conselheiro basco do Interior, Rodolfo Ares, "que em tantas ocasiões nos falaram em acabar e deslegitimar a violência e os violentos". Perguntaram-lhes "qual é a responsabilidade dos corpos policiais espanhóis nesta operação de sequestro e quem foram os participantes e quem deu as ordens para que a operação fosse executada."

Romper o silêncio e vir para a rua

Pediram à sociedade "uma resposta firme e contundente" e encorajaram todos os que passarem por situações deste tipo a denunciá-las, seguindo o exemplo de Juan Mari Mújika, Lander Fernández e Alain Berastegi. "É extremamente importante para eliminar parte da impunidade com que actuam os que põem em prática estas acções de guerra suja. Não é tempo para nos calarmos. É preciso romper o silêncio e vir para a rua."
Assim, apelaram à participação nas concentrações convocadas para os dias 30 e 31 de Julho em frente às delegações do governo espanhol em Hegoalde*. Em Iruñea será no dia 31, às 19h, na Praça Merindades.

Fonte: apurtu.org

* ou Hego Euskal Herria [País Basco Sul, sob administração espanhola, por oposição a Iparralde ou Ipar Euskal Herria - País Basco Norte -, actualmente sob administração francesa]

Ver também: «Sequestro e tortura de um jovem de Arbizu / Alain Berastegi: “A minha resposta é denunciar aquilo que me fizeram”», de Iñaki Vigor, em Gara

Para ver testemunho de Alain Berastegi em euskara (vídeo)

Depois da sanha do PSOE nos 'herrialdes' da CAB, Nafarroa: a Procuradoria ordena «a retirada imediata» de cartazes


De acordo com a agência Europa Press, “A Procuradoria da Audiência Nacional ordenou ao Corpo Nacional da Polícia, à Guarda Civil e à Polícia Foral que procedam “à retirada imediata e urgente” de cartazes, faixas e inscrições com símbolos e lemas de apoio à organização terrorista ETA (sic) que estão colocados nas ruas, bares e estabelecimentos públicos de vários municípios de Navarra.”

Ainda segundo a mesma agência noticiosa:
Numa instrução emitida esta sexta-feira, o magistrado coordenador do Terrorismo, Vicente González Mota, refere que a colocação destes símbolos pode constituir um crime de enaltecimento do terrorismo, pelo que ordena às Forças e Corpos de Segurança do Estado que procedam à sua retirada e à dos símbolos “que sejam colocadas posteriormente” e que levem a cabo “as averiguações necessárias para identificar os autores da sua colocação”.

Notícia completa: nafarroan.com

No canto superior esquerdo: Nafarroa no contexto de Euskal Herria
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Em baixo: Unai, Patxi e Pernando

Em Donostia, cerimónia da Ahaztuak 1936-1977 em memória dos desaparecidos


A Ahaztuak 1936-1977, a associação das vítimas do golpe de estado, da repressão e do regime franquista, vai realizar hoje, pelas 12h, junto à "Ponte de Ferro" de Donostia, uma cerimónia de homenagem aos milhares de desaparecidos na sequência do golpe de estado fascista, tanto em Euskal Herria como no resto da Península.

A data e o local possuem uma importante carga simbólica e um claro significado emocional e político. Por um lado, foi há apenas uma semana que passou o 73.º aniversário do golpe de estado - contra a vontade popular e a legitimidade republicana - e foi apenas há três dias, 22 de Julho, que passou o 40.º aniversário da nomeação-imposição, por parte do ditador Francisco Franco, de Juan Carlos de Borbón, hoje Juan Carlos I de Espanha, como pessoa chamada a substitui-lo à frente do regime, como pessoa destinada a defender e perpetuar os “princípios do Movimento”, algo que aceitou e jurou defender, sem que os cidadãos jamais tenham sido consultados.

Quanto ao local - a ponte de ferro sobre o rio Urumea -, possui uma enorme carga quando, há apenas três semanas, forma encontradas junto a ela valas com os restos mortais de sete homens, de sete republicanos ou independentistas, de sete antifascistas, assassinados e enterrados neste lugar, de sete desaparecidos. Eles eram, são ainda, da mesma forma que dezenas de milhares noutros sítios de Euskal Herria e em toda a península, desaparecidos, e ainda não sabemos os seus nomes, e talvez jamais os venhamos a saber, mas sabemos, isso sim, quem os matou e, mais importante, sabemos porque morreram, porque os mataram. É a eles e aos valores que defendiam, à sua memória e à sua necessária reivindicação e recuperação, que iremos dedicar a nossa cerimónia.

Um sistema que se diz democrático mas que, mais de trinta anos despois da sua instauração, ainda permite que dezenas de milhares de pessoas continuem a perguntar a si mesmas “onde estão?”, em referência aos nossos familiares desaparecidos há setenta, cinquenta, quarenta anos…, ainda possui uma enorme dívida para com a sua memória, com a sua genética e com a sua essência democrática, em suma, com tudo o que isso representa de preocupante.

É por isso que a Ahaztuak 1936-1977 quer convocar para este acto os cidadãos donostiarras, gipuzkoanos, bascos… e todas aquelas pessoas que entendam a justiça e a necessidade humana e democrática das nossas reivindicações como vítimas do regime franquista - e ainda exigimos verdade, reparação e justiça, ainda exigimos essa verdadeira democracia em que os nossos acreditaram e nós também acreditamos.