domingo, 1 de junho de 2008

Comunicado da ETA


ETA: «PSOE e PNV não oferecem mais que um futuro obscuro cheio de limites»

Num comunicado no qual assume quatro atentados, entre eles o que destruiu o quartel de Legutio e acabou com a vida do guarda civil Juan Manuel Piñuel, Euskadi Ta Askataduna [Pátria Basca e Liberdade] fixa como objectivo primordial a construção do Estado basco. "Com essa referência, devemos dar passos dia a dia", assinala, citando expressamente os objectivos dirigidos à construção nacional e à "luta contra a opressão e em prol dos direitos".

"A ETA surgiu para fazer frente à opressão e ainda hoje seguimos com esse compromisso tentando abrir a porta à independência e ao socialismo. A nossa meta é a criação do Estado basco porque possibilitará o desenvolvimento completo do País Basco e dos seus cidadãos. São muitas as pessoas e os agentes que trabalham nessa direcção, cada um com a sua capacidade e perspectiva. Todos são necessários. No que diz respeito à ETA, continuaremos a fazer o nosso contributo".

Esse caminho passa, no seu entendimento, por "desenvolver os alicerces do nosso povo e acelerar a luta contra a opressão e a favor dos direitos", pelo que faz um apelo ao conjunto da cidadania para se implicar nesse trabalho "que nos colocou mais perto da oportunidade de alcançar a liberdade".

A operação de Bordéus

A ETA, que no texto assume quatro atentados - os dois registados no 1º de Maio em Donostia e em Arrigorriaga contra a sede da Osalan e contra o pavilhão do Ministério espanhol do Trabalho, respectivamente; o que, no dia 14, destruiu a casa-quartel de Legutio e acabou com a vida do guardia civil Juan Manuel Piñuel; e a acção contra o Club Marítimo de Getxo a 19 de Maio -, assegura que não lhe surpreende que "uma das prioridades" dos Estados espanhol e francês seja "a caça a militantes e dirigentes da ETA. Foi o que demonstraram com a operação de Bordéus".

Apesar de considerar que esse tipo de operações constituem "parte importante da estratégia repressiva", alerta de que "não é a única. Essa estratégia golpeia todos os que advogam por uma transformação política real e a todos os que lutam, com a intenção de afogar o movimento de libertação. Para isso, a 'democracia' podre tirou a máscara.

Dirige-se aos governos de Madrid e de Paris para adverti-los que "se equivocam" com essa política. "Se não se dá uma resposta adequada às raízes do problema, o conflito persistirá e estarão a obrigar a seguir lutando como até agora".

A solução, a seu entender, não chegará nem com a repressão nem com "as fraudes que, vestidas de reforma autonómica, poderiam chegar no futuro".

"Futuro obscuro de limites"

A ETA, que denunciou que o PSOE e o PNV pretendem impor ao País Basco "uma fraude como a de há 30 anos", insurge-se com dureza contra o procedimento desses dois partidos nos últimos tempos: "O jogo que mantêm é vergonhoso. Agora batem-se pelas eleições, numa disputa ridicula para ver quem consegue sentar-se em Ajuria Enea" [edifício da presidência do governo regional basco]. E com esse fim, prossegue, "alguns, apodrecidos pelo partidarismo, deformam o direito a decidir".

A ETA indica que "só um marco democrático que dê uma resposta adequada aos princípios da autodeterminação e a territorialidade nos porá no caminho de resolver o conflito". Assim, conclui que é necessário, para todos, um marco democrático que garanta os direitos; torne realizáveis todas as opções políticas e, portanto, possibilite a independência; inclua um poder político real e as necessárias competências para oferecer um desenvolvimento maior da construção nacional; e, por meio de uma autonomia, que compreenda o reconhecimento nacional, possibilite a institucionalização do País Basco norte [ocupado pelo Estado francês] e a unidade territorial do País Basco sul [País Basco ocupado pelo Estado espanhol incluindo Navarra sul]

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