sábado, 12 de abril de 2008

Até à vitória sempre, Atxulo

Javier Larreategi, mais conhecido pelo seu pseudónimo da clandestinidade, Atxulo, faleceu no dia 9 de Abril na cidade onde nascera, Bilbau, depois de doença prolongada, aos 57 anos de idade.

Os que o conheceram asseguram que partiu em silêncio, quase na mesma clandestinidade que tanto viveu por ter escolhido comprometer-se com a luta pela libertação deste país e de uma larga trajectória como militante independentista.

Larreategi, que como consequência da sua militância política teve que escapar, nos anos 70, para o País Basco ocupado pelo Estado francês, foi um dos sete refugiados políticos bascos sobre os quais o governo regional dos Pirenéus Atlânticos impôs uma ordem de expulsão em 1972.


Atentado contra Carrero Blanco no filme "Operación Ogro"

Desde então, não passou muito tempo até que Atxulo partiu para Madrid com outros militantes da ETA, no âmbito do que a organização armada chamou "Operação Ogre". Segundo se publicou na época, Larreategi foi a pessoa que, apresentando-se como escultor, alugou a cave da Rua Claudio Coello na qual se escavou o túnel para colocar as cargas explosivas que no dia 20 de Dezembro de 1973 provocaram a morte do nomeado sucessor de Franco, o almirante Luis Carrero Blanco.

Um ano depois, em Novembro de 1974, o nome de Atxulo aparecia junto de outros 16 militantes bascos entre os processados pelo Tribunal de Ordem Pública pela acção que resultou na morte de Carrero Blanco. Poucos meses antes, em Junho, as autoridades espanholas pediram a Paris a extradição de Larreategi, mas tanto o juiz como o governo francês se opuseram ao pedido.

Dez anos mais tarde, em 10 de Janeiro de 1984, foi detido no território basco ocupado pelo Estado francês com mais 15 refugiados políticos. A justiça gaulesa fixou a sua residência obrigatória em Paris mas Larreategi não voltou a apresentar-se na esquadra desde finais de Janeiro, como estava obrigado diariamente.

A partir de 1986, as informações policiais insistiam na importância de Atxulo dentro da organização armada basca, já que o situavam como o responsável pelas relações internacionais da ETA. Os meios de comunicação social espanhóis localizavam-no na Argélia e, pouco depois, na Nicarágua, onde os sandinistas prosseguiam a sua luta pela libertação do país.

Conhecido entre amigos e inimigos pela sua larga história de militância na resistência basca, viveu na primeira pessoa capítulos transcendentes da luta pela liberdade dos povos oprimidos, começando pelo seu. Controverso, lutador infatigável, internacionalista convicto, Atxulo pertence à elite de uma geração que abandonou tudo para levantar a causa da liberdade.

em Gara.net