sábado, 12 de novembro de 2005

É hora de se acabar com a dispersão!


Manifestação em solidariedade com os presos políticos

Carta de vitima da política de dispersão dos presos políticos por parte dos criminosos Estados francês e espanhol:

No dia de hoje, e passadas bastantes semanas do acidente ocurrido a 17 de Setembro, dirijo-me a Vossa Excelência para o pôr ao corrente dos seguintes acontecimentos:

No dia 16 de Setembro de 2005, às 23 horas, partimos com a intenção de fazer uma longa viagem desde Bilbau. Às 23h30 recolhemos um familiar no terminal municipal de Etxebarri, Biscaia, os que ali esperavam para se despedirem desejaram-nos uma boa viagem. Às 0h00 do dia 17, a mesma operação em Ermua, Biscaia e só nos faltava passar por Bayona para recolher os últimos, para de seguida nos dirigirmos à prisão de Clairvaux. Vão esperançados, apesar de saberem que os esperam mais de 1100 km de ida e outros tanto de volta. Não é uma viagem de prazer, vão ver os seus familiares e amigos presos todos os meses e viajam pessoas de 81 anos e crianças de 8.

Ao chegar a Bayona, na auto-estrada, à 1h15 do mesmo dia, toda a nossa viagem se esfuma. Um camião, depois de galgar o separador da auto-estrada e invadir a nossa faixa, colide com a nossa furgoneta. Como consequência, duas pessoas tiveram de ser hospitalizadas durante 3 dias, uma com fortes dores na cabeça, costas, abdómen, das quais, todavia, ainda não se recuperaram, assim como das terriveis sequelas psicológicas,...(dentro de dois meses voltarão de novo para ver o seu filho). A outra pessoa sou eu, com o dedo indicador da mão esquerda praticamente amputado (fractura aberta do osso, rotura de artéria, tendões...). Requerendo uma operação de 4 horas com anestesia total. Hoje estou em reabilitação e a coisa parece ser para durar. Os danos materiais são avultados.

Estes acontecimentos levam-me às reflexões que aqui exponho:

- A dispersão que aplicam os Estados francês e espanhol no cumprimento da pena, em que beneficia a reinserção?

- Por que aplicar um castigo suplementar aos familiares e amigos (muitos deles que não podem valer-se por si mesmas e que não cometeram nenhum delito) que têm de percorrer milhares de quilómetros para realizar as visitas?

- Passou-se a arrepiante lista de 191 acidentes, de familiares e amigos, ocorridos nos Estados espanhol e francês de 1995 a 2005, nos quais morreram um total de 16 familiares e amigos e isto só me produz indignação e tristeza. Só nos últimos 5 anos, 132 acidentes, dos quais 10 se produziram no Estado francês. Esta é a relação:

- 2001. 10 de Fevereiro, Chateauroux (familiares). 31 de Março, Saint Martin de Ré (familiares).

- 2002. 8 de Junho, Perpignan (2 amigos). 23 de Novembro, Joux la Ville (3 amigos).

- 2004. 5 de Junho, Uzerche (2 amigos). 12 de Agosto, Muret, (3 familiares).

- 2005. 14 de Maio, Muret-Seysses (3 familiares). 21 de Junho, Fleury Merogis (3 familiares). 12 de Agosto, Angouleme, (2 amigos). 17 de Setembro Clairvaux (um familiar e um condutor).

Não é de estranhar, percorrendo mais de 15.000.000 de quilómetros anuais!

- Os mortos nestes acontecimentos já não podem falar, mas eu quero reclamar que é dever, da justiça espanhola e francesa e, como tal, do Ministério que vós dirigis, não pôr mais entraves, repatriando os presos aos seus lugares de origem para poder estar com eles sem ter que perder tempo, dinheiro e em certas ocasiões...a vida.

- Responsabilizo os Estados francês e espanhol dos acidentes dos familiares e amigos motivados pela actual política assassina de dispersão.

- Creio que a dita política não ajuda em nada o solucionamento do conflito que vivemos neste país e em cuja resolução os presos deveriam tomar parte.

- Espero que quando volte a estar em condições de conduzir não tenha que sair da minha terra para localidades distantes. Se não for assim, tenham como certo que continuarei oferecendo-me para levar estas pessoas para onde for preciso.

em PAT