sábado, 21 de junho de 2008

Euskal Herria pela sua independência

Não é que tenha copiado mal o que escreveu Sabino Arana em 1892. Na verdade, foi ele que, com a sua «Biscaia pela sua independência», escolheu um mau nome para uma ideia que, longe de representar um independentismo inovador distante do carlismo e do forismo, reproduzia a falácia dos estados bascos independentes unidos a Castela através de pactos livres. Nunca existiram tais estados, nem pactos livres, mas tão-somente um estado independente chamado Navarra, que foi desmembrado e rebentado por uma combinação de pura acção militar e traição de grande parte das elites locais.
Sabino não quis ou não soube ligar-se à história independente e independentista que tinha à frente do seu nariz. Bastava, por exemplo, que tivesse prestado um pouco mais de atenção a Campión, que não era precisamente independentista, mas sabia que era uma loucura pôr de parte o significado de Nafarroa na nossa história.
E assim se passaram as coisas, porque os seus herdeiros (os de Sabino, entenda-se) continuam empenhados em vender-nos o gato do regionalismo basco são como se fosse a lebre do direito a decidir em tom de soberania. Não é uma questão de ignorância, mas antes de interesses e pontos de vista. Se alguém, por mais que diga o contrário, aspira simplesmente a continuar a gerir um estatuto mais ou menos “competente” para Araba, Bizkaia e Gipuzkoa, então sobram Navarra, o seu carácter referencial como estado e tudo o que cheira a independência. E no final, ainda que todos saibam que é mentira, convém fazer reluzir a história da carochinha do pacto com a coroa e os direitos históricos. Porque é aí que reside o negócio político e, para mais do que um, também o outro. Por certo, o Duque de Alba expressou na perfeição, em 1512, o que significam para a monarquia espanhola esses direitos, ao vincar perante os habitantes de Iruñea [Pamplona] que quem estabelece as regras do jogo são os vencedores, não os vencidos.
O jeltzale [membro do PNV] navarro Manuel de Irujo escreveu a Agirre, em 1932, contra o “estatuto basco” – a expressão é sua –, dizendo que, se era mau ficar sem estatuto, pior era ter dois separados. Terá Ibarretxe lido alguma vez esta carta?

Floren AOIZ - www.elomendia.com

Fonte: Gara