quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

SEMANA DE SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL COM EUSKAL HERRIA



A REPRESSÃO NÃO É O CAMINHO

DEMOCRACIA PARA EUSKAL HERRIA (PAÍS BASCO).


No ano passado, uma vez mais, e infelizmente, a histórica receita espanhola de negar o País Basco como nação - e negar o direito de autodeterminação que assiste ao seu povo, assumida pelo Governo de Espanha representado pelo Partido Socialista Obrero Español (PSOE) - defraudou as expectativas do povo basco de superar o conflito entre o País Basco e os Estados espanhol e francês. O PSOE, apoiado pelo Partido Nacionalista Basco (PNV), bateu com a porta, abandonando a esquerda independentista em plena mesa de negociações.


Enquanto decorreram as negociações, a maioria das organizações independentistas continuaram ilegalizadas ou com as suas actividades políticas suspendidas pelos juízes; vários meios de comunicação encerrados; 40 militantes independentistas foram intimados por actividades político-sociais realizadas nesse período; 50 acções políticas da esquerda independentista foram proibidas; 25 manifestações foram brutalmente reprimidas; 200 militantes foram julgados por actividades anteriores ao período da trégua; 700 controles foram detectados em estradas; o exército espanhol realizou manobras militares em 30 localidades de Euskal Herria, mobilizando centenas de efectivos em centros urbanos; foram identificadas 500 pessoas por actividades de propaganda; foram multadas dezenas de pessoas por participar ou pedir permissão para actividades políticas. Por outro lado, o Governo Espanhol aumentou em dez o número de anos de prisão a cumprir por actos de terrorismo, até 40. O preso político basco Iñaki de Juana realizou uma Greve de Fome de 100 dias para protestar contra o facto de ter sido condenado a mais três anos de cárcere por ter artigos de opinião. Três detidos independentistas denunciaram torturas, continuou a detenção de militantes da ETA...

Apesar de tudo isto, a esquerda independentista manteve-se na mesa de negociações até que o PNV e o PSOE se levantaram, deixando-a só.

Após a ruptura das negociações, o colectivo de presas e presos aumentou em 120 pessoas, ultrapassando neste momento as 700, e isto num povo com cerca de três milhões de habitantes. Os activistas julgados no processo 18/98 foram condenados a centenas de anos de prisão, acusados de ser da ETA, por partilharem a ideia de uma Euskal Herria independente e socialista. Iniciaram-se novos julgamentos: da Udalbiltza, associação de eleitos, das Gestoras pró-Amnistia, do Batasuna, cuja direcção foi novamente encarcerada. O governo Espanhol regressa às ilegalizações, a tortura aumentou, com detidos hospitalizados em estado grave, com denúncias de violações anais em esquadras...

É o desejo da perseguição, isolamento e desaparecimento legal da esquerda independentista e da sua base político-social. Do seu projecto.

A esquerda independentista mantém-se no mesmo caminho que defendeu antes e durante a mesa de negociações: um estatuto de autonomia para as quatro províncias bascas sob administração espanhola, com inclusão do direito à decisão do povo basco, ou seja; com inclusão da possibilidade da autodeterminação. Estatuto
de autonomia, também para as três províncias sob administração francesa, com um novo marco que garanta a possibilidade de desenvolvimento de todos os projectos políticos.

São tempos duros em Euskal Herria. Sabemos que, como fizeram os nossos avós e pais, o povo basco trabalhador, vamos resistir, devemo-lo à nossa descendência e estamos preparados. São 50 anos de luta moderna, passou Franco e passaram todos os governos espanhóis, de direita e de “esquerda”. Todos, sem excepção, atolaram-se em Euskal Herria, e assim continuarão enquanto os Estados espanhol e francês não reconheçam a realidade deste povo e os direitos que nos correspondem.

Apelamos à solidariedade internacional, à denúncia da total violação de direitos políticos e sociais que sofremos, à mobilização. Para que o nosso povo, Euskal Herria, possa democraticamente construir uma sociedade soberana, digna, solidária e
socialista.

A solidariedade é a ternura dos povos.


Viva o País Basco livre!