sábado, 17 de dezembro de 2005

«Não nos tirarão nem proibirão a memória de Mikel»

Vizinhos de Altza homenageiam Mikel Zabaltza no 20º aniversário da sua morte

«Não nos tirarão Mikel Zabaltza e muito menos poderão arrebatar a sua memória nem nos proibirão de o recordarmos. Somos suas testemunhas e dizemos não à tortura, à mentira e ao medo», manifestou o escritor Koldo Izagirre na homenagem que os vizinhos de Altza fizeram ao jovem de Orbaitzeta.

DONOSTIA


Através de recortes de jornais da época e dos comentários de uma voz off, emitidos por um video, os vizinhos de Altza recordaram a detenção de Mikel Zabaltza pelas mãos da Guardia Civil; a notícia do seu desaparecimento e a incerteza que causou; os testemunhos de tortura das pessoas que foram detidas com Zabaltza, entre elas, a sua namorada; os dias de intensos e infrutuosas buscas nas águas do Rio Bidasoa; o choque e indignação perante a descoberta do seu corpo quase três semanas depois da sua prisão; e a resposta nas ruas do País Basco.

No ecrã colocado em Altza ficou congelada a imagem de Zabaltza. À sua frente bailaram um "aurresku" [dança tradicional basca] e realizaram, entre fortes aplausos, uma oferenda floral.

O escritor Joan Mari Irigoien dedicou-lhe um poema em euskera. Também o escritor Koldo Izagirre deixou claro que "não nos tirarão Mikel e muito menos poderão arrebatar a sua memória nem poderão proibir-nos de o recordarmos. Somos suas testemunhas. Dizemos não à tortura, à mentira e ao medo».

«A tortura é o bombardeamento de Gernika exercido num corpo nu; é o genocidio sobre um corpo individual», manifestou Izagirre. «O teu, Mikel, é um corpo bombardeado, torturado em vida e em morte. Já sabemos donde, como e em que mãos morreste», acrescentou. Destacou que "não necessitamos de uma escultura oficial para manter viva a tua memória e ninguém poderá levar essa grande mentira ao esquecimento».

Outra voz denunciou que desde 1985 «houve 3.500 denúncias de tortura e, no ano que decorre, 51. Destacou «a implucação da Audiência Nacional, dos juizes, médicos forenses e o silêncio cúmplice dos políticos e meios de comunicação social».

Antes de se finalizar a homenagem, apelaram à participação de hoje em Donostia, às 17.00, à que se junta a ANV.

em Gara.net