terça-feira, 12 de maio de 2009

Apurtu.org à opinião pública (por mais que incomode)


A página de Internet Apurtu.org, que nasceu há mais de dois anos, foi recentemente sabotada após uma campanha de criminalização na imprensa espanhola. Esta página nasceu com o objectivo de dar voz às perseguidas e aos perseguidos políticos e baseia o seu ideário na defesa dos direitos humanos, civis e políticos da cidadania navarra, sobretudo daquelas pessoas que se encontram na prisão.

Há algumas semanas, lançámos um ambicioso projecto que baptizámos como Apurtu Telebista, e que, como o seu próprio nome indica, era uma televisão, neste caso na Internet. A primeira televisão on-line anti-repressiva de Euskal Herria. Após vários dias a funcionar, o periódico espanhol ABC referiu-se a nós num artigo claramente sensacionalista, em que abundavam as mentiras, as inexactidões e a intoxicação. Nesse mesmo dia, o servidor da nossa página sofreu um ataque informático que o bloqueou, impossibilitando as visitas à página. Como se não bastasse, no dia seguinte o ABC voltou à carga, afirmando que nós mesmos tínhamos bloqueado a página de Internet “tacticamente” para evitar a acção da justiça.

O ABC acusou-nos de ser um instrumento da ETA, brandindo a teoria garzoniana do “tudo é ETA”, e nós queremos reivindicar a nossa independência. Não fazemos parte de nenhum projecto propagandístico da ETA, nem recebemos desta organização qualquer ordem. O ABC utilizou-nos para vender mais jornais, em tempos de crise da imprensa escrita, conscientes de que um bom título e algumas mentiras sobre o conflito basco vendem em Espanha. Mas aqui ninguém engole falácias como a de que os presos políticos possuem Internet nas suas celas e que este canal de televisão estava pensado para lhes aumentar o ânimo.

Da parte da Apurtu.org queremos garantir que não temos nada a esconder de ninguém, e que falar de direitos humanos, civis e políticos jamais pode constituir um delito. Pelo menos numa democracia sã. Pensamos que, com esta série de artigos no ABC e o ataque sofrido, o nosso direito à liberdade de expressão foi violado, e, o que é mais grave, que se atacou o direito à livre escolha das fontes de informação da cidadania navarra e basca. Vemos com preocupação como uma nova inquisição se está a expandir também pela rede das redes, e assusta-nos pensar que a Apurtu.org e a sua televisão possam ser os próximos alvos da censura, que anteriormente acabou com projectos como o Egin ou o Egunkaria, entre outros. E pensamos que agora, que estamos a tempo, todas as pessoas ligadas à imprensa digital deveriam reagir.

O nosso trabalho consiste em informar, e se agora se considera um delito falar sobre a tortura no Estado espanhol, sobre as condições nas prisões espanholas e francesas, sobre a brutalidade policial crescente na nossa Comunidade ou sobre os sacrifícios que têm que suportar os familiares das presas e dos presos políticos, então somos culpados. E sentimo-nos orgulhosos e orgulhosas por isso.

Queremos fazer saber a todos e a todas, os nossos espectadores e habituais visitantes, que, assim que resolvermos os problemas técnicos derivados do ataque sofrido, voltaremos à Internet para continuar a informar, a partir do mesmo lugar e da mesma forma que o temos vindo a fazer até hoje. Como dissemos após o ataque, “continuamos, continuaremos.”

Apurtu.org, 11.05.2009

e-maila: apurtu2008@gmail.com
Homepage: http://www.mogulus.com/apurtuorg

Fonte: euskalherria.indymedia.org